Nova Geração - 15/09/2023

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felipe neitzke

Estrela • Teutônia • Bom Retiro do Sul • Fazenda Vilanova • Colinas • Imigrante

Sexta-feira, 15 de setembro de 2023 Fundado em 13 de Janeiro de 1966

Ano 57 | Edição nº 2998 Avulso: R$ 5,90 FAÇA SUA ASSINATURA 51 3712.1250

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estrela

UNIÃO PARA O recomeço Famílias tentam retomar a rotina após uma das maiores cheias do Rio Taquari que deixou rastro de destruição em áreas ribeirinhas jhon willian tedeschi

Prejuízo supera R$ 9,4 milhões divulgação

bom retiro do sul

colinas

Força das águas desloca pista da 129


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

OPINIÃO CAFEZINHO COM

As lições e ações para evitar futuras tragédias

Marcelo Grisa

marcelogrisa@jornalng.net.br

O Cafezinho com NG desta semana fala com o pastor Magnus Santos. Ele foi um dos muitos moradores de Estrela que usaram embarcações para ajudar no resgate aos atingidos pela enchente que impactou a cidade na semana passada. Quando percebeu que seria necessário atuar nos resgates durante a enchente? Magnus Santos - Quando olhei e vi crianças e senhoras idosas pedindo socorro. Eles vieram até a minha casa porque, na delas, nunca havia chegado uma enchente. Deixei minha esposa em cimado carro. Disse pra ela que viria resgatar. As minhas crianças levei em uma casa de dois pisos. Logo recebi uma ligação deles para eu ir resgatar porque também estava subindo a água por lá. Minha motivação foi que, se conseguimos resgatar a família, também poderia fazer isso por outras pessoas. Como tem sido até agora esse trabalho de resgate e assistência aos atingidos? Magnus Santos Primeiramente eu tentei resgatar com o caiaque de pesca, mas era muito pequeno, não tinha espaço. Apareceu então o Fábio da Luz, disponibilizou seu barco para fazermos o resgate. Na coragem, enfrentamos as águas correntes, cercas, casas, carros, luz elétrica ligada. Desde o dia da enchente até terça eu não consegui voltar para a minha casa. Não sei se eu consegui salvar alguma coisa. Já recebi ajuda de algumas pessoas, como roupas e mantimentos. Também trabalhei para ajudar outras pessoas. Druante dois dias trabalhamos no ponto da nossa igreja. Montamos um ponto de distribuição de roupa, comida, produto de limpeza, etc. O que esse esforço coletivo diz sobre a comunidade estrelense? Magnus Santos - Conseguimos

Magnus ajudou nos trabalhos de resgate da semana passada evitar uma tragédia maior. Muitas pessoas que poderiam perder a vida felizmente estão salvas. Foram quase cem pessoas que conseguimos resgatar. Onde os serviços de resgate não conseguiram ou não puderam chegar, nós conseguimos ajudar adultos, idosos e crianças. Era gente nos telhados, caixas d’água, casas, patrolas, carros e furgões. Como homem de Deus, qual a mensagem que o senhor tem para aqueles que sofrem com essa situação? Magnus Santos - Eu enfrentei essa situação de enchente pela primeira vez. Nunca tinha passado por isso. Agora que estou assimilando tudo. Não estava conseguindo dormir. Mas estou superando. Primeiramente eu quero deixar essas palavras: Que toda honra e toda glória seja dada a Jesus Cristo por ter permitido eu juntamente com os meus amigos Fabio da luz Leonardo Michels meus irmãos agora como família ter alegria e a possibilidade de ter ajudado muitas pessoas de ter mais uma oportunidade de vida. O Cafezinho com NG é publicado toda semana no Jornal Nova Geração. Neste espaço, empresários, políticos, lideranças e representantes de comunidades da área de cobertura do semanário destacam experiências e ações nos seus respectivos setores e em benefício de suas cidades.

Adair Weiss

A

Diretor executivo do Grupo A Hora

natureza é incontrolável, mas a inteligência artificial precisa ser utilizada para antecipar informações vitais que possibilitam evacuações em tempo hábil. Não adianta tentar achar culpados. Entretanto, tão pouco enrolar ou justificar. As lições da pior enchente que devastou o Vale do Taquari devem servir, de uma vez por todas, para fazer o simples e o básico: criar mecanismos de informação confiáveis e que funcionam. Não fossem a falta de integração dos dados, a desatenção e incapacidade de interpretação dos alertas emitidos pelos órgãos climáticos - fazia dias -, muita coisa poderia ser diferente. As falhas, imprudências, ingenuidades e desatenção devem pesar sobre todos nós. Definitivamente, somos todos um pouco responsáveis pela inexistência de um plano eficiente contra enchentes. Mas isso não retrocede, temos de olhar para frente. É por isso que usarei de palavras simples, talvez duras e pontuais. Ao governo estadual e seus órgãos de defesa responsáveis por orientar em fenômenos naturais – ainda mais como as enchentes cíclicas – compete um papel primordial: criar um mecanismo de orientação e exigência, o qual deve ser submetido e, se for o caso, imposto aos municípios. Estes, por sua vez, devem adotar um fluxo pedagógico sobre enchentes junto aos moradores e empresas existentes nas regiões ribeirinhas. Essa pedagogia se estende às escolas, onde as crianças são orientadas e sensibilizadas sobre os riscos de quem mora ou trabalha às margens de córregos dágua. Todos devem conhecer os riscos e o plano de prevenção. E convenhamos. Sobram exemplos e sugestões de especialistas sobre prevenção. Esta é a única capaz de evitar o desespero vivido por milhares durante as noites e

dias de terror, muitos em cima de telhados, ilhados, sem luz, sem água, com fome e nenhuma comunicação. Dezenas morreram, milhares foram resgatados com dificuldades, alguns com abalos psicológicos para sempre. É inadmissível que não tenhamos aprendido. Há poucos anos, quando um secretário municipal quis instalar um monumento sobre enchentes na beira do Rio Taquari, ele quase foi ridicularizado. A crítica generalizada fez o prefeito desistir da ideia pedagógica para não perder votos. Fatos lamentáveis como este se somam aos incontáveis exemplos da nossa imprudência e negligência em relação ao tema. As réguas físicas instaladas em pontos da cidade - algumas em locais inacessíveis - foram a nossa única e precária orientação derradeira, uma vez que o sistema da CPRM parou de funcionar. Contudo, já era tarde. Muçum e Roca Sales já tinham sido devastadas. Enquanto isso, pelos pagos do baixo Taquari, nem os alertas soaram direito ou preocuparam todos os ribeirinhos, muitos preferiram “acreditar” que a água não subiria tanto. Faltou informação, cultura pedagógica, faltou um plano de prevenção. Aliás, faltou quase tudo. Sobrou desespero e empenho herculano de centenas de voluntários que arriscaram suas vidas para tentar salvar o impossível. Por isso, insisto: estávamos atrasados, desorganizados, impotentes. O problema deve ser detectado antes.

Faltou informação, cultura pedagógica, faltou um plano de prevenção”

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REDAÇÃO

Editor-geral: Felipe Neitzke Reportagem: Jhon Tedeschi, Karine Pinheiro e Marcelo Grisa

Disponível para verificação junto ao impressor (Gráfica Zero Hora)

• Estrela • Bom Retiro do Sul • Fazenda Vilanova • Colinas • Imigrante • Teutônia

Diretor Executivo: Adair Weiss Diretor de Mercado e Estratégia: Fernando Weiss Diretor de Conteúdo Editorial: Rodrigo Martini

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Sexta-feira, 14 de setembro de 2023

OPINIÃO E BASTIDORES

Críticas e sugestões:

Vamos respeitar o Rio Taquari

O

Vale do Taquari sofreu um duríssimo golpe com a segunda maior enchente já registrada em sua história. Há quem diga que tenha sido a maior. Mas os poucos centímetros entre os registros de 1941 e 2023 pouco importam diante das dezenas de mortes e os bilhões em prejuízos econômicos. Fato é que desta vez o nosso

precioso rio foi implacável e devastou cidades, bairros e localidades rurais. Devastou prédios e pontes históricas, destruiu sonhos e deixou um rastro de lama e lágrimas nas ruas e estradas da nossa região. A catástrofe alterou cenários e assolou a próspera região que, até então, celebrava com merecido orgulho o sucesso do Trem dos Vales, do Cristo Protetor, a expecta-

Prevenção regional O Grupo A Hora lançou a campanha por um projeto robusto, atualizado, moderno e coletivo de prevenção aos desastres naturais. É uma provocação constante deste veículo de comunicação, mas que exige muito mais engajamento e ações efetivas a partir do desastre que ceifou dezenas de moradores da região. Presidente da Associação dos Municípios do Vale do Taquari (Amvat), Elmar Schneider (MDB) também já se movimenta para construir um plano regional de prevenção às enchentes e enxurradas, com sistemas de alerta e evacuação. E isso precisa ser construído em parceria com a Associação dos Municípios do Alto Taquari (Amat), o Codevat, CIC/VT, a Avat, e todas as demais associações e entidades representativas da região. Não há outro caminho!

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CURTAS DA SEMANA Rodrigo Martini redacao@jornalng.net.br

FELIPE NEITZKE

tiva do monumento à Bíblia, a ciclovia intermunicipal, e, claro, do avanço econômico e social dessa região construída e alimentada pela bravura dos trabalhadores e a ousadia das empresas. Após tantos estragos, resta uma certeza: é preciso respeitar muito mais o Rio Taquari. Afinal, se os prejuízos estruturais machucavam a nossa economia, as mortes são inaceitáveis!

E a sede da BM? O esforço para construir uma nova sede para o 40º Batalhão da Polícia Militar em Estrela esbarrou na resistência de alguns moradores do centro da cidade. A intenção era retirar a corporação da Rua Coronel Brito, entre os bairros Centro e Oriental, e assim evitar os prejuízos gerados pelas recorrentes cheias do Rio Taquari e seus afluentes. Com a segunda maior enchente já registrada na história, o prédio sofreu avarias ainda maiores, e, por ora, a sede da Brigada Militar será transferida para a cidade de Teutônia. E há quem acredite que a mudança será definitiva. Aguardemos!

- A visita do vice-presidente Geraldo Alckmin ao Vale foi crucial para garantir os primeiros recursos anunciados pela União. Com destaque ao empréstimo de R$ 1 bilhão do BNDES. - A Univates anunciou a criação de uma comissão específica para avaliar a situação dos estudantes que tiveram residências ou empregos afetados pela enchente. - É preciso elogiar tanta gente que o risco de esquecer alguém é muito alto. Mas eu preciso fazer uma consideração especial ao agrupamento do Corpo de Bombeiros Voluntários Imigrante e Colinas (Imicol). Mais uma vez, o grupo se mostrou fundamental para a segurança regional. - Inevitavelmente, o projeto da ciclovia entre Estrela, Colinas e Imigrante vai ficar em segundo plano neste primeiro momento. A prioridade é recuperar a pleno a pista de veículos da ERS-129, bastante danificada em Colinas, principalmente. Mas é preciso manter a ideia no radar. - Os danos causados no porto de Estrela – e no aeródromo regional – serão alvo de muitos debates entre os membros dos governos municipal, estadual, federal e da Empresa Pública de Logística Estrela (E-Log). Além, claro, dos empresários já interessados no espaço e futuros investidores. - O adiamento da 8ª Estrela Multifeira surpreendeu agentes públicos e privados. Para alguns, a decisão foi prematura. Para outros, foi um ato necessário. E há quem acredite em uma reviravolta no caso. Fato é que a enchente que assolou a região vai mudar planos e cenários econômicos e sociais. E será preciso muita resiliência para vencermos mais este desafio.

