Revista Agrotap

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AGROTAP E AS TENDÊNCIAS DO AGRO

ANO
NÚMERO 01 – PERIODICIDADE ANUAL
I –

técnico - Maria Amélia dos Santos

Diretor técnico - Ademar Maximiano da Silva Júnior

Diretor de marketing - Andre Hara

Diretor de marketing - Marcelo Alves da Rocha Dias

Diretor regional - Augusto César Soares dos Santos Conselho Deliberativo

Presidente - José Antonio Sobreira Conselheiros efetivos Adaiton Tomaz da Silva Claudio Manoel da Silva Beno Wendling Geraldo de Jesus Gomes Albino Conselheiros suplentes Luis Antonio Castro Chagas Winkler Jean Rocha Naves Gilberto Carlos de Freitas Iran Parreira Júnior Reges Eduardo Franco Teodoro Conselho Fiscal Presidente - Adélio Bras Tinoco Conselheiros Adalto Ribeiro Franco Hélvio Carlesso José Roberto da Silva Produção: Agro Comunicação Ltda Diagramação: MQAG AGROTAP (34) 3016-4377

EDITORIAL

A AGROTAP (Associação dos Engenheiros Agrônomos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba), originária do CEAGRU (Clube dos Engenheiros Agrônomos de Uberlândia), caminha lado a lado com o setor, somando atualmente 400 associados.

Estamos lançando a Revista Agrotap e, a partir de agora, anualmente faremos a Revista com informações sobre a associação e o Sistema CONFEA/ CREA/MUTUA, além das novidades tecnológicas e as tendências do mercado.

A AGROTAP foi fundada em 1986, contando, atualmente, em sua região de abrangência, com cerca de 4.500 profissionais de nível superior em Ciências Agrárias (Engenheiros Agrônomos, En genheiros Agrícolas e Engenheiros Florestais), com registros ativos no CREA-MG, além daque les não atuantes na área ou que estão com regis tro suspenso.

Diante deste universo profissional, sinta-se convidado a participar desta Associação, para fortalecer e valorizar ainda mais a profissão, algo almejado por todos nós.

Venham conosco!

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EXPEDIENTE Associação dos Engenheiros Agrônomos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba Presidente
Silva 1° Vice-presidente -
Borges 2° Vice-presidente
1° Diretor secretário -
2° Diretor secretário
1° Diretor
2° Diretor nanceiro
1° Diretor social - Wilson
2° Diretor social
Van Ass 1° Diretor
José
- José Eustáquio da
Elias Nascentes
- Paulo Claudino Peres
Araina Hulmann Batista
- Ademar Franco Guimarães
nanceiro - Lucas Vieira Moura
- Silvana Maciel de Souza Takata
Arnaldo Pinheiro
- Antonius M. W.
05 Fiscalização do CREA, o que você precisa saber? 06 O papel do engenheiro agrônomo 08 Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) 11 Barter – a moeda que veio para ficar 14 Crédito rural - entenda melhor, para usufruir dele 16 Os desafios do agronegócio e a legislação ambiental 18 Mercado de carbono - conceitos, implementação e oportunidades 20 Piscicultura – projeto Peixe 23 Curiosidades 24 Rastreabilidade de frutas e hortaliças 26 Você sabe o que é micorriza? 28 O uso de Aeronaves Remotamente Pilotadas 30 Por que usar drones na agricultura 32 A ciência não pode parar 35 Plantio direto no Bioma Cerrado 38 Sistemas agroflorestais (SAF´S) - solos e clima 41 Laboratório de Manejo de solos - LAMAS/UFU 44 LABAS - importância, pioneirismo e perspectivas ÍNDICE

FISCALIZAÇÃO DO CREA

As ações são realizadas por scais do Con selho que observam a existência de pro ssio nal legalmente habilitado para acompanhar a execução da obra/serviço, bem como todos os projetos necessários à execução, os respectivos registros da Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) e o Livro de Ordem, memória escrita das atividades dos responsáveis técnicos relacionada à obra ou serviço.

FISCALIZAR É PROTEGER A SOCIEDADE

Com a scalização, o Crea-MG contribui para o aprimoramento do exercício e das ati vidades pro ssionais nas áreas de engenharia, agronomia, geologia, geogra a e meteorologia, além das atividades dos tecnólogos.

No entanto, o Crea-MG não scaliza a qualidade dos trabalhos e outras questões previstas em leis municipais e/ou normas técnicas.

COMO IDENTIFICAR O FISCAL DO CREA-MG?

O scal deve apresentar, se solicitado, carteira de identidade funcional. O documento, assinado pelo presidente do Crea-MG tem, além do brasão da República, o nome do fun cionário, seu cargo, número de identidade funcional e foto.

LEGISLAÇÃO

Lei 5.194/1966 - regula o exercício das pro ssões;

Lei 6.496/1977 - institui a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART). ▣

AUTUAÇÃO IMEDIATA

A o encontrar irregularida des, como a falta de responsável técnico ou de ART, o Crea-MG realiza a autuação imediata, tanto de pessoas físicas como jurídicas, sem noti cações prévias.

Isso garante uma scalização mais assertiva, com benefícios para pro ssionais, empresas e sociedade. Este procedimento é determinado pela Resolução 1.008/2004, atua-

lizada pela Resolução 1.047/2013, ambas do Confea.

A norma promove uma nova cultura, a de iniciar os empreen dimentos e os serviços somen te após a contratação de pro s sional habilitado, com a devida Anotação de Responsabilida de Técnica (ART), o que valori za as pro ssões do Sistema Confea/Crea.

CREA-MG

O PAPEL DO ENGENHEIRO AGRÔNOMO

A primeira associação de pro ssionais da agronomia, em Uber lândia (MG), foi fundada em 1986, com a denominação de Clu be dos Engenheiros Agrônomos de Uberlândia (CEAGRU), ten do como seu primeiro presiden te o engenheiro agrônomo Marco Paulo Teixeira Paiva.

Foi aprovada como de utili dade pública pela lei municipal 6.634 em 21/05/1996. Visando ampliar sua área de atuação e buscar maior participação dos pro ssionais, foi aprovada, em Assem bleia Geral Extraordinária, em 1999, a alteração da denomina ção CEAGRU para AGROTAP - Associação dos Engenheiros Agrônomos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba.

CONQUISTAS

Nas duas primeiras décadas de existência da Associação, sem nenhum apoio do Conselho Re gional, falta de estrutura física e escassez de recursos nanceiros, mas graças aos esforços e abnegação de todas as diretorias, muitas conquistas aconteceram, princi palmente vinculadas ao social.

De grande relevância, neste período enfatizamos a promessa de doação para a AGROTAP, em outubro de 2000, pelo então prefeito municipal Virgílio Galassi, da excelente área onde se encontra a sede regional do CREA em Uberlândia.

Esta relevante conquista aconteceu em reunião festiva da AGROTAP, em comemoração

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ao Dia do Engenheiro Agrônomo, com mais de 200 pessoas, entre pro ssionais, familiares e amigos.

Na oportunidade, em nome da diretoria, em retribuição pelo excepcional gesto do mandatário municipal, o presidente José Sobrei ra entregou ao prefeito o diploma de Méri to Benfeitor.

Esta promessa de doação foi concretizada em 2006, na gestão do prefeito Odelmo Leão Carneiro, sendo inspetor-chefe do CREAUberlândia o engenheiro agrônomo Adalto Ribeiro Franco.

DESAFIOS

Apesar das di culdades inerentes ao setor, as diretorias têm conseguido avanços consideráveis e cumprido elmente o estabelecido no Estatuto Social da AGROTAP.

Para que a AGROTAP possa avançar como instituição, atingir maior representatividade junto aos poderes constituídos e a classe agro nômica ser valorizada, necessitamos da im

prescindível participação de todos.

Vamos em frente! Com a importância que a classe e o agronegócio possuem, não pode mos continuar subalternos das decisões maiores do País em todos os níveis. Como fui líder de associação, não poderei deixar de mencio nar a falta de união de uma das maiores classes de pro ssionais, que é a da Agronomia, pois o segmento é um dos mais importantes e vitais para a população e economia do País.

Para que a classe Agronômica assuma a importância e a relevância que possui, con sideramos que cada Estado deverá constituir sua Federação de Pro ssionais e, consequentemente, a sua própria Confederação.

TRADIÇÃO

Para falarmos do engenheiro agrônomo na sociedade atual, faz-se mister voltarmos ao passado e fazermos uma análise da importância deste pro ssional para o nosso País, no segmento do agronegócio.

A pro ssão da Engenharia Agronômica foi

regulamentada no ano de 1933, por decreto do então Presidente da República, Getúlio Var gas. É sabido da constante atuação dos pro ssionais vinculados à agronomia muito antes da publicação deste decreto.

O decreto aconteceu em 12 de outubro, portanto, o dia do Engenheiro Agrônomo teve a feliz coincidência com o dia de Nossa Senhora Aparecida e das crianças.

Os desbravadores pro ssionais da Agronomia, usando as técnicas rudimentares da época, participaram ativamente do aumento da produção, da melhoria da qualidade e produtivi dade de toda cadeia da agropecuária.

Paralelamente, com certeza, um grupo de pro ssionais idealistas e abnegados também não mediram esforços para diligenciar a legalização da pro ssão da Engenharia Agronômica.

REALIDADE DOS PROFISSIONAIS

A pro ssão da Agronomia, por natureza, é muita eclética, pois milita numa gama enor me de atividades, desde ensinar um pequeno

produtor a preparar a terra e plantar uma de terminada cultura até dirigir uma megaempresa do setor.

Apesar do segmento participar com mais 30% do PIB nacional, atualmente, a maioria dos pro ssionais da agronomia, principalmente os recém-formados, estão com di culdade de serem absorvidos no mercado, neste contexto, aceitando os sub-empregos ou atuando em outras áreas.

Grande número de agrônomos atua como vendedor de produtos para toda a cadeia produtiva, aliando assistência técnica. Também um número signi cativo vem se especializando e partindo para a pesquisa e/ou magistério. Um seleto grupo, o do empresário rural, estes sim são a grande alavanca do setor e o espelho para os demais produtores em geral.

DE MÃOS DADAS

O engenheiro agrônomo e o produtor ru ral andam de mãos dadas em prol do desen volvimento do agronegócio, tornando-o a mola

propulsora das exportações bra sileiras. Finalmente, orgulho-me de a rmar: “Engenheiro agrôno mo - o pro ssional que tem a no bre missão de produzir alimentos de forma sustentável”. ▣

José Antônio Sobreira Presidente do Conselho Deliberativo da AGROTAP Foto: Arquivo

ANOTAÇÃO DE RESPONSABILIDADE TÉCNICA (ART)

A ART é o instrumento que de ne, para os efeitos legais, os responsáveis técnicos pela execu ção de obras ou prestação de serviços relativos às pro ssões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea e Mútua.

Criada pela Lei 6.496/1977 (http://www.planalto.gov.br/cci vil_03/leis/l6496.htm), a Anotação de Responsabilidade Técnica (ART) é obrigatória para qual quer serviço pro ssional, inde pendentemente da existência de contrato formalizado.

ATENÇÃO!

A ART deve ser preenchi da online e paga antes do iní cio da obra ou prestação de ser viço. Uma via ou cópia da ART deve, obrigatoriamente, permanecer na obra/serviço durante toda sua execução. O objetivo é facili tar o trabalho de scalização do Crea-MG e evitar autuações impróprias.

Para o correto preenchimen to dos campos de atividades, consulte a Tabela de Obras e Serviços (servicos/tabela-obras-servicos) Precisa de ajuda no preenchimento de ART? Con ra os tutoriais e dicas de códigos a serem utiliza dos para o registro de sua ART. (codigos-ART)

OBRIGATORIEDADE

A ART é importante para o profissional, porque comprova a existência de um contrato, defi ne o limite das responsabilidades, garante o direito à remuneração e os direitos autorais.

Para a sociedade, é um instru-

mento de defesa, pois formaliza o compromisso do pro ssional com a qualidade e entrega dos serviços prestados. Em casos de sinistros, identi ca individualmente os responsáveis.

Para o contratante, aponta os responsáveis técnicos pela execução de obras ou prestação de qualquer serviço pro ssional e registra as características do serviço contratado.

COMO SOLICITAR

Você tem acesso a esse serviço pela plata forma Sitac/Ambiente de Serviços (https:// servicos-crea-mg.sitac.com.br/) e deve enca minhar a documentação digitalizada, sem a necessidade de se deslocar até uma unidade física para realizar a sua solicitação.

Pro ssional que tem orgulho do que faz, assina embaixo.

COMPROMISSO DE ATENDIMENTO

A responsabilidade de preenchimento cabe ao pro ssional e tem validade indeterminada. Da obrigatoriedade de registro da ART:

1. Todo contrato escrito ou verbal para a execução de obras ou prestação de serviços re lativos às pro ssões abrangidas pelo Sistema Confea/Crea e Mútua ca sujeito ao regis tro da ART no Crea em cuja circunscrição for exercida a atividade;

2. Quando o contrato englobar atividades diversas no campo de Engenharia, Agronomia, Geologia, Geogra a e Meteorologia, e no caso de coautoria ou corresponsabilidade, a ART deverá ser desdobrada, através de tantos for mulários quantos forem os pro ssionais envolvidos na obra/serviço;

3. Nenhuma obra/serviço poderá ter iní-

cio sem a competente Anotação de Respon sabilidade Técnica (Art. 28 da Resolução 1.025/2009 (http://normativos.confea.org.br/ downloads/1025-09.pdf));

4. Quando ocorrer prorrogação, aditamento, modificação de objetivo ou qualquer ou tra alteração contratual que envolva obras ou prestação de serviços de Engenharia, Agro nomia, Geologia, Geogra a e Meteorologia, será gerada a obrigatoriedade de ART com plementar, vinculada à principal;

5. Nos casos de substituição ou inclusão de responsável(is) técnico(s), além do previsto no contrato, será gerada a obrigatoriedade de nova ART vinculada à principal;

6. Qualquer alteração do cargo, da função técnica ou da circunscrição obriga o pro ssional a solicitar a baixa da ART e a proceder à anotação de nova ART.

CONHEÇA OS TIPOS DE ARTS

Além da ART de obra ou serviço descrita, você também pode registrar: ART de obra ou serviço de rotina

Denominada também ART Múltipla, registra a execução de vários contratos de execução de obras ou prestação de serviços em determinado período, referentes a uma única atividade técnica. As ARTs de receituário agronômico são registradas como ART Múltipla. Apresenta validade indeterminada.

ART de Cargo ou Função

Formaliza o compromisso do pro ssional e comprova o vínculo de trabalho. Em caso de sinistros, identi ca individualmente os responsáveis resguardando, legalmente, a em presa. Compete ao pro ssional cadastrar a ART de cargo ou função no sistema eletrô nico. Compete à pessoa jurídica efetuar o recolhimento do valor relativo ao registro no Crea da circunscrição onde for exercida a atividade. Somente a alteração do cargo, da função ou da circunscrição onde for exercida a atividade obriga ao registro de nova ART. Esta ART ca sujeita à validação pelo Crea-MG mediante apresentação do vínculo con tratual do pro ssional com a pessoa jurídica de direito público ou privado.

FORMAS DE REGISTRO DA ART

ART inicial: primeira ART relativa a uma determinada obra ou serviço, registrada pelo pro ssional.

ART complementar: Anotação de Responsabilidade Técnica do mesmo pro ssional que, vinculada a uma ART inicial, complementa os dados anotados nos seguintes casos:

1. Quando for realizada alteração contratual que amplie o objeto, o valor do contrato ou a atividade técnica contratada, ou prorrogue o prazo de execução; ou;

2. Quando houver a necessidade de detalhar as atividades técnicas, desde que não implique modi cação da caracterização do objeto ou da atividade técnica contratada.

