Ipsis Litteris

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ipsis litteris/ word by word

Ipsis Litteris Coordenação: Silvana Soriano Projeto Gráfico: Silvana Soriano Revisão: Eliza Wilhelm e Sofia Soriano

Ipsis Litteris Coordenation: Silvana Soriano Graphic Design: Silvana Soriano Revisão: Eliza Wilhelm e Sofia Soriano

Ano 2021 © Imagens Silvana Soriano ©textos Adriana Soriano/ Eliza Wilhelm/ Kingsley Cospolite/ Lea Reid/ Sofia Soriano/ Sylvia Lima Solange Cassoti

Year 2021 © Images Silvana Soriano ©textos Adriana Soriano/ Eliza Wilhelm/ Kingsley Cospolite/ Léa Ferencz Reid / Sofia Soriano/ Sylvia Lima/ Solange Cassoti

Todos os direitos desta ediçao reservados ao Ipsis litteris Project ISBN: ISBN: 9798729927722

All rights reserved to ipsis litteris Project ISBN ISBN: 9798729927722

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ipsis litteris/ word by word

All the friends who helped me by sending suggestions, remembering old expressions encouraged me to develop this series. My deep gratitude.

An especial thank you to all the writers who contributed to this project giving wings to the imagination.

A todos os amigos que me ajudaram enviando sugestões, relembrando expressões antigas, que me incentivaram a desenvolver esta série. Minha profunda gratidão.

Uma agradecimento especial para todos os escritores que contribuíram para este projeto dando asas à imaginação.

Silvana Soriano

B

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idiomatic expressions into other languages. But at

idiomáticas para outros idiomas. Mas, ao mesmo

the same time, they talk a lot about the peculiarity

tempo, eles falam muito sobre a peculiaridade de uma

of a culture and its people. The idea of making

cultura e de seu povo. A idéia de fazer desenhos de

drawings “literally” is a playful way of presenting

forma literal foi uma maneira lúdica de apresentar

these expressions and promoting reflection on

essas expressões e promover a reflexão sobre diferentes

different cultures.

culturas.

To create the magazine, I decided to invite

Para criar a revista, decidi convidar outros artistas para

other artists to write about it. I love working in

escrever sobre isso. Adoro trabalhar em colaboração e

collaboration and I am sure that the project has

tenho certeza de que o projeto foi enriquecido com a

been enriched with the art of writers and poets, in

arte de escritores e poetas, além de apresentar nuances

addition to presenting nuances of intricate meanings

de intrincados significados e sensiveis camadas de

and sensitive layers of interpretation.

interpretação.

They were completely free to create and choose

Eles ficaram completamente livres para criar e escolher

the expressions they wanted. Poems, short stories,

as expressoes que lhe apeteceram. Poemas, histórias

simple definitions, diversity enchanted me, and I

curtas, simples definiçoes, a diversidade me encantou,

saw a fabric of multiple threads forming, of great

e vi se formar um tecido de multiplos fios, de muita

sensitivity and delicacy.

sensilbildade e delicadeza.

I hope that this project will unfold in numerous

Espero que este projeto se desdobre em inúmeras

editions with more partnerships and exchanges and

edições com mais parcerias e trocas e que traga alegria

that it will bring joy to anyone who wants to know a

para quem quiser conhecer um pouco mais sobre as tais

little more about idioms.

expressões idiomáticas.

Silvana Soriano, 2020

Silvana Soriano, 2020

The Year of the Rat and Covid

O ano do rato and do Covid

ecause it is a set of words that are not possible to be understood in their literal sense, it is

often very difficult or even impossible to translate

omo é um conjunto de palavras que não podem ser entendidas no sentido literal, muitas vezes é

muito difícil ou mesmo impossível traduzir expressões

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ipsis litteris/ word by word

Inspired by Henri matisse`s painting Odalisque

Inspired by Paul Guaguin`s paiting “Where Do We Come From? What Are We? Where Are We Going?”

