Revista Escada - Edição 55

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Trabalho conjunto

garante início de ano produtivo nas universidades

Como espaços de produção de conhecimento, as instituições devem oferecer apoio para o reinício das aulas e favorecer o melhor desempenho dos estudantes

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ENTREVISTA

Os reflexos do

Enem 2023

Celso Hartmann, 2º vicepresidente do Sinepe/PR, analisa os resultados da última edição do exame, que contou com 2,7 milhões de participantes

Página 22

Incubadora do saber

Aproximação de crianças e adolescentes à pesquisa e à iniciação científica potencializa o desenvolvimento acadêmico

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Número 55 |

março 2024

Ano 11

Publicação Sinepe/PR

A REVISTA DAS ESCOLAS PARTICULARES DO PARANÁ

Índice

REVISTA ESCADA

Publicação periódica de caráter informativo, com circulação dirigida e gratuita, desenvolvida para o Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná.

Conteúdo e comercialização V3COM

Projeto gráfico e ilustrações V3COM

Design gráfico e arte final Marcelo Winck

Pauta, redação e revisão

Frances Baras

Jorge de Sousa

Josiany Vieira Milena Campos Nathalie Oda

Jornalista responsável

Ari Lemos | MTB 5954

Críticas e sugestões ari@v3com.com.br

Conselho editorial

Carmem Murara

Everton Drohomeretski

Fatima Chueire Hollanda

Marcio Mocellin

Haroldo Andriguetto Júnior

Adriana Veríssimo Karam Koleski

Os artigos assinados são de responsabilidade dos seus autores e não expressam, necessariamente, a opinião desta revista.

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TRABALHO CONJUNTO GARANTE INÍCIO DE ANO PRODUTIVO NAS UNIVERSIDADES

Como espaços de produção de conhecimento, as instituições devem oferecer apoio para o reinício das aulas e favorecer o melhor desempenho dos estudantes

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Referência em educação

Instituições de ensino privadas brasileiras conquistam boas colocações no Pisa 2022; estudo desenvolvido pela OCDE avalia estudantes em matemática, literatura e ciências

ENTREVISTA DO MÊS

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Educar para preservar

Ensino de temas voltados à sustentabilidade nas salas de aula auxilia na formação de gerações mais conscientes sobre o meio ambiente

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Incubadora do saber

Aproximação de crianças e adolescentes à pesquisa e à iniciação científica potencializa o desenvolvimento acadêmico

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Os reflexos do Enem 2023

Celso Hartmann, 2º vice-presidente do Sinepe/PR, analisa os resultados da última edição do exame, que contou com 2,7 milhões de participantes

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A criação de vínculos na educação infantil

Em cenário pós-pandemia, crianças enfrentam desafios no desenvolvimento de habilidades sociais após infância vivida majoritariamente no isolamento social

Sustentabilidade na prática

Parceria do Sinepe/PR com a WGA Carbon oferece às instituições de ensino associadas uma alternativa para compensação das emissões de carbono

Sergio Herrero Moraes

Caros leitores e leitoras,

Com o início de mais um ano letivo, trazemos a nova edição da Revista Escada de 2024! Entre o período de férias e o retorno das atividades escolares, levantamos para discussão e reflexão temas caros aos profissionais que se dedicam à inovação, ao acolhimento e ao aperfeiçoamento para garantir uma educação de alto nível na rede privada do nosso estado.

Uma avaliação dos resultados do Pisa 2022, divulgado no final do ano passado, traz um panorama para facilitar a compreensão da educação particular brasileira em comparação com o ensino público e, também com diversos outros países nos quesitos de letramento em literatura, matemática e ciências.

Da mesma forma, uma análise apurada dos resultados do Enem 2023, realizada pelo nosso 2ª vice-presidente, Celso Hartmann, esclarece a relevância do exame para a mensuração da qualidade do ensino no Brasil e do engajamento de jovens de todas as regiões do país. Com 2,7 milhões de participantes, o programa se recupera da baixa adesão ocasionada pela pandemia.

Para garantir um espaço de diálogo colaborativo nesse início de ano letivo, também trazemos temas voltados à importância da criação de vínculos na educação infantil, com foco nas crianças que passaram grande parte da infância em isolamento social, além de um rico conteúdo sobre a rotina dos jovens no retorno às atividades no ensino superior e a preparação das instituições para auxiliá-los nessa jornada. Abordamos também assuntos relevantes na atualidade, como a aproximação de crianças e adolescentes das pesquisas e da ciência para estimular o desenvolvimento do pensamento crítico e da inovação no processo educacional. Por fim, trazemos a responsabilidade de todos na preservação do meio ambiente com um conteúdo focado na educação ambiental no ensino e, ainda, informamos o lançamento de uma nova parceria do Sinepe/PR com a WGA Carbon, para incentivar as ações sustentáveis nas escolas e universidades, com a possibilidade de um projeto de compensação de carbono. Boa leitura!

