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Os jerivás Nos tempos pré-coloniais, o rio Pinheiros era chamado de Jurubatuba, que, em língua tupi significa “lugar com muitas palmeiras jerivás”, pela junção dos termos jeri’wa (“jerivá”) e tyba (“ajuntamento”). É conhecida por muitos nomes, como baba-de-boi, coqueiro-jerivá, gerivá, juruvá, jurubá, entre outros.

(Divulgação - UFRJ)

Jerivá (Syagrus romanzoffiana)


O jerivá é uma palmeira nativa da mata atlântica, abundante em solos muito úmidos e brejosos. É uma espécie pioneira, podendo ser encontrada também em capoeiras e áreas recentemente desmatadas, inclusive no cerrado. A palmeira é de fácil identificação, com as folhas “descabeladas”

(Divulgação - UFRJ)

(Cayo Môra)

e os coquinhos amarelados.

Seu fruto é carnoso, amarelado ou alaranjado, com polpa adocicada, muito apreciado por pássaros, esquilos, micos e também por humanos, sendo uma das fontes de alimentação dos indígenas que habitavam o planalto paulista.


Pinheiro do Brasil A araucária é um pinheiro encontrado no Sul e Sudeste do Brasil. É conhecida também como pinheiro-brasileiro, curi, pinheiro-do-paraná e pinho-do-paraná. Hoje é considerada uma espécie ameaçada de extinção, pois por muitos anos sua madeira foi alvo da exploração indiscriminada, usada para construção e produção de papel. A resina da araucária também é muito utilizada na indústria por fornecer alcatrão, óleos e outras substâncias, e os nós de pinho (segmento de galho embutido no tronco) servem como

Araucária (Araucaria angustifolia)

(Hudson Rodrigues Lima)

substituto do carvão mineral.


Pode atingir até 50 metros e, quando adulta, apresenta uma copa que possui formato semelhante ao de uma taça. Sua semente, também conhecida por pinhão, é rica em amido, proteínas e lipídios. Ela é muito usada na alimentação, tanto humana como de

(Fernando José Cantele)

animais silvestres.


O Guarapiranga

(Bjørn Christian Tørrissen)

O rio e a represa de Guarapiranga têm esse nome em virtude da presença de uma ave, o guará-vermelho, em tupi antigo, gûarapiranga (gûará, guará + piranga, vermelho).

Guará (Eudocimus ruber)

O guará foi por muito tempo dado como extinto no sudeste do Brasil. Na década de 1980, uma colônia surgiu em um local improvável, o manguezal de Cubatão. Atualmente, a população dessa ave vem se expandindo e se recuperando em vários locais.


(Sandy Cole)

Guará (Eudocimus ruber)


Pressão popular e o fim da reversão do rio Pinheiros Os protestos iniciados na década de 1980 pela sociedade civil e entidades protetoras do meio ambiente foram fundamentais para que, em 1992, o estado, por meio de uma resolução, proibisse o bombeamento contínuo das águas poluídas dos rios Tietê e Pinheiros para a represa Billings. Desde então, o bombeamento só é autorizado em caso de fortes chuvas, quando o nível das águas dos rios se eleva, causando risco de enchentes na cidade.


(O Estado de S. Paulo, 1/4/1990)


PROTEÇÃO DOS MANANCIAIS Criada em 1975, a Lei Estadual 898/75, conhecida como Lei dos Mananciais, surgiu da necessidade de proteger as áreas de nascentes da Região Metropolitana de São Paulo, afetadas pelo intenso crescimento urbano.

(SVMA)

Perceba que as represas Guarapiranga e Billings estão dentro da área protegida.


Ao disciplinar o uso do solo, a lei criou mecanismos de controle da expansão urbana em áreas importantes para a preservação dos rios e reservatórios que abastecem a cidade. No entanto, a falta de planejamento, políticas públicas e fiscalização por parte do poder público somada à intensa demanda por moradia levou à ocupação irregular dessas áreas, aumentando ainda mais a poluição dos

(Caio Ferraz)

mananciais com esgotos e resíduos sólidos.

Billings - Olhando em direção ao Parque Cocaia


Aeroporto de aves migratórias As represas Billings e Guarapiranga e as matas ao

Os visitantes mais frequentes, como maçaricos e

seu redor são verdadeiros “aeroportos” que recebem batuíras, param para descansar e se reabastecer aves migratórias do hemisfério norte, entre os meses antes de seguir viagem. de agosto e abril.