Ao Pé da Letra

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evar na raiz do sentido. Ainda assim a interpretação escorrega pra outros lados. Na calada consideração de que cada um resiste de um jeito todo particular aos assombros da língua, aos recados dos súditos, aos rodeios touradas que estão ali à serviço de seus papéis, lanço configurar que a letra é única democrática diante de seus pares, confessa em feitiços os bordados, martelos roucos dos tribunais, ressacas de tombo, o canavial. Viva a letra solitária, contudo agregada em químicas complacentes e melindrosas.

Diante de seus pares deporta certezas e jorra cerejas de amores aos seus pés.

Eliza Whillem

Ao Pé da Letra (Word by Word) Take at the root of the sense. Still, the interpretation slips to other sides. With the silent consideration that each one resists in a very particular way to the haunts of the language, to the subjects’ messages, to the bullfights that are there in the service of their roles, I launch to configure that the letter is unique democratic before their peers, confesses in spells the embroidery, hoarse hammers from the courts, tumbling hangovers, the cane field. Live the solitary lyrics, however, aggregated in complacent and touchy chemicals. In front of his peers, he deported certainties and love cherries spouted at his feet.

Eliza Whillem

Fan the flames Lit your match and set me ablaze Lay with me and fan the flames Sofia Soriano

Fan the flames ( Botando lenha na fogueira) Acende seu fósforo e me incendei Deite comigo e abane as minhas chamas Sofia Soriano

The flame is an illustration “FIRE and Fury “by Edel Rodriguez Time Magazine year 2018

Fim da Linha A costura que fizemos Se desfez, esgarçou Faltou o encaixe na agulha Ou esquecemos de apertar os nós ? É o fim da linha É o fim da curva É o fim do vento e da sua mão no meu cabelo

Sylvia Lima

Fim da Linha ( End of the Line) Almost the same eaning then End of the rope.

The sewing we did Came apart, frayed Needle fitting missing Or do we forget to tighten the knots?

It’s the end of the line It’s the end of the curve It’s the end of the wind and your hand in my hair

Sylvia Lima

Tirar O Cavalinho da Chuva Quer dizer, desistir, abrir mão.

Este foi minha primeira ilustração e origem de todo o projeto. Um dia minha filha, na época com cinco anos, veio correndo me dizer que estava tirando o cavalinho da chuva, lteralmente tirando seu cavalinho de pau da chuva que começava a cair.

Eu sempre usei esta expressão em especial com meus filhos quando era soterrada por avalanches de pedidos e reividicacoes. mas nunca, até aquele momento havia me dado conta que pra eles, não tinha pé nem cabeça.

Nunca esquecerei a alegria em seu rosto pois pela primeira vez aquilo fazia algum sentido.

Take the horse out of the rain It means give up, don`t even try.

It was my first illustration and origin of the entire project. One day my daughter, then five years old, came running to tell me that she was taking her horse out of the rain, literally taking her rocking horse out of the rain.

I always used this expression, especially with my children, when I was overwhelmed by avalanches of orders and claims. But never, until that moment, I realized that for them, It had no foot or head.

I will never forget the joy on her face because made some sense for the first time.

Silvana Soriano

Chutar o balde

C

hutar o balde e sentir os pés livres pra alçar em cheio o acervo de cartas premiadas pelo inconsciente. É o momento profícuo de se ter as regras convidadas a se retirarem sem desconsiderar a internalização da autonomia que já está maturada. Chutar o balde pode ser a prosa que o coração pondera quando a paixão de súbito se realiza na sua temporalidade. Quando dois se encontram e nada se compara à simbiose que nada tem de cega, que nada tem de loucura, nem errática, nem impulsiva projeção de dois peixes em direções opostas. É a paixão admitida pela translação involuntária dos corpos.

O chute, a explosão orgástica do rastro do outro na própria mediação que vem sendo filtrada pelos alvéolos e santos e diafragmas ensolarados.

Chutar o balde pode significar arremesso ao curso das águas, ao monte evereste, ao extremo da conciliação entre dois corações que já não se viam mais e ventaram no furacão de um voo de rampa em asas a céu aberto. Apenas consolidação de que um não se sabe sem o outro. De que um não destelha passados se não fosse pela responsabilidade de amar-se a sós e a dois.