Compre o que é nosso! A pandemia nos desafiou ao extremo. Com o fechamento de comércios e indústrias, as empresas sangraram e muitos empreendedores e funcionários sucumbiram à grave crise sanitária, social e econômica. Na região, o Grupo A Hora idealizou uma histórica campanha, provocando os consumidores locais a prestigiarem ainda mais os produtos genuinamente locais. E deu certo. “Compre o que é nosso” foi o slogan adotado pela comunidade regional. Desta vez, e diante da maior tragédia natural do Rio Grande do Sul, é momento de reforçar e retomar esse movimento coletivo. É hora de mostrar a força do associativismo regional e ser ainda mais solidário com os nossos empreendimentos que mais sofreram perdas. É hora de valorizar ainda mais os nossos produtos e serviços. É hora de união. Não há outra forma de reerguer o nosso Vale do Taquari.

Há culpados? A culpa é das réguas disponibilizadas pelo Serviço Geológico do Brasil (CPRM) para medir o leito do rio, e que travaram no início da manhã de terça-feira? A culpa é dos governos e os escassos investimentos na estruturação das Defesas Civis municipais? A culpa é dos moradores mais resistentes aos conselhos das autoridades? A culpa é de quem definiu as cotas responsáveis pela limitação – ou não – de edificações naquelas cidades atingidas? A culpa é de quem faz “vista grossa” aos aterros e desmatamentos realizados em áreas de preservação ou matas ciliares? A culpa é do El Niño, da umidade, e das já anunciadas temporadas de intensas chuvas no Rio Grande do Sul? Ou a culpa é da geografia do Vale do Taquari e suas montanhas e rios sinuosos? Eu não tenho a resposta. É difícil apontar culpados pela maior tragédia da nossa história. É um julgamento que pode caminhar muito próximo à injustiça, e eu não me permito ser injusto neste momento de tanta dor e trauma. Mas, e após algumas boas prosas com especialistas da área, eu gostaria de compartilhar algumas sugestões de terceiros. Entre essas, a necessidade de investir de forma coletiva em um sistema de monitoramento robusto – com alertas sonoros de emergência altos suficientes para chegar às regiões de maior risco –, a preocupação mais técnica na hora de escolher servidores e orçamentos às Defesas Civis, o maior respeito às regras e leis da natureza, e, por fim, uma política pública efetiva para garantir moradias dignas e fora das áreas alagáveis a todos.


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Após enchente, moradores tentam voltar à rotina Pessoas atingidas pela maior tragédia natural do RS buscam forças para a retomada, mesmo que longe das margens do Rio Taquari. Em meio as dificuldades, a solidariedade fica em evidência, a partir das ações de voluntários e das doações Jhon Willian Tedeschi jhon@grupoahora.net.br

Karine Pinheiro

karine@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

T

ragédias como a enchente histórica da primeira semana de setembro de 2023 deixam marcas permanentes nas vidas das pessoas atingidas. Entre quem perdeu tudo e quem estendeu a mão em solidariedade, mesmo em um momento tão difícil, muitas histórias ficam em evidência. Em comum, a necessidade de recomeçar e recuperar o que o maior desastre natural da história do RS levou. Esta edição do Jornal Nova Geração conta como parte da população viveu alguns dos piores dias do Vale do Taquari e como se preparam para uma retomada – alguns no local onde estavam, outros longe do rio. Na microrregião de Estrela, onde três municípios estão às margens do Taquari, vários

grupos tiveram resgates dramáticos, com o avanço na correnteza do rio. Foram utilizados caminhões, embarcações e aeronaves de todos os tipos e tamanhos. A maioria dos relatos vai no mesmo sentido: nunca houve uma enchente tão grande e tão violenta. Por outro lado, alguns municípios ainda não finalizaram a contabilidade dos prejuízos econômicos, ainda que ações em nível governamental tenham sido anunciadas. Todas as cidades atingidas decretaram situação de calamidade pública, o que deve facilitar o acesso à recursos estaduais e federais.

Mais da metade da população atingida Os moradores que precisaram sair de casa ficaram concentrados em dois locais em Estrela: no Ginásio Ito João Snel e no ginásio do bairro Boa União. Cerca de 600 pessoas foram distribuídas entre

as bases de apoio, fora quem foi para residências de parentes ou amigos. De acordo com as autoridades, cerca de 65% da população foi atingida pela enchente. O Centro Comunitário Cristo Rei foi o ponto de referência para entrega e retirada de doações. Grande parte dos bairros ficaram ilhados devido aos bloqueios das principais vias. O centro de Estrela teve acesso impossibilitado durante toda terça-feira. Pela primeira vez, o fluxo na rua Coronel Mussnich foi totalmente interditado, o que impediu a população de atravessar de um ponto a outro da cidade. Além disso, a vazão do Arroio Estrela causou correnteza na via. A situação também dificultou o trabalho das equipes da Defesa Civil. Moradores dos bairros das Indústrias, Moinhos, Oriental e Imigrantes foram os mais afetados, mas os abrigos montados pelo governo receberam pessoas de quase todas as localidades. Enquanto a água JHON WILLIAN TEDESCHI

Bairro Moinhos foi um dos mais afetados em Estrela, com inundação em quase todas as ruas

Município atua na limpeza das ruas para viabilizar o retorno dos moradores. Auxílio dos governos visa amenizar impactos da cheia

descia em volumes recordes pela cidade, os estragos estavam apenas nas projeções, mas quando o nível do Taquari baixou, o cenário era de devastação. As escadas escoradas nas residências retratam o desespero das famílias em subir os telhados para fugir do nível do rio. Muitas pessoas demonstravam nas expressões o desânimo após mais uma enchen-

te, enquanto trabalhavam na limpeza das residências. No bairro das Indústrias, além do cenário devastador das residências destruídas, cerca de 100 carros que ficaram submersos estavam espalhadas pela avenida Augusto Frederico Markus.

Outros municípios afetados Colinas passou por momentos de grande tensão para o salvamento de moradores ribeirinhos. Quando o rio chegou em um patamar JHON WILLIAN TEDESCHI

Resgates em Colinas tiveram que ser feitos por voluntários em pequenas embarcações


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023 felipe neitzke

do Comando Ambiental da Brigada Militar (Patram). Cerca de 40 famílias só conseguiram ser resgatadas na manhã da quarta-feira e foram levadas para as residências de familiares. O caso mais delicado foi o do morador Paulo Rocha, que ficou isolado dentro de casa e precisou de uma segunda incursão dos profissionais da Defesa Civil para ser salvo de um segundo forro improvisado.

Vizinhança solidária

que tornava impossível a presença das pessoas em casa e deixou vários ilhados, foi necessária uma força-tarefa para as buscas. Cerca de 500 pessoas precisaram sair de casa e quase todas ficaram em casas de parentes ou amigos. Apenas duas famílias foram abrigadas na Sociedade Comunitária da Linha Ano Bom Alto. No município, mais de 1 mil pessoas foram atingidas pela enchente. A secretária de Saúde e Assistência Social, Angelita Herrmann, conta que o atendimento iniciou via WhatsApp na segunda-feira. “Nós e a

Defesa Civil focamos na tentativa de resgate dessas pessoas. Em alguns casos o risco era de morte. Mas conseguimos resgatar todos, mesmo os que estavam em cima do telhado”, relata. Natural de Colinas, Rosani Schwarz, de 55 anos, aponta que o cenário no centro era desesperador. Segundo ela, a rua General Osório ficou submersa até a altura da Praça dos Pássaros. “Fechou toda a rua, desde a ERS-129. Moro desde os 10 anos de idade aqui e não havia presenciado uma cheia que não desse pra enxergar os telhados das casas”, afirma.

A atuação de voluntários foi determinante para evitar uma tragédia maior. Os Bombeiros Voluntários de Imigrante e Colinas (Imicol) receberam o reforço da guarnição de Garibaldi e de vários populares que auxiliaram nos resgates. A comandante Caroline Hauschild destaca que o volume de água foi maior que a enchente de 2020 e pondera que o comparativo com as medições de Estrela são relativos. “Aqui passou dos 30 metros”, diz. Já em Bom Retiro do Sul, a localidade mais afetada foi a Beira do Rio. Para o atendimento, foi solicitado o apoio Jhon Willian Tedeschi

Em Colinas, uma das áreas mais afetadas foi o entorno da Escola Estadual de Ensino Médio Colinas, na extensão da rua Parobé. Lá mora o aposentado Mário Knobloch. Às vésperas de completar 64 anos, ele conta que viveu sempre naquela região e que nunca viu nada parecido. “A água subiu uns três metros a mais do que a maior enchente que teve”, relata. Knobloch teve prejuízos materiais, de móveis e eletrodomésticos, e uma parte da casa está condenada. As perdas fazem ele pensar em se mudar do local, a exemplo de outros vizinhos que tiveram as residências completamente destruídas. “Se tiver que investir muito dinheiro para recuperar a casa para morar nela, vou ficar provisoriamente, mas buscarei outro terreno”, afirma. Junto dele, moram a esposa e a sogra, mas o desejo por maior segurança supera a necessidade de um maior espaço. “Temos que arrumar um lugar para três, nem que seja pequeno, para recomeçar e depois reconstruir. Longe deste valo”, acrescenta, ao se referir ao rio. O aposentado lamenta as perdas das pessoas que vivem no entorno e calcula que pelo

menos sete casas foram levadas pelas águas do Taquari, além de moradores do interior que perderam animais e a produção agrícola. Ainda assim, encontra espaço para uma ação solidária. Knobloch foi com a família para uma residência próxima e cedeu o local onde morava para o vizinho Edio Schuster. Uma das tantas casas perdidas na cheia colidiu na residência de Schuster, que diz morar às margens do manancial há mais de 40 anos. Assim como grande parte da população, afirma que nunca presenciou situação parecida em Colinas. “Em 2020 não veio tanta água assim. Agora além da cheia, tem essa situação. É muito triste, vou ter que reformar”, desabafa. O espírito colaborativo para a retomada é destacado por Knobloch. Uma equipe da Metalúrgica Hassmann, de Imigrante, esteve no local para auxiliar na limpeza, assim como pessoas de Teutônia. Ele se emociona ao falar sobre o apoio recebido. “Conseguimos sair dessa com muita ajuda. Temos que agradecer que ainda existem humanos nesse mundo”, conclui.

O drama de quem não quer voltar Moradora do bairro das Indústrias há 12 anos, Maria Isabel Cesar aguardou o resgate de um bote ao lado de quase 60 pessoas. Com o rápido avanço do Rio Taquari às casas, ela e o esposo precisaram de uma “corrente humana” para sair da residência e se refugiar na laje da casa de uma vizinha. O mesmo foi feito com outros moradores.