ART de substituição: Anotação de Responsabilidade Técnica do mesmo pro ssional que, vinculada a uma ART inicial, substitui os dados anotados nos seguintes casos:

1. Quando houver a necessidade de correção de dados que implique modi cação da caracterização do objeto ou da atividade técnica contratada; ou

2. Quando houver a necessidade de corrigir erro de preenchimento de ART

Importante:

1. A ART de substituição será registrada pelo pro ssional por meio eletrônico mediante uso de senha pessoal e intransferível.

2. É vedada a substituição de ART que já tenha sido objeto de Certidão de Acervo Técnico (CAT) emitida após 1º de janeiro de 2010.

PARTICIPAÇÃO TÉCNICA NA ART

ART individual: indica que a ativida de objeto do contrato é desenvolvida por um único pro ssional.

ART de coautoria: indica que uma atividade técnica caracterizada como intelectual, objeto de contrato único, é de senvolvida em conjunto por mais de um pro ssional de mesma competência.

ART de corresponsabilidade: indica que uma atividade técnica caracterizada como executiva, objeto de contrato único, é desenvolvida em conjunto por mais de um pro ssional de mesma competência.

ART de equipe: indica que diversas atividades técnicas complementares, obje tos de contrato único, são desenvolvidas em conjunto por mais de um pro ssional com competências diferenciadas.

VINCULAÇÃO

Todas as ARTs referentes a de terminado empreendimento de vem ser vinculadas à ART inicialmente registrada, com o objetivo de identi car a rede de responsabilidades técnicas da obra ou serviço.

Mais informações: Sitac/Versão MG - acesse os tutoriais disponíveis no YouTube: http://bit. ly/VideoSitac (http://bit.ly/VideoSitac)

Central de Informações: de segunda a sexta das 7h às 19h 0800 031 2732

ou atendimento@crea-mg.org.br

Unidades de Atendimento: www.crea-mg.org.br/crea-unidades-de-a tendimento (/crea-unidades-de-atendimento) Baixa de ART (/servicos/baixa-art) Cancelamento de ART (/servicos/cancelamento-art)

Tabela de Obras e Serviços (TOS) (/servicos/tabela-obras-servicos)

Tabela de Códigos de Atividades na ART (civil) (/servicos/tabela-codigos-edi cacoes-e-obras)

Serviços online (/servicos/acesse-servicos-online)

Canais de Atendimento (/servicos/canais-de-atendimento)

Conheça nossos serviços (/servicos/carta-de-servicos)

Anuidades, taxas e multas (/servicos/anuidade/2022)

Consultas (/servicos/consultas) Tutoriais (/servicos/tutoriais) Registro de Pessoa Física (/servicos/registro-pessoa- sica) ▣

ASSOCIADO:

Ao registrar uma ART, use o código 0417 da Agrotap.

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BARTER A moeda que veio para ficar

Para o agronegócio, o barter representa um mecanismo de nanciamento de safras consisten te na aquisição de insumos agrí colas pelo produtor rural junto às agroindústrias, indústrias de in sumos, tradings , exportadoras ou distribuidoras de insumos para pagamento no período pós-sa fra, com o próprio produto de sua própria safra.

Logo, o barter é a troca de insumos para a produção agrícola normalmente adquiridos antes do plantio, para utilização na própria lavoura, com pagamento a ser re alizado posteriormente à colheita, lançando mão, como moeda, de parte dos mesmos produtos colhi dos.

Portanto, em nosso entendi mento, exige a elaboração de pla nejamento prévio, dimensionando os insumos utilizados e quanti dades demandadas (orçamentos), bem como envolve o produto nal oriundo da colheita (formação, manutenção e colheita da lavou ra) devidamente caracterizada em planejamento técnico especí co.

Entretanto, não se trata de uma simples negociação de tro ca ou escambo. Ao contrário, ca racteriza-se pela formatação de operações complexas e bem apa relhadas, que normalmente são liquidadas nanceiramente pela parte interessada nos produtos agropecuários, o chamado “o taker” (tomadores, vendedores de insumos agrícolas: cooperativas, traders , indústrias processado ras de alimentos e agroindústrias) que, para a segurança da operação, trava o preço das commodities via hedge , em bolsas de mercadorias

nacionais e internacionais, contando, por vezes, com a presença de uma instituição nanceira apta a antecipar o pagamento de toda a operação aos compradores.

ORIGEM

O barter surgiu no Brasil no início da década de 90, com o interesse das tradings (empresas comercializadoras de grãos) em negó cios de compra e venda de soja no Cerrado.

Em resumo, barter é uma estratégia comercial que visa a troca de insumos por produção, com travamento de preços das commodities negociadas.

Traduz-se, atualmente, em mecanismo mui to reivindicado por produtores agrícolas, em função da segurança negocial e da proteção con tra oscilações cambiais ou de preço das commo dities agrícolas produzidas e previamente nego ciadas.

Normalmente, a liquidação nanceira do barter é feita diretamente pela parte interes sada nos produtos agropecuários e, como o pagamento ocorre somente a longo prazo, após a colheita e a entrega dos produtos, normalmente a operação é estruturada por um banco, que antecipa os recursos ao fornecedor de insumos.

Após o recebimento dos grãos, as empresas que fornecem os insumos os direcionam à ex portação ou à indústria que, por sua vez, quita a operação nanceira junto aos bancos.

DIFERENCIAIS

Um dos grandes diferenciais das opera ções envolvendo barter é o travamento de preços (hedge), estratégia de negociação que ga rante margem de lucro e segurança para todos os envolvidos.

Dentre os diversos benefícios e vantagens apresentados por esse tipo de operação a todo

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o sistema de nanciamento do agronegócio, destacam-se:

a) Segurança – proteção contra oscilações de preço dos produtos agrícolas a serem produzidos e entregues;

b) Liquidez – como o nan ciamento ocorre desde a com pra dos insumos até a entrega dos grãos, o agricultor não se preocu pa com o re nanciamento de capital de giro;

c) Câmbio – o nanciamento é feito na mesma moeda do recebimento da produção agrícola. Portanto, independentemente da oscilação do câmbio ou do pre ço da commodity negociada durante o prazo compreendido entre o plantio e a colheita, o agricul tor receberá o seu lucro pré-de terminado;

d) Taxa de juros – a opera ção é travada desde o início. As sim, mesmo que haja aumen to nos juros, o agricultor não terá que pagar pela ascensão de even tual nova taxa.

TENDÊNCIA

O barter vem ganhando tanta força no mercado brasileiro e as modalidades de ope rações já são tantas que os o takers vêm ofe recendo ao mercado os chamados “pacotes tecnológicos” como forma de facilitar a venda de insumos aos fornecedores e a compra da produção pelos compradores de grãos em uma mesma operação.

Esses “pacotes tecnológicos” são formados por um determinado grupo de insumos ne cessários ao cultivo da lavoura, por exemplo: um pacote formado por sementes, herbicidas e fungicidas (dentre outros produtos e serviços), em contrapartida de um número previamente estipulado de sacas de grãos a serem colhidos.

Os referidos “pacotes tecnológicos” con sistem em planejamento agropecuário que demanda a atuação do engenheiro agrônomo na sua elaboração, além de receituário agronômico e outras peças técnicas inerentes ao processo.

CPR E BARTER

A CPR também pode ser utilizada em operações de troca, encaixando-se perfeita

mente em operações de barter. Nesse caso, o produtor adquire insumos da indústria ou de um distribuidor, emite uma CPR e compro mete-se a pagar à indústria ou ao fornecedor com o próprio produto produzido em suas la vouras.

Em outros casos, a empresa fornecedora dos insumos direciona o produto comprado a uma trading, fazendo menção no corpo da CPR que a entrega dever ser efetuada no endereço fornecido por ela.

A trading, por sua vez, paga em dinheiro à empresa fornecedora assim que recebe o pro duto do produtor, ou até mesmo antecipada mente. Nesse caso, a Cédula de Produto Rural viabiliza e lastreia essa operação, chamada de triangulação, originalmente idealizada e ainda em atividade pela instituição criadora da CPR, o Banco do Brasil S/A.

Outra operação tradicionalmente utiliza da por fornecedores de insumos agrícolas é a venda desses produtos diretamente a produtores rurais contra a emissão de CPR nancei ra e recebimento, na data aprazada, do nume rário consistente da multiplicação do preço ou do índice de preços, pela quantidade de produto comprometida por este produtor em pagamento desta venda.

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MODELOS DE BARTER

1Modelo de barter utilizando CPR, contrato de compra e venda de produtos rurais e contrato de vendedor.

O produtor rural emite a CPR representativa da aquisição de um determinado insumo à indústria ou à distribuidora de insumos agrícolas;

Em contrapartida, a indústria ou a distribuidora fornece ao produtor rural insumos para a produção agrícola;

A indústria ou a distribuidora de in sumos agrícolas endossa a CPR ao agente nanceiro investidor, rmando com este contrato de Vendor;

O agente nanceiro investidor, por sua vez, antecipa o valor comercializado à indús tria ou à distribuidora de insumos agrícolas;

O produtor rural rma contrato de compra e venda do produto agrícola objeto da CPR com uma trading ou agroindústria que, por sua vez, colhe autorização de pagamento ao agente nanceiro investidor, mediante anu-

ência da indústria ou de distribuidora de insumos agrícolas;

Após a safra, o produtor rural entrega os produtos agrícolas colhidos à trading ou à agroindústria;

Após o recebimento dos produtos ru rais, a trading ou a agroindústria paga o agen te nanceiro investidor;

Após o recebimento do valor contra tado, o agente nanceiro dá quitação à indústria ou distribuidora de insumos agrícolas. A indústria ou distribuidora de insumos agrícolas, por sua vez, dá por quitada a operação junto ao produtor rural, restituindo-lhe o título e outorgando-lhe a baixa da CPR e do penhor em cartório.

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Modelo de barter utilizando CPR, contrato de compra e venda de produtos rurais e CDCA.

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Modelo de barter utilizando CPR, contrato de compra e venda de produtos rurais e LCA.

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Modelo de barter utilizando CPR, CDCA E CRA.

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Modelo de barter utilizando CDA/ WA. ▣

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barter é a compra de insumos com pagamento em grãos José Eustáquio da Silva Engenheiro agrônomo e presidente da AGROTAP Foto: Ana Maria Diniz

CRÉDITO RURAL

Entenda melhor, para usufruir dele

O primeiro mecanismo denanciamento o cial rural no Brasil ocorreu em 1931 no governo de Getúlio Vargas, visando atender a principal atividade econômica do País da época - o café.

Em 1937, ocorreu a criação da Lei do Penhor, que regulamentou os primeiros contratos de penhor – Lei 492/37.

Nas décadas seguintes, foram criados instrumentos para sustentar as atividades do setor agrope cuário, com o advento da Cartei ra de Crédito Agrícola e Industrial (CREAI) do Banco do Brasil. Em 1964, foi criado o Sistema Nacio nal de Crédito Rural (SNCR), pela Lei 4.595/64.

Em 1965, ocorreu a institu cionalização do Crédito Rural, pela Lei 4.829/65. Em 1966, edição do Decreto 58.380, que aprovou o Regulamento do Crédito Rural. Em 1967, o governo federal regulamentou o Crédito Ru ral através do Decreto-Lei 167, de 14 de fevereiro de 1967, criando as Cédulas de Crédito Rurais, a Duplicata Rural e Nota Pro missória Rural, que vigoram até o momento atual.

Em 1994: criação da Cédula de Produto Rural (CPR) pela Lei 8.929/94. Em 2004: foram criados os Novos Títulos do Agro negócio – CDA/WA, CDCA, LCA E CRA, por meio da Lei 11.076/2004.

OBJETIVOS DO CRÉDITO RURAL

– LEI 4.829/65:

a) Estimular o incremento dos investimentos rurais em armazenagem, industrialização, custeio

da produção e comercialização dos produtos agropecuários;

b) Fortalecer os produtores rurais, notadamente os micro, pequenos e médios;

c) Incentivar a introdução de métodos racionais de produção, visando o aumento da produtividade, a melhoria do padrão de vida das populações rurais e a adequada defesa do solo;

d) Incentivar o aumento da produtividade e a modernização da agricultura; e

e) Garantir maior parcela de recursos nanceiros para a agricultura, já que os bancos comerciais privados, sem o apoio de legislação própria, não a atendiam satisfatoriamente.

O Sistema Nacional de Crédito Rural surgiu com o intuito de criar condições que des sem suporte ao crescimento urbano, propi ciando maior produtividade, menores preços de alimentos e maiores exportações como meta da política agrícola, que tinha três com ponentes de nanciamento: crédito de cus teio, de investimento e de comercialização.

O sistema visava incrementar mudanças na base técnica da agricultura, o crescimento da relação agricultura/indústria, com o desenvol vimento de ramos industriais voltados para os

meios de produção (insumos modernos), aos bens de capital (máquinas e implementos) e ao processamento de produtos agrícolas.

Com a nalidade de fomentar o nancia mento agropecuário, foram agregados como agentes nanceiros o Banco do Brasil, o Banco Central, bancos estaduais, bancos regionais de desenvolvimento, bancos privados, caixas econômicas, sociedades de crédito, cooperativas e órgãos de assistência técnica e extensão rural.

No tocante ao aspecto social estabelecido nos objetivos iniciais, o crédito especializado com taxa de juros diferenciados propicia a realização de inúmeras melhorias nas propriedades, contribuindo para xação do homem no meio em que vive e redução do êxodo rural.

OPERACIONALIZAÇÃO DO CRÉDITO RURAL

Atualmente, as normas operacionais são estabelecidas pelo Conselho Monetário Na cional (CMN), enquanto que ao Banco Cen tral do Brasil (Bacen) cabe a direção, coorde nação e scalização do crédito rural.

De acordo com o Manual de Crédito Rural (MCR) 2-2-11 “a” – cumpre à institui ção nanceira assegurar-se de que o crédi

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to é oportuno, su ciente e adequado, sob pena de desvirtuamento dos propósitos previstos, transformando tais operações em mero fornecimento de dinheiro aos bene ciários.

a) Crédito rural oportuno: contratação e liberação de verbas exigidas pela atividade, obedecendo ao cronograma de aquisição de insumos, preparo do solo, tratos culturais e co lheita, ou seja, mediante projeto elaborado com critério especí co para cada atividade. Operações extemporâneas não atendem aos objetivos programados e são responsáveis por frustrações de safras ou má condução das atividades pre vistas.

b) Crédito rural adequado: sugere prévio exame da capacidade e da tendência de cada produtor, as condições de cada imóvel a ser assistido, bem como dos fatores edafoclimáticos predominantes no local e na região. Em suma, o proponente tem que saber o que, como e onde plantar ou aplicar investimentos em consonância com seu potencial e peculiaridades de cada imóvel rural.

c) Crédito rural su ciente: as operações devem atender as necessidades dos projetos. Empréstimo de valor acima do orçamento previsto é tão prejudicial como aqueles que não

atendem o mínimo exigido para cobrir as despesas programadas. Por outro lado, a insu ciência de recursos poderá induzir a diminuição de insumos e afetar o desempenho da ativida de nanciada.

Recentemente foram criados vários instrumentos envolvendo o atendimento das necessidades nanceiras do produtor rural, tais como CPR - Cédula de Produto Rural e, atualmente, com o incremento do sistema de “barter”, que consiste na estratégia comercial que visa a troca de insumos por produção, com travamento de preços das commodities negociadas.

