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SOBRAPA

S O C I E D A D E B R A S I L E I R A D E P R O T E Ç Ã O A M B I E N TAL

ambiente. Uma síntese de seus principais pontos é feita neste comentário Mesmo com os recentes ganhos de produtividade, no mundo, uma em cada sete pessoas continua sem acesso à comida ou cronicamente mal nutrida e, infelizmente, a situação poderá ainda piorar devido a mudanças de clima, especulações de mercado e expansão de cultivos para fins bioenergéticos. Estudos indicam que a produção agrícola necessitaria dobrar até 2050, e conciliar esta necessidade com as exigências ambientais constitui um tremendo desafio. De acordo com a FAO, os cultivos hoje cobrem aproximadamente 12% da superfície livre dos continentes, enquanto que pastos abarcam outros 26%, perfazendo juntos 38% da área terrestre, estendendo-se por 4,91 bilhões de hectares, a maior proporção de uso do solo no planeta. Esta área gigantesca abrange as terras mais adequadas para cultivo e pastagem; a maior parte do restante é coberta por desertos, montanhas, tundra, florestas, cidades e áreas de proteção ambiental. Entre 1985 e 2005, a agricultura se expandiu em 154 milhões de hectares, cerca de 3%, principalmente nos trópicos. A produção global aumentou substancialmente nas últimas décadas, alcançando 28%, incluindo todos os tipos de cultivo. Globalmente, 62% da produção agrícola (em peso) se destinaram à alimentação humana, e 35% à de animais, cabendo 3% ao uso energético. A redução do consumo de carne, e consequentemente da pecuária, permitiria aumentar substancialmente a produção global dos alimentos destinados ao homem. No seu lado negativo, a agricultura representa um colossal impacto sobre os habitats, a biodiversiddade, os estoques de carbono e os solos. Em escala mundial, a agricultura já converteu ou destruiu 70% dos campos naturais, 50% das savanas, 45% das florestas temperadas e 27% dos biomas tropicais. Atualmente, o desmatamento das florestas tropicais constitui a maior fonte isolada de gases do efeito estufa, algo como 12% das emissões provocadas pelo homem. O uso de fertilizantes, nos últimos 50 anos, aumentou 500%, causando degradação das águas, aumento das necessidades de energia e ampla poluição. Tanto a expansão quanto a intensificação da agricultura contribuem grandemente para o aquecimento global. As medidas preconizadas no trabalho citado para garantir a segurança alimentar até o ano 2050, juntamente com a sustentabilidade ambiental, focam no aumento da produção agrícola total, priorizando a de alimentos; na melhoria da distribuição e do acesso à produção; e no vigor dos diferentes sistemas envolvidos na alimentação. No que se refere aos objetivos ambientais concomitantes, as medidas sugeridas ressaltam a redução dos gases do efeito estufa (em pelo menos 80%); redução da perda de biodiversidade e da poluição aquática; e aumento do uso sustentável da água. O estudo sugere também que se pare a expansão da agricultura sobre os ecossistemas sensíveis, pelo seu efeito danoso sobre a biodiversidade, o aquecimento global e os serviços ambientais. Aumentar a produção sem expansão da área agrícola significa concentrar esforços na produtividade, e recentes trabalhos indicam que isto é possível em vastas regiões do globo. O estudo finaliza enfatizando que os desafios hoje enfren-

tados pela agricultura excedem tudo o que se experimentou antes. Em síntese, os novos sistemas agrícolas devem atentar mais para os valores humanos e para aqueles mais necessitados, causando o menor dano possível ao meio ambiente.

O Banco Mundial se associa a ONGs para a saúde dos oceanos O Banco Mundial está se associando a grandes ONGs e grupos internacionais com o propósito de levantar 1,5 bilhão de dólares para melhorar a higidez dos oceanos. A iniciativa, sob o nome de “Parceria Global pelos Oceanos” (Global Partnership for Oceans), anunciada em fevereiro, destina-se a acelerar medidas no combate à sobrepesca, à poluição marinha e à destruição de habitats, notadamente nos recifes de coral, que abarcam a maior diversidade de vida marinha. As metas principais para a próxima década incluem a recomposição de mais de metade dos estoques de pescado que se acham quase exauridos e a ampliação das áreas marinhas sob proteção, de apenas 1% da superfície dos oceanos na atualidade, para 5%. Em adição, visar-se-á a aumentar a produção da aquicultura, de modo que possa ampliar sua participação na produção global de peixes, de metade para dois terços, simultaneamente tornando-a mais sustentável e menos dependente dos tipos de ração hoje empregados. Fonte: Science 02-03-2012

SOBRAPA Sociedade Brasileira de Proteção Ambiental CONSELHO DIRETOR PRESIDENTE Ibsen de Gusmão Câmara DIRETORES Maria Colares Felipe da Conceição Olympio Faissol Pinto Cecília Beatriz Veiga Soares Malena Barreto Flávio Miragaia Perri Elton Leme Filho CONSELHO FISCAL Luiz Carlos dos Santos Ricardo Cravo Albin SUPLENTES Jonathas do Rego Monteiro Luiz Felipe Carvalho Pedro Augusto Graña Drummond

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