Semmais jornal 31 de Marco 2012

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Sábado | 31.Março 2012

Director: Raul Tavares

semanário - edição n.º 708 • 5.ª série - 0,50 € • região de setúbal

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VENDA INTERDITA

Abertura Flamingos já só querem Sado e Tejo

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ACTUAL Dos projectos previstos para o distrito de Setúbal, no âmbito da requalificação do parque escolar, apenas foram con-

cretizados 45 por cento, o que equivale a um investimento de 65 milhões de euros de um total de 145 milhões. As notícias de der-

Ana Clara Birrento em entrevista

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Arquivo

Passos Coelho deu ‘luz verde’ à expansão do Terminal XXI no Porto de Sines

rapagem financeira trouxeram o assunto à ribalta. Na região há ainda seis escolas em obra, que podem ficar suspensas. PÁG. 4

Autarcas não sabiam da retirada das Lamas de Sines

ENTREVISTA A nova directora da Segurança Social no distrito explica como vai gerir a acção social com menos dinheiro e mostra-se confiante. PÁG. 8 e 9

Semmais

Caderno

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Parque Escolar só executou 45% dos projecto na região

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O Sul Jornal de Cultura e debate

Anti-Stress Grupo Coral do Montijo canta Simone

Explosões e colapsos já fizeram 5 mortos e 28 feridos PÁG. 6


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Abertura Especialistas falam de uma comunidade de mil pernaltas que habitam os estuários do Sado e do Tejo

Flamingos “espanhóis” já passam o ano na região duzir, porque a Fuentedepiedra só serve de local de reprodução e as aves têm que fazer cerca de 500 quilómetros para se alimentar e levar comida aos filhos.

:::::::::::: Roberto Dores ::::::::::::

Já ‘importamos’ flamingos que escolhem as zonas estuarinas do Sado e do Tejo como habitat. E mesmo com a chegada da Primavera daqui não queres sair. É um fenómeno de migração que não para de aumentar. Pub.

Infografia: Sofia Palma

Dieta à base de camarão

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ão portugueses por «adopção», mas quase todos nasceram Espanha. Haverá alguns oriundos de França. O certo é que os flamingos que escolheram os rios Sado e Tejo para viverem não nasceram no nosso país, mas já cá passam o ano todo. Deveriam estar todos de abalada para procriar, com a chegada da Primavera, mas uma larga percentagem não seguiu viagem. O Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade (ICNB) estima que nos estuários do Tejo e do Sado existam cerca de cinco mil exemplares. E a tendência é para aumentar. Mas o que leva milhares de pernaltas a ficarem pelo Sado e pelo Tejo, quando se sabe estar em causa uma ave migratória que não procria em Portugal? É que só quem tem casal é que se desloca às zonas de reprodução, que na "época alta" se encontram sobrelotadas. «Não há, naqueles sítios, lugar para mais ninguém. Os juvenis não vão estar a competir com os reprodutores e mesmo os adultos quando vêem que não há lugar vêm-se embora para não competir», explica um biólogo ao Semmais. Ou seja, só ficam os casais que se estão a repro-

O Sado e as salinas do Samouco, junto à ponte Vasco da Gama, perfilamse como sendo os locais mais visíveis ao público. No Tejo, as maiores comunidades residem entre a Ribeira das Enguias, a Ponta da Eva e o Mochão da Póvoa”

De resto, uma parte dos juvenis que existe hoje em Portugal ainda é do ano anterior, juntando-se aos adultos sem casal nas zonas onde o alimento abunda. A artémia, um pequeno camarão que existe nos tanques das salinas quase em fase de cristalização, é o alimento preferido. Aliás, a cor arrozada que distingue o flamingo deve-se, precisamente, a esta dieta. Quando nasce, a ave tem uma vulgar tonalidade castanha e cinzenta, que passa a branco com o crescimento, antes de começar colorir as penas de rosa com o pigmento conferido pela tal artémia. O Sado e as salinas do Samouco, junto à Ponte Vasco da Gama, perfilamse como sendo os locais onde flamingos são mais visíveis ao público. As maiores comunidades do Tejo residem entre a Ribeira das Enguias, a Ponta da Eva e o Mochão da Póvoa e no estuário do Sado é na Ilha do Cavalo e junto à Carrasqueira que se concentram os maiores bandos. Dormem enquanto a maré está cheia e só na vazante procuram o camarão entre o lodo. Já no Inverno dão preferência aos insectos dos arrozais.

Tempos em que a caça provocou chacina O fim da caça nos estuários do Sado e Tejo contribuiu para que a comunidade de flamingos passasse a viver em perfeita harmonia. É que o seu principal predador era mesmo o homem. Sobretudo depois do 25 de Abril de 1974 e até final da década de 80, os caçadores menos familiarizados com o conceito da ruralidade e do equilíbrio do ecossistema disparavam sobre qualquer animal, provocando autênticas chacinas entre esta ave

pernalta. Isto, apear de o flamingo não servir para comer e de as suas penas não terem qualquer aproveitamento. Aliás, com a proibição de se caçar nos estuários, os próprios patos regressaram a estas zonas húmidas nos últimos anos, dividindo pacificamente o espaço com os flamingos, tendo abandonado tradicionais locais de concentração, como as barragens do Alentejo.


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Espaço Público

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Notas Físcais

Editorial

// Raul Tavares

Reformas contra-natura Qualquer sociedade que se preze tem a obrigação de tratar do colectivo, lançar e orientar políticas que sustentem e criem riqueza, apostar no desenvolvimento e cuidar da sua massa social. É uma tarefa que cabe ao Estado, nos seus diversos patamares, suportada numa iniciativa privada pujante, empreendedora e justa e numa sociedade civil activa, com poder cívico e reivindicativo. Neste momento o país está desblindado nestes pressupostos e está a cair num lodo, em que nenhuma das pretensas reformas avançadas pelo actual Governo contraria o cenário de abismo. As reformas mais frutíferas e sustentáveis no tempo são as que ocorrem em períodos de normalização. São mais fáceis de aceitar e alargam a sua eficácia consensual junto dos destinatários e das acções corporativas que as confrontam. A nova legislação laboral surge no pior dos cenários e apresenta uma visão sectária deste universo. Não vai resolver a questão do emprego, não acrescenta competitividade às empresas e destrói as conquistas laborais que demoraram mais de três décadas. Para além de gerar no universo do trabalho maior agitação entre patrões e empregadores e um desânimo que se pode tornar um novo problema. Como explicar aos trabalhadores que vão perder direitos e regalias, que é preciso trabalhar mais por menos… E que estes aceitem que a panóplia de gestores continue por fora da crise, como se esta tivesse nascido para atormentar a vida só de uns quantos.