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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023 Karine Pinheiro

“Conforme o rio subia, ficávamos com mais medo porque eram muitas pessoas em cima da casa. Estava chovendo e muito frio naquele momento. Ficamos sem comida, sem sinal de telefone, sem nada. Primeira vez que passo por isso e espero que seja a última”, relata Maria Isabel. Segundo ela, os resgates ocorreram de três em três pessoas. Ela e o esposo retornaram na sexta-feira, 8, para avaliar os estragos deixados pela enchente. O cenário foi de uma casa completamente destruída, desde os móveis deixados até a estrutura da residência. “Não queremos voltar a morar aqui. Temos umas terras e iremos arrumar para morar lá. Vamos recomeçar”, afirma.

Voluntariado em meio às perdas Na rua Palmeira das Missões, bairro Moinhos, Rosa Cruz auxiliou durante dias na preparação de alimentos de forma voluntária. Moradora da localidade há mais de 10 anos, relata que nesta cheia perdeu tudo, mas se dispôs a ajudar os vizinhos que precisam de amparo. Na barraca montada pelo irmão que veio de Triunfo, ela garantia café da manhã, almoço e jantar para quem estivesse na limpeza de casa. Antes de constatar perda total nos móveis, Rosa enfrentou o drama de não ter sido resgatada em meio à enchente. “Foi terrível, fiquei no segundo piso da casa o tempo inteiro. Consegui tirar meus filhos antes. Mas o que vi depois foi cenário de guerra. Pensamos que tudo ia desabar, escuta-

População dos bairros afetados também encontratam apoio e donativos no ginásio da Ambi

mos bichos gritando, pessoas clamando por socorro e um barco virar”, relata. Ela destaca nunca ter presenciado tragédia parecida com a registrada na semana anterior. No entanto, a moradora do bairro Moinhos agradece por ter superado o episódio com vida. Por isso, decidiu

se voluntariar. Enquanto ela fica na barraca, que também oferece roupas e itens de higiene aos residentes do bairro, o marido é responsável pela limpeza da residência. “As pessoas estão sem saber o que fazer. Aqui um abraça a dor do outro”, conclui.

“Sempre pareceu um local seguro” Na rua Ernesto Alves, em Estrela, alguns moradores contavam com a segurança que o local apresentava até então. “Muita gente deixou os carros Karine Pinheiro

fora, achando que o rio não ia subir tanto”, recorda Gilmar Hoss. Por volta das 7h30min, o nível do rio subiu a ponto de assustar ele e os vizinhos. “Quando começou a descer (o rio) da região da Serra, aí tudo saiu do controle”, diz. Hoss mora no centro da cidade há sete anos e quando ocorreu outra enchente de grandes proporções, em 2020, a água chegou a duas quadras da residência. “Nunca chegou aqui. Sempre pareceu um local seguro, mas agora estou vendo que não. Com essa enchente, provavelmente vai subir a cota.” Além de entrar nas casas, a água cobriu os veículos que ficaram na rua.

mudei, avisaram que era uma área alagável”, lembra. As residências nas ruas Parobé, Reinoldo Wilrich, Adolfo Gerhardt e Ramiro Bruxel foram as mais afetadas. Se a proteção na cheia de 2020 foi mais simples, desta vez os prejuízos foram grandes para Altevogt. “Da outra vez, subi os móveis e eletrodomésticos só com tijolos. Agora só consegui tirar máquina de lavar, geladeira, e outras coisas menores. Um freezer ficou”, lamenta. Por outro lado, cinco casas nas imediações da escola de ensino médio não resistiram à força das águas e foram levadas pela correnteza.

“Avisaram que era uma área alagável”

Rastro de destruição pelo bairro

Morador da área central de Colinas desde 2001, Jair Altevogt foi um dos muitos surpreendidos pela alta repentina no nível do rio. Ele conta que passou por outros dois episódios de enchentes, nenhum tão grave. “Eu morava na Linha 31 de Outubro e quando me

Mesmo após perder tudo, Rosa Cruz, do bairro Moinhos, de Estrela, auxiliou na preparação de alimentos

Perda total. É a avaliação feita por Adelmir do Nascimento, que mora com a família na rua Henrique Uebel, no bairro das Indústrias, em Estrela. Na manhã da quarta-feira ele retornou até a casa que ficou totalmente coberta pelas águas do Taquari. “Não consegui salvar nada”, diz. Situação semelhante era identificada em outros pontos do bairro. A rua Frederico Alberto Sulzbach, que concentra boa parte do comércio do bairro, também apresentava um rastro devastador. As famílias retornaram e encontraram casas desmanchadas, comprometidas ou levadas pela força do rio. Somadas as vias do entorno, pelo menos dez imóveis


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023 Jhon Willian Tedeschi

Karine Pinheiro

Em Bom Retiro do Sul, cerca de 40 famílias precisaram deixar suas casas, principalmente em localidades do interior

foram totalmente destruídos, sem contar os ainda incalculáveis prejuízos, tanto para moradores, quanto para comerciantes.

“A água estava quase no pescoço” “Não pensamos que po-

deria acontecer conosco”, afirma o proprietário de um mercado na entrada do centro de Colinas, Alex Lima. O ponto comercial funciona há cerca de 65 anos e, conforme o empresário, as cheias nunca avançaram para dentro do estabelecimento. Ele está no local há pouco mais de um ano e avalia se é viável

seguir com o negócio. Lima relata que o nível da água no prédio passou dos 2 metros de altura. “Só em mercadorias tivemos cerca de R$ 120 mil. Não contabilizamos os móveis”, comenta. Moradora da rua General Osório, ao lado da Praça dos Pássaros, Suzana Almeida também conta que não es-

perava que a enchente fosse atingir grandes proporções. “Eu segui as orientações e guardamos tudo. Vim do trabalho em Lajeado e quando terminamos de guardar tudo, a água estava quase no pescoço”, relata. Relatos também dão conta que o ginásio municipal, onde alguns móveis foram guarda-

Pela primeira vez as águas do Taquari atingiram o mercado na entrada de Colinas. Proprietários avaliam se vão seguir com o negócio

dos nas arquibancadas, também foi atingido.


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Como auxiliar em cada cidade: Vale do Taquari

Lajeado

Cruzeiro do Sul

• CIC Vale do Taquari Pix CNPJ 09.650.289/0001-69 • Rotary Club de Lajeado Integração recebe Pix para a aquisição de mantimentos aos desabrigados (CNPJ 03.567.081/0001-02) • Supermercados Imec do Vale do Taquari: doações de roupas, cobertores, materiais de limpeza e higiene pessoal, alimentos e água • Associação Amigos de Cristo de Encantado (Pix: executivo@ cristoencantado.com.br)

• Pavilhão 2 do Parque do Imigrante. Os itens de maior necessidade no momento são: Fraldas infantil e geriátrica, absorventes, sabonete, roupas, colchões e, em especial, toalhas de banho. • Ponto de Coleta: Sede da FB Net (roupas, roupas de cama, cobertores, travesseiros, colchões, materiais de higiene e limpeza, alimentos e móveis) • Ponto de Coleta: Sede da Draco (AV. dos quinze n. 469) • Diretório Acadêmico da Univates ( DCE), Pix 90.803.552/0001-20 • Ponto de Coleta de carnes: CTG Tropilha • Ponto de coleta de eletrodomésticos, itens para casa, roupas, cobertores, banho, alimentos e itens de higiene, na empresa na Brenner Agro • Antigo prédio da Nimec

• Sede esportiva Lauro Hauschild, no Bairro Vila Célia e no ginásio do Centro da cidade • Bairro Glucostark, equipe da prefeitura recebe doações • Salão da Comunidade Católica

Estrela

Bom Retiro do Sul

• Ginásios Centro Comunitário Cristo Rei, Ito Snel e Associação dos Moradores do Bairro das Indústrias • A Defesa Civil criou uma chave Pix para receber doações (CNPJ 16.790.700/0001-67) • A prefeitura também precisa de itens descartáveis, como talheres e pratos

• Paróquia Sagrada Família • A prefeitura criou uma chave Pix para doações (E-mail administracao@bomretirodosul. rs.gov.br)

Colinas • A prefeitura criou uma chave Pix para doações (CNPJ 94.706.140/0001-23)

Teutônia • Ginásio da Emef Professor Guilherme Sommer • Supermercados Languiru

Arroio do Meio

• Colégio Teutônia • CIC Teutônia

• Sede do Cras • Salão Paroquial

Encantado

as doações também vão para Muçum e Roca Sales • Roupas e cobertores podem ser doadas no parque João Batista Marchese. Um carro de som também coleta doações pelos municípios • Associação Cultural, Pix CNPJ 11330190000121 • Doações de alimentos entre 7h e 19h, no Salão da comunidade Lambari • Doação de roupas, colchões e cobertores, no pavilhão do CTG Anita Garibaldi • Doação de produtos de limpeza e higiene pessoal, no palco do Acampamento Farroupilha, • Móveis e demais utensílios, na Secretaria de Obras • Medicamentos, na Farmácia Municipal, no Posto Central, Centro, ao lado da Brigada Militar • Água e alimentos perecíveis, nos fundos do ginásio de esportes

Venâncio Aires • Cras de Venâncio Aires • Ponto de Coleta: Sede da FB Net (roupas, roupas de cama, cobertores, travesseiros, colchões, materiais de higiene e limpeza, alimentos e móveis) • Câmara do Comércio, Indústria e Serviços de Venâncio Aires (Caciva). (Pix CNPJ 87.334.496/0001-18)

Taquari • Hospital São José recebe doações no centro de emergência • Cras Taquari • A prefeitura criou uma chave Pix para doações (CNPJ 88.067.780/0001-38)


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Período chuvoso desperta curiosidade sobre folclore das Cheias de São Miguel JHON WILLIAN TEDESCHI

Cultura popular vincula ocorrência de cheias à data que celebra santo. Especialistas no clima sustentam previsão de volume expressivo de chuvas para a próxima estação, sob atuação do fenômeno El Niño Jhon Willian Tedeschi jhon@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

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lista de explicações para a histórica enchente que devastou parte da região na semana passada possui uma série de aspectos. Estes envolvem meteorologia, protocolos de prevenção, acesso à informação, entre outros. No imaginário popular, no entanto, existe mais um motivo, que está atrelado a um santo. O dia 29 de setembro marca a lembrança de São Miguel, que no catolicismo não está relacionado a enchentes ou enxurradas. O vínculo está no período do ano, caracterizado pelas chuvas e pelas “Cheias de São Miguel”. Este ano, com o retorno do fenômeno climático El Niño, havia uma projeção para maiores volumes de precipitações. Esta condição, aliada a um sistema de baixa pressão, tornou a ocorrência de chuvas volumosas ainda mais provável nesta época do ano, o que dá força ao folclore. O restante do mês de setembro pode fazer com que algumas localidades tenham acumulados que alcancem mais da metade do projetado para a primavera.