CRÉDITO RURAL – ASSISTÊNCIA TÉCNICA

De acordo com os objetivos da Lei n° 4.829/65, em especial os incisos “c” – “Incentivar a introdução de métodos racionais de pro dução visando o aumento da produtividade, a melhoria do padrão de vida das populações rurais e a adequada defesa do solo” e “d” – “Incentivar o aumento da produtividade e a mo dernização da agricultura”.

Vale destacar que o crédito rural é o ins trumento de desenvolvimento do setor agro pecuário e terá sua e cácia multiplicada várias

vezes, se conjugado com a assis tência técnica a nível de imóvel.

Todavia, há descon ança do analista de crédito sobre o traba lho dos técnicos; há desinformação no meio técnico sobre as funções e a loso a do crédito rural e existe reação por parte do pro dutor tradicional sobre as inova ções que se pretende introduzir na propriedade explorada.

Conforme o Manual de Cré dito Rural – MCR 1.5.4 – “Cabe ao produtor decidir sobre a con tratação de serviços de assistência técnica, salvo quando consideradas indispensáveis pelo nanciador ou quando exigidas em regulamento de operações com recursos o ciais (Res.3.239).

No momento, temos assisti do a modernização na contrata ção do crédito rural por meio do uso de aplicativos na internet, visando a agilização dos processos. No entanto, para obter os resulta dos esperados, não pode prescindir a conjugação do crédito rural com assistência técnica, apesar da nor ma citada colocar a decisão diretamente no produtor rural.

Ao nal, cabe às associações, sindicatos e cooperativas de pro dutores, a conscientização das par tes envolvidas, produtor e agentes nanceiros, acerca da necessidade do estreito entrosamento, visando a adoção de novas tecnologias e a correta, a oportuna e a su ciente aplicação do crédito rural.

Vale salientar, ainda, que cabe aos CREA’s a fiscalização dos agentes nanceiros, empresas do agronegócio e produtores rurais, visando aferir se a contratação e as atividades nanciadas con tam com amparo legal dos pro ssionais do Sistema CONFEA/ CREA/MUTUA. ▣

José Eustáquio da Silva Engenheiro agrônomo e presidente da AGROTAP

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OS DESAFIOS DO AGRONEGÓCIO E A LEGISLAÇÃO AMBIENTAL

O agronegócio tem sido a coluna mestra da economia brasileira. Entretanto, a missão de produzir alimentos no Brasil não é fácil, especialmente considerando que a produção agropecuária brasileira é caracterizada por limitações relacionadas às questões ambien tais, agrárias, tributárias e econômicas.

Um dos grandes e atuais desaos para o desenvolvimento bra sileiro é manter o crescimento da produção agropecuária e, ao mes mo tempo, evitar ao máximo os impactos dessa produção sobre os recursos naturais, cumprindo a legislação ambiental.

O Código Florestal Brasileiro (Lei nº 12.651, de maio de 2012) prevê a proteção de dois impor tantes instrumentos para regula ção do uso da terra no Brasil: as áreas de preservação permanente e a reserva legal. As áreas de pre servação permanente têm as funções de preservação dos recursos hídricos, de prevenção da erosão do solo e de proteção de ecossis temas.

Já a reserva legal é uma área localizada no interior da propriedade rural com a função de asse gurar o uso sustentável dos recursos naturais do imóvel, auxiliando na manutenção e reabilitação dos processos ecológicos e na conservação da biodiversidade.

SUSTENTABILIDADE

Além da obrigação de insti tuir e preservar estas áreas am bientalmente protegidas (limitando a área aproveitável do imóvel rural) e de não promover desmata mentos, os produtores rurais ain

da têm que buscar licenças ambientais para o desenvolvimento de suas atividades, inclusive a outorga do direito de uso da água, se subme tendo a processos administrativos burocráti cos e morosos, sem os quais a produção não pode ocorrer.

O desa o do cumprimento da legislação ambiental surge também em meio aos deba tes internacionais e às pressões cada vez maiores da sociedade por um novo modelo de de senvolvimento que seja capaz de conciliar o crescimento econômico e a conservação do meio ambiente. As restrições do mercado in ternacional para produtos vindos de regiões de desmatamento também representam um ris co para o setor.

Diante deste cenário, o agronegócio brasileiro, mais do que nunca, tem que estar atento à gestão dos riscos conjunturais imediatos e de reputação ambiental.

DESAFIOS

Para enfrentar o desa o de produzir e preservar o meio ambiente, cumprindo os ditames da legislação ambiental de regência (situação inevitável) os produtores rurais brasileiros de verão implementar práticas de governança ambiental, envidando todos os esforços para al cançar uma produção sustentável. Para tanto, é necessário um profundo trabalho de orienta ção, de quali cação própria e de utilização de tecnologias apropriadas.

Não há dúvidas de que, para viabilizar o aumento da produção sem ter que desmatar novas áreas, será necessário aumentar a produtividade das áreas já desmatadas. O desa o de desenvolver a produção agropecuária com sustentabilidade, então, exigirá a adoção de múltiplas estratégias que passam pela geração e difusão de tecnologias ambientalmente ade

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quadas, estruturação de sistemas de informa ções agroambientais integrados e aplicação de instrumentos econômicos que possam mini mizar as externalidades negativas do setor.

Para enfrentar o desa o ambiental, os produtores deverão se adequar, implementando e aprimorando práticas sustentáveis nas suas atividades (até mesmo como forma de reduzir os custos de produção e o valor nal dos produ tos), tais como o manejo adequado de pastos, rotação de culturas, adubação verde, re ores tamento com vegetação densa e permanente (para produção de celulose, madeira e carvão), integração lavoura-pecuária- oresta.

BENEFÍCIOS

A adoção prática destas condutas, quando aplicadas de forma correta, podem gerar benefícios diretos para o produtor rural, dentre eles: ganho de competitividade, mais visibilidade no mercado, redução dos gastos, mais produtivi dade, respeito às normas ambientais, melho ria na qualidade do solo, na gestão da água e na vida no campo, aumento da diversidade nas lavouras e do valor agregado do produto, além da diversi cação da biodiversidade local.

A respeito das questões ambientais, exis tem também fatores favoráveis aos produtores rurais que podem ser utilizados como alterna tivas de combate ao desa o, tais como o mer cado favorável de crédito de carbono, a CPR Verde e a possibilidade de recebimento por serviços ambientais.

O mercado de crédito de carbono (mecanismo criado para regular a emissão de carbono, sendo um sistema de comércio da compensação do mesmo) pode ser visto como uma boa

oportunidade para o setor.

Funcionando por meio da negociação de créditos de emissão (onde as pessoas que não atingiram o limite podem conceder esses excedentes para as que ultrapassaram o mesmo), o mercado de crédito de carbono pode permitir uma boa lucratividade para o agronegócio, desde que, dentre outros fatores, disponha de métricas para sua medição.

Outra alternativa no combate ao desa o de produzir com sustentabilidade é a Cédula de Produto Rural Verde (CPR Verde), instru mento para que os produtores rurais que praticam adoções de preservação do meio ambiente podem se nanciar. A CPR Verde é um título de crédito para nanciar atividades de re orestamento e manutenção de vegetação nativa em propriedades rurais.

Por meio dela, os produtores rurais rece bem incentivos para preservar o meio ambiente em troca de recursos nanceiros. A CPR Verde foi instituída por meio da publicação do Decreto nº 10.828/2021.

PSA

Destaca-se que um instrumento econômico ainda praticamente inexistente dentro das políticas de âmbito federal é o pagamento por serviços ambientais (PSA). Os projetos exis tentes de PSA para o setor agropecuário até o momento constituem-se em uma série de ini ciativas isoladas por parte de órgãos públicos estaduais ou municipais, ONGs ou empresas, que incluem o pagamento por serviços relacionados à manutenção de recursos hídricos e mitigações de emissões de GEE.

O PSA, se aplicado de maneira estrutura-

da, com governança, transparên cia e segurança jurídica, poderia ser um mecanismo capaz de ge rar muitos benefícios para todos os produtores rurais, ao garantir um retorno nanceiro para aque les que restauram e conservam as orestas e paisagens.

Portanto, produzir com susten tabilidade, além de garantir o cum primento da legislação ambiental e atender às expectativas do mercado internacional, pode trazer ganhos econômicos para o produtor rural, que deve estar preparado para tal cenário, adotando técnicas de governança e abraçando as alternativas disponíveis. ▣

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Elaine Cristina Ribeiro Lima Advogada – OAB/MG 76.265, assesso ra Jurídica do Sindicato Rural de Uberlân dia, especialista em Direito Agrário – UFG e mestre em Análise, Pesquisa e Gestão Am biental – IG-UFU Foto Gustavo Lazzarini

MERCADO DE CARBONO

Conceitos, implementação e

Com a urgência climática e pressão social, a agenda político -econômica global está cada vez mais focada nas mudanças cli máticas e em seus efeitos adver sos. Neste sentido, dentre os serviços ecossistêmicos emergentes, tem ganhado grande relevância pelo potencial econômico o po pularmente chamado Mercado de Carbono.

A origem de sua concepção é do início da preocupação am biental mundial, desde a assinatura do protocolo de Kyoto, em 1997, passando pelo acordo de Paris em 2005 e culminando nas últimas evoluções na COP 26, em 2021.

Embora tenha se popularizado como mercado de carbono, a denominação correta para este mer cado seria crédito de redução de gases de efeito estufa (GEE), vis to a abrangência de emissões de impacto que é possível contabili zar, a saber: dióxido de carbono, gás metano, óxido nitroso, dentre outros gases poluentes.

CONCEITO DE CRÉDITO DE CARBONO

Um crédito de carbono é, portanto, a atribuição monetária para a redução ou compensação de emissão de uma tonelada de ga ses de efeito estufa na atmosfera.

Assim, podem ser contabili zadas em duas opções: redução e compensação.

Redução – adoção de medidas que diminuem a emissão de gases poluentes na atmosfera. Exemplo: utilização de energias renováveis, redução do consumo de energia, implementação de sistemas agro-

oportunidades

orestais (SAF), implementação de progra mas de integração lavoura, pecuária e oresta (ILPF), dentre outras.

Compensação – empresas podem adotar medidas que compensam processos poluentes. Exemplos: plantio de árvores, re orestamento de matas, campanhas de comercialização e do ação de créditos de carbono, compra de crédi tos de carbono, dentre outras.

TIPOS DE MERCADO

Adicionalmente, esta troca comercial é re alizada por dois mercados distintos: o regula do e o voluntário.

Mercado regulado - tendo sua origem na assinatura do protocolo de Quioto, e tendo a sua real homologação no acordo de Paris, o mercado regulado caracteriza-se pela determinação de países, Estados, cidades e regiões para possuir metas de redução de emissões de ga ses GEE a serem cumpridas de forma obrigatória. Deste modo, é comercializado o direito de emissão estipulado pelo agente de regula

ção em questão.

Mercado voluntário - caracteriza-se pela manifestação da vontade de empresas, ONGs, entidades da sociedade civil, governos ou mesmos cidadãos de reduzir as emissões de GEE voluntariamente. Neste caso, os créditos de carbono podem ser gerados e comercializados em qualquer lugar. Para isso, eles são audita dos por uma unidade independente que atesta a sua e ciência. Então, o que é comercializa do são os resultados dos projetos de redução das emissões e as certi cações que acontecem neste sistema.

PROCESSOS PARA IMPLEMENTAÇÃO DO MERCADO

O processo para ofertas de créditos de carbono é complexo e exige quali cação para a realização dos projetos. Neste sentido, de modo geral, as etapas para a nalização da implementação são: estudo de viabilidade, elaboração de documento de concepção do projeto, validação (auditoria), registro do projeto, elaboração de

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relatório de monitoramento, confecção do inventário de emissão de gases do efeito estufa (GEE), emissão de certi cação (auditoria externa) e comercialização.

Neste sentido, toda e qualquer ação de divulgação e treinamento dos mecanismos e processos devem ser estimuladas.

LEGISLAÇÃO APLICADA AO MERCADO DE CARBONO

A primeira tentativa de se preci car o mercado de carbono via legislação foi a política nacional de biocombustíveis (Renovabio), cujo objetivo foi ampliar a participação dos bio combustíveis na matriz de transporte brasileira (Brasil, 2017).

Desta forma, a consequência esperada foi redução das emissões de GEE. Recentemen te, no último dia 19 de maio de 2022, o decreto 11.075 (Brasil, 2022) estabeleceu os procedi mentos para a elaboração dos planos setoriais de mitigação das mudanças climáticas e instituiu o Sistema Nacional de redução de emis

sões de gases do efeito estufa, entretanto, ainda sem de nições completas, sendo esta uma le gislação que ainda exige regulamentação especí ca para funcionar.

PERSPECTIVAS PARA O AGRONEGÓCIO

Por m, o Brasil tem grande potencial para este mercado, principalmente pelo setor do agronegócio. Assim, do ponto de vista tecnológico, o plano governamental ABC e mais recentemente o plano ABC+ (Agricultura de baixa emissão de carbono) são exemplos de estratégias para mitigar as emissões e aumentar a possibilidade de agregação ao mercado de carbono.

Estes planos têm por nalidade a organização e o planejamento das ações a serem reali zadas para a adoção das tecnologias de produção sustentável, reduzindo assim a emissão de GEE na agricultura.

Adicionalmente, o ICC (International Chamber of Commerce) Brasil e a empresa WayCarbon, em pesquisa realizada, constata-

ram que o País, na próxima década, tem condição de corresponder de 5,0 a 37,5% da demanda glo bal do mercado voluntário, e de 2 a 22% da demanda global do mercado regulado, gerando receitas de até US$ 100 bilhões.

Portanto, a perspectiva de aumento do conhecimento na te mática representará avanços nes ta agenda, re etindo em desa os e perspectivas do ecossistema dos mercados. ▣

Fernando Caixeta Lisboa

Doutor em Sistemas Sustentáveis de Ener gia – Programa MIT Portugal – Universidade Coimbra (Portugal), Instituto de Tecnolo gia de Massachusetts (EUA), Universida de de Kisii (Quênia) e Universidade de Tu rim (Itália), professor do Instituto Federal do Triângulo Mineiro – Campus Uberlândia e membro da Aliança Brasileira de Finanças e investimentos Sustentáveis fernandocaixeta@iftm.edu.br

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PISCICULTURA SUSTENTÁVEL EM TANQUES-REDE

Este artigo sucinto sobre piscicultura está sendo dedicado aos membros da Associação dos En genheiros Agrônomos do Triân gulo Mineiro e Alto Paranaíba liados à Agrotap, prefeitos, empresários, administradores públi cos do Triângulo Mineiro, engenheiros da Associação Brasileira dos Engenheiros Independentes (Abraei) e aos associados do Ins tituto de Engenharia e Arquite tura do Triângulo Mineiro (IE ATM), objetivando alertar que a condução de uma piscicultura pujante, dinâmica e sustentável será indispensável assegurar a trilogia: Licenciamento ambiental; Plano de negócio; Monitoramento.

ATIVIDADE

O cultivo de tilápias em con namento, modalidade tanques -rede, é uma forma de se produzir peixes com alto rendimento. Além disso, o manejo da atividade, nessa forma de cultivo, permite obter um melhor controle em todos os aspectos. Isso sem falar no maior aproveitamento dos corpos hídricos já existentes, como lagos e represas das grandes hidrelétricas espalhadas pelo Brasil.

Os atuais avanços na nutrição, na genética, na reprodução, na informática, na automatização e nas diversas outras inovações e con quistas cientí cas ou em novas tecnologias tornam a piscicultura mais inteligente e lucrativa.

O recente mecanismo de cultivar em tanques-rede enseja alta taxa interna de retorno e provoca

boas re exões. O cultivo de pescados por hec tare de lâmina d´água ou por metro cúbico de utilização de água faz desse ramo uma atividade imbatível em termos de produção de pro teína de altíssima qualidade por qualquer uma dessas unidades de medida.

