Revista arte em pauta

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Com a morte do padre, em 1843, as autoridades locais fecharam a estrada com a justificativa de que a cidade ficara vulnerável aos ataques dos revoltosos contra o império. A decisão resultou até mesmo na retirada da via das descrições nos mapas da época. Segundo a diretora, a medida imposta pelos fazendeiros escondia os interesses escravocratas dos coronéis. A estrada funcionava mesmo como rota clandestina de comércio de escravos feito pelos traficantes negreiros. Após a proibição definitiva do tráfico de negros, em 1850, com a Lei Eusébio de Queiroz, a circulação ilegal pela estrada se fortaleceu. Com 120 quilômetros de extensão e construída em curvas, a via ligava a Fazendo do Descanso, em Ilha Bela, aonde chegavam os escravos, passava por São Sebastião (Fazenda da Engorda, hoje sítio arqueológico), por Caraguatatuba (Parque da Serra do Mar), por Paraibuna e terminava em Salesópolis, no Casarão Senzala utilizado como entreposto comercial, principalmente para a venda de escravos. Hoje a “Rota Dória” mapeia os passos dos africanos em terras brasileiras no Estado de São Paulo e se junta, como peça do quebra-cabeça dessa parte da história, com registros arquitetônicos que se tornaram pontos de visitação, como o Casarão Senzala em Salesópolis e o Sítio Arqueológico em São Sebastião. Apagada dos mapas, a Estrada Dória e sua importância para a região ainda permanece intacta na memória dos mais antigos até os dias atuais. Por: Camila Farias

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