Rui Chafes, «Tudo É Outra Coisa»

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Rui Chafes TUDO É OUTRA COISA EVERYTHING IS SOMETHING ELSE

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Rui Chafes TUDO É OUTRA COISA Texto de [text by] Manuel de Freitas

D O C U M E N TA CÂMARA MUNICIPAL DE ALMADA

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UM DIA DE SOL — QUASE NEGRO

«Olhar limpo tudo/o que não vai morrer/connosco» — foi este o poema de João Miguel Fernandes Jorge que me ocorreu depois de ter entrado, hoje à tarde, na primeira escultura de Rui Chafes, que se chama precisamente «Primeiro Olhar». Através dos vários orifícios feitos nessa estrutura cónica apenas conseguimos ver árvores e mar — tudo o que não vai morrer? —, tornando-se impossível distinguir os prédios que, ao longo das décadas, foram desfigurando o litoral da Caparica. Podemos entender esta escultura como uma oração, entre mar e terra, excluindo a nódoa humana que, melhor ou pior, veio depois sujar a paisagem. Contudo, ela tem a singela aparência de uma guarita militar onde nos é permitido, por alguns minutos ou durante uma vida inteira, brincar aos efémeros soldadinhos que deveras somos nesta terra gasta. Ao entrarmos e sairmos dela, o mundo já não é o mesmo. * Antes de penetrarmos no convento, vimos a «Lua Exausta» que tomba, suspensa, junto de uma árvore que quase parece um bonsai. Por coincidência, ofereci há dois dias à Inês o nosso primeiro bonsai, uma macieira ainda em flor. Mas em arte, tal como na vida, «coincidência» é o nome que damos a algo maior do que nós, obscuro e fulminante. Sei o nome da escultura, uma

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lua cansada de iluminar as noites, mas não o da árvore que cresce debaixo dela. O meu pai, que era agrónomo, sabê-lo-ia certamente. Ao atravessarmos a ponte, no regresso a Lisboa, o Rui disse-me que o seu filho mais velho estava a estudar no mesmo sítio onde o meu pai tirou o curso de agronomia (vendeu as poucas terras que tinha, na Madeira, para dedicar às árvores toda a sua vida). * Na sala de exposições, o Verão e o Inverno dialogam frontalmente, materializando-se (ou desafiando-se?) em duas estruturas ondulantes que se completam e que têm a nobreza firme de armaduras medievais. Terão sido inspiradas em Webern, esse mestre da concisão, mas os pássaros — que apenas ouvíamos, naquela sala totalmente fechada — pareciam estar mais interessados em Messiaen. Fugindo um pouco à «verdade» proposta pelo artista, dei por mim a imaginar um diálogo ou um duelo (a diferença, aliás, é ténue) entre dois dos maiores compositores do século XX. * Já no claustro, «Balthazar» pareceu-me familiar, sem que soubesse muito bem porquê. Depois percebi: inspirava-se nos arreios de um filme de Bresson que eu nunca vi. Mas vi inúmeras vezes, durante a minha infância ribatejana, os arreios destinados a mulas, éguas e cavalos. Tudo isso, porém, se transfigu-

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rava agora numa mancha em que ferro e sombra se tornam inseparáveis. Voltei a lembrar-me de um curtíssimo poema de João Miguel Fernandes Jorge: «Envia a tua sombra». Torna-se quase indecidível saber qual a «verdade» desta escultura, tão diferente consoante faça ou não faça sol. Ela lembra-nos, em todo o caso, essa tão óbvia evidência de que a sombra é uma consequência da luz. * Ou vice-versa, pois nada é assim tão simples — nem sequer num mundo material, despojado de homens. Estou a pensar agora em «Sussurro», e talvez pensar seja aqui o mais errado dos verbos. Pode-se fazer arte, acreditar nela, admirá-la intensamente, sem que a tenhamos de explicar ou justificar teoricamente. Mesmo que haja, da parte do artista, um pensamento prévio, uma qualquer intenção, a teoria, em arte, é sempre póstuma e arbitrária. Seja como for, nenhum conceito nos auxilia ao vermos a cortina de ferro com que Rui Chafes ocultou ou revelou, no cimo de umas escadas, uma pequena e radiosa janela. O jogo de luzes é, uma vez mais, determinante, e «Sussurro» seria uma escultura completamente diferente se hoje houvesse nuvens no céu. Às cinco da tarde, parecia que a luz da pequena janela atravessava a densa cortina de ferro, tornando-a quase translúcida, sobretudo na parte inferior. Há um verso de Jorge de Sena que sempre me pareceu um pouco sobrevalorizado: «Uma pequenina luz bruxuleante». Afinal, essa luz existe, bruxuleia incerta no cimo daquelas escadas que têm, como nós, degraus.