ficha técnica Director: Raul Tavares; EditorChefe: Joaquim Guerra; Redacção: Anabela Ventura, Bruno Cardoso, Cristina Martins, Marta David, Rita Perdigão, Roberto Dores; Dep. Comercial: Cristina Almeida (coordenação). Projecto Gráfico: Edgar Melitão/”The Kitchen Media” – Nova Zelândia. Departamento Gráfico: Marisa Batista. Serviços Administrativos e Financeiros: Mila Oliveira. Distribuição: José Ricardo e Carlos Lóio. Propriedade e Editor: Mediasado, Lda; NIPC 506806537 Concessão Produto: Mediasado, Lda NIPC 506806537. Redacção: Largo José Joaquim Cabecinha nº8-D, (traseiras da Av. Bento Jesus Caraça) 2910564 Setúbal. Tel.: 265 538 819 (geral); Fax.: 265 538 819. Email: redaccao.semmais@mediasado. pt; publicidade.semmais@ mediasado.pt. Administração e Comercial: Tel.: 265 538 810; Fax.: 265 538 813. Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro. Tiragem: 45.000 (média semanal). Distribuição: VASP e Mediasado, Lda. Reg. ICS: 123090. Depósito Legal; 123227/98

Juntando dois jornais: Avante! e Semmais (?!)

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olte-se a um Semmais de Setembro de 2007 e lá se relata o estado de espírito de um militante do PCP que numa jornada de trabalho de fim-de-semana da Festa do Avante! assegurava: “Lá, na Pontinha, a situação é que é única. Está mesmo escrito: Partido Comunista Português Pontinha. Português, que nenhum outro diz, e da Pontinha! Vão ver”. Falava dos placards indicativos do Metro - dois ou mais em cada plataforma e nos vários halls, na generalidade da rede, - e se é certo (ou era) que nos daquela estação não consta a Praça Professor Bento de Jesus Caraça, onde mesmo em frente do Mercado se situa o Centro de Trabalho do Partido, eis que ela confina, como já se pode ler, com a Avenida 25 de Abril que parece trazer de Alfornelos (paragem vizinha) o fluxo do Largo Poeta Ary dos Santos, da Rua dos Capitães de Abril, da Avenida Professor Ruy Luís Gomes, da Praceta (e Rua) Abel Salazar, da Rua Manuel Valadares, da Rua (e Travessa) Isabel Aboim Inglês, da Rua (e Praceta) do Poder Local... “ - E da Rua Adriano Correia de Oliveira…” Que outra Rua, a de nome Maria Machado, evoque a tipografia clandestina do Avante! dos anos de forte repressão fascista de 1958 e 1959, a funcionar na Pontinha (“60 anos de vida e luta ao serviço do Povo e da Pátria”, Edições Avante!, 1982), eis ainda um outro motivo de orgulho para aquele que dali se deslocava para a Quinta da Atalaia. Mas ele insistiu, porém, no Adriano, do qual o Pavilhão Central da Festa foi ponto alto do arranque do ciclo de homenagens no passar dos 25

Cartas ao Director “Quem pratica a parcialidade não defende a igualdade” Resposta de mulheres socialistas a um artigo da Presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas A presidente do Departamento Nacional das mulheres socialistas fez publicar no Sem Mais Jornal (24-03-2012) um artigo de apoio à candidatura de Eduardo Cabrita à presidência da Federação de Setúbal do PS e de crítica, sem princípios, à candidatura de Madalena Alves Pereira. Por considerarmos que nem o PS nem a ética republicana se devem confundir com o princípio de Maquiavel de que “os fins justificam os meios”, nós mulheres socialistas lamentamos o conteúdo e a forma do artigo de Catarina Marcelino. O referido escrito é portador de três erros cruciais. Primeiro erro: A presidente das Mulheres Socialista, por uma questão de ética e de conflito de interesses, não devia apoiar publicamente nenhum candidato a presidente de qualquer federação do país. Com que autoridade se relacionará, no futuro, a presidente de todas as mulheres socialistas com as mulheres socialistas que não apoiarem os candidatos (as) que Catarina Marcelino eventualmente apoiar nas diversas federações? Nem em nome da liberdade individual tal comportamento pode ser aceite, porque a liberdade

Valdemar Santos*

anos da sua morte (a 16 de Outubro de 1982), marcado pela grande, muito grande frase em tipo de mural: “Onde eu estiver, quero ser eu”. Já o Avante! de 23 de Fevereiro deste ano sobre José Afonso dizia ser ele um dos fundadores e animadores do Círculo Cultural de Setúbal, como é sabido. Mas um dos locais privilegiados da sua actuação, assim como de muitos outros cantores e fadistas amadores, catedral da “conspiração” comunista, era a “Academia Sapec”, a taberna do nosso camarada Jerónimo Bárbara, o “Sapec”, aberta há 43 anos, e que hoje, desde o seu falecimento, é o Restaurante “O Egas”, mantendo persistentemente todos os domingos uma noite e fado. Não é por acaso que “O Egas” é o fiel depositário de uma fidedigna reprodução do Avante! nº 48, de Agosto de 1937 (mil novecentos e trinta e sete), onde há um texto “O FADO E O FASCISMO”. Curiosamente, na noite de 15 de Fevereiro, quando o Avante! perfazia 81 anos, a neta do Sapec, Carolina, lia entre acordes “A morte saiu à rua”, grito de José Afonso contra o assassinato de José Dias Coelho, a 19 de Dezembro de 1961. Pegando de novo no Semmais (Adriano, a 9 de Abril, faz 70 anos): “Margem Sul (canção do poeta comunista) tinha lá tudo”, escreveu agora Urbano Tavares Rodrigues: direitos dos trabalhadores, rejeição das guerras coloniais e da fome, evocação de Catarina Eufémia, alusão à “foice dos teus ceifeiros como bandeira sonhada”. Nos mapas sem fim e sem escala das lutas, no mapa de Portugal. *militante do PCP

implica responsabilidade, respeito pelas instituições, pelos cargos e pela ética republicana. Segundo erro, a Catarina Marcelino apelida Madalena Alves Pereira como “uma pessoa sem um percurso afirmado dentro e fora do partido e com episódios de desistência que tornaram o desempenho do PS/Barreiro difícil em momentos cruciais”. Além de militante socialista há mais de 20 anos, Madalena Alves Pereira foi vice-presidente da CM do Barreiro e uma militante socialista sempre empenhada na militância activa e generosa. Apelidar alguém de desistente sem apresentar qualquer prova é uma calúnia, um ataque pessoal e um desrespeito para com a maioria dos militantes do concelho que apoiam a candidata. Toda a evolução do PS no Barreiro veio a confirmar a sensatez e o bom senso das ideias e da conduta da actual candidata à presidência da Federação Distrital do PS. Terceiro erro: O artigo de Catarina Marcelino não apresenta uma única ideia para justificar o apoio ao candidato Eduardo Cabrita. Numa conjuntura nacional no país e no distrito por ela classificada de difícil, era expectável que justificasse o apoio a um candidato pelas ideias por ele defendidas. Contudo, para alguns, as ideias, a generosidade, os valores e os princípios são colocados num plano secundário. Por considerarmos que a regeneração no PS no distrito de Setúbal passa por apoiar protagonistas com novas ideias, com valores, com afectos e princípios democráticos não poderíamos deixar de mani-