EDITORIAL
Sergio Herrero Moraes Presidente do Sinepe/PR

SINEPE/PR

Sindicato dos Estabelecimentos Particulares de Ensino do Estado do Paraná www.sinepepr.org.br | www.facebook.com/sinepepr

CONSELHO DIRETOR - GESTÃO 2022/2024

DIRETORIA EXECUTIVA

Presidente Sergio Herrero Moraes

1.º Vice-Presidente Haroldo Andriguetto Júnior

2.º Vice-Presidente Celso Maurício Hartmann

Diretor Administrativo Everton Drohomeretski

Diretor Econômico/Financeiro Cristiano Vinícius Frizon

Diretor de Legislação e Normas Nilson Izaias Pegorini

Diretor de Planejamento Carmem Regina Murara

DIRETORIA DE ENSINO

Diretor de Ensino Superior Adriana Veríssimo Karam Koleski

Diretor de Ensino Médio Felipe Mazzoni Pierzynski

Diretor de Ensino Fundamental Ir. Maria Zorzi

Diretor de Ensino da Ed. Infantil Dorojara da Silva Ribas

Diretor de Ensino dos Cursos Livres Valdecir Cavalheiro

Diretor de Ensino dos Cursos de Idiomas Magdal Justino Frigotto

Diretor de Marketing Rogério Pedrozo Mainardes

Diretor de Ensino da Educação Profissional

Técnica de Nível Médio

Carolina Caramico Berg

Diretor dos Cursos Pré-Vestibulares Fernando Luiz Fruet Ribeiro

Diretor da EaD

Dinamara Pereira Machado

Diretor de Sistemas de Ensino Acedriana Vicente Vogel

Diretor de Ensino de Pós-Graduação Ana Lucia Cardoso Ribeiro

CONSELHEIROS

1.º Conselheiro Fábio Hauagge do Prado

2.º Conselheiro José Mário de Jesus

3.º Conselheiro Angela Silvana Basso

4.º Conselheiro Raquel Adriano Momm Maciel de Camargo

5.º Conselheiro Durval Antunes Filho

6.º Conselheiro Leonora Maria Josefina Mongelós Rossato Pucci

7.º Conselheiro Artur Gustavo Rial

8.º Conselheiro Newton Andrade da Silva Júnior

9.º Conselheiro Josiane Domingas Bertoja

10.º Conselheiro Ricardo de Albuquerque Todeschini

12.º Conselheiro Guilherme Isensee Andrade

13.º Conselheiro Osni Mongruel Junior

14.º Conselheiro Fabrício Pretto Guerra

15.º Conselheiro Marcelo Ivan Melek

16.º Conselheiro Jose Luiz Coimbra Drummond

17.º Conselheiro Daniela Ferreira Correa

CONSELHO FISCAL Efetivos Suplentes

Dilceméri Padilha de Liz Marta Regina Andre

Marcelo Pereira da Cruz Gisele Mantovani Pinheiro

Luiz Antônio Michaliszyn Filho Charles Pereira Lustosa Santos

DELEGADOS REPRESENTANTES - FENEP

Ademar Batista Pereira

Sergio Herrero Moraes

DIRETORIAS REGIONAIS

REGIONAL CAMPOS GERAIS

Diretor Presidente - Osni Mongruel Junior

Diretor de Ensino Superior - Patrício Vasconcelos e José Sebastião Fagundes Cunha Filho

Diretor de Ensino da Educação Básica - Rosângela

Graboski e Valquíria Koehler de Oliveira

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Bianca

Von Holleben Pereira e Carla Moresco

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasPaul Chaves Watkins

REGIONAL CATARATAS

Diretor Presidente - Artur Gustavo Rial

Diretor de Ensino Superior - Fábio Hauagge do Prado

Diretora de Ensino da Educação Básica - Edite Larssen

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ana

Paula Krefta

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLucimar Neis

REGIONAL CENTRAL

Diretor Presidente - Dilceméri Padilha de Liz

Diretor de Ensino Superior - Roberto Sene

Diretor de Ensino da Educação Básica - Cristiane

Siqueira de Macedo e Juelina Marcondes Simão

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Ir.

Roselha Vandersen e Ir. Sirlene N. Costa

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasMarcos Aurélio Lemos de Mattos

REGIONAL SUDOESTE

Diretor Presidente - Fabricio Pretto Guerra

Diretor de Ensino Superior - Ivone Maria Pretto

Guerra

Diretor de Ensino da Educação Básica - Velamar

Cargnin

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Márcia

Fornazari Abasto

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasVanessa Pretto Guerra Stefani

REGIONAL OESTE

Diretora Presidente - Marta Regina Andre

Diretora de Educação Infantil - Sônia Regina

Spengler Xavier

Diretor de Educação Básica - Valmir Gomes

Diretor de Ensino Superior - Gelson Luiz Uecker

Cursos Livres/idiomas - Denise Veronese

REGIONAL LITORAL

Diretor Presidente - Luiz Antonio Michaliszyn Filho

Diretor de Ensino Superior - Ivan de Medeiros

Petry Maciel

Diretor de Ensino da Educação - Básica (Ensino

Fundamental)- Selma Alves Ferreira

Diretor de Ensino da Educação Básica (Ensino

Médio) - Mirian da Silva Ferreira Alves

Diretor de Ensino da Educação Infantil - Lilian R. M. Borba

Diretor de Ensino dos Cursos Livres/IdiomasLiliane C. Alberton Silva

EXPEDIENTE

Referência em educação

Instituições de ensino privadas brasileiras conquistam boas colocações no Pisa 2022; estudo desenvolvido pela OCDE avalia estudantes em matemática, literatura e ciências

Por Jorge de Sousa

A cada três anos, a Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE) divulga o resultado do Programa Internacional de Avaliação de Estudantes (Pisa). Considerado o maior estudo sobre educação do mundo, a pesquisa avalia o conhecimento dos estudantes de 15 anos para plena participação na vida social e econômica. Para essa finalidade, são medidas as habilidades desses jovens nas áreas de leitura, ciências e matemática.

