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Paradoxo da demanda por profissionais inexistentes versus falta de emprego formal

Participando em diversas associações, empresas, e fóruns percebemos que existe uma clara percepção que existem dezenas de milhares de vagas no Brasil que não são preenchidas pois não se encontram profissionais com a formação adequada, principalmente no que tange as demandas pela transformação digital, automação industrial, cadeias internacionais, novos materiais, como Grafeno, Semicondutores, compostos de nióbio, Lítio, entre outras demandas que estão sendo colocadas em prática na indústria.

Por outro lado, acompanhamos uma série de profissionais que passaram por tantas transformações tecnológicas estes último 40 anos, que com certeza estariam aptos a passarem por mais uma série delas, além dos jovens que vêm passar a sua frente uma miríade de possibilidades e mudanças no espaço de trabalho digital, perdendo o elo com as atividades que ocorrem em locais específicos, como Indústria, Laboratórios de pesquisa, centros produtivos, entre outros espaços de agregação de recursos humanos.

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Onde podemos encontrar alternativas que podem servir de referência para entendermos como reorganizar nosso sistema de ensino e formação de jovens e continuada?

Certamente existem empresas, das quais venho acompanhando e estudando os seus sucessos em promover uma evolução continua nos seus produtos, na formação dos seus recursos humanos e na sua persistência de propósito. Como exemplo, menciono algumas emblemáticas, como EMBRAER, Robert BOSCH, WEG, entre outras. Todas tiveram um líder inspirador que, antes de mais nada, promoveu a criação de uma escola de formação de recursos humanos desde os primórdios, em que a própria escola já era o portão de entrada nas empresas.

Atraia-se os candidatos para a formação com uma clara percepção de visão de mundo, que se mostrava atrativa para os mais engajados com os propósitos das empresas e que buscavam um futuro melhor.

Os próprios professores e diretores estavam muito ligados aos objetivos de formação da escola. Enfim, a preocupação destas empresas desde os seus primeiros passos, em atrair e formar pessoas engajadas e com os conhecimentos integrados dentro de um objetivo comum são o segredo deste sucesso.

Podemos constatar pelo exemplo do crescimento da industrialização do ABC Paulista nos anos 60, onde as grandes multinacionais se uniram para estabelecer Escolas Técnicas e Universidades que preparassem jovens para ingressarem no mercado de trabalho fazendo do ABC um polo de atração de muitas indústrias, que foi o berço do crescimento vertiginoso da indústria.

Porém foi uma iniciativa conectada com os grandes investimentos que o Brasil atraiu naquele momento e sua governança na época não havia se vinculado com as estratégias de renovação e evolução deste parque industrial que se criou e após 20 anos começou a demonstrar sinais de perdas e as entidades de formação criadas foram passadas para o Poder público, como Fundação Paula Souza, SENAI, entre outras.

Entendemos que a dimensão de transição que estamos passando, denota uma demanda por um esforço maior em aproximar os gestores das indústrias, que possuam uma percepção clara dos gaps atuais e que consigam junto com os agentes públicos de suas cidades, promover uma discussão estratégica focada na aproximação com o sistema educacional, que em conjunto com o SENAI e as demais escolas de formação, possam juntas trabalhar na formação vocacionada, com foco na transformação do sistema produtivo, sem perder o elo de ligação com as bases estratégicas das empresas envolvidas.

Erwin Franieck franieck@unicamp.br

019 982051122

Engenheiro Mecânico de Projetos pela UNICAMP, professor e chefe do Colégio Técnico da UNICAMP, atuou por 35 nos na Bosch em Campinas, onde se aposentou como diretor de Pesquisa, Desenvolvimento e Inovação.

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