Penhora de vencimentos

Paulo Janela pjjanela@gmail.com

Dizem as últimas notícias que 37 casas são todos os dias entregues aos bancos. O desemprego, a redução nos vencimentos e os cortes nos subsídios, são os principais fatores que contribuem para tal situação. Face a tal realidade, os bancos estão atafulhados de casas que têm sido entregues por aqueles que face ao incumprimento, não tiveram outra solução do que abdicar do seu lar. E nem com spreads convidativos nem com campanhas especiais os bancos conseguem escoar o que têm em carteira. Daí que as instituições bancárias preferem lançar mão da penhora de vencimentos para liquidar os montantes em incumprimento. Porém, tem sido entendimento dos tribunais de primeira instância que, os bancos não podem manter uma dívida remanescente sobre um crédito à habitação que entre em incumprimento e cujos clientes entreguem a casa para liquidar o empréstimo. Ou seja, a entrega do bem liquida a dívida. De facto, tais decisões são uma “facada” no sistema bancário, mas em minha opinião, é mais que justo. É que não nos podemos esquecer que houve tempos em que os

bancos emprestavam dinheiro para compra de habitação, avaliando as casas por valores bem superiores ao de mercado, para ainda atribuir mais crédito para obras, mobília, automóveis, etc. Voltando à penhora de vencimentos, nos termos da alínea b) do n.º 1 do Art.º 824 do Código Processo Civil, são impenhoráveis “Dois terços das prestações periódicas pagas a título de aposentação ou de outra qualquer regalia social, seguro, indemnização por acidente ou renda vitalícia, ou de quaisquer outras pensões de natureza semelhante”. O seja, só um terço do vencimento pode ser penhorado. Sendo certo que, a impenhorabilidade, tem como limite máximo o montante equivalente a três salários mínimos nacionais à data de cada apreensão. Ou seja, em vencimentos em que um terço ultrapasse três salários mínimos, o restante pode ser penhorado. Em termos fiscais, e em processo de execução fiscal, as regras são as mesmas. A parte a penhorar é fixada pelo órgão de execução fiscal entre um terço e um sexto, segundo o seu prudente arbítrio, tendo em atenção a natureza da dívida exequenda e as condições económicas do executado.

festar a nossa indignação pelo conteúdo e pela forma do artigo de Catarina Marcelino. “Quem não se sente não é filha de boa gente”.

quais, em abstrato, concordamos.… ”Que quando surgem mulheres a concorrer a lugares de liderança é um facto positivo”... e “que embora seja a presidente das mulheres socialistas, não apoia uma candidata só pelo facto de ser mulher, mas pelas suas ideias”. Então se o que conta são as ideias e, nisso nós também estamos de acordo, por que razão não apresenta uma só ideia do projeto do candidato que apoia e, em vez disso dedica parte do artigo denegrindo a imagem da candidata que não apoia e, que por acaso até é mulher mas não por acaso, é a Presidente da C. P. Concelhia do Barreiro. O artigo é um exemplo de uma certa forma de fazer politica que explica o divórcio atual entre cidadãos e políticos. E é lamentável que assim seja por todos e todas nós. Mais do que nunca o Distrito de Setúbal precisa de políticos à altura. A ética não tem género.

Aida Cristina Vilas Boas, Ana Santos, Célia Morais, Clara Silva, Filomena Ventura, Isabel Gomes, Joana Roque Lino, Lurdes Cunha, Maria Amélia Campos, Maria do Céu Costa, Maria Edite Rodrigues, Nádia Alves, Odete Alexandre, Sandra Almeida, Teresa Morais Sarmento, Vera Violante, Virgínia Pereira

A legitimidade, as ideias e a ética na política Num artigo recente, Catarina Marcelino afirmou o seu apoio a um candidato à presidência da Federação de Setúbal do PS. Nada de muito significativo não fosse o facto de ter assinado o texto enquanto Presidente do Departamento Nacional das Mulheres Socialistas. Nada de muito significativo não fosse o facto de ter optado por denegrir a imagem da candidata que não apoia. A nosso ver, qualquer dirigente de um órgão nacional deverá, em situações como esta, manter publicamente, a sua imparcialidade. Não deve, sem autorização daqueles que representa, manifestar o apoio a um candidato, seja ele qual for. É uma questão de princípio. E há uma questão prática que importa deixar clara: Catarina Marcelino não fala por todas as mulheres socialistas quando apoia um determinado candidato. Mas usa dois argumentos com os

Por um grupo de Mulheres Socialistas Odete (Almada), Helena (Seixal), Guilhermina, Domingas (Sesimbra) Ana (Barreiro) Miriam (Santiago do Cacém), Ondina (Alcochete),Cármen (Setúbal),Filomena (Moita) Isabel Moisés (Montijo),Paulina Santos (Barreiro).

Errata

O texto de Catarino Marcelino que originou as reacções acima publicadas foi escrito em nome individual, como militante do PS. Por erro do SM na fase de produção, o mesmo foi assinado na qualidade de Presidente das Mulheres Socialistas, o que não era o caso.


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Actual Autarcas apelam à retoma da modernização das secundárias do distrito

Luis Dias, director da secundária de Alcácer do Sal

Parque Escolar executou apenas 45% do investimento mas taxa pode ter vindo a cair desde 2010 Derrapagens financeiras e ilegalidades na empresa não devem comprometer obras em curso em seis escolas da região, à excepção da secundária do Pinhal Novo. Outros oito estabelecimentos de ensino aguardam modernização ad eternum.

Que obras de requalificação sofreu a escola? A Escola Secundária de Alcácer do Sal foi intervencionada pela Parque Escolar, sofrendo obras de remodelação e ampliação. Em 1998, a Direção Regional de Educação do Alentejo iniciou o processo de construção de novas instalações, pelo que a manutenção foi sendo descurada com o acentuar da degradação dos espaços escolares. Como entretanto foi criada a Parque Escolar, abandonou-se o projeto existente, sendo elaborado novo projeto que aproveitou as instalações do antigo colégio, ampliando-o com edificação nova.

