Catálogo Arte que marca a cidade

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APRESEN TAÇÃO Richard Perassi

E

ste catálogo com belas e vibrantes imagens fotográficas é um registro gráfico da mostra de fotografias de mesmo nome que, primeiramente, foi concebida como parte das apresentações da terceira edição do evento “Seminário de Informação e Comunicação da Marca” (III SICOM). Todas as edições do evento SICOM são realizadas pelos integrantes do grupo de pesquisa “Significação da Marca, Informação e Comunicação Organizacional” (SIGMO/UFSC/CNPq), reunindo professores e estudantes vinculados ao Departamento de Expressão Gráfica (EGR/ UFSC), ao Programa de Pós-graduação e Engenharia e Gestão do Conhecimento (PPEGC/UFSC) e, também, profissionais pesquisadores de diferentes instituições que estão cursando ou cursaram pós-graduação na Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Anteriormente ao dia 19 de outubro de 2016, data da efetiva realização

“Arte que marca a cidade: mostra fotográfica sobre a pintura Graffiti em Florianópolis.”

do III SICOM e da inauguração da mostra de fotografias, houve o desenvolvimento de outros projetos, com palestras e workshops. Em decorrência do projeto “Arte que marca a cidade: mostra fotográfica sobre a pintura Graffiti em Florianópolis” foi realizada o Workshop “Composição fotográfica: registro da arte Graffiti”, com registros de imagens sobre a arte e a cidade, coordenada por Sharlene de Araújo. Já a seleção e a hierarquização das imagens produzidas foram realizadas sob a curadoria de Isaac Camargo. Espera-se que a mostra realizada e este registro gráfico das imagens dos participantes fortaleçam seu interesse e renovem seus esforços em busca de sua plena realização com o trabalho fotográfico, reconhecendo-se a si mesmos como verdadeiros poetas da luz. Espera-se também que todos nós possamos nos sensibilizar e alegrar com a luminosa vibração colorida das imagens fotográficas e das obras de arte Graffiti nos muros de nossas cidades.


TEXTO DE CURADORIA

PROCESSO FOTOGRÁFICO

Isaac Camargo

Sharlene Melanie

Fotografitando... um olhar transitório.

F

alar do Graffiti no ambiente urbano é o mesmo que falar das variações da paisagem no espaço e no tempo: as transformações são contínuas sujeitas à ressignificações e releituras. A cada momento um novo insight, um novo lampejo de clareamento reordena o visível ao nosso entorno. O Graffiti é marcado pela intervenção e pela transitoriedade no contexto urbano. Dialoga com o espaço, com o tempo e com os transeuntes, mas nem sempre da mesma maneira. Esta é a dinâmica da chamada Arte de Rua, que foge do reduto fechado do sistema tradicional de arte e se coloca desafiadoramente como presença nos dispositivos urbanos, as paredes, os pisos, os veículos é a sua constante. Todos estes suportes são instados a participar de um momento, mesmo que fugaz, da vida das pessoas. Refletindo a respeito das fotografias produzidas a partir do Workshop do III SICOM, vamos reuni-las a partir de suas coincidências em busca de um mínimo de categorização. Se a constante é estar no meio urbano, suas variáveis são os modos pelos quais ela é produzida ou mesmo lida nele ou a partir dele.

Tomando por referência o ato produtor inferirmos, deduzindo ou supondo a intencionalidade de seu criador, que elas estão ali para nos dizer algo sobre a urbi, é o que constatam Paula Soldi, Ana Toyama, Fernanda Silva, Angelo Aguiar e Murilo Hiratomi recortes fotográficos nos quais as imagens dialogam visual ou conceitualmente com a cidade. Ao mudarmos nosso ponto de vista e recorrermos ao viés da leitura pessoal do que se mostra, vamos encontrar os olhares de Heloiza Pereira, Carol Goméz e Alice Ormeneze que, por meio de suas tomadas, interpretam os Graffitis que percebem. E se tomarmos por referência o olhar de Natália Torres, temos o contraste entre o ambiente e o Graffiti como uma dupla intervenção a do Graffiti e da criação que destaca as imagens sobre o ambiente e não as camufla. Percebe-se assim que, mesmo numa amostra restrita como esta, é possível dialogar com várias camadas de criação e isto também é um dos requisitos para a compreensão da Arte na contemporaneidade: nossa habilidade de lermos os atos criativos instaurados no contexto cotidiano pela estética da transitoriedade e da impermanência.