Chute em cheio, no copo transbordado, no corte fino e aguçado, a guitarra desafiada pelo trovão, o acerto providenciado.

Eliza Wilhelm

Kick the Bucket

K

ick the bucket and feel your feet free to lift the collection of cards awarded by the unconscious.

It is a fruitful time to have the rules invited to withdraw without disregarding the internalization of autonomy that is already mature. Kicking the bucket can be the prose that the heart ponders when the sudden passion occurs in its temporality. When two meet and nothing compares to the symbiosis that is nothing blind, that there is nothing crazy, neither erratic nor impulsive projection of two fish in opposite directions.

It’s the passion admitted by the involuntary translation of the bodies.The kick, the orgastic explosion of the other’s trail in the mediation itself that has been filtered by alveoli and saints and sunny diaphragms. Kicking the bucket can mean throwing the course of waters, to Mount Everest, to the extreme of reconciliation between two hearts that no longer saw each other more and windy in the hurricane of a ramp flight on open-air wings.

Consolidation only that one does not know without the other. Of which one does not untangle past if it weren’t for responsibility to love oneself, and two. Kick in full, in the overflowing glass, in the fine and sharp cut, the guitar challenged by thunder, the arrangement provided.

Eliza Wilhelm

Inspired by Henri Matisse`s painting “The Dancers”

Enfiar o pé na Jaca

U

m convite ao entorpecimento; o visco nos envolvendo suavemente rumo ao esquecimento acolhedor. Uma pausa nos solilóquios e seus tormentos. Neste momento, somos felizes e plenos, ainda que uma tênue consciência nos avise do perigo.

Stick your foot in the jackfruit An invitation to numbness; mistletoe gently enveloping us towards welcoming forgetfulness. A pause in soliloquies and their torments. At this moment, we are happy and complete, even if a slight conscience warns us of the danger.

Adriana Soriano

T

he idiom means drinking too much, beyond the limit. By extension, it is also used to indicate any kind of excess or exaggeration, either food or behavior. The expression does not originally have the word jackfruit in its constitution. This expression was formed with the noun “jacá” a kind of basket made of bamboo or vine. Jacá were used attached to the loins of animals to transport various goods. The drivers of these animals often stopped along their trip for drinks. When drunk, they easily stuck their feet in the basket as they tried to climb their mounts.The expression evolved over time, with the substitution of the word jacá, with less and less use, by the word jaca, widely spread and used.

Inspired by Yayoi Kusama, Pumpkin

Pisar em Ovos

P

isar em ovos é o desconforto mais pontuado da história. Tem que se ter pés de domador, lirismo de surfista em onda repentina que espelha mar de velocidades nas malhas do vento e da sorte, saber se posicionar na lua com o sábio desapego dos cometas. Pisar em ovos é um suplício, o revés do descanso de olhos algemados. Deitar-se e não poder desplugar o sistema nervoso central da tomada, do calcanhar que tem as cordas arrematadas. Imagina pisar em ovos vinte e quatro tontas órbitas do dia, sem eixo, naufragado na labuta muscular da contratura, mestiça atrocidade de pensamento aviltado, labirintite das línguas despolarizadas, uma distração e já era.Todos os perigos fretados num mesmo barco de papel, momento de recusa, copo escorregadio, chaleira sem sopro, respiração comedida num estorvo, com todas as clarissas despreparadas sem vésperas de sol.

Eliza Wilhelm

Stepping on Eggs

S

tepping on eggs is the most punctuated discomfort in history. You have to have tamer’s feet, a surfer’s lyricism in a sudden wave that mirrors the sea of speed in the wind and luck, to know how to position yourself on the moon with the wise detachment of comets.

Stepping on eggs is an ordeal, the setback for handcuffed eyes. Lie down and not be able to unplug the socket’s central nervous system from the heel that has the strings cast off. Imagine stepping on eggs twenty-four silly orbits of the day, without axle, wrecked in the muscular toil of contracture, a miscellaneous atrocity of debased thought, labyrinthitis of depolarized tongues, a distraction, and that was is it.

