Revista MEGA

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O Delegado de polícia Pedro Paulo Pontes Pinho é ex-detetive da PCERJ, ex-delegado de polícia MG, tendo atuado nas Delegacias dos municípios de Piraúba, Tabuleiro, Visconde do Rio Branco e Mercês e adido à Corregedoria. Fundador e ex-presidente do Sindicato dos Delegados de Polícia-RJ (SINDELPOL). Na PCERJ, exerceu os cargos de assessor da Chefia de Polícia, subchefe da ASSEJUR, presidente da CPL, Diretor da DIC/COINPOL e Chefe de Gabinete da Chefia de Polícia. Criou as Delegacias Regionais de Polícia (METROPOL) e implantou a DRP-METROPOL IV. Criou e implantou a DRCCSP, as Delegacias de Captura e o Sistema de Controle de Presos.

curta”, e no caso nós somos essa “onça”. O que me preocupa não é o “agora”, mas sim o futuro, com essa nova “geração” de traficantes que certamente surgirá. Temos que nos preparar para isso. MEGA: A gratificação anunciada pelo governo do Rio de R$ 500,00 por policial é algo motivador, para futuras incursões , por exemplo na Rocinha e Vidigal? DELEGADO PINHO: Qualquer remuneração extra que o policial puder conseguir de forma oficial, legal e legítima é bem-vinda e nos estimula, mas o Estado precisa repensar a forma como vê seu servidor policial. Vejo políticos e formadores de opinião defenderem a legalização do “bico”, o segundo emprego, mas pergunto: com quem a sociedade poderia contar nesses momentos de crise na segurança pública se o policial tivesse que “bater ponto” no patrão particular? Há uma máxima no Direito brasileiro de que o policial é “policial” 24 h por dia, sete dias na semana, e para isso deveria receber remuneração compatível com essa condição. É uma profissão muito difícil, extremamente perigosa e da qual a sociedade não pode prescindir. Somos os primeiros a serem chamados em todos os momentos da vida cotidiana, do parto ao assalto. Só pedimos esse reconhecimento do Governo, porque a sociedade finalmente descobriu que somos capazes de lhe dar o de que ela precisa: segurança. MEGA: Quais foram as verdadeiras proporções dos prejuízos dos bandidos com tudo o que foi apreendido e destruído tanto em arma como em “organograma”? DELEGADO PINHO: Entre drogas e armas, muitos milhões, algo em torno de R$ 15 milhões, eu estimaria. Mas o maior prejuízo mesmo foi a perda do território. Comparável ao prejuízo daqueles moradores do condomínio Palace II, na Barra da Tijuca, aqui no Rio de Janeiro, que desabou há alguns anos atrás. Você perder móveis, eletrodomésticos, documentos, enfim, é uma coisa, pois você pode comprar tudo de novo mas perder a sua casa, o seu lar, vê-lo desabar é bem diferente. Até você se reestruturar leva tempo, e no nosso caso aqui, tempo é o que não podemos perder, caso esses traficantes queiram erguer seus “castelos” novamente.

Participou da Comissão de elaboração do Projeto de Lei Orgânica da PCERJ encaminhado à ALERJ em dezembro de 2002. Foi titular ainda da 51ª DP–Paracambi, DC-POLINTER, DRFVAT (atual DRFA), 26ª DP–Todos os Santos, DPFAZ, 5ª DP–Lapa, 32ª DP–Taquara e 33ª DP-Realengo. Foi membro da delegação dos delegados de polícia do Rio de Janeiro na 1ª Conferência Nacional de Segurança - CONSEG em Brasília/2009, e adido à SR/DPF/RJ em 2003.

Entre drogas e armas, foram muitos milhões, algo em torno de R$ 15 milhões, eu estimaria. Mas o maior prejuízo mesmo foi a perda do território

Dezembro 2010


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