O voluntário da Defesa Civil de Estrela, Cleto Werle, mantém no quadro de informações na sede do órgão uma listagem com os anos onde ocorreram grandes enchentes no período de setembro e outubro. Em julho, quando houve uma cheia anterior no Rio Taquari, ele já mantinha uma projeção sobre a ocorrência de uma enchente de maior impacto na região. Para Werle, que tem mais de cinco décadas de estudos de enchentes, a de setembro de 2023 foi a mais violenta, pela correnteza e rapidez na elevação das águas. Dentro da análise das cheias, esta ocorreu um pouco antes do normal. “Normalmente ocorrem a partir de 15 a 20 de setembro”, pondera. Ele aponta a possibilidade de chuvas mais intensas entre o fim do mês de setembro e o início de outubro, mas nada com o impacto causado pela cheia mais recente. E faz menção à raridade do evento. “Talvez leve centenas de anos para termos outra tão catastrófica. Essa próxima sequ-

Cheias de São Miguel 17/10/1950 - 26,33m 27/09/1954 - 27,35m 30/09/1961 - 22,8m 21/09/1967 - 26,33m 19/09/1973 - 22,2m 25/09/1988 - 22,4m 25/09/1989 - 25,9m 13/10/1990 - 22,1m 14/10/2000 - 23,45m 02/10/2001 - 26,95m 17/10/2005 - 22,95m 24/09/2007 - 26,25m 13/09/2009 - 24,5m 10/10/2015 - 24,51m

Marcas em pilastras relembram de ocorrências de quando o rio passou dos 20m

ência de chuvas provavelmente não sejam no mesmo nível”, diz.

Números históricos

Werle assegura que o volume das águas da enchente do início do mês ultrapassou as marcas históricas de 1941 em alguns pontos específicos. “No Porto de Estrela, o nível ficou 1,1 metro superior, enquanto em lugares como Muçum e Encantado, foi 4 a 5 metros acima”, aponta. Outras localidades do Vale, como Bom Retiro do Sul, também reportam medições acima da cheia de 82 anos atrás.

Análise na astronomia

O voluntário utiliza os astros para explicar alguns dos fenômenos relacionados à chuva. Ele atribui à passagem da lua pela constelação de peixes, o que inclui a ocorrência de uma Superlua no dia 29 de setembro (coincidência ou não, no dia de São Miguel), a chance de mais chuvas na região.

Volta do El Niño

A MetSul Meteorologia aponta que os eventos mais severos de El Niño são responsáveis pelos maiores desastres naturais causados por chuvas, como as enchentes de 1941, 1982/1983, 1997/1998 e 2015/2016. O estudo dos especialistas aponta para a possibilidade de aumento nas precipitações ainda na parte final do inverno e para a primavera.


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Comunidade se mobiliza para limpeza de escolas e retomada das aulas

Cacis atenta aos impactos das cheias

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Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) de Estrela está atenta aos impactos que as cheias que atingiram o Vale do Taquari na semana passada causaram no município. Embora já tenham importantes anúncios de auxílios a nível federal e estadual, a Cacis aguarda ainda a oficialização dos mesmos, com os devidos regramentos, para então orientar corretamente seus associados. A Cacis, como representante da classe empresarial estrelense, se solidariza com todos que foram atingidos pelas cheias direta e indiretamente. “No que estiver ao nosso alcance, vamos buscar alternativas para amenizar os impactos causados por esta cheia histórica. Sabemos da dor que é, em poucas horas, perder aquilo que foi construído por muitos anos. Mas, juntos, vamos superar este momento difícil”, afirma o presidente da Cacis, Gerson Strehl, que também teve seu estabelecimento atingido pelas águas. Ao longo dos próximos dias, a entidade estará reunindo suas vice-presidências para estudar e alinhar suas ações futuras, também como forma de amenizar os impactos das cheias. Dentre elas, campanhas de valorização das empresas locais – indústria, comércio, serviços e agronegócio – e outras ações junto com o poder público municipal.

Governo e CACIS anunciam suspensão da Estrela Multifeira Na manhã do dia 8 de setembro, o Governo de Estrela reuniu-se com representantes da Câmara de Comércio, Indústria, Serviços e Agronegócio (Cacis) e comissão organizadora da 8ª Estrela Multifeira, decidindo anunciar a suspensão do evento previsto para o mês de novembro no Porto de Estrela. O encontro rápido ocorreu em meio às atividades de limpeza e moradores do município atingidos pelas cheias de histórias do Rio Taquari. Em algumas semanas o grupo deverá se reunir novamente para discutir os detalhes, como a nova data para a feira. Consequentemente, o lançamento da feira, previsto para o 3 de outubro, também está cancelado. Para a inauguração da nova sede da Cacis, a definição deve ocorrer ao longo dos próximos dias.

KARINE PINHEIRO

Funcionários e familiares organizaram mutirões para reestruturação dos locais. Dentro de condições básicas, atendimentos devem estar normalizados até segunda-feira Karine Pinheiro

karine@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

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retomada das aulas na região marca mais um capítulo de reconstrução após a cheia histórica ter atingido fortemente algumas escolas. Das 21 instituições de ensino da rede municipal de Estrela, cinco tiveram grandes prejuízos. As Emeis Arroio do Ouro, Cantinho do Lar, Criança Feliz e Pingo de Gente e Emef Leo Joas contabilizam prejuízos milionários. Em Bom Retiro do Sul, a Emef Genny de Souza da Silva, localizada às margens do Rio Taquari, também sofreu perdas. Na esfera da rede estadual, a Escola de Ensino Fundamental Moinhos, em Estrela, e a Escola de Ensino Médio Colinas ainda contabilizam os danos. Nestas duas, cerca de 240 alunos foram afetados. A secretária de Educação de Estrela, Elisângela Mendes, defende que, na medida do possível, é importante que as instituições de ensino estejam abertas para acolher as crianças. Dezesseis escolas municipais retomaram as atividades na segunda-feira. Para acelerar o processo nos demais espaços atingidos, foi montado um mutirão de limpeza por funcionários da pasta e familiares dos alunos. As Emeis Arroio do Ouro e Cantinho do Lar voltaram às atividades na quarta-feira, enquanto a Pingo de Gente e Criança Feliz seguem com atendimentos em outras creches. A escola de Ensino Fundamental Leo Joas retoma as aulas na segunda-feira, 18. Segundo a secretária, os prejuízos já ultrapassam R$ 3 milhões. Ela destaca que ainda é necessário avaliar partes estruturais.

União de esforços visa a retomada das atividades nas escolas

“Esses espaços estão funcionando com as condições básicas para atender as crianças. Assim as famílias sabem que os filhos estão acolhidos e em um espaço seguro em quando eles trabalham na reorganização das casas. Vamos em busca de recursos para conseguir normalizar essa situação, para que possamos nos reestruturar”, afirma Elisângela. Na Emef Genny de Souza da Silva o impacto foi minimizado devido a retirada de móveis após o aviso da Defesa Civil. A diretora Fabiana Kuhn explica que grande parte dos materiais e documentos foi levada para o segundo piso da escola. “O nível superou o que estava previsto e faltou pouco para atingir a parte cima”, relata. Para a retomada das aulas também foi organizado um mutirão para limpeza. “A sujeira que ficou nos espaços era assustadora. Limpamos tudo com muita ajuda, colocamos os móveis de volta no primeiro piso e fizemos uma avaliação da rede elétrica”, conta Fabiana. A escola que atende 110 alunos, sendo 89 em turno integral, voltou às atividades na terça-feira.

Retomada e solidariedade “Estamos de forma cotidiana aqui, limpando sem parar”, afirma a diretora da Escola Estadual Moinhos, Beatris Reckziegel. O espaço foi um dos mais atingidos e as perdas ain-

da são contabilizadas. O cenário é de faxina, higienização e descarte dos materiais irrecuperáveis. A equipe de trabalho ainda enfrenta a falta de energia no local. O retorno das atividades está previsto para segunda-feira. Em paralelo aos trabalhos de recuperação do espaço, a diretora destaca que algumas salas estão reservadas para arrecadação de donativos. Além dos materiais escolares para recepção dos alunos, a escola também recebe itens que podem ser destinados para as famílias posteriormente. “Sabemos que estas pessoas estão envolvidas com a limpeza de suas casas. Então reservamos um local para fazer essa acolhida. As perdas foram totais, então tudo que esteja em boas condições vamos receber, fazer esse ponto de referência na Escola Moinhos e depois distribuir”, comenta Beatris. Para recepção dos 159 alunos, a equipe escolar planeja um momento de acolhida.

Campanha de doação A campanha de arrecadação de materiais escolares segue em Estrela. Os donativos podem ser entregues na Biblioteca Municipal, localizada na rua Bruno Schwertner, 187. Em Bom Retiro do Sul, os donativos podem ser entregues na Emef Genny de Souza da Silva. Itens pedagógicos também são aceitos.


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Cadastro Social garante benefícios aos atingidos pela enchente Executivo reforça necessidade do registro para população que disponibilizou dados pessoais durante as retiradas de doações. Para complementar auxílios anunciados pelo Estado e pela União, administração municipal anuncia série de medidas para beneficiar a comunidade Karine Pinheiro

karine@grupoahora.net.br

ESTRELA

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identificação oficial da população atingida diretamente pela cheia do Rio Taquari iniciou nesta semana. O Cadastro Social tem como objetivo garantir o acesso dos afetados pela enchente aos benefícios anunciados pelos governos estadual e federal. A Secretaria de Desenvolvimento Social e Habitação espera mais de 9 mil registros. A orientação da pasta para as pessoas que já disponibilizaram os dados pessoais durante a retirada de donativos, é que procurem os locais indicados para refazerem o registro de forma oficial. Os locais de cadastramento são os Centros de Referência de

DIVULGAÇÃO

Cadastro garante acesso aos benefícios e incentivos dos governos

Assistência Social (Cras) Centro e Moinhos, a Associação dos Moradores do Bairro das Indústria (Ambi), ginásio Ito Snel e Secretaria da Fazenda. A secretária Renata Cherini explica que existem alguns trâmites até que a população tenha acesso aos recursos anunciados. “Essa verba ainda não chegou. Então estamos organizando para que as pessoas tenham acesso assim que for disponibilizado. O cadastro é a comprovação de que foram atingidas”, aponta. Ela ressalta que é necessário informar nome completo, endereço e número de um documento de identificação.

Anúncios na região

Em meio ao processo de reconstrução das cidades atingidas pela maior tragédia natural da história do RS, a comitiva federal liderada pelo presidente em exercício, Geraldo Alckmin, confirmou a destinação

de R$ 741 milhões ao estado. Parte desta verba virá para o Vale do Taquari. Mais recursos devem ser anunciados nos próximos dias. Entre os investimentos a serem executados, estão a construção de moradias, municípios e postos de saúde, além da aquisição de alimentos e custeio de helicópteros, embarcações e homens do Exército. Outro anúncio importante foi a prorrogação do pagamento de impostos para a Receita Federal e Simples Nacional, com objetivo de socorrer as empresas mais atingidas. Segundo Alckmin, existem três desafios a serem superados na região. “O primeiro era salvar vidas; buscar pessoas. Continua o trabalho hospitalar, de saúde. O segundo é reconstruir as cidades. Visitamos vários municípios. É impressionante a violência das águas. A terceira é a economia. Salvar o emprego. Recuperar a economia. Encaminhar projetos”, listou.