In a hindrance, with all the Poor Clares women unprepared without the eve of the sun.

Inspired by Anna Maria Maiolino performance “Entrevidas”’

Minhocas na Cabeça

T

em um barulho aqui dentro E uma luz que me cega Tem um silêncio aqui dentro E um oceano de estrelas Tem sonho e pesadelo E o fim do mundo que me assombra Se eu abrir os olhos agora Eu viro fogos de artifício

Sylvia Lima

Worms on the Head

T

here’s a noise inside And a light that blinds me There’s a silence inside And an ocean of stars.

Have dream and nightmare And the end of the world that haunts me If I open my eyes now I become fireworks

Cara de Uma Focinho da Outra

S

ão tão iguais em compasso ternário de valsa nem há tropeços. Faz aflorar ballet aquático em sincronia impecável. Talvez sem a graça do desencontro nem se faça conflito. A retórica do paraíso vem dessa perfeição recusada. Uma fala e a outra completa como dois e dois são muito mais do que cada unidade em si. Toda percepção univitelina é mordaz. Quando a consciência recupera a forma, cada uma se procura diferente para aquecer assinaturas em digitais exclusivas.

O olhar é um mito que desapruma igualdades. Se estiverem fitando o mesmo horizonte, salvas serão pelas suas gestalts não partilhadas até o final. Enquanto uma contempla o cálice, a outra busca o mergulho na avenida, experimenta o sangue e o corpo. A outra segura o cálice e sustenta suas curvas pertinentes com a estética, com o equilíbrio do objeto de cristal. Todos os rostos iguais teimam em brindar sorrisos em expansões opsitoras, em maçãs de propósitos não consensuais. Enquanto uma avança a outra recua seus segredos, a mordida vacilante pra despistar olhares aos pares.

Eliza Wilhelm Inspired by Théodore Chassériau`s painting The Two Sisters””

Cara de Uma Focinho da Outra (Face of One Snout of Other) “they are like two peas in a pod”.

T

hey are so equal in ternary waltz, nor are there any stumbles. It brings out aquatic ballet in impeccable synchrony. Perhaps without the grace of misunderstanding or conflict. The rhetoric of paradise comes from this refused perfection. One speech and the other complete as two and two are much more than each unit itself. Every single perception is scathing. When consciousness regains its shape, each one looks for a different way to warm up exclusive digital signatures. The look is a myth that detracts from equalities.

If they look at the same horizon, they will be saved by their gestalts not shared until the end. While one looks at the chalice, the other looks for the avenue’s plunge try the blood and the body. The other holds the chalice and supports its pertinent curves with aesthetics, with the crystal object’s balance. All the same, faces insist on offering smiles in oppositional expansions, in apples for non-consensual purposes. While one advances the other, it retreats its secrets, the faltering bite to avoid pairs’ glances.

Agora Inês é Morta

I

n our days people say “don’t cry over spilled milk.

In Portuguese there is a proverb with similar meaning, but quite different from the above, and it carries an interesting historical background It is too late now, Ines is dead. The dramatic sentence that became a famous and popular proverb was based on real fact: a tragic love story that took place in Portugal in the mid-300’s.

Ines came to Portugal in 1340 as a maid for Constance of Castile, recently married to Peter the heir to the Portuguese throne. It is not in vain that people say that life copies art, or would it be vice-versa? The fact is that, like in a fairy tale, King D. Afonso IV, Prince Peter’s father, did not want his son married to the gorgeous Ines de Castro who was considered to be one of the most beautiful and charming women of her time. There were many political reasons; none of them could be justifiable by reasons of the heart. The fact is that Ines accrued many enemies who oppose her being the next queen after Constance of Castile died.

Peter fell in love with Ines at first sight the moment she came to the court as Constance of Castile’s maid. Together, they lived a torrid romance and had three children.