A última edição divulgada no final de 2023 é referente à pesquisa de 2022, que teve seu lançamento adiado em um ano devido

à pandemia da Covid-19, e nela as escolas particulares brasileiras apresentaram bom desempenho. Em todas as categorias, a rede privada ficou ranqueada dentro dos 30 primeiros colocados, com a participação de 1.437 alunos.

“Quando olhamos os resultados e separamos a rede privada brasileira como um país, até pelo tamanho que ela engloba, são mais de 46 milhões de pessoas envolvidas, ao contarmos pais, alunos e professores. É o mesmo número de habitantes da Espanha e, em comparação, temos desempenho superior”, explica o, ex-presi-

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“A escola privada é feita por brasileiros para brasileiros e permite que as famílias integrem um ambiente de aprendizagem melhor para as crianças e jovens e mais próximos dos valores que essas famílias acreditam”

Ademar Batista Pereira

Ex-presidente do Sinepe/PR e membro do Conselho Fiscal da Fenep

dente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) e membro do Conselho Fiscal na Federação Nacional das Escolas Particulares (Fenep), Ademar Batista Pereira.

O melhor desempenho das escolas particulares foi registrado na categoria Letramento em Leitura. Com 500 de pontuação, a rede privada nacional ficou com a 11ª melhor avaliação, à frente de nações como Alemanha, Austrália, Dinamarca, Finlândia, Portugal, Itália e Espanha. Já na categoria Letramento Científico, as escolas particulares ficaram com 493 pontos e na 22º colocação geral, enquanto que em Letramento Matemático a avaliação foi de 471 e com a 30ª posição.

“Podemos melhorar no aspecto da leitura para ampliar a alfabetização no primeiro ano, reter os alunos que não conseguirem, para que os estudantes cheguem no quinto ano capazes de serem reflexivos e analíticos na interpretação de textos. Nas ciências, também podemos melhorar. Para isso, é preciso fomentar a inovação e a pesquisa entre os estudantes, com a realização de feiras de ciências, o desenvolvimento de habilidades e o conhecimento científico nas crianças, principalmente no Fundamental I e II”, complementa Batista Pereira.

Categorias avaliadas no Pisa 2022

• Letramento em Leitura: capacidade de compreender, usar, avaliar, refletir sobre e envolver-se com textos, a fim de alcançar um objetivo, desenvolver seu conhecimento e seu potencial, e participar da sociedade;

• Letramento Científico: capacidade de se envolver com questões relacionadas com a ciência e com a ideia da ciência, como cidadão reflexivo, estando disposto a participar de discussão fundamentada sobre ciência e tecnologia;

• Letramento Matemático: capacidade individual de raciocinar matematicamente e de formular, empregar e interpretar a matemática para resolver problemas em uma variedade de contextos do mundo real. Inclui conceitos, procedimentos, fatos e ferramentas para descrever, explicar e prever fenômenos.

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Trabalho conjunto garante início de ano produtivo nas universidades

Como espaços de produção de conhecimento, as instituições devem oferecer apoio para o reinício das aulas e favorecer o melhor desempenho dos estudantes

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O período de férias acabou e é hora de os estudantes do ensino superior voltarem às salas de aula. Lidar com o retorno dos horários, trabalhos e estudos tende a ser desafiador, mesmo para aqueles que mantêm atividades de estágio durante o período de férias nas universidades. Para muitos, ainda há mudanças de grade, novas turmas, disciplinas e professores. Isso sem falar nos calouros, para quem tudo será novidade. Por isso, retomar a rotina é fundamental para o corpo e para a mente.

Ter horários para dormir, para comer e para estudar favorece a concentração para enfrentar o novo semestre e os seus desafios. Mas os alunos não precisam estar sozinhos nesse processo. As instituições de ensino, os professores e todos os profissionais que têm contato com esses jovens também têm papel fundamental para que a transição das férias para o retorno das aulas seja mais tranquila para todos. É o que defende a diretora de Ensino Superior do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), Adriana Karam.

“Precisa ser um processo estruturado, bem conduzido e com atenção especial à comunicação com

os estudantes e professores.

Todos

os

meios necessários

devem ser utilizados

para que

essa

retomada seja o mais fluida possível tanto para os novos ingressos como para os veteranos”
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Adriana Karam diretora de Ensino Superior do Sinepe/PR

Por esse motivo, a preparação das instituições começa cedo. Segundo ela, o trabalho vai desde a estruturação das instalações físicas, passando pelo planejamento dos projetos e programas a serem desenvolvidos ao longo dos meses de aulas, até a forma como tudo é comunicado aos envolvidos, com o uso de plataformas digitais, inclusive.

“Precisa ser um processo estruturado, bem conduzido e com atenção especial à comunicação com os estudantes e professores. Todos os meios necessários devem ser utilizados para que essa retomada seja o mais fluida possível tanto para os novos ingressos como para os veteranos”, avalia.