Um exemplar de tilápia torna-se adulto aos 90 dias e está pronto para o abate aos 180 dias, ou seja, aos seis meses, enquanto que um no vilho precoce só poderá ser abatido aos 1518 meses.

PANORAMA

O Brasil possui 8,4 mil quilômetros de litoral e 5,5 milhões de hectares de lâminas d’água em reservatórios interiores, o que assegura uma inigualável oportunidade de crescimento, po dendo levar o País à liderança na produção de pescado cultivado.

São muitos os fatores de produção favoráveis para melhor atender ao mercado interno e ser um competitivo exportador para o mundo.

O brasileiro consome pescados de várias procedências expostos nas gôndolas dos supermercados, a exemplo de produtos do Vietnã, como o peixe “panga”. É notório observar que

há um amplo leque de oportunidades a ser explorado.

PRODUZIR PESCADO GERA EMPREGO E RENDA

A tilápia (Oreochromis niloticus) é uma espécie originária do rio Nilo. Este é um peixe cosmopolita, apresentando-se como uma espécie de grande aceitação no Brasil e no mercado internacional, porque não apresenta espinho em Y e sua carne possui pouca gordura, agra dando aos mais diversos paladares.

A tilápia é pouco exigente em oxigênio, se adaptando ao cultivo em cativeiro em grandes densidades. Na atualidade, se trabalha com reversão sexual e o melhoramento genético per mitiu obter alta velocidade de crescimento.

A criação de tilápias, como qualquer ou tra atividade comercial, deve ser bem planejada para obter resultados positivos.

Desta forma, um bom empreendimento de porte pequeno, médio ou grande somente de verá ter início após criteriosa análise das con dições de mercado e disponibilidade dos insumos básicos, tais como energia, ração, alevinos, mão de obra, dentre outros.

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Fotos: DepositPhotos

A coleta dos dados “in loco” possibilitará a elaboração de um plano de negócios, o qual daremos ênfase neste artigo, e respetiva análise econômica e nanceira.

MESOPOTÂMIA BRASILEIRA: INEXPLORADA!

O Triângulo Mineiro é cortado por dois caudalosos rios federais: o Rio Grande e o Rio Paranaíba, com grandes reservatórios que formam mais de 200 km2 de espelho d´água, podendo ser considerado a Mesopotâmia brasi leira.

Entretanto, devido à falta de planejamento nos governos municipal e federal, aliado à falta de interesse de grandes grupos investidores, este riquíssimo potencial continua inexplora do, ou explorado de maneira irrisória.

PLANEJAMENTO É PRÉ-REQUISITO

O segredo do sucesso de cada empreendimento depende de um bom planejamento e do estudo de alternativas em vários cenários, o que certamente irá desaguar em um plano de negócios bem elaborado.

Com o objetivo de implantação de projeto de piscicultura em tanques-rede, é necessário empreender visita técnica aos possíveis locais para implantação da piscigranja, objetivando selecionar a melhor alternativa e iniciar a coleta de dados preliminares.

A seguir, será indispensável realizar reuniões de planejamento com o empreendedor e/ ou gerente geral da empresa/investidores.

A elaboração do projeto deverá adotar a metodologia da SWOT3, ou seja, a matriz FOFA, através da qual se analisa e se discutem as “Forças e Oportunidades, Fraquezas e Ame-

aças” do projeto a ser considerado.

O inventário dos dados levantados em campo e em reuniões conjuntas servirão de base para a elaboração deste Plano de Negó cios, objetivando atender aos seguintes pon tos:

Segurança quanto ao retorno do in vestimento;

Facilitar e agilitar a administração do negócio;

Adoção de alternativa com Taxa Interna de Retorno – TIR atrativa para o capital investido;

Incremento na segurança alimentar regional e nacional; Criação de novas oportunidades de emprego nos municípios envolvidos; Benefícios para a sociedade.

DICAS

A seguir selecionamos, de modo sucinto, os principais ingredientes necessários à elaboração de Plano de Negócios objetivando a implantação de um projeto sustentável de piscicultura para criação de tilápia em tanques-rede.

LICENCIAMENTO AMBIENTAL: INDISPENSÁVEL

O licenciamento será obtido em nível es tadual e federal, dependendo do âmbito de jurisdição do corpo d´água considerado.

Em Minas Gerais, o licenciamento am biental será obtido junto à Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD), que possui superintendências re gionais, as SUPRAM´s.

Minas Gerais possui reservatórios com

licenciamentos pré-elaborados nos chamados Parques Aquíco las. O Rio Araguari, com diver sos reservatórios, possui o Parque Aquícola Nova Ponte I, já demarcado.

Cada Estado tem sua peculiaridade, contudo, o Licenciamento Ambiental é um item mandatório quando se fala em sustentabilidade de um empreendimento.

Lembre-se: piscigranja sem licenciamento ambiental não possui sustentabilidade!

MONITORAMENTO DA ÁGUA DURANTE TODAS AS FASES DE CRESCIMENTO

O sucesso do empreendimento é assegurado fazendo a avalia ção constante dos parâmetros de qualidade (turbidez, temperatu ra e pH) da água, utilizando aparelhos tais como oxímetro, desti nado a medir o teor de oxigênio dissolvido na água; pHmetro, destinado a medir a concentração hidrogeniônica da água; disco de Sechi, destinado a avaliar a turbidez da água; termômetro, desti nado a medir a temperatura am biente e a temperatura da água em diversas profundidades.

Concluindo, o sucesso para implantação de uma piscigranja depende de vários fatores. Abai xo, listamos os mais importantes: Plano de negócios; Monitoramento; Licenciamento ambiental. Sem que haja a adoção deste tripé, o sucesso pleno da ativida de numa pisicigranja cará comprometido. ▣

Augusto César Soares dos Santos Engenheiro agrônomo, mestre em Engenharia de Irrigação, pós-graduado em Gestão de Recursos Hídricos para o Desenvolvimento Sustentado de Projetos Hidroagrícolas e diretor regional da Associação dos Engenheiros Agrônomos do Triângulo Mineiro e Alto Paranaíba (Agrotap)

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EMPRETEC Maior programa de empreendedorismo do mundo

O Empretec é o maior programa de empreendedorismo do mundo, desenvolvido pela Organização das Nações Unidades (ONU) em 34 países, e realizado no Brasil exclusivamente pelo Sebrae.

Em 2021 o seminário ganhou sua versão rural e aconteceu em Uberlândia em novembro deste ano com subsídio de até 87% para produtores rurais, graças a uma parceria rmada entre o Sebrae Minas o Sistema Faemg e o Sindicato Rural de Uberlândia.

O público-alvo do seminário foi o proprietário rural e/ou seus sucessores, além de empreendedores que pretendem desenvolver um negócio rural bem-sucedido.

No Empretec Rural são ampliadas as capacidades de detectar oportunidades de negócios, estabelecer metas desa adoras, melhorar sua e ciência, aumentar os lucros em situações complexas, satisfazer os clientes, testar modelos de negócios e condições de viabilidade mercadológica, operacional e nanceira.

Para o presidente do Sindicato Rural de Uberlândia, iago Silveira, a iniciativa pode revolucionar os negócios desses produtores rurais. “O Empretec já é reconhecido mundialmente por

transformar a vida de quem participa. Agora, a sua versão rural vem para ensinar o produtor a empreender e identi car novas oportunidades de negócios na própria fazenda, aumentando sua rentabilidade e consequentemente os ganhos da família”, a rmou Silveira.

QUEM CONHECE O EMPRETEC

A produtora rural Marília Teó lo participou da turma do Empretec Rural de São Se-

bastião do Paraíso (MG) em outubro do ano passado. Na opinião dela, “todo sistema rural e agricultor merecem o Empretec. No dia a dia temos muitos desa os e lá aprendemos como enfrentá-los na agricultura e de modo geral. Super recomendo”, a rma.

“Eu, como já z o Empretec, posso assegurar que é uma transformação pessoal e prossional”, comenta o gerente regional do Sistema Faemg no Triângulo Mineiro, Ricardo Tuller. ▣

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CURIOSIDADES AGRONÔMICAS

anos, enquanto um papagaio vive 80, o cava lo 25, a andorinha 12, e uma tartaruga chega a 150 anos de vida.

NA PONTA DO LÁPIS

Um elefante africano vive, em média, 60 anos, um leão 40, o chimpanzé 20, a baleia franca chega a 80 anos de vida e um crocodilo vive 100 anos. Já uma vaca leiteira vive em média 15 anos, dá em média oito crias, e de tão importante que é o alimento pro duzido, a vaca leiteira é também retratada como mãe de leite da humanidade.

Já a fêmea do terrível mosquito Aedes aegypti, popularmente conhecido como mosquito -da-dengue, vive em sua vida adulta 30 a 45 dias. Neste período, ao sugar o sangue de seres humanos, transmite graves e dolorosas doenças, como dengue, febre amarela, zika e a chicungunha. De tão graves que são estas do enças, o controle da população deste inseto é considerado assunto de saúde pública.

O SER MAIS VELHO DO MUNDO

Uma sequoia, a maior árvore do mundo, cujo tronco tem mais de 15 metros de diâmetro, pode vi ver até 4.000 anos. Um jequitibá rosa, também conhecido no Brasil como o patriarca da oresta, pertencente ao bioma da mata atlântica, pode viver até 2.500 anos. Já um grão de soja, do plantio à colheita, tem seu ciclo médio de 110 dias. De tão importante e produtiva, esta cultura tornou -se responsável direta e indireta mente por boa parte da proteína e energia contida nos alimentos consumidos por toda a população mundial, que hoje ultrapassa sete bilhões de seres humanos.

O ser vivo terrestre mais velho do mundo é, provavelmente, um pinheiro “bristlecone”. A árvore cresce no Sudeste das Montanhas Brancas, na Califórnia. A contagem dos anéis da árvore con rma que Matusalém, como foi carinhosamente nomeada, tem 4.845 anos de idade.

A área da superfície do planeta terra é de 510 milhões de km², se multiplicarmos por 100 para passar para hectare, teremos então 51 bilhões de hectares. Se dividirmos pelo número de seres humanos, que é de aproximadamente 7,3 bilhões de habitantes no globo terrestre, teremos uma área de aproximadamente 7,0 hectares, respectivamente, para cada pessoa. Desses sete hectares, cinco, aproximadamen te, são de mar. Então, da crosta terrestre cada ser humano tem aproximadamente 2,0 hec tares, assim divididos: 0,5 hectare são de áre as de geleiras, 0,4 hectare são de áreas de de sertos, 0,4 hectare são de áreas de orestas e apenas 0,7 hectare por pessoa são de terras próprias para a produção de alimentos, sendo parte plana para a agricultura e parte ondulada para pastagens.

Com uma quantidade de área agricultável

Uma galinha vive, em média, 12

Viver muito ou pouco tempo é uma questão relativa. Depende com o que comparamos. “O importante é ter uma vida saudável, feliz e produtiva durante o período que estivermos por aqui”. E você, quantos anos tens?

tão pequena, podemos concluir que só é possível alimentar a população mundial usando tecnologia de ponta, tais como: plantio direto na palha, biotecnologia, defensivos agrícolas modernos, adubos químicos e orgânicos, me lhoramento genético, irrigação e estufas, entre outras importantes práticas agrícolas.

Podemos concluir, também, que a produção de alimentos é estratégica e extremamente importante na vida das pessoas. ▣

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RASTREABILIDADE DE FRUTAS E HORTALIÇAS

Importância na alimentação humana

Temos duas vertentes para o conceito de rastreabilidade. Uma conhecida como “tracking” (um passo à frente, acompanhar), que signi ca encontrar o destino co mercial de um lote até o seu ar mazenamento no local de comercialização e a outra denominada “tracing” (um passo atrás, rastre ar), que procura compreender e conhecer as etapas e os procedi mentos que foram empregados na produção, iniciando pelo lote do produto, até constatar o histórico e a sua origem.

Portanto, a rastreabilidade pode ser considerada um conjunto de critérios e procedimentos que per mite detectar a origem e a movimentação de um produto ao longo da cadeia produtiva mediante elementos informativos e docu mentos registrados.

SEGURANÇA ALIMENTAR

Os direitos mundiais dos consumidores, notadamente o de escolha, de ser informado e de ter segurança no que vai adquirir/con sumir, não foge às regras para o consumo de frutas e hortaliças.

Nesse contexto, associado principalmente à preocupação com o uso adequado e racional de agrotóxicos, o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abaste cimento (MAPA) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitá ria (ANVISA) publicaram a Instrução Normativa Conjunta 02 (INC 02/2018).

Ela estabelece a obrigatorie

dade da adoção de medidas ao longo da cadeia produtiva (nas unidades de produção, processa mento e distribuição) de vegetais frescos - frutas e hortaliças - destinados à alimentação huma na, para ns de, além do monitoramento e con trole de resíduos de agrotóxicos em todo terri tório nacional, promover a segurança alimentar em toda a cadeia produtiva.

EM AÇÃO

Esta instrução normativa conjunta pas sou a vigorar a partir de fevereiro de 2018, porém, foi implementada a partir de 2019 para alguns grupos de frutas e hortaliças, continu ando em 2020 para outros grupos e, nalmente, em 2021, vigência plena para todos vege tais frescos.

Desta forma, é necessário que os produtores de hortaliças e frutas, além de terem que rotular as embalagens para comercialização, também façam e guardem anotações e documentos de compra de insumos, entre outros.

Por meio dessas informações é possí vel identi car os responsáveis pelos produtos, desde o estabelecimento do agricultor que os produziu, passando pelos intermediários, até a venda nal ao consumidor, garantindo a ori gem e a qualidade do produto nal.

Portanto, cada agente da cadeia produti-

va deverá ter um conjunto de informações mínimas obrigatórias para poder identi car por onde passou a produção.

INFORMAÇÕES ÚTEIS

Essas informações obrigatórias do ente anterior e posterior na cadeia produtiva, a se rem registradas e arquivadas, são a respeito do produto vegetal, do fornecedor e do compra dor, como: Nome do produto, Cultivar; Quantidade; Identi cação do lote; Data; Nome do Fornecedor; do Comprador, ou Razão Social, CPF ou CNPJ, Endereço completo ou Co ordenadas geográ cas, quando localizado em zona rural.

Vale ressaltar que no Art. 8º da INC 02/2018 esclarece que “o produtor primário e as unidades de consolidação deverão manter os registros dos insumos agrícolas, relativos à etapa da cadeia produtiva, sob sua responsabi lidade, utilizados no processo de produção e de tratamento tossanitário dos produtos ve getais frescos, data de sua utilização, recomendação técnica ou receituário agronômico emitido por pro ssional competente (habilitado) e a identi cação do lote ou lote consolidado correspondente”.

Em resumo, os documentos (registros) a serem mantidos e arquivados por 18 meses

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pelo agricultor são: Receituário agronô mico; Nota scal de compra de insumos; Nota scal de venda de produtos ou similar, como ex. romaneio de comercialização de frutas e hortaliças nas CEASA’s e Caderno de campo (modelo disponível para o produtor na Emater-MG).

Já na rotulagem, as informações obrigatórias, que deverão estar contidas em qualquer modelo de rótulo, são:

- Nome do produtor, com CPF ou CNPJ;

- Identificação da origem: nome da propriedade e endereço (município, estado, localização geográ ca);

- Nome do produto: variedade/culti var, ex: tomate longa vida e classi cação;

- Peso líquido (descontado o peso da embalagem, somente o peso do produto);

- Identi cação do lote – número do lote colhido no dia e data da colheita.

