Mundos Secretos: Uma Antologia da Saga das Sombras

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tempo... Os três ainda estavam vivos. Haviam sobrevivido ao desastre apenas com alguns arranhões e manchas de cinzas pelo corpo. Só eu perdera o corpo. Só eu havia morrido. E. Aquilo. Não. Era. Justo! Vendo os homens terminarem de prestar os primeiros socorros e fecharem a porta dupla da ambulância, todo o meu corpo começou a entrar em convulsão. Ao colocar a mão diante do meu rosto, tudo o que eu conseguia enchergar era um borrão de cor e raiva. Não podia ser... Eu tinha acabado de ganhar um emprego. Estava prestes a me formar na Faculdade. Aquilo não era real. Não era possível! Eram eles quem deveriam estar invísiveis à todos... ...Eram eles que deviam ter seus corpos se decompondo lentamente dentro de uma mortalha plástica... Eram eles quem deviam estar mortos, não eu! - NÃO! - implorei com todas as minhas forças, um rio de lágrimas incandescentes rolando por meu rosto sem controle algum - Por favor, NÃO! Tomado pela fúria, observei a ambulância ganhar distância à toda velocidade, as luzes presas no teto do veículo ficando cada vez menores com o passar do tempo. Eu me sentia impotente. Não sabia o que fazer. Mas tinha plena convixão de que eu tinha que fazer alguma coisa – qualquer coisa - para mudar a situação. Sem pensar em nada, comecei a correr atrás da viatura.


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