Essa diferenciação entre quem está vin-

do do ensino médio e quem já está inserido na rotina da educação superior é relevante. Isso, porque o calouro precisará ser integrado a uma nova cultura e a uma nova forma de pensar, em geral, diferente dos anos anteriores de estudo. “Há um trabalho de integração ao contexto, regras, procedimentos e possibilidades que o ensino superior abre para os novos estudantes. O processo é bastante importante e deve ser mais intenso durante o primeiro mês, mas todo o primeiro semestre exige um acompanhamento próximo desse ingresso à universidade”, explica a diretora. Para os veteranos, ainda que já estejam ambientados, a especialista lembra que as instituições são dinâmicas e

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que muitos fatores são modificados de um ano para o outro, o que demanda empatia por parte dos professores em sala de aula. “De qualquer forma, será preciso aquecer novamente os motores”, completa.

Ambiente para produção de conhecimento Muito além da rotina, trata-se de uma retomada do processo de aprendizagem. “Só com essa construção e com esse trabalho conjunto vamos conseguir aproveitar ao máximo a potência dos alunos e professores para produzir conhecimento e ter jornadas profissionais e de vida cada vez mais significativas”, diz.

Pontos de atenção para o reinício das aulas

• Os estudantes devem encontrar salas de aula e demais instalações em boas condições. Isso inclui refeitórios, cantinas e bibliotecas;

• Eventos especiais, que promovam a integração das turmas e dos jovens e a apresentação dos novos conteúdos podem facilitar a retomada;

• Aplicativos e ambientes virtuais de aprendizagem são aliados na reorganização dos estudantes;

• Em contato direto com os alunos, os professores podem oferecer orientação em relação a novos conteúdos;

• Em sala de aula, atividades mais dinâmicas e interativas ajudam a manter o interesse e o ritmo dos estudantes.

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Educar para preservar

Ensino de temas voltados à sustentabilidade nas salas de aula auxilia na formação de gerações mais conscientes sobre o meio ambiente

Por Jorge de Sousa

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Entre desastres naturais e temperaturas extremas, a preocupação com o cenário climático é pauta cada vez mais frequente na sociedade. Dados do observatório climático europeu Copernicus apontam que o planeta apresentou em janeiro de 2024 uma temperatura média global entre 13ºC e 14ºC - a mais alta já registrada pela organização desde o início da série histórica, em 1991.

A Organização das Nações Unidas (ONU), no Relatório sobre a Lacuna de Emissões, também detalhou dados preocupantes sobre o aumento da temperatura global. A publicação pontuou que, caso os envios de gases poluentes à atmosfera não sejam diminuídos drasticamente nos próximos anos, a tendência é que haja uma elevação entre 2,5ºC e 2,9ºC acima dos níveis pré-industriais em todo o planeta.

Dentro desse cenário, a educação das futuras gerações acerca da importância da preservação ao meio ambiente se torna cada

vez mais importante, seja na conscientização sobre hábitos de consumo mais sustentáveis ou sobre atos diários como a reciclagem e o uso racional da água.

O Fundo Internacional de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef) reforça que a educação ambiental, o acesso e o entendimento de tópicos como mudanças climáticas, aquecimento global e sustentabilidade são extremamente necessários desde o início da trajetória escolar. O foco dessas discussões está na capacitação das novas gerações para que haja maior consciência ecológica entre a população. A educação ambiental nas escolas brasileiras completa, em 2024, 25 anos da implementação da lei nº 9795/99 - que prevê a aplicação de práticas educacionais de forma interdisciplinar com foco em uma sociedade mais sustentável. Mas se as diretrizes já estão dispostas, o que falta para as instituições de ensino darem mais passos em direção à ampliação desse debate nas salas de aula?

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Haroldo Andriguetto Júnior é diretor da escola O Pequeno Polegar e 1º vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR) e avalia que a educação ambiental é fundamental e urgente. Além disso, ele reforça a necessidade da adoção de ações práticas para que o tema seja de fato abraçado pelos estudantes.

“Esse ensino não se encerra na sala de aula ou dentro da escola. Ele deverá impactar as famílias, que precisarão ser engajadas para que os filhos, crianças ou adolescentes, sintam-se motivados pelos exemplos dos pais a atuarem em prol de uma geração futura sustentável. É preciso revelar ações concretas, com impactos reais e resultados à sociedade, para que até outros agentes motivem-se e envolvam-se na causa, focando no bem coletivo”, pontua Andriguetto Júnior.

Assim, é necessário que as instituições de ensino compreendam que a educação ambiental é, acima de tudo, um processo contínuo. A construção dessa maior relação entre os jovens estudantes e a conservação do meio ambiente passa por uma alfabetização ecológica e engloba a inserção dos alunos em práticas sustentáveis no dia a dia escolar para o desenvolvimento de uma cultura sustentável.

“A partir do momento em que a escola vive a cultura da sustentabilidade, ela passa então a pensar e a considerar o planeta em seus hábitos de consumo, realizando de diversas formas o exercício de preservação dos recursos ambientais e de reutilização de boa parte da matéria gerada pela vida

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“O impacto gerado pela cultura da sustentabilidade é imenso, mas, dentre todos, prevalece o reconhecimento da finitude dos recursos naturais vitais para a sobrevivência humana”

Haroldo Andriguetto Júnior 1º vice-presidente do Sinepe/PR

diária humana”, prossegue o vice-presidente do Sinepe/PR.