A

empresa Parque Escolar executou apenas 65 milhões de euros no distrito de um total de 145 milhões previstos em 17 adjudicações registadas na região. Uma taxa de realização de 44,8 por cento, até à data de 31 de Dezembro de 2010. O valor não é dos piores, mas está longe dos números verificados em Coimbra (96,3 por cento), Santarém (90,4 por cento) ou Guarda (84,6 por cento). Os dados constam de uma auditoria do Tribunal de Contas (TC) à empresa responsável pela modernização de 332 escolas secundárias no país e não deixa margem para dúvidas. Com o volume do investimento inicial da empresa a triplicar e com o aumento das necessidades de financiamento, a taxa de execução da Parque Escolar na região poderá ter caído desde esse ano e até esta altura. No terreno, ninguém sabe bem o dia de amanhã. Actualmente, estão em curso obras de requalificação em seis escolas secundárias do distrito, mas que poderão ficar suspensas a qualquer momento quando mudarem de

DR

:::::::::::::::::: Bruno Cardoso :::::::::::::::::: A Escola Sebastião da Gama, em Setúbal, foi um dos equipamentos requalificados no âmbito da Parque Escolar

fase. A secundária do Pinhal Novo, em Palmela, que aguarda por 2013 pela retoma da intervenção, é disso um bom exemplo. Entretanto, encontra-se suspenso o início da execução de reabilitação das secundárias Anselmo de Andrade e Fernão Mendes Pinto (ambas em Almada), da Alfredo da Silva, no Barreiro, da António Inácio da Cruz, em Grândola, e da Padre António Macedo, em Vila Nova de Santo André, no concelho de Santiago do Cacém. O Governo está a fazer o levantamento das necessidades de todas as escolas do país e promete resultados em seis meses. A situação desagrada aos autarcas e às populações. Em declarações ao Semmais, a vereadora da Educação na Câmara Municipal do Barreiro, Regina Janeiro diz que estas empreitadas são «fundamentais» para qualificar a educação no concelho. «A Alfredo da Silva não tem um parque exterior adequado para a prática desportiva e a empreitada, se tudo tivesse

entretanto corrido de forma normal, já era para ter começado», descreve. Para Graça Nunes, vereadora na autarquia grandolense, uma das soluções para o impasse em torno do processo na escola da localidade poderá estar na revisão do seu projecto de modernização, que implicava também reabilitar a Escola Profissional de Desenvolvimento Rural de Grândola. «Se for necessário, adequa-se esse projecto, ambicioso demais para o cenário actual», diz. A modernização da secundária de Grândola estava orçada em 10 milhões de euros e previa a manutenção dos espaços nobres ajardinados, a criação de novas estruturas, como um pavilhão desportivo, e o aumento da capacidade de turmas para 34. Escolas da fase 2 passam ao lado dos problemas da Parque Escolar São seis os estabelecimentos de ensino do distrito - todos eles da fase 2 do programa de moder-

nização da empresa – que tiveram as suas intervenções concluídas e passam agora ao lado dos problemas da Parque Escolar. No total, a empresa previa modernizar 25 secundárias na região. Em apreciação continuam, paralelamente, mais 8 escolas, todas elas da fase 4 do programa. O cenário apresentado na auditoria do Tribunal do Contas arrasa por completo a gestão da Parque Escolar. O custo de construção por escola era de 12,1 milhões de euros no final de 2011, um número bem distante dos 2,82 milhões previstos aquando do arranque do programa. Os custos totais, que foram aumentando à medida que o programa ia avançando, já excederam os 2,45 mil milhões de euros previstos em 2008 para a totalidade das 332 escolas do programa, comprometendo assim a conclusão de algumas das obras actualmente em curso e o arranque de outras.

Estas empreitadas eram necessárias? A obra era absolutamente necessária, como o provam o projecto e a adjudicação entretanto feitas. Chovia nas salas, as infra-estruturas de água, luz e saneamento estavam completamente degradadas, a vedação exterior completamente esburacada, parte das instalações eram pré-fabricadas, devido às infiltrações caíam pedaços de reboco dos tetos das salas, entre outras. A escola está melhor agora que foi alvo desta modernização? Não tem qualquer comparação o estado das instalações antes e após a modernização. Não chove nas instalações, há melhor isolamento térmico e acústico, espaços de trabalho para professores e alunos para além das salas de aula, espaços convidativos ao trabalho e à permanência de alunos, docentes e não docentes, mobília e equipamento em condições e mais segurança para todos os utentes.

Câmara sadina estima recuperar 60% dos azulejos do Livramento A CÂMARA Municipal de Setúbal já está a fazer o levantamento dos azulejos do mercado municipal do Livramento de entre os escombros da parede que desmoronou por completo no passado dia 7 de Fevereiro, matando cinco pessoas, e estima mesmo poder vir a recuperar 60 por cento desse painel histórico.

A Autoridade para as Condições do Trabalho (ACT) levantou na semana passada o embargo da obra e os trabalhos estão a prosseguir agora a bom ritmo. A autarquia deverá recriar os restantes 40 por cento do painel histórico. As obras na parte logística do mercado do Livramento reco-

meçarão assim que os escombros forem totalmente removidos. Relativamente ao ninho de empresas, a autarquia avança que a empreitada começará na ala norte, com a construção de um auditório, depois de serem feitos diversos estudos de estabilidade. A parede autoportante que foi erguida pela empresa

responsável pela concepção e execução da obra do Livramento (ABB) para garantir o normal funcionamento do espaço, afastada quatro metros do mercado e suportada por 75 toneladas de areia, vai ser substituída por uma nova estrutura. Para já, continuam por aclarar as causas do acidente do Livra-

mento. O Laboratório Nacional de Engenharia Civil (LNEC) vai entregar as conclusões do relatório à câmara de Setúbal, ACT, entidades judiciárias e Pangest, empresa fiscalizadora da obra que terá de efectuar um relatório global das causas do desmoronamento da parede do mercado municipal, numa fase posterior.


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Aluno da Escola da Modelo e surfista apadrinham praias Bela Vista é campeão Diana Pereira e Tiago “Saca” Pires juntaram-se de pedra e cal às 7 Maravilhas – Praias de Matemática de Portugal. A praia da Lagoa de Santo André abençoou mais esta etapa do concurso.