PENALIDADES

Ressalta-se que existem sanções para aqueles da cadeia produtiva que não se guirem o que está na instrução normativa, e as penalidades vão desde advertência, multa e até cancelamento do exercício da atividade, além de maiores implicações na

reincidência.

Como sugestões para o agricultor co meçar a implantar esse sistema de rastre abilidade, ele deve aprimorar as boas práticas agrícolas (conservação de solo, uso adequado e racional de defensivos agrí colas, adubação adequada, entre outras); identi car adequadamente o lote duran te a colheita, ou seja, cada parcela retira da de frutas ou hortaliças deverá gerar um número de lote para identi car de qual canteiro, quadra ou talhão veio o produ to; manter um caderno de campo com as anotações sobre todas as operações agrícolas executadas na cultura, notadamente as adubações e pulverizações.

Além disso, a comercialização deverá ser feita com nota scal ou outro documento scal legal e, por último, fazer a rotulagem, que é obrigatória nas embalagens (etiquetas, código de barra, QR code ou qualquer outro sistema de informação que identi que a ori gem e destino dos produtos).

DESAFIOS

Infelizmente, poucos produtores ade riram ao processo. Portanto, há necessidade de melhores de nições das estratégias para o avanço da rastreabilidade de fru

tas e hortaliças, de acordo com a Normativa Conjunta 02/2018 do Ministério da Agricultura (MAPA) e Anvisa.

Mais informações poderão ser obtidas nos escritórios locais da Emater-MG, no MAPA e em outras instituições do segmento de agronegócio.

BENEFÍCIOS DA RASTREABILIDADE

O trabalho com a ras treabilidade também pode trazer benefícios, como:

Melhorar a assistência técnica e gestão do empre endimento;

Reduzir as perdas e desperdícios de alimentos para consumo ao natural;

Oferecer transparência da informação;

Melhorar a seguran ça do consumidor (produto apto a ser consumido);

Identidade única do produto (padrão, qualidade, origem);

Ganho na e ciência nos processos das fases produtivas e de distribuição dos vegetais frescos;

Segurança jurídica, delidade dos clientes e acessos a novos clientes. ▣

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José Roberto Silva Engenheiro agrônomo especializado em Fruticultura Comercial e coordenador téc nico regional da Emater-MG jroberto@emater.mg.gov.br Shutterstock

VOCÊ SABE O QUE É MICORRIZA?

A micorriza é de nida como uma relação mutuamente bené ca entre fungos e raízes de plan tas. Estes fungos especializados podem colonizar as raízes e crescer a partir delas, inoculando-as e formando uma ponte biológica entre a raiz e o solo.

As raízes micorrizadas esten dem o sistema radicular no solo e proporcionam melhor acesso da planta à água e a nutrientes. Além disso, os fungos micorrízi cos transformam nutrientes in disponíveis no solo, dando maior acesso a estes nutrientes.

Também já foi demonstrado que os fungos micorrízicos me lhoram a estrutura do solo, au mentando sua porosidade: eles produzem glomalina, um com posto que promove o agregamento de particulados do solo, e isso, por conseguinte, aumenta a po rosidade do terreno.

ROOTELLA

O carro-chefe da empresa No vatero BioAg é o Rootella BR Ul tra, seguido do Rootella BR, pri meiros inoculantes à base de FMA (Fungo Micorrízico Ar buscular), registrados junto ao Mi nistério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que servem para aumentar a produ tividade de algumas culturas im portantes de forma natural.

Pelo FMA, a raiz da planta acessa mais água no solo, transportando nutrientes – como nitro gênio orgânico, fósforo, potássio, cálcio, enxofre e ferro – além de oligoelementos essenciais, a exem plo do cobre, cobalto, zinco, mo libdênio, manganês e boro.

Na sequência, é feita a troca

de açúcares, aminoácidos e de outras substâncias orgânicas necessárias ao desenvolvimento destes fungos.

Através dessa ‘parceria’ com a planta, o crescimento das raízes é estimulado, solubili zando nutrientes e emitindo micro lamentos, que vão mais longe que a própria raiz da planta, levando nutrientes e água de regiões que a planta não alcançaria sozinha.

O Glomus intraradices (também conheci do como Rhizophagus irregulares) é o princípio ativo do Rootella BR.

COMO AS MICORRIZAS ATUAM NO SOLO

A aplicação deste inoculante nas plantas apresenta dois principais resultados positivos:

A semente inoculada desenvolve uma planta com raízes maiores e mais fortes, sendo capaz de assimilar mais dos micronutrientes presentes no solo, em comparação com uma planta não inoculada e que não conseguiria ser acessada por suas raízes;

As plantas melhores e bem nutridas são nitidamente mais resistentes a estresses climáti cos e hídricos.

Para o solo, os principais benefícios são os seguintes:

A inoculação de micorrizas nas sementes, que se desenvolvem em plantas – e mais tarde, as micorrizas presentes nas raízes – melhora a estrutura e o agregamento do solo;

As micorrizas orientam as plantas para uma estrutura comunitária e produtividade maiores, sendo uma alternativa viável e complementar à adubação puramente química.

Há retenção de carbono no solo.

MANEJO

Ele pode ser aplicado no tratamento de se mentes (Rootella BR, 120 g por hectare) ou di retamente no sulco (Rootella BR Ultra, 15 g por hectare). Devem ser usados na semeadura.

O registro contempla o uso do Rootella BR e do Rootella BR Ultra para as culturas de soja, milho, arroz, feijão, aveia, trigo e centeio.

EM CAMPO

Foram vários os resultados positivos observados nas diversas regiões brasileiras, em va

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lidações de soja e milho feitas pela NovaTe ro. Todos eles foram expressivos e registraram dois dígitos de ganho em produtividade em solos de riqueza nutricional variada, em pro priedades mais rudimentares e em outras mais tecnológicas.

No cultivo de soja, o aumento médio foi de 31%, com limite inferior em 14% e limite su perior em 48%. Já em relação ao milho, a alta média da produtividade foi de 54,5%, com li mite inferior em 17% e superior em 92%, le vando em conta as diferentes condições edafo climáticas, conforme nossas validações.

Estes resultados podem variar de acordo com outros fatores, sendo um pouco mais ou um pouco menos.

CUSTO

Rootella BR e Rootella BR Ultra são ven didos ao produtor rural entre R$ 180,00 e R$ 250,00 por hectare, dependendo da região do País onde ele está localizado.

O produto se paga já na primeira aplica ção. Quando lançamos o Rootella BR, o pre ço da saca de soja estava em aproximadamente

R$ 65,00. Logo, o produtor calculava que pre cisaria conseguir pelo menos 3,0 sacas a mais para empatar o investimento, já que o produto se vendia a R$ 180,00.

Hoje, com a saca oscilando entre R$ 175,00 e R$ 190,00, o produtor tem o custo de uma saca por hectare. Em contraste com o núme ro de sacas que ele consegue a mais ao aplicar o Rootella BR ultra ou o Rootella BR, o cus to-benefício é excelente. Temos alguns exem plos de resultados no site https://www.roo tellabr.com.br

NUTRIÇÃO EM FOCO

Nossos clientes têm relatado diminuição de uso de fertilizan tes fosfatados na lavoura. A maio ria usa o produto e reduz em 50% o uso de fósforo. Alguns, que já usam o Rootella há mais de duas safras, passaram a aplicar nosso FMA com 100% de redução do fósforo – mas, esses produtores conhecem muito bem seus solos e biomas.

Em geral, o uso do Rootella BR Ultra (em sulco) e do Rootella BR (em tratamento de sementes) dimi nui o uso de fósforo na lavoura. Há produtores que colocam o Rootella com rizóbio na soja e com Azospi rillum no milho, e conseguem re dução na aplicação de nitrogênio também. ▣

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Bernardo Arnaud Fundador e atual presidente do Conselho Administrativo da Novatero BioAg Fotos: Novatero Comparativo com e sem uso de Rootella

O USO DE AERONAVES REMOTAMENTE PILOTADAS ARP na Agricultura

A utilização de aeronaves re motamente pilotadas, conhecidas também como drones/Vant’s, cres ceu exponencialmente na última década.

A diversidade de aplicações urbanas e rurais, além da pratici dade em sua utilização, podem ex plicar o forte crescimento do setor.

A atividade agrícola, depen dendo de sua localização, está cada vez mais automatizada, as sociando e ciência com lucrati vidade.

A disponibilidade de dife rentes sensores aumenta sua ver satilidade, gerando informações de altíssima resolução espacial e em diferentes bandas do espec tro, o que permite aos pro ssio nais habilitados em sua utilização e interpretação das imagens geradas uma possibilidade enorme de análises, que em linhas gerais melhoram o gerenciamento e planejamento das atividades da pro priedade.

A imagem espectral reproduz a gura de um objeto em função do comprimento de onda re etido (ou emitido). A diferença entre imagens multiespectral e hi perespectral é a mais variada, mas em linhas gerais está associada ao número de bandas espectrais.

Isto signi ca que o pro ssional terá à sua disposição um nú mero maior de imagens, podendo

trabalhar desde questões que envolvem solo, planta e água, por exemplo.

Tipos de uso:

Pulverização; Mapeamento; Geração de índices como NDVI; Geração de mapas temáticos e ortofoto mosaico (Figura 1); Monitoramento de crescimento, pragas, falhas, dentre outros; Contagem de animais e plantas; Excelente relação custo/benefício; Facilidade para acessar toda a propriedade; Cobertura de grandes áreas, dependendo do tipo de equipamento.

Os usos anteriormente discriminados são apenas alguns dos muitos que as imagens ge radas por ARP podem disponibilizar aos pro ssionais e, claro, ao produtor rural. Vale destacar que qualquer tecnologia de-

pende de pro ssionais capacitados, bem trei nados e aptos não apenas em sua operação, mas também em todas as fases necessárias à obtenção dos produtos necessários ao proces so de gerenciamento e planejamento da pro priedade.

A utilização de softwares especí cos, bem como outros equipamentos, como por exem-

da vereda localizada

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Figura 1. Ortomosaico de parte na Reserva Ecológica do Panga - UFU

plo: Real Time Kinematic – RTK são necessários. Por isso, o investimento e a relação custo/ benefício devem ser avaliados com muito cuidado.

BENEFÍCIOS

O uso adequado desta tecnologia disponibilizada para o produtor rural entrega dados de forma direta e precisa. De posse deste material, os diferentes pro ssionais podem gerar análi ses que contribuem para o aumento da produ tividade, bem como agilizam o gerenciamento da propriedade.

Importante a escolha do equipamento que irá atender as necessidades do produtor. Atualmente, no mercado, encontra-se uma in nidade de opções, tanto de asa xa quanto de multirrotores.

As informações produzidas podem ser integradas a outros dados/informações utilizadas no processo de gerenciamento e planejamento.

TIPOS DE ARP

Dependendo do uso, o consumidor pode optar por uma in nidade de opções de aero naves, tanto de asa xa quanto de multirro tor. Alguns cuidados devem ser observados: tamanho da área a ser imageada; sua desti nação (monitoramento, pulverização, mapea mento, dentre outros); certi cação; tipo de câmera; dentre outros.

Acima estão dois modelos disponíveis no mercado, dentre as diversas marcas.

Obs.: Existem inúmeras opções de ARP’s no mercado. Acima estão dois exemplos. Procure estudar as características técnicas e operacionais antes de adquirir seu modelo, veri cando sempre se ele irá atender suas necessidades.

Cuidados importantes:

Observar as normas para uso do espaço aéreo brasileiro (órgãos reguladores); Solicitar autorização para todos os voos; O piloto deve ser credenciado e registrado no órgão regulador;

Não voar em áreas de segurança, próximos

a aeroportos, heliportos e aeró dromos (alguns ARP já vêm com bloqueadores);

Não sobrevoar pessoas sem autorização;

Voar no teto operacional de nido pela legislação ou utilizar o bom senso quando estiver voando em propriedade rural (sempre observar o princípio da precaução);

Planejar o voo;

Não deixar menores de 18 anos operarem o equipamento.

Observando as normas vi gentes, os limites e potenciais do equipamento, operador quali cado, registros e planejamento re alizado, execute o voo, processe as imagens e analise os resultados obtidos. ▣

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André Luiz Lopes de Faria Liovando Marciano da Costa Diogo Antonio da Silva Lucas Righetti Arnaut MULTIROTOR Agras T30 da DJI ASA FIXA BATMAP

POR QUE USAR DRONES NA AGRICULTURA

Tecnologia a serviço do agro brasileiro

A incorporação, a partir da dé cada de 70, dos chamados Latos solos, percentualmente de maior extensão em área do bioma Cer rado e também o mais procura do para a agricultura empresarial, proporcionou que o Brasil pas sasse de importador de alimen tos para grande exportador, con tribuindo de forma signi cativa para redução da fome e dos custos monetários dos alimentos pelo mundo.

Por serem solos ácidos e po bres em nutrientes essenciais às plantas comerciais e de maior produtividade, estes solos foram submetidos inicialmente a uma mecanização intensiva pelo sis tema convencional, que promo veu grande degradação da sua boa agregação/estrutura.

Estes atributos físicos garan tiam nos primeiros anos de uso, qualidade ambiental em retenção de água e trocas gasosas muito satisfatórias às plantas que, junta mente com os adubos aplicados, resultou em garantia de boa produtividade.

Com a consolidação do sistema de plantio direto no Cerrado e de outras técnicas conservacio nistas de manejo, esta rápida degradação em curso foi diminuída, mas não totalmente eliminada.

TECNOLOGIAS

A grande expectativa e aposta atual é que a intensi cação do uso dos drones ou Vant’s vem não só para contribuir com maior e melhor controle das variáveis que interferem na produtividade das cul turas e conservação dos recursos naturais, mas também reduzir ou

Shutterstock

até mesmo substituir parte do tráfego de má quinas e implementos sobre a superfície do solo, de modo a proporcionar preservação ou mesmo melhoria da sua qualidade ambiental em termos de equilíbrio do seu sistema de retenção e trocas gasosas.

Dado o custo relativamente pequeno, facilidade, aplicabilidade e alternativas de uso na agropecuária, os drones ou Vant’s devem experimentar uma intensi cação maciça no seu uso. A procura dos empresários e produtores rurais por drones tem aumentado bastante nos últimos anos em substituição às tecnologias que são utilizadas de forma tradicional, como por exemplo, o uso de satélites para sensoriamento remoto.

AGRICULTURA DE PRECISÃO

A necessidade de acompanhar o desenvolvimento e a saúde da plantação é o principal

motivo que leva os produtores a se informarem sobre o uso de drones na agricultura de precisão. Pelo meio de sensores infravermelhos es tas pequenas aeronaves conseguem monitorar cada uma das plantas de um extenso e inten so campo.

As imagens produzidas pelos drones, por voarem mais próximos ao chão, possibilitam altíssima qualidade a um custo muito mais acessível que fotos oriundas de aviões tripulados ou de satélites.

O uso de drones reduz bastante o custo operacional, possibilita a gestão de dados e informações da plantação, garantindo rápidas intervenções e decisões certeiras. Tudo isso ga rante um retorno rápido do valor investido nessa tecnologia.

VANTAGENS

Entres as várias utilidades no meio rural, po

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de-se destacar a scalização e mapeamento dos recursos ambiental e orestal, auxiliando no controle e monitoramento de uso dos recursos naturais vedados pela legislação, da derrubada ilegal de orestas, identi cação e contagens de árvores, entre diversas outras aplicações.

Gerenciar o sistema de irrigação de uma plantação para ter máxima e ciência e evitar desperdícios, bem como a erosão pela irriga ção. Esta é uma tarefa árdua que os produtores enfrentam, principalmente em plantações extensas.