Maçarico-de-perna-amarela (Tringa flavipes)

Batuiruçu (Pluvialis dominica)

Maçarico-de-sobre-branco (Calidris fuscicollis)

Maçarico-pintado (Actitis macularius)

(Foto: Dario Sanches)

(Foto: Dario Niz)

(Foto: OW Johnson)

(Foto: Mdf)

Maçarico-de-colete (Calidris melanotos) (Foto: Andreas Trepte)


Aves em risco Nessa região também vive grande quantidade de aves que se encontram ameaçadas de extinção.

Pato-de-crista (Sarkidiornis sylvicola)

Picaparra (Heliornis fulica)

Araponga (Procnias nudicollis)

Tucano-de-bico-preto (Ramphastos vitellinus)

Macuco (Tinamus Solitarius)

Gavião-pombo-pequeno (Amadonastur lacernulatus)

(Foto: BS Thurner Hof)

(Foto: Ana Cotta)

(Foto: Noel Reynolds)

(Foto: Francesco Veronesi)

(Foto: Bcmyrtlau)

(Foto: Carlos Grupilo)


Desequilíbrio ambiental A maior parte dos predadores dos mosquitos, como peixes, mariposas, sapos e morcegos, foi expulsa do território, pela ocupação humana e o resultado são as nuvens do inseto, consequência do desequilíbrio ambiental.

Trecho da coluna “Assumptos agricolas”, 10 de outubro de 1929 – O Estado de S. Paulo


Mosquitos Uma reclamação constante de quem mora à beira do rio Pinheiros e de seus afluentes é a quantidade de mosquitos. Além do incômodo, os mosquitos são vetores de doenças como dengue, malária, febre amarela, zika, febre do Nilo

(Alvesgaspar)

Ocidental e chikungunya.

Culex quinquefasciatus - transmissor da febre do Nilo Ocidental


Sapo-cururu Choruroca é um bairro vizinho de Santo Amaro (hoje, Jardim São Luiz). Segundo o historiador Carlos Fatorelli, o nome do bairro estaria associado a um termo indígena que se refere às várzeas do rio, que seriam a morada — oca — do sapo-cururu. Mapa dos arredores da cidade de São Paulo, 1927 (Ernesto Pierburg / Erwin Englisch)

Observação: note no mapa o traçado natural do rio Pinheiros.


Entre as maiores riquezas da fauna da bacia do Pinheiros estão seus répteis e anfíbios. Diversas espécies como cobras, lagartos, sapos, rãs e pererecas habitam os rios e as matas, ocupando das várzeas ao topo das árvores. Hoje, muitas estão ameaçadas pela ocupação humana. A desconexão de habitat, causada também pelas barragens, é a principal ameaça para os anfíbios. Ela provoca um efeito devastador sobre as espécies que dependem da água para a reprodução, podendo alterar o tamanho de uma população,

(Rondon)

sua estrutura e distribuição em apenas uma geração.

Cururu-amarelo (Rhinella icterica)


(Estúdio Laborg)

Poluição na Represa Billings, próximo a Usina Elevatória de Pedreira, 2022

As chuvas lavam a cidade levando a nossa sujeira para os rios.


Por que não devemos poluir a água? Quando as condições químicas da água são

alguns poluentes que favorecem a proliferação

alteradas, além de se tornar imprópria para o

de microrganismos, como algas e cianobactérias.

consumo humano, ela é prejudicial à biodiversidade Esse processo impede a entrada de luz nos local. Uma das consequências é a eutrofização da água, causada pela excessiva presença de

ambientes fluviais, reduzindo o fornecimento de oxigênio na água, o que pode acarretar a morte de incontáveis espécies.


Amiga dos ciclistas Ao passear de bicicleta pela ciclovia do Pinheiros é comum dar de cara com esse roedor simpático que consegue viver mesmo nas águas poluídas do rio.

“A capivara é um mamífero herbívoro que se destaca por ser o maior roedor vivente, podendo atingir até 100 kg. Apresenta hábito semiaquático, sendo encontrada em áreas associadas a cursos de água, onde se protege de predadores e se reproduz. Capivaras são animais sociais, que vivem em grupos de até 20 indivíduos. Seus hábitos são diurnos, com pico de atividades no período vespertino e crepuscular.”

