Realidades humanas e paisagísticas emudecedoras existentes nos confins dos dois países ibéricos, culturas ancestrais remotas engolidas pelos buracos negros da desolação e abandono numa galáxia rural já nos umbrais do não-retorno, beleza intemporal frágil, marcas predatórias ferozes — eis algumas das faces de uma geografia precária e em fuga encontrada durante uma sentida viagem ao longo da fronteira entre Portugal e Espanha.
Ecoando na esteira de todos os passos do viajante fronteiriço, um verso do poeta José Tolentino Mendonça: «Não ames viagens que reduzam a estranheza».
E estranheza houve. Ou não fosse a linha de fronteira ela própria já uma coisa estranha.