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DaraPalavra DaraPalavra
Pois, as sirenes deixaram de se ouvir à medida que as fábricas foram parando a sua laboração.
Acabou a correria da manhã, o passeio curto à hora do almoço, o bulício do despegar.
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O colorido das fardas das operárias apagou-se das ruas.
As pessoas ficaram desempregadas. Eram milhares só aqui em Alhos Vedros.
Ficaram os edifícios que com os anos se têm vindo a degradar até hoje não passarem de ruínas a ameaçar desmoronamento a qualquer momento.
E ficaram muitas histórias.
Umas já contadas, muitas outras decerto ainda por contar.
Memórias que ora repousam calmamente no interior que albergamos, ora se agitam e revolvem a consciência feita espelho de sonhos que existiram e se projectam nos novos sonhos que se arquitectam nas sirenes com que a vida sucessivamente nos convoca.
Texto de Manuel João Croca no livro Alumbramento. Um livro solidário