Quando as plantas atingem certa altura ou porte, as inspeções nos bocais de irrigação e mangueiras de distribuição tornam-se mais difíceis. Pelo uso de drones, consegue-se ter acesso ao sistema de irrigação, detectar eventuais falhas e agir na causa do problema.

Ainda, promove o monitoramento, con tagem de plantas, entre outros, em um tempo muito menor, e com isso identi car e corrigir falhas de germinação e replantio das áreas ne cessitadas, observadas no monitoramento aé reo, proporcionando bom estande das plantas e da produção.

Com o uso das imagens como base, apli cando os algoritmos modernos, os drones possibilitam o conhecimento da quantidade de plantas existentes, detecção de áreas de menor densidade e a otimização do replantio.

FITOSSANIDADE

Por meio dos mapeamentos com o tipo de câmara mais apropriado a cada situação, é possível detectar com exatidão as pragas e doen ças.

As imagens permitem que os produtores diferenciem as plantas saudáveis, as infectadas

e como está sendo a proliferação da praga, de forma e caz.

Os drones ou Vant’s também podem ser utilizados para a aplicação de produtos químicos para a solução de problemas da plantação. Com técnicas modernas, estas pequenas aeronaves permitem a identi cação rápida das pragas e doenças, possibilitando reduzir o uso de pesticidas, o desperdício e, principalmente, o impacto negativo ao meio ambiente.

Os drones são capazes de realizar voos rasantes e em diferentes velocidades. Isso, somado ao seu pequeno porte, possibilita a pulverização de produtos químicos em locais exatos, aumentando a efetividade e reduzindo a contaminação do solo e os gastos com pesticidas.

A identi cação rápida de doenças e pragas permite que os agricultores tomem ações e cazes, reduzindo as perdas e garantindo elevada produtividade.

EFICÁCIA

Concluindo, pode-se a rmar que as tare fas de coleta manual de dados de solo e plan tas de forma aleatória por alguns funcionários para posterior estudo ou desenvolvimento de planilhas e grá cos podem ser substituídas por monitoramento aéreo de baixo custo.

Os drones coletam as informações de toda a área e de plantas, permitindo acompanha mento em determinadas regiões ou espécies/ culturas especí cas.

No caso da agropecuária, o uso do drone ou Vant torna-se muito interessante para contar o gado, identi car nascimentos de bezerros, existência de animal doente ou morto, ou mesmo preso em buracos/voçorocas.

Com relação às pastagens, é possível sa

ber quais são os pastos que devem ser reformados e quais estão bons para uso. Se precisar de uma análise detalhada, é possível escolher pon tos estratégicos da fazenda para co leta de solo, que será enviada para laboratórios.

Outra função importante do drone é monitorar as nascentes, córregos, rios e as matas ciliares, evitando uso predatório, como por exemplo, a pesca ou a caça proibi da. Além do anteriormente comen tado, os drones ou Vant’s se prestam com enorme louvor para identi car focos de incêndios, o melhor local para abertura de uma estrada ou construção de uma represa.

Serve, também, para scalizar a entrada indesejável de estranhos na propriedade, como ladrões e caçadores. Uma atividade com drone na agricultura em franca expansão é a substituição da pulverização tradicional com trato res ou com autopropelido, que em solo muito molhado ou fofo ca atolado, além do amassamento da cultura, com perdas que podem chegar a até 5% por hectare.

A substituição pelo drone na pulverização, além de não com pactar o solo, elimina 100% dos fatores que afetam o crescimento radicular e da planta, como: aeração, retenção de água, resistência à penetração de raízes, podendo, inclusive, aumentar a suscetibili dade do solo à erosão. Também consegue efetivar a pulverização bem localizada na parte afetada e em locais inclinados ou erodidos, onde as máquinas não conseguem chegar. ▣

Elias Nascentes Borges Doutor em Solos e Nutrição de Plantas e professor – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Marcelo Alves da Rocha Dias Engenheiro agrônomo - UFU

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Fábio Severino Azevedo Geomensor e engenheiro agrônomo
Fig. 1- Drone Fanton 4 equipado com Câmara, sensores e base topográfica RTK, adquirido com o chamamento 01/22 do Crea MG pela Agrotap para treinamentos e atualizações dos profissionais.

SE A CIÊNCIA PARAR, O AGRO PARA?

Como poderíamos, há poucas décadas, imaginar que solos de baixa fertilidade natural, baixa ca pacidade de trocar cátions, eleva da acidez, associados a um clima cujo período de chuvas se concen tra em alguns meses do ano, com poriam áreas que promovem pro dutividades de destaque mundial?

Como seria possível, na déca da de 1980, imaginar que o Brasil seria um dos principais produto res de grãos, frutas, verduras, ma deira, carne, energia e fibras, ten do no eixo agrícola seu braço forte como vemos hoje?

Sim, o Brasil é um forte player no mercado agrícola mundial, fun damental para a produção de ali mentos em nível global. Uma ces ta básica passou a valer muito menos nos anos 2000 do que va lia há 30 anos.

Em meio às crises econômi cas e energéticas globais, restri ções de oferta de insumos e pro dutos devido à pandemia e guerra, e fragilidades internas, como défi cit logístico, moeda frágil, inflação, etc., a agricultura foi responsá vel por manter o País ativo, segu rar o PIB (27% do PIB-Brasil em 2021) e nos fez respeitados mun dialmente.

QUEM É O AGRO

A pergunta inicial, entretanto, é fundamental para nos posicio narmos para os próximos anosse a Ciência parar, o Agro para? A resposta pode ser curta e certeira – sim, o Agro para.

Tudo o que temos no setor agrícola atualmente, toda força e vitalidade, existe graças ao traba lho, muitas vezes solitário e silen

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cioso, de cientistas e suas equipes.

Vale reconhecer que a maior parte de tudo o que é desenvolvido, é mantido pelo setor pú blico, uma vez que as principais tecnologias nas cem com estudos realizados por instituições pú blicas, como as universidades e a Embrapa.

Mas, este setor é volátil, e em curto pra zo, investir em ciência e tecnologia não se re verte em votos! Assim, em cada crise que a na ção atravessa, este é o primeiro setor que recebe cortes de verbas. Sem investimento não existe pesquisa, o que implicará em estagnação tec nológica e de inovação no curto prazo.

RECURSOS

Apesar da sociedade muitas vezes não per ceber, para cada ideia de pesquisa, muitos re

cursos são necessários. Desde a manutenção de laboratórios e campos experimentais, como recursos para pesquisadores que iniciam suas carreiras em cursos de mestrado e doutorado.

Destaca-se o fato de que os programas de pós-graduação no Brasil são bastante recentes, com aproximadamente seis décadas, e já con tribuíram enormemente com a ciência em to das as áreas.

Grande parte da produção científica brasi leira e mundial passa pelas mãos dos estudan tes de pós-graduação e seus orientadores/equi pes. Os novos pesquisadores dedicam anos de sua carreira a trabalhos que exigem primoro sa qualificação, ganhando, muitas vezes, bolsas que estão bem abaixo do valor de mercado.

Para que a ciência possa contar sempre com a capacidade e força de novos profissionais e os

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avanços cientí cos e tecnológicos mantenham pelo menos o mesmo nível de desenvolvimen to, é preciso que a sociedade reconheça e valorize as instituições que abrigam os cursos de pós-graduação e respondem pela formação intelectual e continuidade do ensino e pesqui sa no País e no mundo.

Porém, nem tudo precisa ser mantido so mente pelo Estado, mas é essencial seu empenho para o desenvolvimento cientí co de um País, especialmente para pesquisa básica ou intermediária, que geram produtos comerciais de médio-longo prazos.

NOVAS POSSIBILIDADES

No mundo desenvolvido, a título de exemplo, nos EUA e na Europa, universidades e ou-

tras instituições de pesquisa têm investimen to massivo em pesquisa com recursos públicos, entre 60 e 77% (Caires, 2019).

Há a possibilidade de que os recursos ve nham também da iniciativa privada, como ocorre de forma vigorosa em países desenvolvidos e fortes, como os Estados Unidos, o que pode se aproximar de 50% dos recursos destinados à pesquisa e desenvolvimento tecnológico.

Nas instituições de ensino e pesquisa de países assim, não é incomum placas que homenageiam pessoas que doaram e/ou doam regularmente recursos para o desenvolvimento das instituições públicas em suas diferentes ativi dades, incluindo a pesquisa.

No Brasil, entretanto, o nanciamento público à pesquisa tem sido pequeno e regressivo,

e muito pequeno pelo setor privado. Em 2019 o Brasil investiu cerca de R$ 89,5 bilhões em P&D, o que representou naquele ano 1,2% do PIB-Brasil.

Países em desenvolvimento, como a China, e os desenvolvidos, em geral, têm investido a partir de 2,2% do seu PIB em P&D. Alguns casos, como Israel, podem se aproximar de 5%.

ONDE ESTÁ O PROBLEMA?

As questões brasileiras pare cem estruturais. Em geral, não se discute com a população aspectos importantes e estratégicos para

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o desenvolvimento do País em suas diferentes vertentes, incluindo o desenvolvimento cien tí co e tecnológico, talvez como uma métrica objetiva do grau de investimento em educação de uma nação.

De fato, uma população “mal-educada” conseguiria perceber essas importâncias com nitidez su ciente para colaborar construtiva mente no debate de questões de tamanha importância?

O recorte histórico em que estamos inse ridos pode nos levar a pensar que jamais se remos ultrapassados na produção agrícola por outra nação. A nal, quem tem água e clima para plantar e colher como o Brasil?

Mas, não nos esqueçamos, boa parte do que é produzido, para não dizer tudo o que é produzido, precisa de fornecimento de nutrien tes minerais (fertilizantes que são majoritariamente importados, cerca de 80%), tecnologias como pivôs de irrigação, satélites, tratores, pulverizadores, manejo e melhoramento genético.

Estas tecnologias não nascem espontane amente do chão. É preciso muita pesquisa e investimentos. Então, por que produtores ru rais e empresas nacionais não investem efeti vamente na educação e pesquisa, assim como investimos, muitas vezes, em jogadores de futebol, mercado nanceiro e tantas outras coisas que não são assim, tão fundamentais para o fortalecimento do País como uma nação soberana e desenvolvida que almejamos ser?

POR ONDE PASSA A SOLUÇÃO

Como fazer o setor público em suas dife rentes esferas entender e passar a investir mais em educação, como motor primário para o desenvolvimento cientí co-tecnológico do País, se seus resultados transcendem quatro anos?

Por que, ainda hoje, toleramos explorar, de forma ainda insustentável ou ilegal, terras como a região Amazônica, de grande riqueza natural, étnica, botânica e mineral?

A sociedade deveria discutir com atenção estas pautas e reconhecer as instituições pú blicas como um tesouro que merece ser cuida do, melhorado e apreciado por todos.

Foi em uma instituição pública brasileira que, na década de 80, uma pesquisadora cha mada Johanna Döbereiner isolou um micror ganismo que possibilitou ao País produzir a soja mais barata do mundo.

Os inoculantes produzidos a partir das des cobertas da pesquisadora são produtos de baixo custo e contribuem para uma agricultura de baixo carbono, além de possibilitar a produ ção sem o uso de caríssimos fertilizantes nitrogenados. Também foi graças à pesquisa que a planta de soja foi melhorada para produzir em regiões tropicais.

ASSUNTO SÉRIO

Seríamos o que somos, caso não existis

se a ciência? Certamente não. Há muito o que melhorar e a ciência brasileira não pode parar, pelo contrário, deveria estar sendo fartamente incentivada e nanciada por instituições públicas e privadas, com isso, possibilitando a diminuição da dependência externa por fertilizantes, defen sivos, equipamentos e deixan do grande legado intelectual que sustente o desenvolvimento para o longo prazo.

Os investimentos podem ser feitos pela iniciativa privada di retamente em laboratórios, bolsas de estudo para pesquisadores em início de carreira e equipamentos, estimulando assim a manutenção de cérebros no País, e reconhe cendo, desta forma, o seu valor.

E possível mudar este quadro, o que não é uma utopia se, como civis, encontrarmos uma forma de retornar para a pesquisa, com investimentos de longo prazo, aquilo que colhemos graças a ela.

Quando a sociedade olhar para os pesquisadores com o res peito, reconhecimento e pensar em dar as mãos a eles, teremos atingido aquilo que realmen te importa – um plano de nação que ultrapassa os limites das ur nas eleitorais que se abrem a cada quatro anos.

Seremos imbatíveis mundial mente, não somente na agricul tura, mas em todos os setores que somente a educação de qualida de pode fazer orescer. Os cien tistas são os pilares que sustentam o mundo moderno. Mas, quem se importa com eles? ▣

Araína Hulmann Batista

Wedisson Oliveira Santos

Doutores e professores - Universidade Fe deral de Uberlândia (UFU)

Liovando Marciano da Costa

Doutor e professor - Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Foto Caio Coutinho

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PLANTIO DIRETO NO BIOMA DO CERRADO

A contribuição do ICIAG/UFU

Arquivo

O Cerrado brasileiro, com extensão de 2.045.000 km 2, é o se gundo maior bioma da América do Sul e o segundo maior bioma do Brasil, compreendendo cerca de 22% do território nacional.

Dadas as boas condições cli máticas, tanto em relação à ofer ta de água e temperatura quanto seu relevo, que favorece a in ltração de água, é constituído em sua maioria por solos pobres e ácidos, mas profundos.

Possui uma formação vegetal e animal de grande biodiversida de que oportuniza sustentabilidade, porém, requer necessidades de

conhecimentos técnicos e cientí cos especí cos para seu uso sustentável e viável.

É densamente povoado por médios e grandes cursos d’água e veredas, não obstante a sazonalidade das chuvas, que ocorrem de outu bro a março.

Todas essas condições fazem com que a pro dução agropecuária só seja possível com a apli cação de muitos insumos e outras tecnologias, exigindo dos pro ssionais gerenciamento com plexo e um perfeito conhecimento técnico e cientí co de dezenas de variáveis.

EQUILÍBRIO

Entre as variáveis de elevada complexida de, pode-se destacar a necessidade de adequa

ção química e físico-química do solo para oferta de nutrientes e água, que interferem direta e rapidamente com suas excelentes qualidades físicas iniciais de agregação e estrutura do solo.

Estas, nos primeiros anos da utilização intensiva do solo, proporcionam um fantástico equilíbrio edá co entre macro e micro poros que favorecem as trocas gasosas e a retenção de água, mas, com o passar dos anos de uso, vão se dete riorando pela destruição da agregação e aumen to dos coloides dispersos em água, que movimen tam e se depositam na interface entre as camadas edá cas e as não edá cas, produzindo a camada subsuper cial adensada/compactada.

Neste bioma de condições climáticas favoráveis à proliferação da vida, outra variável que necessita de muito conhecimento técnico é o

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controle das pragas e doenças que atacam as culturas. O descuido de apenas uma delas pode resultar no insucesso do empreendimento que, via de regra, é de elevado custo de implantação e condução.

Na economia globalizada e com o protecionismo governamental para a agricultura dado por outros países e que, via de regra, necessitam de menores investimentos e adequa ções, especialmente dos países mais tempera dos e ricos, impõe-se um desa o ainda maior aos nossos pesquisadores, produtores e insti tuições de pesquisa. Erros ou equívocos não podem existir e, se ocorrerem, é quase certa a exclusão do mercado.

CARACTERÍSTICAS ÚNICAS

O ambiente do Cerrado é caracterizado por possuir solos muito intemperizados, profundos, ácidos e pobres em nutrientes. Não há duas pro priedades agrícolas iguais e, assim sendo, não existem receitas únicas a serem aplicadas a cada propriedade desse ecossistema.