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O edil de Santiago, Vitor Poença, foi o cicerone da apresentação

Votações decorrem de Maio a Setembro A eleição das sete melhores praias nacionais vai decorrer até ao próximo dia 7 de Setembro. Até 7 de Maio, figuras públicas da sociedade portuguesa vão escolher as 21 praias finalistas, que serão depois reduzidas às sete melhores mediante votação pública, através de SMS, Internet ou chamadas telefónicas. As vencedoras serão apuradas em cada uma das sete categorias a concurso (praias de rios, de albufeiras e lagoas, urbanas, de arribas, de dunas,

selvagens e de uso desportivo) e não é possível a uma região eleger mais do que uma praia. O distrito de Setúbal tem actualmente oito praias (Ribeiro do Cavalo, Meco, Figueirinha, Galapinhos, Tróia-Mar, Com­­ porta, Carvalhal e Ilha do Pessegueiro) entre as 70 pré-finalistas já conhecidas. As sete praias vencedoras serão anunciadas a 8 de Setembro em Tróia, numa cerimónia transmitida em directo na RTP, a televisão oficial da iniciativa.

Proença, recordou que a lagoa de Santo André é uma «zona de alta sensibilidade do ponto de vista ambiental» e não esqueceu que a costa alentejana, região anfitriã das 7 Maravilhas – Praias de Portugal, tem potencial para o turismo durante todo o ano. «Aqui as pessoas sentem-se bem para retemperar a alma», desabafou. A mensagem foi partilhada pelos dois embaixadores, que afirmaram estar «orgulhosos» por poderem ajudar na divulgação da iniciativa. «Na prática, as 7 Maravilhas – Praias de Portugal pretendem fazer com que as pessoas cuidem melhor daquilo que é nosso», afirmou Diana Pereira. Criado na praia, Tiago “Saca” Pires disse ser um «ferrenho defensor dos areais portugueses, uma grande potencialidade portuguesa que pode elevar e bem o espírito do país». Bruno Cardoso

UM ALUNO da Escola Básica 2/3 da Bela Vista conquistou o primeiro lugar no Campeonato dos Jogos da Matemática, no jogo do Ouri, promovido pela Fundação Benfica, em parceria com o programa Escolas. João Casalão, de 13 anos, frequenta o 7º ano e arrecadou o título em Coimbra. Trata-se de uma prova que procura incentivar os alunos para a matemática, tendo concorrido mais de dois mil participantes, adiantando o director da Fundação Benfica, Jorge Miranda, que o resultado obtido por João Casalão é ainda mais relevante por se tratar de um aluno de um escola radicada num bairro problemático de Setúbal. Os pais não autorizam que João fale à comunicação social sobre o êxito alcançado, como forma de preservar a estabilidade da criança, sendo que a própria escola também se remete ao silêncio.

DR

A MODELO Diana Pereira e o surfista Tiago “Saca” Pires são os embaixadores oficiais das 7 Maravilhas – Praias de Portugal. Para a organização, os dois nomes representam «bem o espírito da iniciativa, de preservação e demonstração da importância da água para o país». A revelação oficial das caras decorreu esta semana na praia da Lagoa de Santo André que, curiosamente, não consta da lista de 70 praias pré-finalistas da competição. Luís Segadães, presidente das 7 Maravilhas, afirmou que a escolha desta praia de Santiago do Cacém para acolher o evento é «bem exemplificativa do olhar atento e sensível» que é preciso ter para com áreas tão ricas a nível da biodiversidade. «É uma praia fora do comum», sintetizou. Na ocasião, o presidente da Câmara Municipal de Santiago do Cacém, Vítor

DR

Finalistas serão conhecidas a 7 de Maio, com oito praias da região em alta

Carlos Móia e João Casalão

«O resultado é fruto do seu trabalho e é um exemplo para todos. Apostamos em promover também os alunos de excelência pelo incentivo que podem dar aos outros», disse Jorge Miranda, enquanto Carlos Móia, presidente executivo da Fundação Benfica, justificou que «é preciso dizer que o nosso objectivo não é atingir os bons alunos, é precisamente o contrário. Premiar o mérito e a excelência num bairro tão complicado como é o da Bela Vista», sublinhando, resumindo que augura «a este jovem um futuro brilhante». Roberto Dores


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Desde 1982 que a região reclamava operação

Explosões e colapsos fazem cinco mortos e 28 feridos em três meses

Lamas perigosas de Sines já estão a ser retiradas

Quando a ‘casa’ vem abaixo

As lamas perigosas e oleosas originadas pela actividade do complexo petroquímico de Sines estão a ser retiradas do aterro de Santo André e encaminhadas para os CIRVER (centros integrados de recuperação, valorização e eliminação de resíduos perigosos) da Chamusca, colocando um ponto final num problema que se arrastava há quase trinta anos. A empreitada visa remover cerca de 160 mil toneladas de lamas do local e assegurar o saneamento dos solos, com posterior valorização e tratamento em destino final licenciado, de acordo com a legislação em vigor. A retirada das lamas perigosas apanhou de surpresa os presidentes das câmaras municipais de Santiago do Cacém e de Sines, Vítor Proença e Manuel Coelho, respectivamente. O primeiro critica a «falta de informação prestada aos municípios», mas pede que sejam agora «salvaguardadas questões relacionadas com o transporte e tratamento dos resíduos e com a segurança ambiental». Já o autarca de Sines prefere questionar o «tipo de negócio» em questão. «É necessária uma solução mais barata para a resolução deste passivo ambiental, que seria mesmo uma mais-valia para o pólo sineense

no futuro», acrescenta. A operação de retirada das lamas perigosas, que irá eliminar este passivo ambiental, começou a ser testada há quase um mês, mas só agora foi tornada pública, depois de uma reunião dos deputados do PSD com a Águas de Santo André. «É um passo bastante significativo para a melhoria do ambiente», afirma o líder dos social-democratas no distrito, Pedro do Ó Ramos. Operação com apoio comunitário O Fundo de Coesão da União Europeia e o Fundo de Intervenção Ambiental (FIA) do Ministério da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território estão a comparticipar a retirada de lamas. O investimento global está estimado em 11,5 milhões de euros. As lamas do aterro de Santo André são compostas por hidrocarbonetos e nitrofuranos e encontram-se depositadas em 14 bacias, cada uma com capacidade estimada de 10 200 metros cúbicos. O contrato com o consórcio EGEO/ Sisav/Carmona/Lena Ambiente pressupõe ainda a elaboração de um projecto de execução das operações de terraplanagens e da reflorestação do espaço com espécies autóctones da zona. Em 2006, chegou a avançar-se com a hipótese de estes resíduos industriais perigosos serem encaminhados para a Secil, localizada na serra da Arrábida, em Setúbal. A deposição dos resíduos vindos do complexo industrial de Sines é responsável pela contaminação de dezenas de hectares de solos, bem como dos níveis freáticos. Bruno Cardoso

Politécnico analisa radiações dos telemóveis A INSTALAÇÃO de equipamentos de monitorização contínua em três edifícios do Instituto Politécnico de Setúbal (IPS) vai permitir que, daqui a três meses, seja possível efectuar uma avaliação dos níveis de radiação electromagnética proveniente das redes de comunicações móveis em diversos locais da instituição. Os resultados do estudo, que está a ser desenvolvido numa colaboração entre o IPS e o projecto monIT, do Instituto de Telecomunicações vão ser conhecidos em breve, promete o instituto, para quem este estudo,

desenvolvido por uma equipa do Instituto de Telecomunicações, pólo de Lisboa, tem como principal objectivo avaliar os riscos associados à exposição à radiação electromagnética emitida pelas antenas de sistemas de comunicações móveis. Uma das actividades deste projecto consiste na realização de campanhas de medida dos níveis de radiação electromagnética em locais públicos junto de antenas de comunicações móveis, que são posteriormente comparadas com os limites de referência aceites internacionalmente.

