Telaris-Português

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“Parece consenso que a língua falada deve ocupar um lugar de destaque no ensino de língua. A motivação para que essa modalidade seja trabalhada com tal relevo se dá, de um lado, porque o aluno já sabe falar quando chega à escola e domina, em sua essência, a gramática da língua. Por outro, a fala influencia sobremaneira a escrita nos primeiros anos escolares, principalmente no que se refere à representação gráfica dos sons.” FÁVERO, Leonor Lopes. Oralidade e escrita: perspectivas para o ensino de língua materna. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2002. p. 10-11.

“Não cabe à escola ‘ensinar a falar’, mas mostrar aos alunos a grande variedade de usos da fala, dando-lhes a consciência de que a língua não é homogênea, monolítica, trabalhando com eles os diferentes níveis (do mais coloquial ao mais formal) das duas modalidades – falada e escrita –, isto é, procurando torná-los ‘poliglotas dentro de sua própria língua’.” BECHARA, Evanildo. Ensino da gramática: opressão ou liberdade? São Paulo: Ática, 1985. Apud FÁVERO, Leonor Lopes, op. cit.

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sos outros momentos ao longo das atividades. Conversa em jogo, no fim do trabalho de Compreensão do texto, favorece, de maneira um pouco mais informal, a construção da argumentação oral, propondo um aspecto do tema do texto de leitura em discussão pela classe. Há ainda sugestão de atividades sistemáticas para o desenvolvimento da fluência em leitura por meio de indicações de: desafios de leitura, leitura compartilhada de textos, leitura oral expressiva, leitura dramatizada, leitura com fins específicos (para um público, por exemplo).

Língua falada e língua escrita Por que considerar como estudos específicos aspectos da língua falada e da língua escrita? Embora o estudo/ensino da língua falada na escola ainda ocupe espaço limitado, é preciso levar em conta que a língua falada ganha a cada dia status mais definido no universo dos estudos da linguagem. Esse reconhecimento é uma das consequências do crescente volume de análises de textos pertencentes aos gêneros orais. Segundo Schneuwly e Dolz (Gêneros orais e escritos na escola. Campinas: Mercado de Letras, 2004), os diversos usos da palavra em público, especialmente em situações que fogem às interlocuções orais mais informais (palestras, exposições orais, debates, mesas-redondas, entrevistas, conferências, conversas, instruções, processos de vendas e de argumentação, relatos, testemunhos, negociações…), garantia de sucesso em muitas profissões e espaços sociais, têm sido negligenciados no Ensino Fundamental. Ainda segundo esses autores, o oral não “está bem compreendido como objeto autônomo de trabalho escolar...” (op. cit., p. 166). Isso resulta na dificuldade do uso da palavra em público e na dificuldade da escuta, apropriação e registro dos gêneros orais públicos. Ao ser considerada como objeto de ensino, a língua falada precisa ter suas especificidades reconhecidas, estudadas, deslindadas especialmente no espaço escolar, ainda um pouco distante dessa reflexão. Há nesta coleção grande preocupação com o estudo da oralidade e/ou com o desenvolvimento da língua falada. Além da reflexão sobre as marcas específicas da oralidade e da sistematização de princípios específicos da linguagem oral (alternância de turnos, por exemplo), dá-se particular atenção ao estudo, à analise e à vivência dos gêneros orais: rodas de causos, debates (regrados ou não), registro da escuta de textos orais (falas, exposições), exposição oral sistematizada… Além desses gêneros específicos, estimulam-se como atividade oral a leitura expressiva, as dramatizações, a leitura dialogada e interativa por meio de diferentes estratégias: jograis, rodas de contação e/ou cantação, saraus, bem como a representação do texto teatral em capítulos específicos.

Manual do Professor

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