Invisível ao Toque

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CAPÍTULO 1

Deito-me na cama, apago a luz do abajur e fecho os olhos: ”Hora de sonhar, Svek”. De certa forma, sei que um novo mundo acorda dentro de mim, não tão feliz como queria. Sonhos vívidos de uma época que nunca tive vontade de pesquisar, e tudo que sei é por meio de filmes que retratam a Idade Média. Vestes, mobílias, cortes de cabelos, coisas bem diferentes do que convivo hoje em dia. Às vezes, acho que não são apenas sonhos e sim lembranças. Mas, se fossem, certamente eu usaria o linguajar da época ou até mesmo o idioma do local, já que o ambiente tem um ar europeu. Porém, como falar de uma maneira que não sei? Não posso, o cérebro é incapaz de criar diálogos assim, ou seja, é só um sonho! Mas o fato é... Hmm... O fato... Que fato? O que eu estava pensando mesmo? Ah, nossa! Só sei que estou com muito sono. Sei que terei o mesmmm... Mesmo... Sonho... De sempre.

− Senhorita Victória... – murmurou uma maltrapilha levantando-se da cama tosca. De certa forma, sei que Victória é o meu nome. Sou eu, em todos os sonhos sou eu. − Calma, calma... – Corri na direção da mulher. – Não se levante tão depressa, Maria. − A senhorita é um ser enviado por Deus para nos curar. – Sorriu. – Não sinto mais as dores na cabeça. Naquele instante, um garoto surgiu na porta estampando seu enorme sorriso banguela. − Senhorita Victória, minha mãe está dando muito trabalho? − Claro que não, Thiago. Ele segurou a senhora pelo braço, despediu-se agradecendo e levou-a em direção à porta. Assim que eles saíram, fui até a caldeira. Queria certificar-me de que as ervas estavam no ponto ideal para serem engarrafadas. O ranger da porta me fez olhar abruptamente para trás. Um jovem rapaz, com roupas de padre, entrava na sala. Trazia na fisionomia uma expressão assustada.

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