Exemplos dessas práticas diárias são adotadas na escola O Pequeno Polegar. Como forma de inserir a comunidade acadêmica nas ações sustentáveis, em três meses, a instituição de ensino conseguiu fazer a compostagem de 4,18 toneladas de resíduos orgânicos - o que evitou a utilização de 448 sacolas plásticas. Essa ação ainda impactou na redução da emissão de 6,64 toneladas de CO² na atmosfera e na reciclagem de mais de 1,6 tonelada de materiais.

“A escola é uma organização que tem em seu meio um ecossistema de empresas que relaciona-se de maneira recorrente, seja pela sua rede de fornecedores e parceiros, seja pelas empresas vinculadas às famílias que usufruem de seus serviços. O objetivo da cultura da sustentabilidade é aumentar a amplitude do projeto escolar, levando-o para todo o ecossistema de empresas das famílias, aumentando o impacto por meio de ações, palestras ou mero engajamento”, finaliza.

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A criação de vínculos na educação infantil

Em cenário pós-pandemia, crianças enfrentam desafios no desenvolvimento de habilidades sociais após infância vivida majoritariamente no isolamento social

No primeiro dia de aula dos anos iniciais da educação infantil, o choro entre crianças e responsáveis é uma cena comum nos portões das escolas. Uma rotina que era bem estabelecida e confortável dá espaço para o incerto e para o novo. Entre os colegas e os professores, a partir daquele momento, as relações sociais se multiplicam para além do núcleo familiar.

A criação de vínculos nessa etapa é parte fundamental do desenvolvimento como indivíduo e, também, da capacidade de adaptação no processo educacional. Ao contrário de anos atrás, em que essa jornada era intuitiva e descomplicada, atualmente, a geração que adentra o ambiente escolar é composta por crianças que passaram grande parte da sua infância na pandemia.

Por isso, hoje, profissionais e familiares percorrem juntos um caminho de descobertas sobre os impactos das limitações de interações presenciais na formação. A junção do distanciamento social com o aumento do uso de telas foi inevitável, mas, quatro anos após a decretação do chamado lockdown, as instituições começam a receber os alunos que cresceram no confinamento.

Para Dorojara da Silva Ribas, diretora de Ensino da Educação Infantil do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), os estudantes que estão ingressando na educação infantil enfrentam desafios notáveis. “Do ponto de vista da psicologia educacional, observamos que a transição dessas crianças para a educação infantil

Foto: freepik.com
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após vivenciar grande parte de sua infância na pandemia pode resultar em dificuldades na construção de habilidades sociais, motoras, de regulação emocional e de autonomia”, acrescenta.

Em uma fase de descobertas, muitos não conseguem vivenciar de forma natural a criação de vínculos tanto com os colegas de classe, quanto com os professores. Nesse cenário, a sensação de segurança e de identificação com os demais, parte essencial no processo de aprendizagem, deve ser estimuladas de forma cautelosa e paciente, para oferecer um contexto que potencialize as capacidades de cada indivíduo.

“Para apoiar esses aspectos cruciais do desenvolvimento infantil, estratégias pedagógicas sensíveis são necessárias. A

compreensão desses desafios e a implementação de abordagens que promovam a construção de habilidades sociais, autonomia emocional e adaptação suave à rotina escolar são fundamentais para garantir um ambiente educacional enriquecedor para essas crianças”, aponta a diretora. Para isso, um espaço acolhedor e interessante facilita o envolvimento dos alunos nas atividades propostas, fazendo com que eles superem o desconforto e o medo para interagir, aprender a cooperar e, ao longo do tempo, dar espaço para a criação de laços afetivos. De acordo com a especialista, jogos em grupo, projetos colaborativos e histórias que estimulem a empatia e o respeito mútuo são metodologias a serem aplicadas para suavizar o processo.

Ao mesmo tempo, essa faixa etária também abrange a jornada de descoberta dos sentimentos, das emoções e das possibilidades de expressão de todas essas sensações. “A abordagem socioemocional desempenha um papel importante, preparando as crianças para enfrentar desafios à medida em que aprendem a gerenciar emoções, bem como expressá-las”, reforça a especialista. Com todas essas transformações, o papel do educador não é de apenas acolher e orientar, mas também de identificar as necessidades individuais dos estudantes e as potencialidades de cada um para explorar em sala de aula o desenvolvimento de habilidades que foram postergadas pela privação do contato presencial anteriormente.

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Incubadora do saber

Aproximação de crianças e adolescentes à pesquisa e à iniciação científica potencializa o desenvolvimento acadêmico

A pesquisa científica é a base prática para achar soluções e fazer descobertas em diversas áreas de conhecimento. Por meio dela, é possível o desenvolvimento de novas tecnologias e, por consequência, geração de renda. E por mais que a ponta final da inovação esteja ligada ao ensino superior, o fomento às ciências na educação básica é um passo importante para a formação de gerações com maior pensamento crítico. A escola ganha então o papel de ser responsável pelo primeiro contato das crianças e adolescentes com as ciências. Seja por meio de

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dinâmicas em sala de aula, feiras ou visitas a museus, centros de pesquisa e afins, os primeiros passos possibilitam que os estudantes consigam ter uma visão da sociedade mais embasada no conhecimento científico.