After the death of Queen Constance, Prince Peter finally saw the opportunity to marry the woman he truly loved and adored. However, King Afonso IV and the enemies of the Castro family, anticipating the unwanted power that the Castro family would gain with the marriage, killed adorable Ines.

Prince Peter knowing that his beloved Ines’ life was endangered, took the fastest horse he could find and raced trying to save her life. However, when he arrived at the town where the Castro family lived, he was simply told, “now it’s too late, Ines is dead!”.

The tragic love story does not end with Ines death. When Peter became the King of Portugal, he instructed his servants to exhume Ines’ remains, to have them dressed in the finest garments and crowned as his Queen. He ordered all of Ines enemies to kiss her hand, honoring her as the Queen of Portugal. Ines de Castro is known as the only one who became Queen after death, as immortalized in Os Lusidas, an epic poem

by Luis de Camoes.

Léa Ferencz Reid

Inspired by Paula Rego`s painting ‘Ines de Castro”

Pé Atrás

P

és entregues ao chão adentram futuro, traçado e métrica. Se um pé fica para trás, desconfia de quem se ainda nem caminhada apostou, na química o esbarrão, do signo ao sinal, o laço de fita destino da coroação? Se varrido para trás deixa rastros de datas vencidas, coisa que não se divide com os olhos presentes no embalo do encontro desprevenido, o suspiro dos lábios, aos passos, casados para todo o sempre. Desconfiado, os pés não oxigenam os fatos, os leões se amiúdam em suas lógicas terrritoriais, sem adrenalina fanática do salto que vai do poente ao predador acerto de contas do instinto alento do faro sufocado.

Eliza Wilhelm

Standing Back

F

eet delivered to the ground enter the future, drawn and metric. If a foot is left behind, do you suspect those who have not yet walked, betting on chemistry in the bump, from the sign to the sign, the ribbon loop destined for the coronation? If swept back, it leaves traces of expired dates, something that cannot be divided with the eyes present in the moment of the unprepared meeting, the sigh of the lips, at the steps, married forever and ever. Suspicious, the feet do not oxygenate the facts, the lions become friends in their territorial logic, without fanatical adrenaline from the jump that goes from the west to the predator, reckoning of the breathlessness of the suffocated nose.

Eliza Wilhelm

Com o Coração na Boca

U

m instante fugaz e a sensacao de que alcançamos o que foi, sempre, o único desejo.

Momento em que o mundo parece se imobilizar e só permanece o pulsar avassalador.

Estou viva!

Adriana Soriano

Inspired by Edvard Munchs painting “The Scream”

Heart in Mouth A fleeting moment and the feeling that we have achieved what has always been the only desire.

A moment when the world seems to freeze and only the overwhelming pulse remains.

I’m alive!

Inspired by TJohn Everett Millais’ painting Ophelia

Dead in the water Undulating within your chaos I have outlined my body in this room Displaced the molecules Invincible forces in a stalemate What a waste to emulate such a dreaded fate You have left me to waste Dead in the water, I reach for Ophelia’s embrace

Sofia Soriano

Inspired by Mary Cassatt “Mother Jeanne Nursing Her Baby “

QUEM NÃO CHORA NÃO MAMA

Q

uem não chora não mama. Deserto o choro vindo bem antes do verbo, na tez do mamilo a seda reveste e estica no céu os pincéis que expulsam tintas e pontilham estrelas. Existe a sucção em galope, a sucção sonada, a boca em ventosa, a boca da posse, a boca branca vestida de noiva, o leite sobrado.

O descanso vazio do choro é extinto da expiração jorrada no peito, exatidão do agasalho, o grude na mãe. O alimento místico é obra dos anjos. O choro galanteia os olhos fixos, na palma a linha do destino reconhece no cordão a lembrança do parto, do corte, o choro lava as escadarias das igrejas, entumece as cachoeiras, abre em botões o narciso pontual.