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* Tivemos algum azar nesta visita: havia um casamento na capela. Faz parte: as pessoas nascem, casam, morrem. É muito difícil interromper o humano, sobretudo aos sábados. Assim, só pude ver de soslaio «Murmúrio», sob o olhar desaprovador de um padre bastante sisudo. Estava na parede à direita do altar, esta escultura, em jeito discretíssimo de Verónica. Mas, se vi bem, havia tão-só o movimento parado do pano, sem qualquer sugestão de rosto que pudesse autorizar a designação, talvez abusiva, de Verónica. Um sudário, em suma, mas que não precisa de ser santo para existir. No coro, uma peça sóbria e majestosa («Escurecimento») olhava-nos de um modo implacável.

Mas eu só muito vagamente a consegui avistar, descentrada, no morno decorrer da cerimónia. * Desistimos de esperar pelo fim da missa de casamento e voltámos para os jardins do convento, onde nos esperava um sol negro pendurado num ramo de árvore («O Misantropo») e um anel subtil, embora grandioso, que se encaixava numa das paredes da igreja, entre duas janelas austeras («Tudo Isto»).

Completara-se, pois, o círculo de Tudo é Outra Coisa. O que esta exposição me ensinou passa, seguramente, por uma funda noção de humildade e por um extremo respeito pelo espaço sagrado ou natural em que acontecem as esculturas de Rui Chafes.

Senti-o noutras exposições, noutros espaços, por exemplo na

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igreja de São Cristóvão ou no Jardim da Sereia (onde o meu nome e o do Rui por acaso se cruzaram, muito antes de nos conhecermos). Mas eu não acredito em acasos, para ser franco.

Há cerca de dez anos, um amigo meu perguntou-me se queria ficar com o número de telemóvel do Rui. Disse-lhe que não; caso tivéssemos de nos conhecer, isso aconteceria naturalmente, sem que nenhum de nós procurasse o outro. Assim foi.

Assim, creio, terá acontecido sempre nesta terra gasta, onde tantas vezes os nossos verdadeiros contemporâneos morreram há muito — mas revivem em nós através de gestos, palavras, sílabas de metal, silêncios. * Temos pouco tempo, como é sabido. O mais provável é que eu nunca mais regresse ao Convento dos Capuchos da Caparica. Foi um dia de sol. E seria uma redundância dizer que foi um dia irrepetível ou inolvidável, embora isso em nada faltasse à verdade. Também a verdade é uma coisa extremamente frágil.

Vê-se, mas talvez não se possa provar. Tal como não se pode cientificamente demonstrar que a luz atravessa o ferro (mas atravessa) ou que só havia mar e árvores à espera do nosso olhar, enquanto o ferro cantava. Mas foi assim, este dia.

Manuel de Freitas Lisboa, 4 de Maio de 2019

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OUTRA MANEIRA DE DIZER

O céu e o mar já não precisam de pessoas.

A lua caiu, mas ninguém reparou nisso.

Indiferentes aos pássaros, Webern e Messiaen conversavam.

Um arreio anónimo, fugidio, procurava o meu nome.

Esta aranha súbita deve ter ouvido Bach.

Uma cortina de ferro quase perdoava a luz.

Um pano sem rosto chorava.

Havia aquele anel de sombra, entre as janelas.

E um sol negro, a brilhar.

Manuel de Freitas

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ANOTHER WAY TO SAY IT

The sky and the sea have no need for people anymore.

The moon has fallen, but nobody noticed.

Indifferent to birds, Webern and Messiaen conferred.

An anonymous, elusive harness was searching for my name.

This sudden spider must have listened to Bach.

An iron curtain almost excused the light.

A faceless cloth was weeping.

There was that shadowy ring, between the windows.

