Conhecendo o Pantanal - Vol 3

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No processo da enchente/cheia, as áreas inundadas têm a sua vegetação alagada, quando parte morre e se decompõe, formando os detritos orgânicos, fonte de alimento dos peixes detritívoros; parte funciona como substrato/filtro, que retém os sedimentos e matéria orgânica dissolvida, servindo como substrato para desenvolvimento de algas e micro-organismos (bactérias, tecamebas etc.); e, finalmente, um terceiro estrato, a vegetação viva dentro da área inundada ou em suas bordas, que fornece alimento aos peixes na forma de flores e frutos. A inundação também propicia o desenvolvimento de ricas comunidades de insetos aquáticos, que servem de alimento aos peixes. Assim, a inundação oferece rica fonte alimentar aos peixes detritívoros, herbívoros, insetívoros e onívoros, formadores da base da cadeia alimentar dos peixes carnívoros e de outras espécies animais que os consomem, como aves aquáticas, jacarés, lontras e ariranhas. A inundação proporciona ainda o desenvolvimento da vegetação aquática, submersa ou flutuante, que fornece abrigo e alimento a outros componentes da fauna aquática, além dos peixes. Na fase seca, há novamente todo o crescimento da vegetação terrestre nas áreas anteriormente alagadas, parcialmente fertilizadas no processo de inundação e, em parte, pela decomposição da vegetação aquática da fase anterior. Dessa forma, o sistema consegue incorporar e aproveitar a matéria orgânica de forma muito eficiente, explicando a riqueza e diversidade biológica dos rios com planícies inundáveis. Além das espécies envolvidas com o ciclo das pescas comercial e esportiva, a RPPN guarda um estoque populacional importante dos peixes pescados para a aquariofilia. Esse ramo comercial de venda de peixes vivos para serem mantidos em aquários ainda é reduzido no Pantanal, quando comparado à Amazônia. Entretanto, vários dos peixes mais procurados pelos aquariófilos originamse na bacia do alto Paraguai, especialmente na planície pantaneira. Mantendo estoques intactos, a Reserva permite uma recolonização de áreas excessivamente pescadas para a retirada de iscas ou de peixes de aquários na sua região de influência. O levantamento de anfíbios da Reserva foi parcialmente executado durante a realização do primeiro Plano de Manejo (STRUSSMANN, 1997), quando foram listadas 23 espécies, algumas ainda em busca de confirmação do nível específico (Tabela 4 – Anexo). Esse valor corresponde a 73% do total dos anfíbios conhecidos para a porção norte da planície pantaneira ou 55% da classe já registrada na bacia do alto Rio Paraguai. Essa listagem ainda é parcial, não cobrindo todos os ambientes e estações do ano, indicando que o somatório de espécies desse grupo na Reserva pode ser maior. Nenhum dos anfíbios encontrados até o momento consta em listas de espécies ameaçadas, também não havendo registros de endemismos dessas espécies no Pantanal (STRUSSMANN, 1997). Ainda não foi efetuado um inventário completo dos répteis na RPPN. O primeiro Plano de Manejo lista 27 espécies (STRUSSMANN, 1997), correspondendo a 17% do total conhecido para a bacia do alto Rio Paraguai. Considerando o total de espécies identificadas na porção norte da planície, haveria 51% desse total representado na RPPN. Entretanto, como indicado no primeiro Plano de Manejo, é esperado um número importante de espécies dos ambientes de borda do Pantanal na Reserva, reforçando indícios da insatisfatória cobertura de um dos grupos animais importantes da planície. Observações de campo dos diversos grupos de pesquisa indicam a presença da cascavel (Crotalus durissus) e da jiboia (Boa constrictor), serpentes relativamente comuns e constatadas na Reserva após um esforço amostral superior ao que estava disponível para a preparação do primeiro Plano de Manejo. Além destas, foi identificada, a partir de fotografia feita na RPPN pela herpetólo-

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