ElizaWilhelm

WHO DOESN’T CRY DOES NOT BREAST

W

ho does not cry does not breast. In the desert, crying comes well before the verb; in the skin of the nipple, the silk covers and stretches in the sky the brushes that expel paints and dot the stars. There is the canter suction, the sonicated suction, the mouth in a suction cup, the mouth of possession, the white mouth dressed as a bride, the leftover milk.

The empty rest of crying is extinguished by the exhalation gushed in the chest, the clothing’s accuracy, and the sticking to the mother. Mystical food is the work of angels.

Crying worsens the fixed eyes; in the palm, the line of destiny recognizes in the cord the memory of childbirth, the cut, the cry washes the stairs of the churches, swells the waterfalls, opens the punctual narcissus in buttons.

A Gota Dágua

G

ota d’água é a coisinha pequenina e exata que estava faltando para desandar o que estava em curso ou para fazer andar o que não estava acontecendo.

Solange Casotti

T

he Water Drop

A drop of water is the tiny, exact thing that was missing to unravel what was going on or move what was not happening.

Quem Brinca com Fogo Acaba se Queimando

O

perigo não sabe sobre o fogo vencer, permeia no desafeto de não sabê-lo sério.

Fogo que desarma prioridades de funções causa incêndio, desnatura proteínas, apaga o chamado ardente da paixão às acesas das noites que não dormem e não relaxam o circuito do pensamento. Paixão e fogo exageram sem desnaturar. Brincadeira leviana desacata a toada dos vultos, das núpcias, nos alpes nevasca ao topo do sol distante. A combustão lambe cartas, balões, fotografias diplomáticas de grinalda e voal em brindes de conselheiras esperas. Não brincando com fogo, ele que é todo dono de si, sinaliza com civilidade os seus derivados de elementos químicos apropriados nas misturas que saberão se colocar. Paixão recupera o fogo e troca de papéis assolados a serotonina,

Eliza Wilhelm

Inspired by Caravaggio’s painting “Boy Bitten by a Lizard”

Who plays with fire ends up getting burned

T

he danger does not know about the fire winning; it permeates the disaffection of not knowing it seriously. A fire that disarms functions’ priorities causes a fire, denatures proteins, extinguishes the burning call of passion on the nights that do not sleep, and does not relax the thought circuit.

Passion and fire exaggerate without denaturing. A frivolous joke defeats the figures’ tone, the nuptials, in the blizzard alps at the top of the distant sun. The combustion licks letters, balloons, diplomatic photographs of garlands, and voices on gifts from waiting counselors. Not playing with fire, he owns himself signals with civility his derivatives of appropriate chemical elements in the mixtures that will know how to be placed. Passion recovers the fire and exchanges papers plagued by serotonin,

Mãos Atadas Minhas mãos não têm carinho Elas são segredo e dor E eu não posso te abraçar Meus dedos não se cruzam Porque a sorte nunca vem E não há o que fazer Eu estou de mãos atadas Não me peça pra falar Fica aqui o meu adeus

Sylvia Lima

Tie Hands

M

y hands have no affection They are secret and pain And I can’t hold you My fingers don’t cross Because luck never comes And there’s nothing to do I have my hands tied Don’t ask me to speak Stay here my goodbye

Inspired by Pablo Picasso`s painting “The Older Guitarrist”

Inspired by Picasso`s painting “The Old Guitarist

Pôr a Viola no Saco

P

ôr a viola no saco e sair de mansinho, num jogo perdido, numa cabra cega. Pôr a viola no saco é o advento da despedida que sem roda de sonoridades não se ganha nenhum palco ao sol. Perdido o jogo, recolhe-se ao significado da perda. Como quem levanta o acampamento por ter perdido a prosa, a rosa que jaz despetalada. Com o rabo entre as pernas, como voo de urubu maligno sem som e com asas que maculam sombra, sinal de tempos desajustados de perdas sem ganhos imateriais, sem polinizações de raciocínio.

Colocar a viola no saco é despedir-se do jogo perdido, desencantado, azedado pelo incrédulo fracasso do dissabor.

Put the Guitar in the Bag

P

ut the viola in the bag and sneak away, in a lost game, on a blind goat. Putting the viola in the bag is the advent of the farewell that without a sound wheel, you won’t get a stage in the sun. When the game is lost, the meaning of the loss is taken away.

