Folha Metalúrgica nº 740

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"Os agentes históricos, ao conquistarem a sua auto-emancipação coletiva, escolherão os rumos e a forma da nova sociedade". FLORESTAN FERNANDES. Página 3

Chico Gomes, o Beduíno Sorocabano que foi um dos primeiros a sair de Cuba com a decretação da anistia no Brasil, em 1979, foi companheiro de militância de Carlos Mariguella para ser baixado na internet www. smetal.org.br/bibliotecadigital Em 2011, o jornalista Mário Magalhães lançou o livro “Marighella: o guerrilheiro que incendiou o mundo”, pela Companhia das Letras e cita Chico Gomes no capítulo 29, na ação do trem pagador. A obra foi roteirizada para o cinema e a direção fica por conta do ator Wagner Moura. O filme será rodado em 2015. O filme, assim como o livro, deve tocar os jovens para que eles saibam o que é morrer por uma causa.

"Precisamos entender e passar a história a limpo"

Biografia do guerrilheiro, de autoria do jornalista Mário Magalhães. Chico Gomes é citado no livro

Foguinho

O ex-ferroviário Francisco Gomes, 82 anos, que saiu de Sorocaba em 1949 em busca de emprego em São Paulo, foi um dos sorocabanos que teve de ser exilado para não ser morto pela ditadura. Além de líder sindical ele militava no Partido Comunista Brasileiro (PCB) e participou de diversas assembleias de trabalhadores da ferrovia, em São Paulo. Fora a perseguição e a cassação dos direitos após o golpe de estado, ele foi ameaçado de morte pelos agentes da repressão. Junto com o guerrilheiro Carlos Marighella, Beduíno, seu apelido na época, saiu do Partidão e fundou a Ação Libertadora Nacional (ALN). Entre as ações que planejaram juntos está o assalto ao trem pagador, nos trilhos da Estada de Ferro Santos-Jundiaí. Parte de sua trajetória é contada no livro “Ditadura e repressão em Sorocaba” (Linc, 2003), da jornalista Fernanda Ikedo e que o Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região lançou em versão ebook

Nas ruas, sem livro e com documento Foguinho

Arquivo / SMetal

A censura imperava no período da ditadura. Não havia notícia sobre as gestões dos militares. Mas o medo imperava e a certeza de que não se podia sair na rua sem documento, nem se discutir certos assuntos

Metalúrgicos, liderados pelo Sindicato, enfrentaram a polícia em assembleias e greves nos anos 80, final da ditadura

A maioria da categoria metalúrgica de Sorocaba e região não vivenciou o período da ditadura militar. De acordo com perfil elaborado pela subsede do Dieese do Sindicato dos Metalúrgicos de Sorocaba e Região, com base na RAIS de 2012, o setor é ocupado em grande parte por jovens de 18 a 29 anos. Eles representam 39,83% (ou 17.098) do total de tra-

O geógrafo Paulo Celso destaca que o grande medo de ditadores é o acesso à comunicação e a informação

balhadores, seguido pelos trabalhadores entre 30 a 39 anos 33,57% (ou 14.403) e os que possuem entre 50 e 64 anos com 25,71% (ou 11.035). Os menores valores cabem aos trabalhadores com menos de 18 anos e aos que possuem mais de 65 anos, representando apenas 0,58% (ou 250) e 0,31% (ou 133) trabalhadores, respectivamente.

O geógrafo e coordenador do curso de pós-graduação de Comunicação e Cultura da Universidade de Sorocaba (Uniso), Paulo Celso da Silva, afirma que “muita gente que viveu o período, pouco percebeu do que acontecia. Sabia que os militares estavam no poder e chamavam - chamam - o golpe de revolução. Era o cotidiano das pessoas e elas não questionavam.”

Mesmo assim, havia um medo incutido na mentalidade da sociedade em geral. Sabia-se que não podia sair de casa sem documentos, nem andar em grupos, nem discutir certos assuntos. “Em um regime onde não existem direitos civis, o documento indica que você existe para o Estado, ainda que não tenha direitos”, comenta Paulo Celso.


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