D.R.

Os resíduos industriais perigosos estão a ser encaminhados para os CIRVER da Chamusca. Autarcas de Santiago e de Sines desconheciam. A operação custa 11,5 milhões.

Foram três meses de tragédia para algumas dezenas de famílias que se viram obrigadas ao realojamento. As causas são diversas, mas a negligência está quase sempre presente.

O desabamento de uma parede no mercado do Livramento, em Setúbal, levantou questões de segurança no trabalho

::::::::::::::::::: Roberto Dores ::::::::::::::::::: O ABATIMENTO do chão de um apartamento na Torre da marinha (Seixal), que provocou oito feridos na noite de segunda-feira, foi apenas o mais recente acidente ocorrido na região nos primeiros três meses do ano. Entre desabamentos e explosões já há lamentar cinco mortos e 28 feridos, metade dos quais em estado grave e com eventuais sequelas para a vida. No acidente ocorrido na Torre da Marinha foi quase por milagre que a queda da placa da sala do terceiro para o segundo andar não fez vítimas bem mais graves. António Penha Dinis, o proprietário do terceiro andar, ficou com uma perna partida, mas os restantes membros da família exibem apenas algumas escoriações. O tecto colapsou, durante uma festa de aniversário, tendo os oitos familiares que estavam na sala caído de uma altura de três metros. Mas a tragédia não alcançou outras proporções porque na sala do piso de baixo as duas vizinhas já estavam deitadas. Viria a saber-se pela peritagem que, afinal, o chão perdeu a base de sustentação devido à retirada da parede que ligava a sala à cozinha, no segundo andar. Uma obra ilegal, como já confirmou a câmara do Seixal. O desabamento mortal no Mercado Apesar do elevado número de acidentes no distrito nenhum se assemelha à gravidade da queda da parede do Mercado de Livramento, que ceifou a vida a cinco trabalhadores, traduzindo mesmo a maior tragédia vivida pela região nos últimos tempos. As causas que levaram ao desabamento do alçado traseiro do edifício, com 50 metros de largura

por seis de altura, ainda são desconhecidas da opinião pública. Mas para os comerciantes que acompanharam de perto as intervenções não há dúvidas de que os trabalhadores escavaram de mais no local errado. Houve ainda um sexto homem que escapou com vida, mas ficou ferido. O dia 7 de Fevereiro escreveu, assim, uma das páginas mais negras da vida de Setúbal, pelas 17.00 horas, mas já nessa manhã os moradores da rua da Bela Vista, em Vale Fetal, Charneca da Caparica (Almada) tinham acordado ao som de uma violenta explosão, que destruíra por completo um prédio de três andares, ferindo gravemente uma pessoa, com queimaduras. Os estragos estenderam-se a vários imóveis e a 23 carros. 20 pessoas, pertencentes a seis famílias, ficaram desalojadas após a explosão de gás. A soma dos prejuízos já chega aos dois milhões de euros e ainda não são conhecidos os responsáveis. Os desalojados estão a viver em casas cedidas pela autarquia. Nove dias depois, uma outra explosão de gás, seguida de incêndio, “parava” Setúbal, ferindo

gravemente os dois idosos que habitavam o rés-do-chão frente onde ocorreu a explosão, deixando a casa inabitável. Ainda hoje se sente o cheiro a queimado no prédio com 20 fogos, no 18 A da rua Mariano Coelho. Dia 12 de Fevereiro também é marcado por uma explosão na Cova da Piedade (Almada). Mais uma bilha de gás que rebentou na marquise do apartamento onde uma família habitava, na rua Professor Egas Moniz, ferindo um casal de imigrantes brasileiros e os seus dois filhos (uma rapariga de 14 anos e um rapaz de sete). Os quatro deram entrada no Hospital de Garcia de Orta. Já na Amora (Seixal) um homem de 47 anos ficou repleto de queimaduras na sequência de uma explosão que ocorreu quando soldava uma porta numa casa térrea. Na mesma divisão um outro homem assentava mosaicos com cola de contacto, admitindo os bombeiros que a acumulação de vapores libertados pela cola e o aumento da temperatura na divisão da casa por causa do uso de um maçarico propiciaram a explosão.

Utilização de gás sem controlo A utilização de botijas de gás em fogões, esquentadores ou aquecimentos está fora de controlo, uma vez que não existe qualquer legislação que obrigue a inspecção ou fiscalização das respectivas instalações domésticas. As garrafas de gás, cujas ligações aos aparelhos são, muitas vezes, efectuadas pelos próprios consumidores, têm sido responsáveis por explosões registadas nos últimos meses. «As instalações de gás canalizado, em utilizadores domés-

ticos, têm inspecções obrigatórias de cinco em cinco anos. As de gás em garrafa, porém, não têm qualquer controlo», explica José Eliseu, director da Gasmed, empresa de inspecção de instalações de gás, alertando para o desconhecimento do consumidor das regras para uma boa montagem. Bombeiros e Associação para a Defesa dos Consumidores (DECO) consideram que deveria haver mais informação sobre como instalar e manter uma botija de gás em segurança.