Like someone who sets up camp for having lost his prose, the rose that lies bare. With the tail between the legs, like a flight of an evil vulture without sound and with wings that taint the shadow, a sign of mismatched times of losses without immaterial gains, without pollination of reasoning. To put the viola in the bag is to say goodbye to the lost game, disenchanted, soured by the incredulous failure of the unpleasantness.

Eliza Wilhelm

Two-Faced

G

reen was the eloquence in which you spoke Red was your sleight of hand Green was the light of your promises Red was the anvil on my back.

Green was the lawn you mowed, Red was the knoll Green was the heart your stole, Red was the blood that showed.

Green was the life encased, Red was you, two-faced.

Sofia Soriano

BOCA NO TROMBONE

Q

uando o silêncio É nó na garganta Libera a voz Para o mundo te ouvir Quando o silêncio É dor e corrói Solta o verbo Para curar a alma Sua boca é o sopro do trombone E o maestro dessa orquestra é você

Sylvia Lima

M

outh on Trombone

When silence It’s a lump in the throat Unleash the voice For the world to hear you When silence It’s pain and it corrodes Speak freely To heal the soul

Your mouth is the blow of the trombone And the conductor of this orchestra is you

Mamão com Açucar

M

amão com açúcar é quando a leveza e o fluir tomam conta de uma tarefa que parecia difícil ou praticamente impossível.

Solange Casotti

M am o com Açucar ã

Piece of C ake

Pan comido

Piece of Cake

P

apaya with sugar is when lightness and flow take over a task that seemed difficult or practically impossible.

Enxugando gelo

N

ão insista nesse enredo Nossa história nunca muda E o fim é ali na esquina Você troca de calçada Mas te vejo do outro lado Sua sombra é sempre a mesma Deixa o gelo derreter Só não esquece de partir Eu não quero me molhar

Sylvia Lima

Wiping Ice

D

on’t insist on this plot Our STORY never changes And the end is there on the corner You change sidewalks But I see you from the other side Your shadow is always the same Let the ice melt Just don’t forget to leave I don’t want to get wet

Pentear Macaco

P

entear macaco deve ser a forma menos prolixa de se mandar alguém para um outro lugar que não seja aquele ocupado pela sua nobre perseverança à privacidade do sossego, como um livramento, como se fazia antigamente, o arranjo de palavras aliviava o sufoco da explosão ao se espanar o outro para um lugar distante do ocupado e não inventar de tolhir a paciência, evitando-se eclodir palavrões, paráfrases de insulto combalido. Pentear macaco parece frase não dita. Um espasmo de pólvora que vai saindo discretamente da face corada de raiva descentrada pela polidez. Ou algo tão incoerente sem maiores consequências de dicionarização dos sentidos. Uma frase qualquer que desabe a irritação engasgada, a fervura dos nervos, a pia entupida, a cifra de conteúdo que não diz nada e para ninguém. Quem sabe tem a intenção de deixar o outro à deriva pensando enquanto boquiaberto tenta desvencilhar a razão, o significado sem mão, sem vísceras, sem bajulamento de forma culta da língua.

Eliza Wilhelm

Comb the Monkey

C

ombing a monkey should be the least verbose way of sending someone to a place other than that occupied by his noble perseverance to the privacy of peace, as a deliverance, as was done in the past, the arrangement of words relieved the suffocation of the explosion when dust the other to a place far from busy and do not invent to curtail patience, avoiding exploding expletives, paraphrases of insulted insult. Combing ape looks like an unspoken phrase.

A spasm of gunpowder that discreetly comes out of the face flushed with rage off-center by politeness. Or something so incoherent without major consequences of dictionary definition. Any phrase that brings down the choking irritation, the boiling of nerves, the clogged sink, the cipher of content that says nothing to anyone. Perhaps he intends to leave the other adrift thinking while his mouth open, trying to unravel reason, meaning without a hand, without guts, without flattering the cultured form of the language.