Governo federal vezes sem juros; - Saque de até R$ 6,2 mil do FGTS, para trabalhadores que têm saldo; - Kits com medicamento para 1,5 mil pessoas, por 30 dias; - R$ 125 milhões para a compra de alimentos, pelo Programa de Aquisição de Alimentos, favorecimento da agricultura familiar; - Prorrogação do pagamento de impostos para a Receita Federal e Simples Nacional por 90 dias;

- Reconstrução das UBS e postos de saúde atingidos pela enchente; - R$ 26 milhões para operação do Ministério da Defesa; - R$ 57,4 milhões do Ministério das Cidades, para reconstrução de moradias; - R$ 185 milhões do Ministério da Integração e Desenvolvimento Regional, para reconstrução urbana dos municípios.

Governo estadual - R$ 1 bilhão em linhas especiais de crédito do Banrisul; - R$ 20 milhões em repasses extraordinários à saúde; - R$ 300 milhões via Pronaf para financiamento de tratores, construção, reformas, máquinas, implementos, entre outros; - Linha de crédito especial, com

LEGISLATIVO APROVA AUXÍLIO PARA VÍTIMAS DA ENCHENTE Projetos de lei, enviados em Regime de Urgência, beneficiam as cerca de 170 famílias afetadas diretamente pelas água do Rio Taquari A Câmara de Vereadores de Colinas aprovou na quarta-feira, 13, dois projetos de lei, encaminhados em Regime de Urgência pelo Executivo, que beneficiam as cerca de 170 famílias atingidas diretamente pela enchente do Rio Taquari. Um deles autoriza a abertura de crédito especial, no valor de R$ 231,6 mil, como contrapartida aos recursos da União destinados para a compra de cestas básicas, kits de limpeza, higiene, dormitório e colchões. O outro projeto permite que a Administração Municipal tome as medidas necessárias, recebendo e doando donativos para a reconstrução da Cidade Jardim.

CONFIRA AS MEDIDAS ANUNCIADAS - 20 mil cestas básicas ao Vale, 5 mil foram entregues no domingo; - R$ 800 por pessoa atingida, pagos às prefeituras. Valor será depositado em duas parcelas; - Antecipação do pagamento do Bolsa Família para segunda-feira, dia 18; - Antecipação do BPC para 29 de setembro e possibilidade de empréstimo de um salário mínimo, com pagamento em 36

CÂMARA DE VEREADORES DE COLINAS

R$ 100 milhões em operações para construção e reforma das casas; - Nova etapa do Volta por Cima, garantindo recursos para famílias atingidas pela cheia; - Mutirão do IGP para refazer carteiras de identidade perdidas; - Antecipação do valor às prefeituras

que seriam repassados até 2025 pela compensação de perdas com a redução do ICMS dos combustíveis; - Criação de um QG no Vale do Taquari, coordenado pelo vice-governador Gabriel Souza, que vai transferiu seu gabinete para Encantado por tempo indeterminado.

TRANSPORTE ESCOLAR O Legislativo também aprovou um terceiro projeto enviado em Regime de Urgência, que trata da abertura de crédito suplementar para o pagamento dos serviços terceirizados do transporte escolar, além dos demais serviços terceirizados da Secretaria Municipal da Educação, Cultura, Turismo e Desporto. DEMAIS APROVAÇÕES Os demais projetos aprovados tratam da abertura de crédito suplementar de R$ 167 mil para suprir insuficiência orçamentária nas secretarias de Educação e de Obras; abertura de crédito especial de R$ 75.029,79 para dotações orçamentárias na Secretaria de Educação, em razão de recursos da Lei Paulo Gustavo, e na Secretaria de Saúde, para a compra de um veículo destinado ao setor de Assistência Social; e o projeto que altera uma informação na lei que dispõe sobre a política habitacional de interesse social do município. “Não constava a partir de quando é contado o prazo de 5 anos que o projeto padrão não poderá ter ampliação de construção”, conta na justificativa. Projetos Aprovados: ORIGEM EXECUTIVA • Projeto de Lei nº 047.03.2023: Autoriza o Poder Executivo a efetuar abertura de Crédito Especial no valor de R$ 75.029,79, e dá outras providências. • Projeto de Lei nº 049.03.2023: Autoriza o Poder Executivo a efetuar abertura de Crédito Suplementar no valor de R$ 167.000,00, e dá outras providências. • Projeto de Lei nº 050.03.2023: Altera o § 3º do inciso IV do artigo 11 da Lei Municipal nº 1969-01/2021, de 16 de setembro de 2021, que dispõe sobre a política habitacional de interesse social do município, voltada para a população de baixa renda, e dá outras providências. • Projeto de Lei nº 051.03.2023: Autoriza o Poder Executivo a efetuar abertura e Crédito especial no valor de R$ 231.600,00, e dá outras providências. (Regime de Urgência) • Projeto de Lei nº 052.03.2023: Autoriza o Poder Executivo a efetuar abertura de Crédito Suplementar no valor de R$ 250.000,00, e dá outras providências. (Regime de Urgência). • Projeto de Lei nº 053.03.2023: Autoriza o Poder Executivo Municipal a tomar medidas necessárias e cabíveis para enfrentamento das consequências do evento climático ocorrido em setembro de 2023, recebendo e doando donativos e reconstruindo a cidade, e dá outras providências. (Regime de Urgência). ORIGEM LEGISLATIVA • Projeto de Decreto Legislativo nº 003/2023: o Parecer nº 21.934, Processo nº 000612-02.00/21-9, do Tribunal de Contas do Estado do Rio Grande do Sul, aprovando as Contas Anuais dos Administradores do Executivo Municipal de Colinas, Senhores Sandro Ranieri Herrmann e Regina Beatris Sulzbach, referente ao exercício de 2021. A próxima sessão ordinária do Legislativo de Colinas será no dia 27 de setembro, às 19h.


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Cheia causa perdas na produção do agro e coloca em xeque sucessão no campo Setor rural foi afetado pela cheia em diversas localidades e situação coloca em dúvida a continuidade de agricultores. Poder público e líderes do segmento se articulam em busca de medidas paliativas para o recomeço da atividade Jhon Willian Tedeschi jhon@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

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histórica enchente da primeira semana de setembro, além da tragédia humana e social, apresentou prejuízos em diversos setores econômicos, como a agricultura. Produtores que perderam bens pessoais e boa parte - senão toda - da estrutura de trabalho. A exemplo de moradores de áreas urbanas da região que ficaram sem empregos, devido ao colapso de empresas, agricultores tentam contabilizar as perdas, muitas delas ainda imensuráveis. Existe uma preocupação em relação às condições para a sequência das atividades rurais em algumas localidades. Agentes públicos

e líderes do setor buscam articulação para viabilizar suporte aos atingidos. Enquanto isso, os agricultores ainda se recuperam do impacto da cheia e trabalham para manter o mínimo das atividades. Raul Bergmann de Souza, 28, é produtor de leite na Beira do Rio, em Bom Retiro do Sul. Ele relata o drama na noite em que as águas do Taquari tomaram a propriedade com pouco mais de quatro hectares de milho plantado - somado à parte de terras do irmão Henrique, chegam a 10 hectares. Ele conseguiu salvar o gado ao colocar a cabeça dos animais para fora da correnteza, enquanto tentava se abrigar com a esposa. “Foi uma tortura”, lembra. Passada uma semana da enchente, Raul ainda ten-

ta se reestruturar. As vacas, sob o estresse da cheia, não produzem conforme a necessidade, as que estão prenhes abortam e demoram a entrar no cio. Enquanto isso, o pasto para alimentá-las deve levar mais algum tempo para ficar de acordo com a alimentação indicada aos animais. “Se a chuva parar, são pelo menos 30 dias para restabelecer um pasto de qualidade.” Para o pai do jovem, Heitor Fleck de Souza, 64, apenas um incentivo governamental será capaz de fazer com que as atividades sejam mantidas. “A única saída para o produtor se reerguer é vir um crédito a fundo perdido, ou uma porcentagem de rebate. Só prorrogar não adianta, se torna uma bola de neve. Cada vez aumenta mais. Já tem um financiamento, vai

Rendimento na propriedade de Jorge Dienstmann, em Estrela, caiu mais de 60%. Das 91 vacas e novilhas, 25 foram perdidas

empurrando, aí não consegue mais manter. No fim das contas vai ter que entregar até a terra”, justifica. Ele acrescenta que uma eventual falta de apoio pode

gerar reflexos até na área urbana das cidades. “Se o poder público não der uma ajuda nesse sentido, todo mundo vai se acumular na cidade para disputar vagas de emprego. O interior vai terminar, porque os jovens não conseguem se reerguer. Hoje em dia se conta em uma mão os que ficaram, porque desanima. E mesmo assim não temos recurso”, lamenta. A área de 10 hectares, entre outras coisas, é utilizada para plantação de milho para silagem. Havia cerca de 200 toneladas em estoque, levadas pelas águas. Um prejuízo de R$ 100 mil. O custo de produção por hectare está estimado em R$ 6,5 mil, ou seja, as perdas alcançaram os R$ 65 mil. Somados o valor de vacas e novilhos perdido pelo irmão, de aproximadamente R$ 100 mil, a perda chega próximo aos R$ 300 mil. Os valores citados são apenas uma parte das dívidas, que ainda incluem financiamentos e a possibilidade de produção perdida. “Não

Animais criados por Raul Bergmann, de Bom Retiro do Sul, sofrem com estresse pósenchente. Valor inicial de prejuízo é estimado em R$ 300 mil


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023 Jhon Willian Tedeschi’

conclui.

Minimizar os prejuízos

conseguimos nem sentar para pensar nisso”, diz Raul. No entanto, a necessidade e o amor pelo campo dão for-

ças ao jovem para seguir. “A gente precisa. O que vamos fazer? Se resolvermos parar aqui, não tem o que fazer”,

No distrito de Costão, em Estrela, a propriedade de Jorge Dienstmann, 51, foi praticamente tomada pelas águas do Taquari. A exemplo dos produtores de Bom Retiro do Sul, ele ainda não conseguiu se organizar para o cálculo das perdas. “Tive que traçar metas e estabelecer algumas prioridades. Difícil mensurar a perda real”, aponta. Em um primeiro momento, ele focou os esforços em salvar as vacas, para que elas não adoecessem. Ao todo, foram perdidas 25 cabeças de gado, 23 delas encontradas - as duas restantes foram levadas pelo rio. Eram 91 vacas e novilhas, utilizadas para a produção de leite. Ele estima uma queda de 950 litros para 350 litros de leite por dia. Os cuidados pontuais com os animais que ficaram contribuem à perda no rendimento, uma vez que não pode ser utilizado o leite de vacas medicadas. Dienstmann teve também prejuízos de plantio. Cerca de 20 hectares de milho

plantado, prontos para a safra de verão, ficaram submersos. Ainda será avaliado por técnicos agrícolas o quanto poderá ser aproveitado. Em relação a isso, a preocupação está no médio e longo prazo. “Pode levar de três a cinco anos para recuperar o solo, se houve muita perda de matéria orgânica”, explica o produtor. Outro item que causou prejuízo foi a silagem, que tinha 15 hectares prontos, o equivalente a 500 toneladas. “São de R$ 180 a 200 mil de prejuízo”, estima o produtor. Sem contar a estrutura para criação de frangos, que ele não sabe se poderá utilizar quando a situação se normalizar. “Por sorte não tinham frangos alojados”, comenta.