“A pesquisa escolar é muito importante e precisa ser bem valorizada na educação básica, porque contribui para a formação de pessoas curiosas acerca da realidade física e social em um mundo com diversas transformações e tecnologias”, analisa Sônia Maria Mongruel, coordenadora pedagógica do Colégio Pontagrossense Sepam.

Inclusive, a Base Nacional Comum Curricular (BNCC), responsável por nortear a educação nacional, prevê que o desenvolvimento do pensamento científico, crítico e criativo seja uma competência essencial às escolas. Dentro dessa área, o Governo Federal anunciou em 2023 o investimento dentro do novo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) de R$ 45 bilhões no eixo Educação, Ciência e Tecnologia, tendo a produção científica no país como um dos focos desse aporte.

“É preciso fazer com que a criança e o adolescente aprendam a se posicionar criticamente diante de dados e informações que chegam a eles o tempo todo. A pesquisa também oferece o primeiro contato dos estudantes com publicações científicas e estar ambientado com esses textos é importante para prepará-los para o futuro acadêmico”, prossegue a coordenadora.

Essa visão é compartilhada por Waldir Uller, diretor do Colégio Integração de Ponta Grossa. Ele aponta que essa iniciação, em especial a partir do ensino fundamental, aproxi-

ma os jovens dos desafios acadêmicos que o ensino superior exige.

“Desenvolvemos uma iniciativa cuja ideia é criar uma noção prévia para que os estudantes possam executar uma pesquisa e, para isso, colocamos como ementa durante o ensino médio que os alunos tenham que produzir um projeto. Assim, eles precisam desenvolver toda a fundamentação e fazer a pesquisa prática, bem como o levantamento dos dados e a apresentação. Essa atividade é de suma importância para que o estudante seja inserido na pesquisa científica”, complementa Uller. Além disso, a instituição também desenvolveu um manual sobre tecnologia para que os estudantes saibam como realizar e desenvolver a pesquisa. “Temos trabalhado com todas as turmas para que os alunos já se adequem às normas de apresentação.

Em todos os trabalhos bimestrais, nós cobramos ao menos duas fontes diferentes de pesquisa, justamente para desenvolver essa aptidão”, completa.

“É fundamental que a partir da pesquisa se instigue os alunos a buscar ideias, desenvolver conceitos e criar contatos com diferentes realidades”
Sônia Maria Mongruel Coordenadora pedagógica do Colégio Pontagrossense Sepam
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Sustentabilidade na prática

Parceria do Sinepe/PR com a WGA

Carbon oferece às instituições de ensino associadas uma alternativa para compensação das emissões de carbono

A conscientização das gerações futuras vai além da educação voltada a temas como a sustentabilidade e a responsabilidade ambiental. As instituições de ensino, que oferecem educação e orientação às crianças e jovens, podem oferecer, também, o exemplo em ações concretas de combate às mudanças climáticas e à degradação do meio ambiente.

Para isso, o Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/ PR) lançou uma parceria com a WGA Carbon, uma organização que tem como objetivo a conscientização sobre a neutralização de dióxido de carbono no combate ao aquecimento global a partir da preservação de árvores nativas. Na prática, a empresa possibilita a compensação do carbono, que é um dos principais gases de efeito estufa.

A iniciativa surgiu para promover a conscientização sobre a importância dos cuidados ao meio ambiente, para divulgar o conceito de compensação de carbono e para incentivar práticas de preservação nas escolas associadas. “Queremos colaborar para a construção de um ambiente mais sustentável e engajado com a redução das emissões de carbono”, afirma Sérgio Roque Agostini, CEO da WGA Carbon.

O projeto piloto, realizado na Faculdade Herrero, neutralizou 100% das emissões de CO² equivalente da instituição com a compra de 119 áreas-árvores, medida utilizada para determinar a quantidade de espaço preservado adquirido. De acordo com as projeções, a ação resulta na retirada de 20,9 toneladas de carbono da atmosfera.

Segundo Sergio Herrero Moraes, presidente do Sinepe/PR, todas as instituições de ensino associadas po-

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dem participar do projeto que garantirá condições especiais para a adesão às ações de sustentabilidade da WGA Carbon. Atualmente, a organização conta com 12.800 toneladas de CO² equivalente disponíveis para compensação.

Além da compra de árvores preservadas para compensação, a parceria também fornecerá materiais com sugestões de práticas que podem ser adotadas para a redução das emissões. “Compensar carbono é fundamental para mitigar as emissões de gases de efeito estufa, ajudando a neutralizar o impacto ambiental de nossas ações. Isso também contribui para combater as mudanças climáticas e promover sustentabilidade”, destaca Herrero.

O cálculo dos resultados obtidos é feito por meio de metodologias internacionais utilizadas pela organização. A avaliação é feita com base nas emissões da empresa provenientes de ações relacionadas ao consumo de combustível, energia elétrica, gás de cozinha, papel e água, por exemplo. Ao compensar o CO² liberado, as instituições passam a ser neutras na emissão de carbono. Como explica Agostini, a WGA elaborou uma calculadora ecológica adaptada à realidade brasileira. Com os dados informados pela instituição, é possível obter um resultado da calculadora em toneladas de CO² equivalente e realizar a preservação permanente da quantidade de árvores necessárias para a compensação desse CO² referente a um ano, seja ela feita de forma total ou parcial, conforme necessidade da instituição. “Acreditamos que é fundamental levar o projeto de compensação de carbono às instituições de ensino, pois as escolas desempenham um papel crucial na formação das gerações futuras. Ao envolver os alunos desde cedo em práticas sustentáveis e educá-los sobre a importância de cuidar do meio ambiente, estamos contribuindo para criar cidadãos mais conscientes e responsáveis em relação às questões ambientais”, conclui o CEO.