Ficar a ver Navios

C

ansei de olhar para o horizonte De ver a dança das marés E o céu mudar de cor Cansei de olhar para o horizonte Ele não me traz mais nada Além do sol e da lua Vi o navio partir Esperei você voltar Ainda não foi dessa vez

Stay Watching Ships

I

’m tired of looking at the horizon To see the dance of the tides And the sky change color I’m tired of looking at the horizon He doesn’t bring me anything else Beyond the sun and the moon I saw the ship leave I waited for you to come back It hasn’t been this time yet

Sylvia Lima

Dedos Cruzados É só um gesto E eu me fortaleço Liga a esperança E começo a sorrir

Esse cruzar de dedos É uma luz que se acende Um caminho que se abre É o seu olhar na minha direção

Finger Crossed It’s just a gesture And I get stronger Connect Hope And I start to smile

This crossing of fingers It’s a light that turns on A path that opens It’s your look in my direction

Sylvia Lima

Inspired by Pablo Picasso`s painting “Arlequin”

Ver tudo Cor de Rosa

Ver tudo cor de rosa numa fração de segundos parece uma ideia feminina amparada por paisagens de flamingos, gérberas rosáceas, coração oferecendo palpites sobre amores alçados sobre as lajes, pipocas flambadas de açúcar de beterraba. Moradores palpitam desejos brocados e cintilados empinando pipas e rabiolas com poesias descritas em seus formato espiralados. Nas praças algodão doce citados não enjoam de encontrar crianças com balões de dimensões explosivas como bolas de chiclets, papo de aves inchadas de truques rosa choques em bolsas pesadas, bochechas saudáveis na serra um truque de cor de maçãs relevadas no rosto. Ver tudo cor de rosa por frações de segundo é circular sangue fresco nos vasos, tarde pronta na praia preenchida a agalopes de pulmões drenados, alegria das carrocinhas de cachorro-quente, a língua desavisada aprimora seus tons de rosa em ametistas concentradas em proteger todo vulto de ilusão da embriaguez germinada.

View All Pink Seeing everything pink in a fraction of a second seems like a feminine idea supported by landscapes of flamingos, pink gerberas, heart offering hints about loves raised on the slabs, popcorn flaming with beet sugar. Residents throb brocade and sparkling desires flying kites and tails with poetry described in their spiral shape. In the cotton candy squares mentioned, they are not sick of finding children with explosive-sized balloons such as chiclet balls, swollen bird necks with heavy pink tricks in heavy bags, healthy cheeks in the mountains, a trick of the color of raised apples on their faces. Seeing everything pink for fractions of a second is circulating fresh blood in the vases, ready afternoon on the beach filled with drains of drained lungs, joy of the hot dog carts, the unsuspecting tongue enhances its pink tones in amethysts focused on protecting every figure of illusion of germinated drunkenness.

Eliza Wilhelm

Tickle the Ivories / Batendo na mesma tecla The man just came home from work and started reading the newspaper.

The woman is upset because her husband isn’t talking to her. But the man doesn’t realize that she is feeling that way. So she is just playing the piano to swallow up her feelings. The wife doesn’t know why he is so quiet because he has problems at work. He gets racial comments from his co-workers about the color of his skin. Reading the newspaper helps him drawn everything. Though they have their problems when they are together on the street, it is a lot worse. Horrible comments are coming left and right. All of this harassment sometimes makes them wonder if a divorce would save them.

Kingsley Cospolite

Inspired by Eward Hopper`s painting “Room In New York”

Amigo da Onça

Cold Fish

Dia da Caça outro do caçador

Dèyè mòn gen mon

Crocodile Tears

Arrastando as asas

Abraço de Urso

Mas vale um pássaro na mão que dois voandor

Break your leg

Dar com a Língua nos dentes

To Be All- Singing and All- Dancing

Pour Cold Waterg

Segurar a Onda

On the Same page

whatever floats your boat

Every Cloud Has A Silver Lining

Siempre se rompe la cuerda por lo más delgado

Pulling that Thread

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