A

o estudar fotografia, tende-se a pensar em três pontos principais: a iluminação, a composição e a temática. Estes são itens fundamentais para se obter uma foto com qualidade profissional. A luz está presente na própria palavra fotografia, que significa ‘desenhar com a luz’, pertencendo ao domínio da iluminação, a percepção da cor que configura a foto. Seja pela saturação, pela intensidade ou pela adequação do foco ao objeto principal que por meio da composição é organizado, juntamente com os demais elementos, para que se tenha ou não destaque na imagem. A escolha dessa ordem se relaciona com a possibilidade do tema a ser escolhido - o que se quer dizer e como ser dito. No momento em que se define o que a fotografia quer dizer, a técnica pode dar o suporte, por meio do enquadramento, equilíbrio visual, perspectivas, linhas e outros fatores.

“Na fotografia, deve-se compreender o que se quer dizer e como ser dito." Temos então o jogo desses três itens que devem estar alinhados para ter o resultado esperado de uma fotografia. Assim foi pensado o Workshop “Composição fotográfica: registro da arte Graffiti” realizado nos dias 09 e 23 de setembro de 2016 na UFSC que apesar de ter a composição como principal foco teórico, abordou de maneira geral questões da fotografia que pudessem ser representadas em imagens com a temática da arte Graffiti. Dos 18 participantes, 10 tiveram suas fotos selecionadas para a exposição e inserção neste catálogo, totalizando 30 obras desta série. Assim, obteve-se imagens que representam as artes expostas em muros da cidade de Florianópolis colocadas de modo diferente por cada participante, demonstrando que além das técnicas o olhar fotográfico e a experiência pessoal muda as características estéticas do estilo de cada fotógrafo.


Alice Ormeneze Estudante do curso de Design na Universidade Federal de Santa Catarina. “Pretendo aprimorar cada vez mais o meu olhar e a minha técnica sobre a fotografia, pois acho incrível o poder que ela tem de preservar os momentos e as nossas memórias, assim como ela consegue atingir o coração das pessoas e espalhar o conhecimento sobre diversas realidades que existem mundo afora.”

“Procurar a poesia no cotidiano, a arte

“Procurar a poesia no cotidiano, a arte mesclada ao ambiente urbano.” mesclada ao ambiente urbano.”


Ana Tuyama Artesã e estudante do curso de Design do Instituto Federal de Santa Catarina - IFSC. “Registro despretensiosamente o cotidiano, a minha rotina acadêmica, momentos em família, cenas da ilha, incluindo Graffitis que me encantam pelas suas mensagens, imagens e colorido.”

“A impermanência da vida nas

“A impermanência da vida nas cenas urbanas.” cenas urbanas.”


Angelo Aguiar Graduado em História, atuando como professor na área. “Dedico estas fotos a toda minha família e amigos, grupos esses permeados muitas vezes pelas mesmas pessoas.”

“Olhares múltiplos, diretos, discretos, desconfiados, admirados, assustados,

“Olhares múltiplos, diretos, indiferentes e curiosos. Já parou para discretos, desconfiados, perceber o quanto um olhar, mesmo admirados, assustados, acompanhado do silêncio, pode falar?” indiferentes e curiosos. Já parou para perceber o quanto um olhar, mesmo acompanhado do silêncio,


Bruno Kuroiwa Graduado em publicidade, propaganda e marketing pela Universidade Presbiteriana Mackenzie e pós-graduado em administração de empresas pela Fundação Getúlio Vargas. “Em minhas horas livres saio a pé ou de bicicleta para desbravar a cidade e fotografar as belezas que ali não faltam.”

“Minhas fotos representam a minha

“Minhas fotos representam a memória fotográfica dos lugares, pessoas minhae memória fotográfica situações que vivi/conheci.” dos lugares, pessoas e situações que vivi/conheci.”


Carol Goméz Estudante do curso de Jornalismo na Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC “Sou a pessoa que tira foto de todo mundo nas viagens, nos passeios com amigos, acho que a fotografia é um ótimo jeito de ver e registrar o mundo.”