And a black sun, shining

Manuel de Freitas

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A SUNNY DAY — ALMOST BLACK

“A clean gaze everything/ that won’t die/ with us” — it was this poem by João Miguel Fernandes Jorge that crossed my mind, this afternoon, upon entering the first sculpture by Rui Chafes, which is called, precisely, “First Gaze”. Through the several orifices in that conical structure, the trees and the sea are all we can see — everything that won’t die? —, making it impossible to discern the buildings that throughout the decades have steadily disfigured the Caparica coastline. We may understand this sculpture as a prayer, between land and sea, ruling out the human stain that to varying degrees would later come to taint the landscape. Nevertheless, it has the unassuming appearance of a military sentry box, where for a few minutes or a lifetime we are allowed to play as the ephemeral toy soldiers that we truly are in this depleted land. As we step in and out of it, the world is no longer the same. * Before we entered the convent, we saw the “Exhausted Moon”, leaning, suspended, by a tree that looks almost like a bonsai. By coincidence, just two days ago I offered Inês our first bonsai, an apple tree still in bloom. But in art, just as in life, “coincidence” is the name we give to something bigger than us, obscure, overwhelming. I know the name of the sculp-

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ture, a moon weary of lighting up the nights, but not the name of the tree that grows beneath it. My father, who was an agronomist, would certainly be able to identify it. As we drove across the bridge on our way back to Lisbon, Rui told me his eldest son was attending the same school where my father graduated in Agronomy (he had sold the few plots of land he owned, in Madeira, to devote all his life to trees). * In the exhibition room, Summer and Winter confer openly, materializing (or defying each other?) in two wavy structures that complete one another and possess the steadfast nobility of medieval armours. They could have been inspired

by Webern, that master of concision, but the birds — we could only hear them, in that totally closed room — seemed to be more interested in Messiaen. Somewhat evading the “truth” offered by the artist, I found myself trying to imagine a dialogue or a duel (the difference, by the way, is slight) between two of the 20th-century’s greatest composers. * Inside the cloister, “Balthazar” sounded familiar, for some unaccountable reason. Then I understood why: it was a reference to the harnesses in a film by Bresson which I never saw.

But I did see countless times, during my childhood in Ribatejo, the harnesses used for mules, mares and horses. However, all

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that was now transfiguring into a blur, wherein iron and shadow become inseparable. Again, I recalled a very short poem by João Miguel Fernandes Jorge: “Send out your shadow.” It becomes almost undecidable to know this sculpture’s “truth”, as it changes so deeply depending on whether there is sunlight or not. In any case, it reminds us of the utter evidence that shadow is a consequence of light. * Or vice versa, for nothing is as simple as that — not even in a material world, devoid of men. I’m thinking now of “Whisper”, and here to think may be the most inaccurate of verbs. You can make art, believe in it, admire it intensely, without the need to explain or justify it in theoretical terms. Even if there is, on the part of the artist, a previous thought, some kind of intention, theory, in art, is always posthumous and arbitrary.

In any case, no concept helps when we come upon the iron curtain with which Rui Chafes hid or revealed, at the top of a staircase, a small and radiant window. The play of light is, once again, determinant, and “Whisper” would be a totally different sculpture if the sky was cloudy today. At 5 o’clock in the afternoon, the light from the little window seemed to pierce through the dense iron curtain, making it almost translucent, especially at the lower end. There’s a line by Jorge de Sena that I always thought a bit overrated: “A little flickering light”. After all, that light exists, flickering unsteadily at the top of that staircase, which has rungs, just like we do.

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* We had a small setback during our visit: there was a wedding service in the chapel. It’s predictable: people are born, they marry, they die. It’s very difficult to interrupt the human, especially on Saturdays. Therefore, I could hardly throw a sideways glance at “Murmur”, under the disapproving stare of a rather grim-faced priest. It was on the wall to the right of the altar, this sculpture, as a most discreet Veronica. But, if I saw it correctly, there was only the cloth’s halted movement, with no hint of a face to allow the evocation, possibly excessive, of Veronica. A shroud, in short, but one that doesn’t need to be holy in order to exist. In the choir, a sober and majestic piece (“Darkening”) glares at us, implacable. But I could only catch a glimpse of it, off-centred, as the lukewarm ceremony went on. * We gave up waiting for the wedding mass to end, and went back to the convent’s gardens, where a black sun awaited us, hanging from a tree branch (“The Misanthrope”), and a subtle yet grandiose ring was nested in the church’s wall, between two austere windows (“All This”). It was thus completed, the cycle of Everything is Something Else. What this exhibition has taught me pertains, undoubtedly, to a deep notion of humbleness and an utter respect for the sacred and natural spaces where Rui Chafes’ sculptures happen. I have felt as much in other exhibitions of his work, in other places, such as Igreja