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Os reflexos do Enem 2023

Celso Hartmann, 2º vice-presidente do Sinepe/PR analisa os resultados da última edição do exame, que contou com 2,7 milhões de participantes

Em janeiro deste ano, o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) divulgou o resultado acumulado da edição de 2023 do Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). O processo que possibilita o ingresso em instituições de ensino superior foi realizado em novembro de 2023 e contou com 2,7 milhões de participantes em todo o país.

Os dados publicados oferecem um panorama do sistema educacional brasileiro com números que revelam a realidade de cada região. A taxa de adesão dos estudantes, a comparação com a série histórica, as notas médias gerais e de cada área de conhecimento, por exemplo, são algumas das informações divulgadas.

Para fazer uma análise detalhada sobre ao tema, com foco nos reflexos dos resultados no setor e a repercussão do exame na educação do Brasil, o 2º vice-presidente do Sindicato das Escolas Particulares (Sinepe/PR), Celso Hartmann, concedeu uma entrevista para a Revista Escada.

Qual a importância da avaliação dos resultados do Enem para a educação?

Celso Hartmann: Ao analisar os resultados, é possível identificar áreas específicas do conhecimento em que os estudantes apresentam mais dificuldades. Isso pode direcionar esforços para melhorar o currículo escolar, desenvolver estratégias de ensino mais eficazes, propiciar formações direcionadas para diferentes grupos de professores e oferecer suporte adicional a estudantes em áreas identificadas como problemáticas.

Muitas escolas, ao analisar atentamente seus resultados no Enem, buscam adaptar seus currículos e métodos de ensino para melhor preparar os alunos para o exame, criando um círculo virtuoso de melhora no nosso sistema educacional. Para tanto, é importante ressaltar que os resultados dos estudantes de cada escola deveriam voltar a ser dispo-

ENTREVISTA DO MÊS
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nibilizados, coisa que não ocorre desde 2020. Em resumo, a avaliação dos resultados do Enem desempenha um papel crucial na compreensão e na melhoria do sistema educacional brasileiro, influenciando políticas e práticas de ensino de forma importante.

A edição de 2023 registrou 4.018 inscritos e 2.734 participantes, uma crescente nos dados desde 2021. Quais fatores influenciam nessa curva de crescimento? Celso Hartmann: Depois de uma queda acentuada no número de participantes no Enem, que culminou com apenas 2,1 milhões de candidatos em 2021, o processo seletivo vem se recuperando e atingimos os 2,7 milhões no último ano. O principal fator para isso é a retomada pós-pandemia do interesse dos jovens por bons cursos de graduação. O Enem é a principal porta de entrada para a maioria das universidades públicas, além de ser aceito, mesmo que de forma parcial, em muitas instituições de ensino superior estrangeiras e em várias instituições particulares brasileiras. Em um mercado onde a busca por profissionais bem formados é cada vez mais acirrada e, por outro lado, a crescente automação e o desenvolvimento de ferramentas dotadas de inteligência artificial tendem a suprimir seres humanos em trabalhos manuais ou que exijam pouca qualificação, é cada vez mais necessário que as pessoas continuem estudando, o que deve levar a que, nos próximos anos, a procura pela maior avaliação do nosso Ensino Médio continue crescendo.

Em 2023, 60 candidatos tiraram nota máxima na redação do Enem com o tema “Desafios para o enfrentamento

da invisibilidade do trabalho de cuidado realizado pela mulher no Brasil”. De que forma esse resultado reflete a qualidade do ensino preparatório?

Celso Hartmann: Primeiramente, é importante enfatizar que, mesmo não tendo como nota final o mil, o candidato que teve, por exemplo, 980, com certeza recebeu de um dos corretores a nota máxima. A banca corretora se organiza sempre com, no mínimo, dois avaliadores, justamente para que, em caso de discrepância, haja mais de um olhar. Desse modo, vale ampliar os números, pois mil temos apenas 60, contudo, ao observar esse panorama, é possível perceber que mais candidatos quase chegaram lá.

Os ensinos preparatórios têm se aprimorado a cada ano já que os critérios de correção têm se tornado mais complexos se comparados a anos anteriores, em que notas mil eram mais expressivas.

É fato que os professores também precisam estar em constante atualização para poder atender à estrutura exigida pelo exame, mas vale reforçar que um bom texto não se dá apenas por uma boa estrutura, mas um bom repertório e isso está ligado diretamente ao hábito de leitura e ao desenvolvimento do pensamento crítico dos estudantes, condição que é bastante desafiadora em tempos atuais, onde temos o uso excessivo de telas e redes sociais pelos adolescentes.

Quais especificidades podem ser levadas em conta para analisar as notas médias das diferentes áreas de conhecimento?