(Renato Stockler)

SANTOS, Vanessa Sardinha dos. “Capivara”; Brasil Escola


A capivara não está sozinha Mesmo com a intensa expansão urbana e a ocupação do território, existem muitos outros animais na bacia do rio Pinheiros. Eles vivem em praças, parques e áreas de proteção ambiental.

Onça-parda (Puma concolor)

Anta (Tapirus terrestris)

(Bas Lammers)

(Charles J. Sharp)

Bugio-ruivo (Alouatta guariba clamitans)

Caxinguelê (Sciurus aestuans)

Borboleta 88 (Diaethria clymena)

Lambari (Hyphessobrycon duragenys)

(Janaína Paula Back)

(Aline Rezende)

(Plavius)

(BartBotje)


A importância da flora local na bacia do rio Pinheiros é evidenciada pelo nome dos locais, as toponímias. A atual avenida Doutor Arnaldo se chamava anteriormente Estrada do Araçá. Ali havia um grande bosque de araçás, planta da mesma família da jabuticaba e da goiaba, cujo fruto pode ser consumido in natura e é rico em vitamina C. A flora da bacia do rio Pinheiros sempre foi rica e abundante. Quando os portugueses chegaram ao território, encontraram diversas espécies de frutas e plantas desconhecidas por eles, porém muito consumidas pelos indígenas. Os nomes populares dessas espécies evidenciam a importância e a presença da cultura indígena na atualidade, nomeando bairros, ruas e rios, por exemplo.

(Forest & Kim Starr)

Araçá (Psidium cattleianum)


O palmito-jussara é outra espécie emblemática da região da bacia do rio Pinheiros. “Juçara”, “içara” e “jiçara” são derivados do seu nome em tupi, yu’sara, que significa “palmito-doce”.

(João Medeiros)

Por possuir um palmito de excelente qualidade para o consumo humano e alto valor econômico, sua exploração descontrolada levou a espécie ao perigo de extinção.

Palmito-jussara (Euterpe edulis)


APA Bororé-Colônia A APA Bororé-Colônia, localizada ao sul da cidade de São Paulo, entre as subprefeituras de Capela do Socorro e Parelheiros, ocupa uma área de 6% do município e apresenta uma rica biodiversidade, por meio dos remanescentes da mata atlântica. A região tem alta relevância ecológica, sendo uma das últimas grandes áreas verdes da cidade de São Paulo. Encontra-se bastante ameaçada pelo processo de crescimento desordenado da metrópole, o que faz com que a proteção da região seja extremamente importante para garantir a preservação desses recursos naturais.


(PMSP)


(Haroldo Kalleder)


(Cayo Mora)


Noël Aimée Pissis. Floresta Virgem nas Margens do Tietê, 1841 - aquarela sobre papel. (Imagem extraída do livro Vida Cotidiana em São Paulo no Século XIX: Memórias, Depoimentos, Evocações).


(Estúdio Laborg)

Canal do rio Pinheiros - Santo Amaro, 2022



E ssemat er i al épar t ei nt egr ant edae xposi çãoRi osDesCober t os-Dos Jer i v ásaosPi nhei r os. Ousodessemat er i al est áper mi t i dosoment enocont e xt oeducaci onal , par afinse x cl usi v ament edi dát i cos, nosest abel eci ment osdeensi no, não hav endoemqual quercasoi nt ui t odel ucr o. Év edadaasuadi st r i bui çãoou publ i cação, i nt egr al oupar ci al , semaut or i z açãopr é vi aee xpr essados r espect i v osdet ent or esdosdi r ei t osaut or ai s. Osdocument os, cont eúdosecr i açõescont i dosnest emat er i al per t encem aosseuscr i ador esecol abor ador es. Aaut or i adoscont eúdos, mat er i ai se i magense xi bi dassãopr ot egi dasporl ei snaci onai sei nt er naci onai s. Não podemsercopi ados, r epr oduz i dos, modi ficados, publ i cados, at ual i z ados, post ados, t r ansmi t i dosoudi st r i buí dosdequal quermanei r asem aut or i z açãopr é vi aeporescr i t odosaut or es. Osdi r ei t osaut or ai ssobr easi magensper t encemaosr espect i v osdonos. Emat ençãoàl ei 9. 61 0/ 1 998, t odososes f or çosf or amf ei t ospar al ocal i z ar osdet ent or esdosdi r ei t osdasobr asaqui e xpost as. Emcasodepossí v ei s omi ssões, porf av orent r eemcont at ocom: cont at o@est udi ol abor g. com. br .


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