Debate político

A Frente da Agropecuária Gaúcha da Assembleia Legislativa (ALRS) se reuniu em Lajeado, na terça-feira, 12, em busca de soluções aos agricultores. Foi definida uma pauta emergencial com 12 itens visando o socorro à agricultura familiar para ser entregue à bancada do estado na Câmara dos Deputados e aos governos

estadual e federal. Uma das primeiras medidas atendidas foi a prorrogação, por 180 dias, das parcelas de financiamentos de todos os programas e projetos executados pelo Fundo Estadual de Apoio ao Desenvolvimento dos Pequenos Estabelecimentos Rurais (Feaper). O mesmo pleito é negociado com a União. São solicitados a anistia das operações de custeio não amparadas por seguro, a criação de uma linha de crédito emergencial para recuperação das unidades produtivas, inclusão das famílias do meio rural nas políticas de habitação para reconstruir residências, entre outras propostas de recuperação do setor. “É hora de unirmos forças para amparar nossos agricultores atingidos pelo ciclone, pessoas que perderam parentes, o patrimônio que construiu em toda a vida, e, mais do que isto, perderam a esperança. As entidades e os governos precisam trazer respostas. Os agricultores precisam de financiamentos com crédito especial, prazo especial, sem juros e com rebates para poderem recomeçar”, reforça o presidente da Fetag/ RS, Carlos Joel da Silva.


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VISÃO EMPRESARIAL

Fabiano Petter

comercial@jornalng.net.br - (51) 98039-5505

Unicred Premium reinaugura sede regional em Lajeado

E

m evento no dia 31 de agosto, ocorreu a reinauguração da Administração Regional da Cooperativa, localizada no centro da cidade de Lajeado, na qual teve a presença da Presidência, Ex-presidentes, Conselho Administrativo e Fiscal da Unicred Premium, também estiveram presentes, Executivos e Presidência da Unicred Central Geração. Com uma nova estrutura contemporânea e clean, oferecendo para os nossos colaboradores um espaço singular de trabalho, a Unicred Premium, marca mais um importante momento em sua história de crescimento, de forma perene, sustentável e constante expansão.

Happy hour da CIC Teutônia tem como pauta “Empreendedorismo no segmento de serviços”

OPORTUNIDADES da semana Altari seleciona auxiliar de mecânico Folhito seleciona serviços gerais Minuano seleciona auxiliar de produção Tangará Laticínios seleciona auxiliar de produção. Contato pelo 3736-0030 Nutritec seleciona motorista de carreta Categoria E Nimec seleciona frentista, borracheiro, eletricista e lavador de veículos pesados Launer seleciona representante comercial Consulte oportunidades no site grupoahora.net.br, aba empregos

CURSOS do mês Mais de 100 pessoas prestigiaram a segunda edição do Happy Hour Empresarial da CIC Teutônia no ano, realizado na última quinta-feira, 31. Proposto pela Diretoria de Serviços da entidade e tendo por local o Auditório 3, a noite especial foi marcada por muito conhecimento, negócios e networking.

EM SINTONIA • A Cacis Estrela analisa manter a inauguração como já divulgada para o dia 3 de outubro, diante do cancelamento da Estrela Multifeira 2023. • A 17ª edição do Fórum Tecnológico do Leite, que ocorreria em Teutônia, terá programação apenas online no dia 21 de setembro. A parte presencial do evento, no dia 28, foi cancelada. • Ainda da 46ª Expointer, pois conseguiu o feito que parecia impossível, superou os números da edição de 2022. Ao total neste ano foram mais de 818 mil visitantes e um montante de projeção comercializada de R$ 7.986.726.414,99 durante os dias de feira. Para 2024, a edição já tem data entre os dias 24 de agosto a 1º de setembro. • Vale do Taquari conquista troféus Vendedores do Agro. A cervejaria Salva, de Bom

Retiro do Sul e a Granja Santo Antônio de Encantado são dois dos agraciados. Promovido pela Federasul, o prêmio reconhece práticas de destaque no agronegócio gaúcho. • A empresa Estrelat, ficou em 1º lugar da categoria “doce de leite” no 11º Concurso de Produtos da Agricultura Familiar, juntamente com outros produtos avaliados como: queijo colonial, vinho e suco, salame e linguiça, mel, melado e cachaça. Produtos apreciados e julgados durante a semana e, na manhã da quinta-feira, 31 de agosto, todos premiados receberam uma placa, no total 27 vencedores (1°, 2° e 3° lugares), após a abertura do 25° Pavilhão da Agricultura Familiar nesta 46ª Expointer. • O 386 Business Park, receberá mais dois empreendimentos em seu espaço localizado às margens da BR-386. Confirmada a vinda

da companhia Rodoil, quinta maior distribuidora de combustível do país, com matriz em Caxias do Sul e a empresa Bouwman Livestock & Agriculture, referência nacional em maquinário e equipamentos para o agronegócio, com sua matriz em Casca, no Paraná. • MOVIMENTO DO BEM: SOS Vale do Taquari da CIC-VT. As associadas estão com a campanha de doação para as famílias desabrigadas e desalojadas em situação de emergência, após as fortes chuvas que atingiram o Rio Grande do Sul desde a segundafeira, 4. Os donativos podem ser entregues em todas as empresas na sua cidade ou nos postos de coletas indicados pela Defesa Civil e prefeituras. Doações em dinheiro podem ser feitas diretamente à CIC Vale do Taquari, por meio do PIX 09.650.289/0001-69 (CNPJ).

CIC Teutônia | fique ligado: • Gastronomia, Massas e molhos – Lubi Hepp, nos dias 25 e 26 de setembro; Inscrições e informações, fone (51) 99250-1992

ANIVERSARIANTES da semana

Veja as matérias completas no site:

jornalng.net.br

CEITEQ está com os cursos de: • Curso de Eletricista (Senar), de 18, 19 e 20 de setembro; Inscrições e informações pelo fone 3981-1105 ou (51) 980327267.

1º/09 – Lajopisos Materiais Construção (23 anos) 03/09 - Casa Prediguer Pousada e Eventos (2 anos) 10/09 - CML, Colégio Martim Luther (119 anos) 12/09 - PROST BIER (17 anos) 13/09 - D’CASA, A FONTANA (29 anos)

PARABÉNS E UM CORDIAL ABRAÇO!

INDICADORES ECONÔMICOS ACUMULADO EM 12 MESES

IPCA: 4,61% IGPM: -7,19% Custo M²: 2,43% Poupança: 8,38% Selic: 13,53%

BEZERRO (desmamado - R$) Mês dez/2022

2.421,95

jan/2023

2.395,32

mar/2023

2.372,33

mai/2023

2.280,33

jul/2023

2.176,60

set/2023

2.036,35

AGRO

SOJA - R$ 149,24/saca MILHO - R$ 53,28/saca BOI - R$ 196,35/arroba

Valor

SUÍNO - R$ 6,17/kg FRANGO - R$ 6,99/kg TRIGO - R$ 1.089,37/ton

FONTES: DEBIT E CEPEA VALORES SUJEITOS A ALTERAÇÃO FECHAMENTO: 13/00/23, ÀS 18H


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RETRATOS DA ENCHENTE

COLINAS

Comunidade une forças para reerguer a cidade após cenário de destruição. A força das águas do Rio Taquari arrastou parte do asfalto da principal via de acesso ao município, a ERS-129.

KARINE PINHEIRO

Nas proximidades da Escola Estadual de Colinas, algumas casas foram levadas pela correnteza do Rio Taquari. Moradores a volta relatam desespero ao ver estruturas completas sendo destruídas

DIVULGAÇÃO

Depois que a água começou a descer na principal via da cidade, rua General Osório, os moradores começaram a limpeza e descarte dos materiais destruídos pela enchente


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RETRATOS DA ENCHENTE

ESTRELA

Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Estimativa apresentada pelo governo municipal aponta que pelo menos 65% da área da cidade foi atingida. Os bairros mais afetados foram Moinhos e Indústrias. Cerca de 9 mil pessoas sofreram de forma direta com a enchente e os prejuízos econômicos ultrapassam os R$ 43 milhões. Mais de 44 quilômetros de vias urbanas passam por limpeza.

Várias partes do centro da cidade também foram afetadas, devido à proximidade com o Rio Taquari. Ruas como a Dr. Tostes (foto) tiveram pontos com o primeiro andar das construções comprometido

Uma das localidades mais afetadas, o bairro das Indústrias apresentava um cenário de devastação. Casas de concreto destruídas, centenas de carros submersos e o início dos trabalhos de limpeza, que ainda não terminaram, retratam o cenário pós cheia

Na Escadaria da Polar, as antigas estátuas, viradas para as margens do Rio Taquari, ficaram quase completamente submersas


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

FOTOS: JHON WILLIAN TEDESCHI E KARINE PINHEIRO

O Parque Princesa do Vale foi tomado pelas águas. Pela Rua Júlio de Castilhos, a água subiu até as imediações do Estrela Palace Hotel. Na Rua Pinheiro Machado (foto), era possível ver o rio tomando parte dos antigos pavilhões da Polar

Os resgates com barcos e caiaques ocorreram em toda a cidade. Além dos bairro Moinhos e Indústrias, os salvamentos foram registrados nos bairros Oriental, Auxiliadora e Cristo Rei

O Ginásio Municipal Ito João Snel (foto) foi o lugar que mais recebeu desabrigados devido à enchente. Ao todo, cerca de 500 pessoas foram recebidas junto com o que foi possível salvar de seus pertences


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

RETRATOS DA ENCHENTE

BOM RETIRO DO SUL fotos: divulgação

Os prejuízos na área rural foram os maiores problemas deixados pela cheia. O governo municipal decretou situação de emergência e busca recursos para reestruturação da cidade.

Escola Municipal Genny de Souza da Silva foi um dos prédios públicos atingidos. Servidores passaram os primeiros dias limpando salas e retirando materiais estragados pela passagem das águas

As áreas mais próximas da Barragem Eclusa sofreram danos extensivos. Mesmo as calçadas foram arrancadas, e casas foram derrubadas pela força das águas (foto)


Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Travessia única pela BR-386 expõe gargalo logístico FELIPE NEITZKE

Ligação entre Estrela e Lajeado sobre o Arroio Boa Vista foi danificada pela força da enchente. Situação gera novo debate sobre dependência da logística regional entre os maiores municípios da região apenas pela BR-386

Em Lajeado, as avenidas Senador Alberto Pasqualini e Benjamin Constant também receberam um fluxo maior de veículos nos dois últimos dias. Os primeiros indícios que o trânsito na ponte sobre o Arroio Boa Vista teria transtornos apareceram na tarde dessa segunda-feira, 11. O trajeto entre o trevo com a avenida Alberto Pasqualini e a entrada de Estrela levava cerca de 45 minutos. Relatos de motoristas dão conta que o deslocamento de Lajeado à cidade vizinha durava até duas horas nos horários com maior movimento, com filas que chegavam à entrada de Forquetinha. O congestionamento que alcançou os oito quilômetros teve reflexos na área urbana de Lajeado. Ruas como a Ítalo Reali e a Bento Rosa, opções para quem sai do centro da cidade, e a 17 de Dezembro, no bairro Hidráulica, além da própria Alberto Pasqualini, registravam lentidão acima da média no início da noite. A ERS-130, de costumeira sobrecarga no fluxo de veículos, tinha condições ainda mais difíceis aos condutores. Na manhã de ontem, foi perceptível uma maior mobilização das equipes da CCR ViaSul, com a manutenção da pista. Um dos procedimentos foi o fechamento de algumas fendas na pista, para evitar a entrada de água e facilitar a recuperação da barreira de terra que ajuda na sustentação da ponte. Cerca de 30 pessoas trabalharam ao longo do dia, entre engenheiros, operários e equipe de sinalização de trânsito.