- Linguagens, códigos e suas tecnologias: 516,2 Celso Hartmann: Nesta área, a principal dificuldade que aparece é a falta de compreensão do que se lê. A dificuldade de concen-

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tração dos candidatos, em função do contato constante com as leituras rápidas que as redes sociais oferecem, tem prejudicado os adolescentes e o hábito de leitura, por esta mesma causa, pode estar sendo prejudicado. Enquanto sociedade, precisamos discutir mais o uso excessivo de telas e redes sociais por crianças e adolescentes.

- Ciências Humanas e suas tecnologias: 522

Celso Hartmann: Nesta área, temos, geralmente, um número menor de aulas oferecidas semanalmente. Alguns conteúdos são bastante abstratos, o que dificulta o entendimento do uso funcional por parte dos estudantes.

- Ciências da Natureza e suas tecnologias: 497,4

Celso Hartmann: Ciências da Natureza engloba Biologia, Física e Química, áreas com conteúdos bastante densos e distintos, onde a interdisciplinaridade entre os componentes curriculares nem sempre é algo fácil de se colocar. Além da dificuldade na interpretação específica de cada área, há um distanciamento da teoria à prática, tornando alguns conceitos subjetivos.

- Matemática e suas tecnologias: 534,9

Celso Hartmann: Em Matemática, há um número elevado de questões de um único componente, o que leva o candidato, por vezes, à exaustão. O número de fórmulas e procedimentos que devem ser memorizados para realizar cálculos é elevado e ainda existe um distanciamento grande entre o que o estudante deve aprender durante o Ensino Médio e o que ele efetivamente utilizará em sua vida adulta, produtiva.

- Redação: 641,6

Celso Hartmann: Em Redação temos uma significativa diferença entre as notas das diversas regiões brasileiras, fato que precisa ser mais explorado, com vistas a diminuir as di-

ferenças encontradas. Há de se considerar, tal como em linguagens, o impacto das redes sociais no hábito de leitura e no acompanhamento, pelos estudantes, das atualidades.

Cerca de 37% dos participantes atingiram resultados acima da nota de corte dos cursos. Como esse resultado se relaciona à efetividade do exame e impacta nas próximas edições?

Celso Hartmann: Estes 37%, equivalente a cerca de 1 milhão de estudantes, são aqueles que atingiram pelo menos 569,62 pontos no Enem, ficando no primeiro quintil (20%) dos cursos do Sisu de 2023, podendo escolher entre mais de 840 cursos de graduação. Enquanto processo de acesso ao ensino superior, o resultado é interessante e permite que os estudantes que optam pelo Sisu possam realizar escolhas conscientes e ingressar em um curso adequado para as suas necessidades. Por outro lado, o exame reflete a fragilidade do nosso sistema educacional, evidenciando a preocupação com o resultado final e não com o processo para o ingresso no ensino superior. Falta a análise do estudante de forma mais ampla, suas contribuições para a sociedade durante a vida colegial, que vai de ações de voluntariado à participação em projetos científicos juvenis. O Enem não deveria, portanto, ser visto como teste único para o acesso ao ensino superior. Para as escolas, é importante que estejam atentas à parte emocional dos estudantes, afinal, o exame é uma verdadeira maratona, com 90 questões em cada dia, com o acréscimo, em um deles, de uma redação de 30 linhas. O candidato que não teve um bom preparo pode sofrer com essa pressão e sequer terminar a prova, deixando de demonstrar seu potencial. Este é um item que poderia ser revisto, com os candidatos tendo um tempo mais adequado para a resolução das questões, o que certamente teria impacto nas notas.

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Calendário de eventos

ORIENTAÇÕES BASEADAS NO CÉREBRO PARA TRANSFORMAR ENSINO EM APRENDIZAGEM

Quando: a definir. Mais informações no site do Sinepe/PR

Onde: Regionais Cataratas, Oeste, Sudoeste, Central e Campos Gerais

Palestrante: Paulo Tomazinho

CURRICULARIZAÇÃO DA EXTENSÃO

Quando: 9 de abril, às 14h

Onde: Sinepe/PR, em Curitiba

Novas associadas

Palestrante: Wildenilson SinhoriniHoper

CURSO DE ATUALIZAÇÃO PARA SECRETÁRIOS ESCOLARES

Quando: 11 de abril, às 8h

Onde: Sinepe/PR, em Curitiba

Palestrante: técnicos da SEED/PR

OFICINA DE INTELIGÊNCIA ARTIFICIAL PARA PROFESSORES E GESTORES

Quando: 18 de abril, às 19h

Onde: Sinepe/PR, em Curitiba

Palestrante: Marcelo Bardi

ELABORAÇÃO DE PEI ÀS ESCOLAS

Quando: a definir. Mais informações no site do Sinepe/PR

Onde: Sinepe/PR, em Curitiba

Palestrante: Naura Nanci Muniz Santos

• 25/01/2024 | CEI Castelo Colorido, de São José dos Pinhais

• 25/01/2024 | Sinerge, de Curitiba

• 01/02/2024 | CEI Estação Kids, de Pato Branco

• 05/02/2024 | Escola Inovação Kids, de Curitiba

• 09/02/2024 | Escola Israelita Brasileira Salomão Guelmann, de Curitiba

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Selo Escola Legal 2024

Para auxiliar pais e alunos na busca por instituições de ensino particular devidamente regularizadas perante os órgãos oficiais, o Sinepe/PR lança a edição 2024 do selo

“Escola Legal”. Associadas podem solicitar seus selos por meio do www. sinepepr.org.br

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