“Minha preocupação foi mostrar como as

“Minha preocupação foi redor delas, mostrar o cotidiano das pessoas ao mostrar como as pessoas redor das paredes grafitadas.“ interagiam com o Graffiti pessoas interagiam com o Graffiti que estava ao


Fernanda Silva Geógrafa de formação, mas atua com línguas estrangeiras, dança, projetos culturais e ambientais. “Enxergo na fotografia, grandes oportunidades de eternizar e ressignificar momentos.”

“Procurei mostrar o Graffiti conversando

“Procurei mostrar o e não ‘apesar’ da sua presença.” Graffiti conversando com o seu entorno, como sujeito de ação e não ‘apesar’ da sua presença.” com o seu entorno, como sujeito de ação


Heloísa Pereira Graduada em Geografia – Licenciatura e Bacharelado pela Universidade do Estado de Santa Catarina – UDESC. “O assombro, a intimidade, a expectativa, a secreta observação: a fotografia pode tocar, comover e maravilhar independentemente de idioma, nacionalidade, escolaridade.”

“A mulher no (des)colorido da

“A mulher arte nourbana.” (des)colorido da arte urbana.”


Murilo Hiratomi Estudante do curso de Design na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. “Sempre me vi como um observador desse mundo fotográfico, e nunca como um criador. Entretanto, durante a disciplina de Fotografia, tive que tomar o papel de criador em alguns momentos, o que me fez perceber que gostava não apenas de observar, mas de criar também.”

"As fotos mostram contrastes da cidade e

"As fotos mostram contrastes em meio a rotina dinâmica da cidade." daoucidade e o Graffiti, em meio a elementos naturais ou em meio a rotina dinâmica da cidade." o Graffiti, em meio a elementos naturais


Natalia Torres Doutoranda do Programa interdisciplinar em Ciências Humanas na Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. “Minha relação com a fotografia parte de uma curiosidade permanente pelo instantâneo, de ter a experiência de tornar presente algo que, retratado, fica automaticamente no passado, mas sobrevive como lembrança.”

"O Graffiti nunca é um acontecimento

"Oisolado: Graffiti nunca um ele se faz evidente nasé suas acontecimento isolado: trocas conosco, com outras formas e ele se fenômenos faz evidente nas urbanos." suas trocas conosco, com outras formas e fenômenos urbanos."


Paula Sholdi Aluna do curso de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC. “Essa paixão que me faz clicar e retratar cada pedacinho desse mundo, que não deve ser apenas guardado na memória, mas deve ser revelados para todos. Assim até mesmo aqueles que não podem viajar, conhecem pelas minhas fotos os lugares em que estive e participam de alguma forma dos momentos que vivi”.

"Minhas fotos retratam a interação da

"Minhas fotos retratam a interação da população com a cidade população com a cidade."


AGRADECI MENTO Equipe SIGMO AGRADECENDO A QUEM VIVE E CONVIVE COM ARTE Atualmente, observa-se publicamente a diversidade de identidades sociais, sendo essas relacionadas com questões de gênero ou raciais e culturais, entre outras. No ambiente urbano, as expressões da arte Graffiti representam toda essa diversidade, configurando um complexo espelho com imagens que refletem a própria sociedade. Nas atividades de preparação e no próprio evento III SICOM de 2016, a arte Graffiti foi adotada como um dos temas centrais. Houve também a realização de uma pintura mural e uma palestra sobre o tema, no dia 04 de outubro de 2016, pelo artista urbano, tatuador e mestre em Artes Visuais, Pedro Luiz Wanderley Teixeira, popularmente reconhecido como “Driin”. Agradecemos a especial participação do artista Driin e, também, a todas as pessoas interessadas em fotografia e arte Graffiti, que se dispuseram a participar da oficina e que cederam suas imagens para compor a mostra fotográfica e este catálogo. Agradecemos ainda ao professor Isaac Camargo, responsável pela curadoria da exposição, aos parceiros envolvidos e ao público que constamente nos prestigia.

Pintura Graffiti Centro de Comunicação e Expressão - CCE/ UFSC 3 de outubro de 2016 Artista Driin



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