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de São Cristóvão or Jardim da Sereia (where our names, his and mine, had crossed paths by chance many years before we met). But I don’t believe in chance, to be honest. About ten years ago, a friend of mine asked me if I wanted Rui’s cell phone number. I said no; if we had to meet, this would happen naturally, with neither of us making any attempt to contact the other. And so it was. And so it has always been, I believe, in this depleted land, where so many of our true contemporaries are long dead — but revive in us, through our gestures, words, metal syllables, silences. * We have little time, as is known. I’ll probably never return to Convento dos Capuchos in Caparica. It was a sunny day.

And it would be redundant to say it was an unrepeatable or unforgettable day, although quite plainly true. Truth itself, too, is an extremely fragile thing. You can see it, but you probably can’t prove it. Just as you can’t scientifically demonstrate that light goes through iron (but it does), or that there were only the sea and the trees waiting for our gaze, as the iron sung. But this is how it was, today.

Manuel de Freitas Lisbon, May 4th, 2019

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LISTA DE OBRAS [LIST OF WORKS]

pp. 5-7 Tudo Isto [All This] 2018, ferro [iron] 140 × 140 × 6,5 cm p. 19 Im Sommerwind 1997, ferro [iron] 197 × 64 × 79 cm p. 20 Im Winterlicht 1997 / 2012, ferro [iron] 122 × 67 × 71 cm pp. 23-24 Primeiro Olhar [First Gaze] 2018, ferro [iron] 200 × 70 × 70 cm pp. 26-29 Lua Exausta [Exhausted Moon] 2000, ferro [iron] 230 × 60 × 82 cm Colecção [Colection] José Lobo de Vasconcellos

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pp. 31-32 O Misantropo [The Misanthrope] 2008, ferro [iron] 45 × 45 × 45 cm p. 35 Balthazar XXI 2018, ferro [iron] 148,5 × 27 × 25 cm pp. 37-38 Murmúrio XVIII [Murmur XVIII] 2015, ferro [iron] 79 × 29 × 20 cm pp. 41-42 Escurecimento [Shading] 2014, ferro [iron] 176 × 68 × 84 cm pp. 45-46 Sussurro VII [Whisper VII ] 2015, ferro [iron] 160 × 96 × 20 cm

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EXPOSIÇÃO [EXHIBITION]

Este livro foi publicado pela ocasião da exposição «Tudo é Outra Coisa» de Rui Chafes, com curadoria de Filipa Oliveira, encomendada e produzida pela Câmara Municipal de Almada, a qual teve lugar no Convento dos Capuchos, entre 16 de Março a 19 de outubro 2019 [This book was published on the occasion of the exhibition “Everything is Something Else” by Rui Chafes, curated by Filipa Oliveira, commissioned and produced by the Municipality of Almada and which took place at the Capuchos Convent from March 16th to October 19th 2019 ]

Presidente da Câmara Municipal de Almada [Mayor of Almada] Inês de Medeiros Vereadora da Cultura [City Councilor for Culture] Inês de Medeiros Director Municipal de Desenvolvimento Social [Municipal Director for Social Development] Mário Ávila Curadora e Programadora de Arte Contemporânea [Contemporary Art Curator and Programer] Filipa Oliveira

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Coordenador [Coordinator] Luís Filipe Collaço Nascimento Secretariado e Produção [Secretariat and Production] Sandra Tavares Castanheira Vigilantes [Invigilators] Olga Candeias Carlos Balé Pedro Semedo

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CATÁLOGO [CATALOGUE]

Imagens [Images] © Rui Chafes, 2019 Texto [Text] © Manuel de Freitas, 2019 © Câmara Municipal de Almada Largo Luís de Camões 2800-158 Almada © Sistema Solar Crl (chancela Documenta) Rua Passos Manuel 67 B 1150-258 Lisboa 1.ª edição, Outubro 2019 ISBN 978-989-8902-94-8 Fotografias [Photography]: Alcino Gonçalves Tradução [Translation]: Rui Pires Cabral Revisão [Proofreading]: Helena Roldão Depósito legal [Legal deposit]: 462594/19 Impressão e acabamento [Printing and binding]: Gráfica Maiadouro SA Rua Padre Luís Campos, 586 e 686 (Vermoim) 4471-909 Maia Portugal

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