03 . 12

NR 20

ano: 2012 . nr 20 . mês: Março . director: António Serzedelo . preço: 0,01 €

http://jornalosul.hostzi.com

Muitas vezes fomos inquiridos sobre o interesse de manter na programação cultural do MAEDS (Museu de Arqueologia e Etnografia do Distrito de Setúbal) um mês dedicado às problemáticas do género. Não realizou já a Mulher a sua caminhada até ao topo da igualdade? Não se encontra reconstruído um novo paradigma social sobre as cinzas da mistificada “guerra dos sexos”? Quando observamos o recrudescimento da violência doméstica sobre a mulher ou a sua sub-representação na esfera política, consciencializamo-nos que atravessamos um campo perigoso, ainda minado pela discriminação. E, no entanto, do universo feminino chegam-nos quotidianamente evidências de práticas excepcionais em todos os domínios da actividade humana. Em 2011, O MAEDS homenageou a luta tenaz das mulheres sarauis. Em 24 de Março de 2012, o enfoque será sobre as mulheres palestinianas e a sua luta pelo direito ao território, participando nesta jornada, entre outras palestrantes, a doutoranda da Universidade de Coimbra Shahd Wadi, e o embaixador Mufeed Shami. Ainda em Março, o mesmo museu apresenta duas exposições de artes plásticas de

autoria feminina. Uma de gravuras (19661997), de Ilda Reis, notável artista contemporânea, que entrou, qual deusa-mãe na terra, e desvendou como ninguém, o organismo secreto que pulsa no seu prodigioso coração de magma. Sobre Ilda Reis, escreve a Mestre Ana Matos, curadora da mostra Não quero ir onde não há luz: “Uma mulher comprometida com a causa da Liberdade e da Democracia, determinada nas suas convicções políticas e ideológicas, o que necessariamente se reflectiu no seu percurso artístico. O pessoal é sempre político [...]”. A intervenção artística Dias Felizes (fotografia, instalação e vídeo), de Rosa Nunes, contesta a ideia da redenção da Humanidade pelo sacrifício, e o seu Cristo no feminino, transmutado em corpo abatido de uma árvore da vida, inquieta-nos perante o sofrimento inútil. No título, pedra de fecho da abóbada do edifício desconstruído por Rosa Nunes, reside o impulso para a acção. A sua profunda ironia constitui uma poderosa arma ao serviço da transformação social. As árvores devem morrer de pé e os seres humanos, no esplendor da sabedoria. Joaquina Soares Directora do MAEDS

Ilustração Dinis Carrilho

ARTE E GÉNERO EM MARÇO


O Sr. Presidente da Repúblilevantou enorme seleuma. ca, está a ser confrontado, com Entretanto Cavaco Silva já uma enorme onda de reprotinha tido outros problemas. O vação, devido às atitudes que Estatuto dos Açores onde pertomou ultimamente. Primeiro deu em toda a linha, as grandes foi a questão do dinheiro não obras públicas, sobretudo TGV lhe chegar para os seus gastos e Aeroporto, pois estava contra, mensais, com dez mil euros no o célebre caso das escutas em bolso no fim de cada mês, isso Belém, uma inventona que o foi considerado um insulto a deixou muito mal visto. Bem todos os que parcimoniosacomo as questões ditas fracmente têm de gerir orçamentos turantes, Divórcio, Paridade, muitos mais baixos. Casamento Homossexual, a que Depois, foi a fuga em ense opôs. O caso de João Lobo contrar-se com os jovens da Antunes, no Conselho de Ética Escola de Artes António Arroio, para as ciências da vida. Enem Lisboa, o que foi visto como fim, o BPN, onde tinha muitos uma cobardia. E finalmente a amigos e homens de confiança forma como se referiu ao expolítica, que foram Secretários Primeiro Ministro José Sócrae Conselheiros de Estados e Lítes, num “relatório de contas” deres Partidários (Duarte Lima, do ano anterior, acusando-o Dias Loureiro e Oliveira e Cosquase um ano depois de aqueta), onde também tinha mais le ter saído da ribalta polítiacções que vendeu com lucros ca, numa tentativa muitos discutíveis, esburacada de resem falar daquiescrever a História lo a que chamou (...) a fuga em a seu favor. Refere encontrar-se com “Campanha Suja”, por isso os acon- os jovens da Escola por causa das suas tecimentos que o moradias modestas de Artes António frustraram, como que trocou por ouo PEC IV que dei- Arroio, em Lisboa, tras mais caras, no t o u a b a i x o o G o - o que foi visto como Algarve. verno de Sócrates uma cobardia. O ajuste de conno Parlamento, a tas deste PresidenLei do Casamento te, que dificilmente Homossexual, que ele consiagora continua a ser o Presiderava um desvio das atendente de todos os Portugueses ções dos problemas centrais - recorde-se que em cada cinco dos Portugueses. E por fim, ter portugueses só um votou nele permitido a tomada de posse -. Ao perder a consciência do de um Governo minoritário do papel pendular das Instituições e designadamente do GoverPS em 2009, em plena crise no para com as populações em financeiro-económica, o que

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

Um Presidente em queda livre

todas as fontes. Agora correm geral e ao abrir uma enorme na net abaixo-assinados com brecha entre ele e o Partimais de cem mil assinaturas, do Socialista, que de uma só exigindo-lhe que se demita e voz lhe respondeu com muita na blogosfera que tem bastante contundência, perdeu muita da força opinativa, as sua legitimidade. No críticas sobem-lhe PSD houve poucos a (...) recorde-se em cima. defendê-lo, por se N e s t e m o m e nreceia que ele venha que em cada cinco to crucial da nossa até a fazer o mesmo portugueses só um História recente, o com Passos Coelho. votou nele (...) que menos precisaO Expresso hamos é de uma crise bitualmente tão mosocial deste tipo, com um Prederado e cuidadoso no tratasidente fraco, desprestigiado e mento do Presidente, desta vez sem norte. Um poço de vaidaabriu a torneira das críticas a

des que só pensa em si próprio e no seu futuro, infelizmente.! Esperemos que até ao fim deste doloroso mandato, consiga melhorar a imagem, para não ficar conhecido como o pior Presidente da República depois do 25 de Abril, o homem que caiu em queda livre. António Serzedelo Editor do programa de radio Vidas Alternativas anser2@gmail.com)

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MAR 2012

NR 20

02 ENSAIO


MAR 2012

NR 20

NA VAZANTE 03 Vigilantes e em luta “

e aprofundamento e não o seu retrocesso como nos estão a querer impor. Anita Vilar Médica Psiquiatra

