Com o apoio do CEC.
A figura do fantasma tem acompanhado a história do cinema desde o século XIX até aos nossos dias, marcando presença
numa grande diversidade de géneros fílmicos. Além disso, a própria arte cinematográfica tem sido, repetidas vezes, considerada e descrita como uma coisa espectral em si mesma. Em 1896, Máximo Gorki qualificou o cinema como um «reino de sombras», e, já no século XXI, Jacques Derrida afirmou que a experiência cinematográfica pertence à esfera da espectralidade. Deste modo, ir ao cinema implica necessariamente confraternizar com espectros, ser assombrado, quer os filmes tornem os fantasmas visíveis, quer não.
Este livro é uma galeria de retratos de figuras que, como se diz em Benilde, «não são deste mundo», figuras fantasmáticas, prometidas a uma existência liminar, que adquirem uma espécie de inteireza justamente na sua inconsistência ôntica.