Cabe ao pro ssional, que deve ser portador

de grande capacidade de percepção técnica, à luz dos conhecimentos disponíveis, produzir as recomendações para cada propriedade onde os aspectos de oferta ambiental, recursos humanos e nanceiros, capacidade gerencial, dentre outros, sejam considerados.

Em ciência, especialmente na área em que se lida com a produção biológica, em geral, fala-se muito em probabilidades estatísticas, sendo comum trabalhar com uma probabilidade de até 5% de chance de que o sucesso do evento não aconteça conforme o previsto.

Quando se prevê determinado comporta mento de uma espécie vegetal de uma lavou ra, reagindo a um estímulo como a correção da acidez do solo e a adubação, está se falan do, em termos e com certa generalização, o que pode afetar esta probabilidade de sucesso, pois a aplicação destas é uma dentre dezenas de outras variáveis a ela ligada.

Por exemplo, a qualidade física do solo, para disponibilização de água e trocas gaso sas com a atmosfera, afeta diretamente a dis ponibilidade dos nutrientes para absorção pela planta, mesmo que a adubação tenha sido apli-

cada na qualidade e quantidade considerada ótima para a cultura.

Há, portanto, a probabilida de de até mais de 5% de disper são de ocorrências em torno dessa média, mesmo ela sendo considerada ótima e necessária, que pode levar o produtor ao insucesso na atividade.

CONHECIMENTO CIENTÍFICO

As interações do conheci mento científico com a vivên cia ou experiência local podem e devem ser consideradas, ajustando, se for o caso, a média às situações locais. Na importação ou na extrapolação de informações vi venciadas com sucesso em outras condições de solo, clima e pragas, por exemplo, é importante conhecer os fundamentos que dão su porte para de nir a possibilidade de seu uso irrestrito ou da necessidade de adaptações caso a caso, exigindo do pro ssional da área boa formação técnica e constante atualizações da pro ssão.

Com relação a esta premissa, cabe aqui descrever ou enfatizar como o plantio direto tornou-se realidade no ambiente do Cerrado. Na década de 80/90, a região sul do Brasil já tinha consolidado o sistema de manejo plantio di reto como prática edá ca e con servacionista para seus solos que experimentavam intenso proces so erosivo devido ao sistema convencional de manejo.

Na região sul, dadas as condições climáticas e de solo mais férteis, as vantagens do uso de cobertura do solo no inverno e/ou para a obtenção de uma segunda safra com interesse econômico, o uso das leguminosas, com capacidade de xar o nitrogênio atmosférico, como cultura de inverno, eram as mais solicitadas e de recomenda ção geral, tanto na pesquisa quanto pelos produtores.

As diversas tentativas de se

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Caio Coutinho
Elias Nascentes Borges, professor da UFU

consagrado para a região sul do Brasil, utili zando as leguminosas como cultura de entres safra, constituiu em fracasso e descrença para vários produtores adeptos ao plantio direto.

Isto porque eles não conseguiam formar um bom crescimento de plantas para produção econômica ou de cobertura do solo com as tra dicionais leguminosas, utilizadas com suces so na região sul, embora as temperaturas e ou tras variáveis aqui fossem satisfatórias.

A oferta de água, fortemente retida nos po ros mais finos do solo, e o desenvolvimento das raízes pivotantes das leguminosas, ficavam res tritas à profundidade de correção e adequação química, não garantindo adequada produção de massa verde.

Aliado a esta baixa produção de massa ver de pelas leguminosas, deve-se acrescentar que a adição de restos de cultura (palhada), ou mes mo a dessecação da planta para formar a cober tura de proteção contra a erosão sobre a super fície do solo, tida como exigência básica para caracterizar o plantio direto, não garantia ade quada cobertura do solo até a época do próxi mo plantio, ou a cultura de verão.

As condições de baixa relação C/N da le guminosa, bom acúmulo de nutrientes, essen ciais nas plantas de leguminosas aliadas ao cli

ma quente, boa umidade relativa do ar e as vezes do solo, levavam a uma rápida decompo sição total, ou seja, até à completa decomposi ção da M.O. em CO2 dos restos culturais, bem antes da melhor data para implantação da pró xima cultura de verão.

O QUE FAZER?

Estas constatações levaram a uma decep ção e atraso na adoção intensiva do sistema plantio direto no ambiente do Cerrado. Mudanças na concepção do plantio direto no Cerrado começaram a evoluir quando uma estudante de I.C., Dionara Borges Andreani, juntamente com seu orientador, doutor e pro fessor Waldo Lara Cabeza e outros colabora dores do ICIAG/UFU Uberlândia produzi ram um trabalho pioneiro.

Eles utilizaram diversas gramíneas, entre elas o sorgo e o milheto, comparando as tradi cionais leguminosas de inverno para cobertura do solo, que inclusive renderam o prêmio Jo vem Cientista de 1996, entregue pessoalmente pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Os pesquisadores do ICIAG/UFU cons tataram que, além da maior produtividade de massa aérea e total, os restos culturais deixa

PUBLICAÇÕES

Após a realização deste trabalho e sua ampla divulgação, inclusive na Revista Plantio Direto - Edição especial cultu ra da soja – julho/agosto de 1996, pg 47...., outras pesquisas, trabalhos e experiências bem-sucedidas de produtores, com uso de gramíneas de entressafra para o ambiente do Cerrado,

dos pelas gramíneas promoviam densa e farta cobertura, protegen do o solo até mesmo depois da completa implantação da cultura de verão ou comercial, compara tivamente às leguminosas.

Outra constatação importan te que pode ser observada a partir da pesquisa é que a relação C/N mais elevada das gramíneas ga rantiu decomposição parcial, com maior preservação do material or gânico no solo na forma de ácidos húmicos e enorme contribuição para CTC e agregação do solo.

Elias Nascentes Borges

Doutor e professor titular – Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Liovando Marciano da Costa

Doutor e professor titular – Universidade Federal de Viçosa (UFV)

Ana Paula Silva Nunes

Mestre e professora - Instituto Federal do Norte de Minas Gerais (IFNMG)

incluindo a cultura do milho e a braquiária, o sistema plantio direto no Cerrado foi consolidado, tornou-se rentável, con tribuindo para que hoje o Brasil seja o principal produtor de commodities agrícolas do mundo, representado mais de 27% do PIB brasileiro. ▣

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Venha estudar no ICIAG/UFU Juntos fazemos mais para o agronegócio

SISTEMAS AGROFLORESTAIS (SAF´S) Solos e clima

Os Sistemas Agro orestais (SAF´s) ou Agroforest Systems (em inglês), são sistemas de produção agropecuários baseados nos ecossistemas naturais onde são cultivadas, numa mesma área, es pécies agrícolas ou forrageiras juntamente com espécies ores tais, em diferentes desenhos ou designs , com variações de tempo e espaço.

O principal objetivo desses SAF´s é otimizar o uso da ter ra, contribuindo para o bem-estar econômico e social do produtor, preservando o solo numa conci liação de produção de alimentos com a produção orestal.

Assim, eles podem ser classicados em:

Agro orestal: produção agrícola junto com árvores (podendo variar no tempo e no espaço);

Agrossilvipastoril: produção agrícola junto com árvores e forrageiras (variação no tempo e no espaço);

Silvipastoril: produção de árvores junto com forrageiras ou pastagem (variação no espaço –ganho considerável com o som breamento).

Este último também possui a variação “Alley cropping”, em que as árvores formam elos no entor no das pastagens ou culturas agrí colas. Alley cropping também é de nido como o plantio de leiras de árvores e/ou arbustos para criar vie las, dentro das quais são produzidas culturas agrícolas ou hortícolas.

O QUE ENTRA NO SISTEMA

As árvores podem incluir espécies de madei ra nobres ou madeira serrada, produção de nozes e frutos ou outras árvores/arbustos de culturas es peciais, e ainda espécies de madeira macia desejá veis para a produção de bra de madeira.

Também existe o tipo de SAF classi cado como “Home Garden” (jardim caseiro), muito comum para a produção de tofármacos.

Conforme explanação da Sociedade Bra sileira de Sistemas Agro orestais (SBSAF), o cultivo de forrageiras, como as do gênero brachiária, no meio dos plantios de milho, para serem usadas no pastejo após a colheita dos grãos não é considerado um SAF.

É necessário que haja o componente ar bóreo no sistema. Já o cultivo de árvores fru tíferas, como limoeiro, com árvores produto ras de lenha, é considerado um SAF. O mesmo pode ser dito para SAF´s com sombreamen to do café.

VANTAGENS E DESVANTAGENS

Embora todos reconheçam que a implanta ção de SAF´s tem inúmeras vantagens (mais renda), tanto para o pequeno como para o grande produtor, ainda é pequena a adoção destes por parte dos agricultores e investi dores rurais.

Entre as vantagens dos SAFS, pode-se dizer que este sistema facilita e aumenta a ciclagem dos nutrientes; promove o uso intensivo da área (potencial produtivo); aumenta a di versidade ecológica; permite a recuperação de áreas degradadas e promove melhorias microclimáticas, sem falar da diversi cação da produção.

Além disso tudo, ainda podem ser implantados em APP (Áreas de Preservação Perma nente), aumentando a área de cultivo da pro priedade.

Dentre as inúmeras di culdades de adoção, alguns fatores serão apontados, principalmen-

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te no diagnóstico para definição de implanta ção de um SAF. Esta etapa é de grande impor tância para o sucesso e deve ser levada a sério. Embora os fatores listados a seguir não possuam uma ordem cronológica, todos eles têm igual importância e não podem ignorados.

DIAGNÓSTICOS RELACIONADOS À CONDIÇÃO DO SOLO

É necessária uma avaliação criteriosa das características gerais do solo, determinando as variações de fatores físicos, químicos e biológi cos. No Brasil, temos algumas classes de solos de maior fertilidade natural, mas na maioria nossos solos são velhos, muito intemperizados, ácidos e ricos em óxidos e hidróxido de ferro e alumínio, como os Latossolos, que são os pre dominantes em nosso País.

O alumínio inibe o crescimento radicular, tanto na camada superficial (agricultura) como em profundidade (árvores). Deste modo, uma boa caracterização do solo ajudará muito na definição das operações e etapas de implanta ção do futuro SAF, assim como na definição dos componentes do sistema.

Por exemplo, solos pouco férteis não su portam o cultivo de teca ( Tectona grandis ). Ou ainda, solos ácidos implicarão na utilização

de maior quantidade de calcário (aguardando tempo de reação), fator fundamental para aumen to da CTC (Capacidade de Tro ca Catiônica).

As características físicas do solo indicarão o preparo a ser uti lizado. Na região de Governador Valadares (MG), na implanta ção de um SAF não se verificou a profundidade do solo, que na quela região específica era pou co mais de 2,0 metros de profun didade, associada à ocorrência de veranico prolongado.

Esta associação induziu à seca completa das árvores após o 3º ano de idade. Isso ocorreu por que solos rasos limitam o cresci mento das árvores e não são indi cados para implantação deste tipo de SAF, tendo-se prejuízos com o desenvolvimento do gado e da floresta. Este fato veio demons trar a enorme necessidade de re alização de um perfeito diagnós tico do fator solo.

Outra característica física im portante é a presença de camadas de solos compactados. Estes pre cisam ser melhorados (com adição de matéria orgânica ou operações que reduzam a descompactação).

Pode ser aconselhável o culti vo de feijão guandú previamente. Este possui sistema radicular que ajuda a quebrar as camadas com pactadas, além de aumentar o ni trogênio orgânico de forma con siderável.

Além das características quí micas e físicas, é importante que o produtor conheça as caracterís ticas biológicas de seu solo. Hoje em dia, já se sabe que a ativida de biológica tem contribuído para a melhoria da produtividade das culturas agrícolas (aumento na so lubilização de alguns nutrientes), impactando positivamente na re ceita do produtor.

Assim, o conhecimento sobre a fertilidade atual do solo permitirá a intervenção antes da implanta

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Pedro Alcântara Silviapastoril é a produção de árvores junto com pastagem Sérgio Alves

ção do sistema, já que existem outras operações impossibilitadas de serem realizadas após im plantação. Um exemplo é a gessagem e a apli cação de calcário em profundidade.

ASPECTOS CLIMÁTICOS

Dentre algumas questões levantadas com os produtores sobre o histórico dos SAF´s e a expectativa de expandir o cultivo na proprieda de, um dos fatores de maior preocupação se re fere às condições climáticas.

Mesmo quando o produtor realizou pre viamente o levantamento do histórico climáti co para escolher os clones/espécies de eucalipto para plantio, a maioria deles foi surpreendido, principalmente pela mudança da precipitação

média anual, sua distribuição ao longo do ano e pelos períodos secos.

Os fatores do clima que cuidadosamente devem ser observados são: a distribuição plu viométrica, temperatura, umidade relativa do ar, incidência solar e ocorrência de geadas.

Picos de temperatura e volume de chuvas possuem sua importância, principalmente as sociados a outras características edáficas do sí tio, como a textura do solo e presença de com pactação. Essas condições climáticas ditarão a escolha da espécie madeireira e, principalmen te, estabelecerão o seu ritmo de crescimento.

Locais com umidade do ar excessiva por vários dias do ano (regiões costeiras) podem facilitar o ataque de fungos nas árvores de se ringueira em SAF´s, por exemplo.

Neste caso, é aconselhável maior distância entre essas, prin cipalmente se esta condição ocor rer no verão, com temperaturas ele vadas constantes. Sem que sejam conhecidas as informações edafo climáticas locais, ficará difícil in dicar um determinado clone de eucalipto, por exemplo.

Este conhecimento pode aju dar a vencer o desafio de aumentar, e até mesmo manter o crescimen to em produtividade madeireira do SAF. ▣

PARTICULARIDADES

Os SAF´s do tipo agroflorestal com som breamento do café possuem uma particula ridade em regiões muito úmidas, principal mente nas montanhosas, onde o cultivo fica parte do dia no sombreamento.

Essa particularidade é o maior espaça mento do componente arbóreo (máximo de 300 plantas.ha -1 após 3º ano). Num SAF usando-se o mogno brasileiro para sombrea mento do café (arábica), houve um aumento da infestação do “bicho-mineiro”, dada a boa condição do microclima.

Nos SAF´s de cacau cabruca, por exem plo, 400 árvores por hectare nesta idade, bem distribuídas em regiões declivosas, aumen tam a produtividade sem elevar a infestação de vassoura-de-bruxa, e assim por diante.

O conhecimento dos fatores climáticos em detalhes é determinante para o suces so de pegamento ou desenvolvimento inicial das espécies arbóreas, uma vez que este siste ma de irrigação nem sempre é possível, sen do imprescindível a água de chuva para o de senvolvimento satisfatório das mudas.

José Geraldo Mageste

Doutor e professor - Instituto de Ciências Agrárias – Universidade Federal de Uberlândia (UFU) jgmageste@ufu.br

Luís Augusto S. Domingues

Professor - Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM) luisaugusto@iftm.edu.br

Vitor Augusto Cordeiro Milagres Santa Maria Inovações Agroflorestais santamariaagroflorestal@gmail.com

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Silvipastoril é a produção de árvores junto com pastagem Ana Maria Diniz

Shutterstock

LABORATÓRIO DE MANEJO DE SOLOS - LAMAS/UFU Origem e serviços executados

O solo é um dos recursos essenciais à vida que a natureza nos oferece gratuitamente para que, sobre ele e pelo seu uso, possa ser desenvolvida toda e qualquer forma de vida, seja ela macro ou microbiológica, vegetal e animal.

