Chamadinha

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8 Entrevista/Cláudio Curado

“Somente se tivermos um sindicato forte é que vamos ter mais chances de vitória” Que avaliação você fazdestes três anos de mandato? O trabalho sindical está cada dia mais difícil no Brasil e no mundo. Desde a década de 1990, estamos vivenciando tempos de menos mobilizações e de menos adesões das pessoas às lutas coletivas. Isto, é claro, refletiu no movimento sindical. Então, estes três anos também foram de muita luta para manter o Sindicato e avançar nas lutas da categoria. Mas, com todas as dificuldades, acredito que tivemos boas vitórias graças à atuação de toda nossa diretoria. Todos os diretores e diretoras, com maior ou menor intensidade, ajudaram a construir esta gestão, que honrou a história do nosso Sindicato e até melhorou sua imagem perante a categoria e a sociedade. Quais são estas dificuldades que você cita? Olha, são muitas... Nosso Sindicato é pequeno, o que impede a profissionalização de muitos serviços. Para citar um exemplo bem emblemático, o Sindicato não tem

ter interesse em contribuir para a organização da categoria e para as conquistas coletivas.

“Não dá para ficar só reclamando e criticando; cada um tem de fazer sua parte e assim contribuir para sermos mais fortes” condições de ter um jornalista contratado para fazer sua assessoria de imprensa/comunicação. Outra grande dificuldade: não temos nenhum diretor liberado para exercer exclusivamente o mandato sindical. Ou seja, todos têm de trabalhar durante o dia e se dedicar ao Sindicato nas poucas horas livres que têm. Mas a principal dificuldade é a de mobilizar concretamente a categoria. Uma pesquisa nacional sobre o perfil do jorna lista brasileiro, realizada pela Universidade de Santa Catarina, num

convênio com a FENAJ, mostrou que os jornalistas, não participam da vida política e social do país. A maioria não se filia aos Sindicatos, não se filia a partidos nem participa de quaisquer outras organizações. Isto mostra que o problema não está nos Sindicatos. Está nos jornalistas? Olha, sem dúvida alguma a pesquisa mostra que a categoria precisa ter mais consciência política. Talvez o jornalista acredite que já dá uma grande contribuição para a sociedade com o seu trabalho,

e isto é uma verdade. Mas ele precisa também agir como cidadão. Em relação ao Sindicato, o jornalista precisa entender que a entidade somente pode ser forte se houver mais adesões e mais participação. Não dá para ficar só reclamando e criticando; cada um tem de fazer sua parte e assim contribuir para sermos mais fortes. Por isso, vejo com pensar a baixa adesão dos novos jornalistas ao Sindicato. Os recém-formados, os recém-concursados não estão se filiando e parecem não

Então, como é possível avançar? Temos de continuar trabalhando junto com a FENAJ e os outros sindicatos de jornalistas do Brasil, para as nossas lutas nacionais. Vamos buscar a aprovação, em definitivo, da PEC do Diploma, do projeto de lei que cria o Piso Nacional dos Jornalistas e do projeto de lei que federaliza as investigações de crimes contra jornalistas. E vamos continuar buscando a conscientização de todos os jornalistas. Precisamos entender que somente se tivermos um sindicato forte é que vamos ter mais chances de vitória por melhores salários e melhores condições de trabalho. Também vamos buscar ampliar a ação do sindicato no interior, onde a presença de jornalistas está crescendo. E ainda vamos continuar buscando diálogo com os estudantes de jornalismo e com os novos profissionais. É um trabalho permanente.


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