Filipe Faleiro

filipe@grupoahora.net.br

Jhon Willian Tedeschi jhon@grupoahora.net.br

VALE DO TAQUARI

Deslizamento de talude tirou a sustentação de parte da estrutura preparada para ampliação da ponte

ma semana de trânsito lento, engarrafamentos e mais prejuízos. Junto com isso, a tendência de mais percalços ao longo dos próximos dias. Tudo por conta da necessidade de reavaliação sobre as condições na ponte sobre o Arroio Boa Vista, entre Lajeado e Estrela. Um cenário muito parecido com o acontecimento do dia 13 de março de 2021, quando um caminhão tombou e explodiu sobre a mesma passagem. Desta vez, a enchente da semana passada comprometeu o talude da travessia de Lajeado sentido Estrela. Foi necessário deslocar engenheiros da CCR ViaSul para avaliar as condições de toda a estrutura. Para tentar reduzir o tempo de espera dos condutores, a concessionária desviou o tráfego. Segundo a responsável pela rodovia, quando o movimento fica mais intenso, é feito o desvio dos veículos que seguem pelo sentido à capital nas faixas da pista Norte (sentido interior). No outro lado, quem segue para o interior, acessa a outra faixa da pista. Em paralelo, as equipes de engenharia faziam intervenções para evitar a entrada de água na entrada da ponte, com reforço no talude. Ao mesmo tempo, seguem tanto o monitoramento quanto as avaliações para determinar quais serão as próximas intervenções. Por enquanto, não há previsão de retorno do fluxo normal.

Ação só após o problema, diz empresário

U

Essa limitação de tráfego reacende a necessidade de mais interligações entre os municípios do Vale. “De novo, temos a certeza de que estamos dependente da única passagem entre as duas maiores cidades do Vale”, diz o vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes do RS (Setcergs) e diretor da Tomasi Logística, Diego Tomasi. Sobre a organização das entregas, afirma que foi pego de surpresa. “Não tínhamos ideia que o engarrafamento seria tão grande. Tivemos caminhões parados por mais de meia hora em um trecho poucos quilômetros.” Para os próximos dias, a estratégia é antecipar a saída dos motoristas. “Estamos

com programações atrasadas. Clientes que precisam do material pela manhã e não conseguimos entregar”, diz. Na avaliação dele, as tranqueiras na BR-386 serve de referência sobre a necessidade para o andamento de projetos para novas possibilidades logísticas para o Vale. “O acidente de 2021 criou um caos logístico para o Vale. Agora estamos relembrando tudo o que falamos naquele período. Houve movimentos para buscar projetos e investimentos em outras passagens, mas nada se concretizou. Parece que só existe alguma ação quando enfrentamos o problema”, critica. O engenheiro civil e presidente da Câmara da Indústria, Comércio e Serviços do Vale do Taquari (CIC-VT), Ivandro Rosa, destaca a importância da união entre os setores para avançar na proposta. “Precisamos é de mobilização e vonta-

TRÊS Trans Santa Rita SUGESTÕES a Cruzeiro do Sul Após o acidente de 13 de março de 2021, líderes regionais apresentaram três sugestões para o Estado. Na época, o secretário estadual de Transportes e Logística, Juvir Costella, havia dito aos prefeitos da região, o início dos estudos de viabilidade de novas pontes sobre o Rio Taquari. A equipe técnica do Daer seria responsável por avaliar as condições das sugestões. O trabalho não avançou, dizem prefeitos.

Apresentada pelos governos de Estrela e Cruzeiro do Sul em reunião com a CIC-VT Ideia: Entroncamento viário com acesso da BR-386 as rodovias estaduais ERS-130 e 453; Limitação: Falta de estudo de viabilidade técnica. Necessidade de abertura em área de preservação permanente e desapropriações;

de política”, pontua. Outro aspecto mencionado por Rosa é o formato para isso. “Este assunto da ponte precisa ser articulado pelo prefeitos, Daer, Dnit, com a contratação dos estudos iniciais de viabilidade. Definir um traçado e daí partir para um projeto, em um trabalho técnico que é prerrogativa do poder público.”

Impacto nas cidades

Diante dos gargalos, vias alternativas e até trechos urbanos registraram aumento significativo de trânsito. Em Estrela, o município inclusive alerta para problemas na Estrada Nicolau Theobaldo Hoss. Ligação com Boa Vista, a passagem conhecida como “Ponte da Tangará”, registra passagem de veículos pesados, impróprios para a estrutura dedicada apenas para motos, automóveis e utilitários. 5

A HORA | Fim de semana, 27 e 28 de março de 2021

ALDO CÉSAR LOPES

PARA TIRAR IDEIAS DO PAPEL

Como deixar de ser refém

DE UMA SÓ PONTE

Mobilização regional traça planos de novas ligações para longo prazo. Movimento ganha força entre setores produtivos e agentes políticos devido aos transtornos causados pelo acidente que comprometeu travessia entre Estrela e Lajeado, na BR-386. Falta de estudos de viabilidade, necessidade de desapropriação, abertura de áreas preservadas e alto investimento, porém, são entraves para a execução de projetos FILIPE FALEIRO filipe@jornalahora.inf.br

VALE DO TAQUARI

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limitação de tráfego sobre a ponte do arroio Boa Vista reacende a necessidade de mais ligações entre os municípios da região. Neste sábado completa 14 dias do acidente, em que um caminhão tombou sobre a pista e explodiu. Pela análise da CCR Viasul, houve danos que comprometeram a

estrutura e trazem risco de desabamento. O prazo previsto para a reforma na passagem é de até seis meses. Nos pontos menos atingidos, são feitas melhorias e a passagem em um lado, das duas faixas, será liberada até o dia 13 de abril. Os últimos dias foram de transtornos nos desvios. Vias vicinais em Estrela, Colinas, Imigrante registram aumento de fluxo e danos nas passagens devido ao excesso de peso. Nas rodovias, carretas mais pesadas, como bitrens, precisam ir

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A HORA | Fim de semana, 27 e 28 de março de 2021

Santa Rita As três aTrans Cruzeiro do Sul ideias

(Estrela)

Em reunião nesta semana, agentes públicos e representantes de entidades empresariais debateram possíveis alternativas. Na ligação entre Lajeado e Estrela, o arquiteto Leandro Eckert, vice-diretor de Infraestrutura da Associação Comercial e Industrial de Lajeado (Acil) e integrante da diretoria da CIC, apresentou a sugestão de uma segunda passagem, próxima à atual ponte sobre o Rio Taquari. “Para mim, é a ideia mais plausível, a mais rápida, a mais econômica e mais eficiente. Vai tirar 40% do fluxo no horário de pico entre Lajeado e Estrela”, defende. A segunda ideia, dos governos de Estrela e Cruzeiro do Sul, seria de uma interligação da Trans Santa Rita, com acesso às rodovias estaduais 453 e 129. O vice-prefeito de Estrela, João Carlos Schäfer, ressalta a importância de considerar todo o anel rodoviário. “Precisamos nos basear em estudos técnicos que aponte a melhor solução para agora e para os próximos 50 anos.” Por fim, uma possibilidade vista pelas autoridades seria a construção de uma passagem entre Arroio do Meio até Colinas, com ligação para Imigrante. Essa interligação, na análise dos governos municipais, diminuiria os trajetos para escoamento das produções primárias e chegada até as indústrias.

Apresentada pelos governos de Estrela e Cruzeiro do Sul, em reunião da CIC-VT com prefeitos Ideia: Entroncamento viário da Trans Santarita até Cruzeiro do Sul, com acesso da BR-386 até as rodovias estaduais 453 e 129. Limitação: Falta de estudo de viabilidade. Necessidade de abertura de acesso em área de preservação. Necessidade de desapropriações de terrenos privados. Desvio de trânsito pesado por vias municipais sem infraestrutura para suportar esse fluxo.

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A HORA | Fim de semana, 27 e 28 de março de 2021 ALDO CÉSAR LOPES

FÁBIO KUHN

Lajeado a Estrela Apresentada pelo arquiteto Leandro Eckert, em reunião da CIC-VT com os prefeitos Ideia: Ligação próxima ao viaduto da Av. Bento Rosa, em Lajeado, até as proximidades do Porto de Estrela. Proposta visa desviar o trânsito urbano da BR-386 Limitação: Falta de estudo de

Explosão de caminhão-tanque em 13 de março comprometeu ponte sobre Arroio Boa Vista

Desde então, congestionamentos são recorrentes no trecho da BR entre Estrela e Lajeado ALDO CÉSAR LOPES

viabilidade. Acesso em área de várzea, considerada de preservação permanente e interferência no projeto de ampliação das pontes atuais, conforme contrato com a CCR Viasul.

Travessia sobre o Rio Taquari, na BR-386, é considerada por líderes locais insuficiente para a demanda logística regional. Acidente reacendeu debate sobre necessidade de mais ligações

Arroio do Meio, Colinas, com ligação a Imigrante Apresentada pelos governos de Arroio do Meio e de Colinas

Movimento conjunto e de longo prazo para as estradas estaduais, para quem vem da Região Metropolitana, o caminho precisa ser feito por Taquari, até Venâncio Aires para depois se dirigir a Lajeado. Um trajeto que aumenta em mais de 120 quilômetros a viagem. Vice-presidente do Sindicato das Empresas de Transportes de Carga e Logística do RS (Setcergs), e diretor de uma transportadora na região, Diego Tomasi, destaca: “os últimos dias foram de grandes desafios. As entregas estão sempre atrasadas devido aos congestionamentos.” Conforme o representante das empresas, o momento para a logística tem sido difícil, devido à alta no preço do diesel. Na região, com mais percurso, o gasto é ainda maior para caminhões como os rodotrens. “Estimamos que houve um gasto de 5% no custo da operação logística”, diz Tomasi. Essas condições fazem com que líderes locais retomem a mobiliza-

ção para haver mais pontes entre as cidades do Vale. Em meio às diversas reuniões, três sugestões foram apresentadas. Uma interligação entre Cruzeiro do Sul até a Trans Santa Rita, em Estrela. Uma ponte ao lado

Os últimos dias foram de grandes desafios. As entregas estão sempre atrasadas devido aos congestionamentos” DIEGO TOMASI VICE-PRESIDENTE DO SETCERGS

do porto, próxima da já existente entre Lajeado e Estrela e, por fim, uma interligação entre Arroio do Meio, no bairro São Caetano, até Colinas, com acesso também ao município de Imigrante. Por enquanto, essas são ideias, sem qualquer análise de viabilidade técnica ou financeira. O secretário estadual de Transportes e Logística, Juvir Costella, frisa que ainda é cedo para falar em construção de pontes. “O que temos de ver agora é a viabilidade disso. Apontar qual município, ou qual local para uma nova passagem, ainda é precipitado.” Em conferência com prefeitos da região, o secretário determinou o início dos estudos de viabilidade de novas pontes sobre o Rio Taquari. A equipe técnica do Daer será responsável por avaliar as condições técnicas das sugestões.