É originado a partir do in temperismo das rochas por ação dos agentes físicos, químicos e biológicos. Cada local ou região, em função do tipo da rocha de origem, atuação de outros fatores ou agentes como o clima (tem peratura e água), organismos vi vos (vegetal, animal e microbio lógica), condições da topogra a ou relevo (plano ou inclinado) em um tempo geológico (> 400 anos) irá apresentar diferentes tipos de

solos, como: rasos ou profundos, argilosos ou arenosos, cores que variam desde o vermelho até o preto, maior ou menor acidez, maior ou menor fertilidade, etc.

Tais condições e atributos implicam em maior ou menor sucesso no uso e diferentes necessidades de investimento para seu melhoramento e conservação.

SOLO MADURO

Em função de ser originado exclusivamente do intemperismo das rochas e da pedogê nese, o tempo de amadurecimento do solo é muito longo. Daí a responsabilidade humana no seu uso e manejo, para deixar para as próximas gerações este recurso natural, cuja taxa de recuperação é extremamente lenta e de elevado custo social e nanceiro.

A possibilidade de existir um solo ideal em

todos os aspectos, sem necessidade de melhoramento ou conservação, é quase inexistente.

Daí a necessidade de fazer o diagnósti co por meio de diferentes tipos de análises em campo e/ou laboratório, sejam elas de natureza química, física ou físico-química, de modo a promover e cultivar a vida sobre ele.

Da correta interpretação dos resultados das análises feitas em laboratórios de qualidade comprovada, pode-se extrair o grau de li mitação ou da adequação dos vários atributos do solo que condicionam a aptidão para os diferentes usos que dele podem ser feitos. Identi cada a existência de limitações, estas devem ser reduzidas com práticas inovadoras e exitosas que garantam seu uso e conservação.

ALERTA

Dado ser um recurso renovável muito sus-

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cetível à degradação e muito, mas muito mes mo, lento na sua recuperação, o uso, seja para qual for a nalidade, deve ser feito com base no estudo da sua vocação (aptidão) para determinado uso, bem como das práticas de mitigação da interferência.

Para qualquer situação, seja para o uso, recuperação e/ou mitigação da interferência antrópica, a correta amostragem, bem como a análise preliminar no campo e em seguida do laboratório, precisam ser adequadas e con á veis para que o projeto para o seu uso seja sempre sustentável.

As investigações de campo e, principal mente, de laudos de laboratório, devem ser executadas por pro ssionais especí cos a cada modalidade de uso que será realizada. Portanto, a formação pro ssional e a experiência prática são a base para uma correta análise, caracterização e interpretação dos atributos e/ou características de natureza física, química, fí sico-química, mecânica, hidráulica e de deformabilidade dos solos e seus materiais.

CONFIABILIDADE

A investigação de resultados obtidos em laboratórios a partir de amostras con áveis é essencial, pois é ela que complementará a in vestigação de campo, visando um entendi mento melhor do comportamento do solo no campo e permitindo avaliar a coerência nos resultados de diferentes possibilidades de correção ou mitigação.

Resultados analíticos químicos, físicos, fí

sico-químicos e geotécnicos de solos, obtidos em laboratórios, aparecem na literatura há al gumas centenas de anos em todas as partes do mundo.

Na região do Triângulo Mineiro e outras regiões do entorno, o laboratório de Manejo de Solos, do Instituto de Ciências Agrárias/UFU – LAMAS, iniciou suas atividades junto ao já existente Laboratório de Fertilidade do Solo, Adubos e de Análise Foliar no início de 1987.

EVOLUÇÃO DO LABORATÓRIO

Inicialmente, este laboratório agregado ao de fertilidade do solo cuidava de atender as aulas, as pesquisas e as demandas da sociedade com análises de densidades de solo, in ltração de água e composição textural.

Estas determinações, destinadas aos pro dutores e empresas que as demandavam, for neciam informações sobre in ltração de água, compactação e a granulometria - que identica o percentual existente em cada solo de areia, silt,e argila e, a partir daí a classe textural (arenoso, médio ou argiloso) - importante e necessária para os diversos tipos de usos e manejo.

Para uma correta interpretação da neces sidade de correção da fertilidade do solo por meio de uma análise química, assim como da aplicação e movimentação de defensivos agrí colas, contaminação de cursos e lençol freá ticos de água, o conhecimento da composi ção granulométrica e de densidade de solo, os dados produzidos em laboratórios são imprescindíveis.

Laboratório de manejo de solos da UFU

A partir da década de 1990, com a aquisição de inúmeros equipamentos, foi destinada uma área predial física com mais de 100 m2, sendo então separado do Laboratório de Fertilidade e ampliado o tipo, a quantidade e o público atendido com as análises pelo LAMAS.

A partir daí, deu-se início, além das aulas práticas para os cursos de graduação em Enge nharia Agronômica, Engenharia Ambiental e Sanitária, Zootec nia, diversas pesquisas de alunos de graduação (I.C., TCC, con vênios), de mestrado e doutora do, enorme extensão para prestação de serviços diversi cados para os órgãos de scalização ambiental, empresas, cooperativas, prefeituras, produtores e a toda sociedade que o demandava.

TECNOLOGIAS

O LAMAS é dotado de aparelhos e equipamentos adequados e de metodologias geralmente em conformidade com as prescritas e recomendadas pela NBR/ABNT, Embrapa e outras consagradas ou atendendo as demandas do soli citante.

O LAMAS executa e emite laudo com ou sem a ART/Cre a-MG para empresas públicas e privadas, produtores e órgãos de fiscalização. A pedido, também interpreta os resultados analíticos. As análises de solo realizados pelo LAMAS são:

1 - Infiltração de água no solo pelo método do duplo anel, conforme a Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017.

2 - Condutividade hidráulica pelo permeâmetro de carga constante e variável, conforme a Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

3 - Densidade ou/ou peso especí co aparente pelos métodos

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Elias Borges

do anel volumétrico, torrão para nado, saran; método da proveta e da escavação, conforme a Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

4 - Densidade Real ou Peso Especí co dos grãos pelo método do picnômetro, balão volumétrico e álcool, conforme Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

5 - Análise Granulométrica ou textural, conforme ABNT NBR 7182 e DNER-ME 051/64, Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017, modi cado;

6 - Consistência do solo (friabilidade, li mites de liquidez e de plasticidade) pela NBR/ ABNT 6459/7180 e Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017, modi cado.

7 - Compacidade ou compactação de solo com uso do proctor Normal, pelo método ABNT NBR-7182/2016 e DNERM162/94;

8 - Umidade do solo pelo método do ci lindro, gravimétrico e tensiômetro, conforme

Embrapa ANBNT NBR 6457/2016, Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

9 – Resistência do solo à penetração da agulha de cone pelo penetrômetro de impac to e de bancada por pressão hidráulica – método Stolf e Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

10 - Macro, micro, porosidade total e va zios do solo - mesa de tensão, membranas de Richards, conforme Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017 e ABNT NBR;

11 - Capacidade de Campo (CC) e Ponto de Murcha Permanente, conforme EmbrapaManual de Métodos de Análise de Solo, 2017 e Paulino et all, 1996;

12 - Monitoramento da umidade do solo no campo e recomendação da irrigação pelo Método da centrífuga e tensiometria, conforme Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

13 - Estabilidade de agrega dos via úmida e seca, conforme Embrapa - Manual de Métodos de Análise de Solo, 2017;

14- Capacidade de Campo pelo método da gota, conforme Paulino et all, 1996.

Contatos: secretaria ICIAG/ UFU (34) 2512-6700/6701; Resp. técnico prof. Elias – elias@ufu.br, whats (34) 99928-0444; Técnico Marcelo - marceloardias@yahoo. com.br, lamasufu@gmail.com ▣

Elias Nascentes Borges

Doutor e professor titular - Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Marcelo Alves da Rocha Dias

Técnico do Lamas, engenheiro agrônomo e mestre em Agronomia - UFU

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Caio Coutinho Igor, Jéssica e Elias no laboratório da UFU

LABAS Importância, pioneirismo e perspectivas

Para a obtenção de produtividades compensatórias das cultu ras e boa qualidade dos produtos, é essencial uma adequada nutri ção mineral das plantas. Doses inadequadas de nutrientes (sub ou superdoses) acarretam em de sequilíbrios nutricionais devido a excessos ou de ciências, o que, a depender da magnitude, pode repercutir negativamente na rentabilidade do produtor.

Portanto, é necessário ava liar satisfatoriamente a fertilida de atual do solo visando um diagnóstico acurado, o que suportará adequada recomendação de cor retivos e fertilizantes para as diferentes culturas agrícolas, orestais

ou sistemas de produção.

Adicionalmente, de forma complemen tar, a análise foliar possibilita a identi cação do estado nutricional das culturas a partir do teor total de nutrientes em folhas diagnósti cas, dando suporte ao manejo nutricional das culturas.

Portanto, a seleção de laboratórios con áveis é imprescindível para a obtenção de diagnósticos exatos da fertilidade do solo e do es tado nutricional das culturas. Neste sentido, recomenda-se que o produtor, além de uti lizar laboratórios certi cados por Programas de Pro ciência de abrangência regional, como PROFERT, PAQLF, CELA, IAC ou ROLAS, também utilize amostras-controle para enviar como amostra adicional com as demais, a m de checar mudanças bruscas nos resultados e necessidade de reanálise.

PIONEIRISMO DO LABAS NO TRIÂNGULO MINEIRO

O LABAS se coloca à disposição de pro dutores, técnicos e pro ssionais para orientar como obter e armazenar as amostras-controle e estabelecer limites de tolerâncias (intervalos de con ança) para os atributos analisados.

Visando atender demandas de ensino, pesquisa e extensão na UFU e dar suporte ao desenvolvimento agrícola regional, de forma pioneira, em 1990 foi criado o Laboratório de Análise de Solo e Tecido Vegetal da UFU (LABAS - Figura 1) por iniciativa da professora Regina Lana.

Desde sua criação, o LABAS foi importante também para a expansão de laboratórios no Triângulo Mineiro, Rio Paranaíba e até no Estado de Goiás, por meio do oferecimento re

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Fotos: Caio Coutinho

gular de treinamentos para técnicos privados e ex-funcionários que empreenderam, fundando novos laboratórios.

Como órgão do Instituto de Ciências Agrá rias da UFU, o LABAS é um dos laboratórios mais ativos no instituto, atendendo regular mente cursos de graduação ou pós-gradua ção em Engenharia Agronômica, Engenharia Ambiental e Sanitária e Zootecnia.

Estima-se que o total de teses, dissertações e monogra as desenvolvidas com o suporte do LABAS superem duas centenas. No triênio 2019-2021, apesar da Pandemia, o LABAS atendeu a cerca de 30 projetos de pesquisa e extensão com a realização de análises de mais de 15 mil amostras (solo, planta, fertilizantes e a ns) e capacitou neste mesmo período 78 estagiários da UFU e de outras instituições.

EQUIPE

O LABAS conta, atualmente, com um coordenador, três técnicos e um assistente de laboratório que atendem a demandas adminis trativas, analíticas, controle de qualidade e participação em projetos de pesquisa, ensino e extensão.

Da esquerda para a direita (Figura 2): We disson Santos, docente do ICIAG na área de Química do Solo e Fertilizantes e coordenador do LABAS; Jéssica Alves, técnica do LABAS, engenheira agrônoma com mestrado em gestão organizacional e doutoranda em Economia pela UFU; Igor Beloti, técnico do LABAS, en genheiro agrônomo com mestrado e doutorado em Agronomia pela UFU; Rafael Finzi, técnico do LABAS, engenheiro agrônomo com mestrado e doutorado em Agronomia pela UFU e Eduardo Chagas, assistente de laboratório.

PERSPECTIVAS

Visando atender melhor a comunidade interna e externa da UFU, apresentamos a se guir, na forma de tópicos, o plano de expansão de atividades do LABAS a ser implementado a partir de 2023.

Realocação das atividades de extensão relacionadas à prestação de serviços, objetivando melhor atender logisticamente os produtores. Quanto ao acesso, está em estudo avançado no ICIAG a construção de uma unidade conjunta

Figura 2. Corpo técnico-administrativo do Labas

no Campus Glória para análise de solo, tecidos vegetais e água, em parceria com o Laboratório de Qualidade Ambiental (LAQUA), coordenado pela professora Sueli Berlotino.

Oferecimento de cursos ex ternos de treinamento de técni cos de laboratório. Anualmente, o LABAS realiza internamente um treinamento abordando princípios analíticos, protocolos e controle de

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Figura 1. Infraestrutura do Laboratório de Análise de Solo e Tecido Vegetal da Universidade Federal de Uberlândia (LABAS)

qualidade. Esse treinamento será expandido para a comunidade externa a partir de 2023.

Em parceria do LABAS com o Laborató rio de Pedologia (LAPED), este último coor denado pela professora Araína Hulmann Ba tista, serão oferecidas à comunidade novas análises, as quais estão descritas a seguir:

Avaliação colorimétrica da difusividade de P e Zn, que possibilitará visualizar a dinâmica de difusão de P e Zn no solo quando o objetivo é avaliar a liberação e difusão desses nutrientes de fertilizantes ou materiais afins.

Especiação de potássio (K) no solo - essa análise possibilitará determinar teores totais, não trocáveis e trocáveis de K no solo, impor tante para estudos da química do K no solo, mas também, diante do uso crescente de re mineralizadores de solo, possibilita compreen der a dinâmica de dissolução desses materiais

quando o K é o nutriente de interesse.

Cinética de liberação de nutrientes no solo ou de efeito condicionador - tratam-se de aná lises de incubação de solos com fontes de nu trientes ou condicionadores, cujo objetivo é co nhecer seus efeitos ao longo do tempo no solo, sem o envolvimento de plantas.

Especiação de nitrogênio (N) no solo - essa análise considera a quantificação de teores to tais de N, N-NO3- e N-NH4+ no solo. Com es sas informações é possível compreender a di nâmica do N no solo, cinética de liberação de fertilizantes, determinar taxas de mineraliza ção e potenciais de perdas do elemento do sis tema.

Volatilização de amônia (N-NH3) - a quan tificação da liberação de N-NH3 do solo, por meio de ensaios de incubação, é importante para se estimar perdas de N-NH3 do solo para

a atmosfera. Também possibilita comparar fontes de N e manejos da adubação nitrogenada quan to à predisposição de perda de N-NH3 do sistema.

Teores de elementos-traço nos solos a partir da metodologia EPA 3051, da Agência Ambiental Ame ricana, possibilitando atender às demandas pertinentes à legisla ção ambiental (Resolução Cona ma 420).

L evantamento de classes de solos em propriedades do Triân gulo Mineiro.

Caracterização mineralógica, índices de Ki, Kr, atividade da fra ção argila, carbono orgânico total, nitrogênio total e óxidos de ferro.

DIVULGAÇÃO

O Núcleo Regional Leste da Sociedade Brasileira de Ciência do Solo, composto por docentes da UFU, UFRRJ e INCAPER, publicou recentemente um im portante livro que aborda em dez capítulos o Manejo do Solo em Sistemas Integrados de Produção.

A publicação pode ser aces sada gratuitamente pelo link: ht tps://www.atenaeditora.com.br/ catalogo/ebook/manejo-do-so lo-em-sistemas-integrados-de -producao. ▣

Wedisson Oliveira Santos

Coordenador do LABAS e professor da Universidade Federal de Uberlândia (UFU)

Jéssica Mieko Ota Alves

Técnica do LABAS, engenheira agrônoma e doutoranda em Economia - UFU

Igor Forigo Beloti

Rafael Resende Finzi

Técnicos do LABAS, engenheiros agrônomos e doutores em AgronomiaUFU

Araína Hulmann Batista

Professora - UFU

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Fonte: Leite et al., 2022 (em publicação) Fonte: Santos et al., (2019) Jéssica Mieko e Igor Beloti, técnicos do LABAS

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