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O presidente da Câmara da Indústria e Comércio (CICVT), Ivandro Rosa, destaca o intuito do movimento regional. “Precisamos ver o que é melhor não só para uma cidade ou outra, mas para o Vale e para o estado.” Engenheiro civil por formação, frisa a complexidade das obras de pontes. “Não basta passar por cima do rio. É preciso ter acesso. Para isso, tem desapropriações, tem áreas de proteção permanente, além de saber o tipo de trânsito que o local irá receber.” Sobre as três ideias de interligações, Rosa avalia que todas têm aspectos positivos e limitações. “O mais importante do que escolher o local é saber se essa ponte será a solução. Se, efetivamente, vai representar ganho de transporte e de logística. Não podemos errar o tiro.” Essas sugestões, diz Rosa, precisam fazer parte de um

Ideia: Ligação do bairro São Caetano, em Arroio do Meio, sobre o Rio Taquari, chegando a Colinas e com acesso até Imigrante. A proposta visa desviar o trânsito da ERS-130, possibilitando a chegada na BR-386. Limitação: Falta de estudo de viabilidade. Abertura de acessos em meio a áreas de preservação permanente. Necessidade de desapropriações de terrenos privados. Vias de ligação com essa ponte são insuficientes para absorver o fluxo pesado.

movimento coletivo da região e de longo prazo. “O mais viável agora é o conserto da ponte do arroio Boa Vista. É nisto que nos concentramos.” A CIC-VT e os gestores públicos, tanto do Estado quanto da região, integram o comitê de emergência formado junto com a CCR Viasul, responsável pela concessão da BR-386. O grupo se reuniu na manhã dessa sextafeira. A organização local cobra agilidade para conclusão da reforma para reduzir o prazo previsto de seis meses.

Primeiro estudo em 2011

Aproximar Lajeado e Estrela. Com esse propósito, o Comitê Gestor do Centro Antigo, aprofundou os debates para uma nova ponte entre as duas maiores cidades do Vale. O ano era 2011 e buscou unir líderes de ambos os municípios para executar a obra. “Essa foi uma das primeiras prioridades do comitê gestor. Havia uma vontade de desenvolver o comércio das cidades, com mais facilidade no deslocamento, sem

precisar entrar na 386”, lembra André Jaeger, atual presidente da organização. De acordo com ele, integrantes do comitê, profissionais de engenharia e arquitetos, estudaram formas de fazer essa ligação. A primeira sugestão partia das proximidades da antiga casa de Bruno Born, no centro de Lajeado até o complexo portuário de Estrela. De lá, seria necessário abrir uma rua. “Em linha reta, sairia na rodoviária de Estrela”, relembra.

Como o porto é uma área da União, a lei não permite abertura de ruas municipais no terreno. No ano passado, o complexo foi repassado para o município. Isso fez com que o assunto fosse retomado. Porém, diz Jaeger, em uma reunião no segundo semestre do ano passado, foi informado ao comitê que a limitação permanece. Significa que, o município tem a concessão da área, mas não pode dividir o terreno.

“Uma segunda ponte é inviável”

Para o diretor presidente da CCR Viasul, Fausto Camilotti, construir uma segunda ponte sobre o Rio Taquari, entre Lajeado e Estrela, é um erro, pois pelo contrato de concessão da BR-386 estão previstas obras de infraestrutura, entre as quais a ampliação da ponte atual. “Teremos seis faixas na ponte. Isso trará condições muito positivas para a logística e a circulação dos usuários.” De acordo com ele, pensar em outro investimento nas proximi-

dades é tirar o foco da solução mais viável de agora. “Uma segunda ponte é inviável. Temos de nos preocupar em reconstruir a ponte sobre o arroio Boa Vista. É uma obra muito complexa, de 15 metros de altura.” Com relação ao prazo de seis meses para liberação total do trecho, Camilotti diz: “por enquanto, mantemos essa previsão. Vamos tentar o máximo possível para reduzir. Somos ágeis no nosso trabalho, mas temos de priorizar a segurança. Não podemos nos precipitar.”

De onde viriam os investimentos?

“Não sabemos de quanto dinheiro estamos falando. Se custará R$ 50 milhões, 100 ou meio bilhão. Primeiro temos de conhecer a viabilidade técnica para depois projetar orçamentos.” As palavras do prefeito de Lajeado, Marcelo Caumo, resumem o momento da discussão sobre novas pontes. Ainda que o Estado tenha prometido fazer o estudo de viabilidade técnica e econômica, a própria região debate a implanta-

ção de um consórcio para análises de infraestrutura. Entre as possibilidades debatidas está a inclusão desses projetos no plano de concessões das rodovias estaduais. O secretário estadual de Parcerias, Leonardo Busatto, é possível adicionar obras de pontes no futuro contrato dos pedágios nas vias estaduais. “Essas chamadas obras de arte, que são as pontes, os viadutos, galerias, exigem altos investimentos. Caso isso seja adicionado ao contrato,

precisamos saber que vai interferir no preço do pedágio”, diz. O Estado, afirma Busatto, acompanha os percalços vividos no Vale do Taquari. “Se trata de um fato atípico, uma tragédia. O impacto dos desvios é para os municípios e também às rodovias estaduais. Já sabemos que há uma deterioração devido ao aumento do fluxo.” Pelo cronograma do Estado, o leilão do bloco das três rodovias do Vale (453, 130 e 129) está previsto para dezembro.

Lajeado a Estrela

Arroio do Meio, Colinas, com ligação a Imigrante

Apresentada pela Acil aos prefeitos e CIC-VT Ideia: Ligação próxima ao viaduto da Rua Bento Rosa até as proximidades do Porto de Estrela. Proposta é desviar o fluxo urbano da BR-368; Limitação: Falta de estudo de viabilidade. Acesso em área de várzea, de preservação

Apresentada pelos governos dos municípios em reunião com a CIC-VT Ideia: Interligar o bairro São Caetano (Arroio do Meio), sobre o Rio Taquari, chegando a Colinas, com acesso até Imigrante. A proposta é desviar o trânsito da ERS-130 até a BR-386 após as pontes do Boa Vista e Taquari. Limitação: Falta de estudo de viabilidade. Abertura de acesso em áreas de preservação permanente. Necessidade de desapropriações e as vias de ligação com essa ponte são insuficientes para absorver o fluxo pesado.


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Sexta-feira, 15 de setembro de 2023

Concurso de fotografias valoriza patrimônio do município Divulgação

Imagens escolhidas vão ganhar prêmio em dinheiro e serão incluídas no calendário de eventos para 2024

Premiação Escolha dos jurados • 1º lugar: R$ 800,00 • 2º lugar: R$ 500,00 • 3º lugar: R$ 400,00

Votação popular • 1º lugar: R$ 400,00 • 2º lugar: R$ 300,00 • 3º lugar: R$ 200,00 Todos os vencedores também recebem certificados oficiais

TEUTÔNIA

A

s inscrições para o 12º Concurso de Fotografias de Teutônia foram liberadas nesta semana. O objetivo é registrar os bens materiais ou naturais que possuem importância na história do município, como prédios, ruínas, estátuas, esculturas, templos, igrejas, praças, ou até mesmo partes da cidade, como por exemplo, o Centro Administrativo. Fotógrafos profissionais e amadores podem participar, tanto moradores de Teutônia, quanto de outras cidades. No entanto, os trabalhos inscritos devem ser inéditos no concurso, originais e relacionados ao

Votação dos jurados e da população em geral vai definir fotografias incluídas no calendário de eventos do ano que vem

tema proposto. Além disso, todas as fotos devem ser tiradas dentro do município. As inscrições e a entrega das fotografias devem ser feitas até 20 de outubro, na Secretaria de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer, localizada na sala 17 do Centro Administrativo. O

horário de atendimento é das 7h30min às 11h30min e das 13h às 17h. Cada foto inscrita deve incluir no verso as seguintes informações legíveis: pseudônimo do autor, título da obra e local da foto. Além disso, um release da obra deve ser entregue em folha A4, contendo o título da foto. Cada participante pode inscrever até 10 trabalhos, desde que sejam de sua própria autoria, originais e nunca antes inscritos no concurso. As fotografias devem ser entregues em

formato impresso em papel fotográfico de 21cm x 15cm, com todas as informações mencionadas anteriormente, bem como em formato digitalizado. Os arquivos digitais devem ter no mínimo 6 megapixels de resolução, estarem no formato .jpeg e serem armazenados em um pendrive, que poderá ser retirado na prefeitura após o término do concurso. Não serão aceitas fotografias em preto e branco ou com interferência eletrônica, e apenas o tratamento básico de cor e re-

enquadramento será permitido para manter a originalidade das imagens. Um painel de três jurados, profissionais da área de fotografia ou com afinidade profissional com a área, avaliará as fotografias com base em critérios como qualidade técnica e artística, criatividade, originalidade e aderência ao tema. As três melhores fotos, escolhidas pelos jurados, vão compor o Calendário de Eventos 2024. Estas fotos não participarão da votação popular. As demais imagens serão submetidas à apreciação do público, e as três mais curtidas na página oficial do Facebook do município também serão premiadas.

Teutônia envia Ônibus da Saúde para Roca Sales TEUTÔNIA A Secretaria da Saúde do município enviou o Ônibus da Saúde, que faz os atendimentos de rotina no interior, para Roca Sales. Uma equipe com 3 médicos, enfermeiros, psicóloga e o coordenador da Vigilância Sanitária, também foram para prestar assistência médica aos cidadãos que necessitam de atendimento após a enchente da semana passada. O prefeito de Teutônia, Celso Forneck, destaca que agora é hora de se unir e ajudar o Vale do Taquari. “Dentro das nossas possibilidades, estamos em uma grande mobilização para arrecadar donativos a serem doados aos municípios atingidos. Não temos como assistir a essa tragédia parados, precisamos agir e auxiliar os municípios atingidos com esta catás-

Divulgação

trofe”, afirma. No período em que a unidade móvel ficar em Roca Sales, os atendimentos retornam aos postos de saúde de referência de cada localidade. O governo não determinou um prazo de permanência do ônibus no município da região alta do Vale.

Referência para doações O município também abriu o ginásio da Emef Professor Guilherme Sommer, no bairro Centro Administrativo, para servir como uma central de doações. Diversos voluntários atuam no local para a organização dos donativos e preparação de itens como cestas básicas. O local fica aberto durante a semana, das 7h30min às 17h,

sem fechar ao meio-dia. O 7º Acampamento Farroupilha é mais um local que concentra o recebimento de doações. As principais demandas são por móveis, colchões, materiais escolares e produtos de

limpeza. Cerca de 50 cargas com donativos foram preparadas para os atingidos pela enchente. A Secretaria de Obras, Viação e Transportes também destinou dois caminhões e uma retroescavadeira a Estre-

Ginásio da escola Professor Guilherme Sommer centraliza a triagem das doações recebidas no município

la, para auxiliar na limpeza do município.


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