Desigualdade entre homens e mulheres O Paradigma da Modernidade

da educação, do sufrágio para as mulheres e na defesa das pessoas mais desfavorecidas. Entre elas destacaria Ana de Castro Osório, nascida em Setúbal, “Este texto é dedicado à minha dirigente da Liga Republicana de tia Etelvira, à minha avó Maria AliMulheres Portuguesas, uma das ce e à minha avó Maria José” . principais activistas políticas do Partido Republicano de Afonso A par com o centenário da I Costa, tendo sido oradora no conRepública comemorou-se o ano gresso republicano de Setúbal de passado o centenário do Dia In1909 em que foi decidida a via ternacional da Mulher, instituído revolucionária que culminou no pela primeira vez no ano de 1910 5 de Outubro de 1910. numa reunião internacional de Para além de Ana de Castro mulheres realizada na Dinamarca. Osório e de Carolina Beatriz ÂnFoi escolhido o dia 8 de Margelo, primeira mulher a votar em ço, porque neste dia, em 1857 na Portugal no ano de 1911, porque cidade de Nova Iorque, durante era chefe de família e sabia ler uma greve de reivindicação da e escrever, muitas alteração do horário outras poderiam ser de trabalho de 16h Hoje, as referidas como piopara 10h diárias em neiras nesta primeique as mulheres ga- mulheres ganham, ra vaga feminista em nhavam 1/3 dos salá- em média, menos Portugal. Mulheres rios dos homens, 130 12% que os homens, como Maria Veleda e operárias da indústria numero que cresce Adelaide Cabete, todas têxtil morreram num para os 21% (...) elas defensoras dos incêndio dentro duma direitos das mulheres fábrica onde foram fetrabalhadoras que lutavam por chadas. melhores condições de trabalho Nesta época em Portugal, algue mais igualdade nos salários e mas mulheres militavam no Partinos horários laborais. do Republicano e distinguiam-se A Península de Setúbal contava pela sua capacidade de intervencom muitas terras republicanas ção política e pública na defesa

JOSÉ CARRILHO, FOTOGRAFO

*números de 2010

a todos, mas atingem de forma especial as mulheres que desejam ser mães; a flexibilidade de horários, os horários longos e irregulares geram grande desgaste e tensão com impactos muito negativos a nível individual e familiar, reflectindo-se mesmo no relacionamento conjugal e impedindo a mulher cada vez mais de participar na vida cívica, política e cultural. As reduções salariais, os cortes nos apoios sociais, os aumentos das taxas moderadoras no acesso aos cuidados de saúde, o custo elevado dos livros escolares estão a levar muitas famílias para situações tão difíceis que certamente já não poderão ter acesso a uma alimentação cuidada e ao tratamento necessário para não morrerem ou terem uma vida com um mínimo de qualidade. Os progressos alcançados pelas mulheres em matéria de Direitos são motivo de grande regozijo para todas nós, porque é isso mesmo: trata-se de direitos. Não podemos, contudo, esquecer que temos de estar atentas e vigilantes e exigir na luta organizada o seu cumprimento

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

em relação às mulheres. portuguesas com 65 ou mais anos Num momento em que as A taxa de desemprego e os é de 24% enquanto nos homens políticas das troikas nacional e contratos a prazo são maiores é de 19%. Para as famílias mointernacional atingem as mulheentre mulheres bem como o risco noparentais – e 90% delas são res de forma violenta, comemorar de não encontrar novo emprego; encabeçadas por muo Dia Internacional são as que estão mais sujeitas lheres – é de 39%.* da Mulher aumenta ao trabalho temporário e as que Mulher, idosa e o seu simbolismo e A pobreza é são despedidas por serem mães. pobre é um trio que exige uma atenção uma manifesta As mulheres ganham menos ilustra muito bem e vigilância consviolação de todos os 25 a 30% em média ocupando as desigualdades de tantes na defesa de os mesmos cargos. Esta discrigénero que não se direitos conquista- direitos humanos minação gera lucros imensos às esbatem com discurdos através de uma – económicos, civis, empresas e são uma outra forsos dissociados das luta persistente e políticos, sociais e ma de exploração do trabalho práticas governatiorganizada por parte culturais. feminino. vas e que têm vindo das mulheres, direiEstas diferenças salariais a tornar-se uma triste e penosa tos que foram uma das maiores vão-se igualmente traduzir nas realidade para as mulheres em conquistas da humanidade no pensões de reforma. Portugal. século passado. Ta m b é m a q u i , a s As políticas posAs medidas de austeridade Os progressos desigualdades são tas em prática pelos (que só se dirigem a quem viveu alcançados pelas gritantes. A pensão sucessivos governos e vive do seu trabalho) impostas média de velhice na de PS, PSD e CDS e mulheres em ao povo português e, nomeadamulher corresponde agora agravadas pela matéria de Direitos mente, aos trabalhadores estão a 59,9% da pensão do cedência às imposi- são motivo de a provocar um empobrecimento homem. A pensão ções dos represen- grande regozijo acelerado que atinge, de forma média das mulheres tantes dos grandes para todas nós, particular, as mulheres que são é de 304,4 € e a do grupos económicos e também muitas das pessoas que porque é isso homem é de 531,76 €. do capital financeiro, trabalhando se encontram em A pensão rural é de (dos referidos mer- mesmo: trata-se de situação de pobreza. 227,43 €. As mulheres cados com que nos direitos. A pobreza é uma manifesta representam 53% dos pretendem assustar violação de todos os direitos reformados. e enganar todos os dias) estão humanos – económicos, civis, As alterações ao Código Laa agravar as desigualdades e a políticos, sociais e culturais. A boral facilitam os despedimentos discriminação já antes existentes taxa de pobreza para as mulheres

por excelência, onde a República foi proclamada no dia 4 de Outubro, contava também com um movimento forte de operariado, onde a força de trabalho das mulheres era muito significativa. A indústria conserveira ou a industria chacineira tinham uma mão-de-obra fortemente feminina vivendose uma época muito politizada, onde os sindicatos e o operariado tinham um papel muito activo e reivindicativo. Hoje, a luta das mulheres não

é pelo voto nem pela educação, mas continua presente a luta por salários iguais aos dos homens, por acesso igual aos lugares de decisão, por menor sobrecarga no trabalho doméstico. Hoje, as mulheres ganham, em média, menos 12% que os homens, numero que cresce para os 21% quando só consideramos o universo da sector privado e para 30% quando nos debruçamos sobre a realidade das mulheres nos lugares de topo das carreiras profissionais.

Quando falamos de trabalho não pago, tarefas domésticas e cuidados com dependentes, as mulheres trabalham em média mais 13 horas por semanas que os homens. Esta realidade crua, que atravessou um século de História, apesar dos avanços alcançados e dos investimentos dos países em legislação que promove a igualdade e protege a maternidade e a paternidade e em equipamentos e serviços de apoio à família, continua a perpetuar-se nas sociedades mais desenvolvidas. Se a minha tia Etelvira e a minha avó Maria Alice, chacineira de profissão, ainda fossem vivas, não iam acreditar que afinal as coisas não mudaram assim tanto, o que mudou foi a existência das creches, das fraldas descartáveis, dos pensos higiénicos, da pílula contraceptiva e da máquina de lavar roupa, porque afinal, na sociedade do séc. XXI, as mulheres continuam a ter o papel de reprodutoras e os homens de produtores, paradigma da modernidade que a pós-modernidade ainda não conseguiu alterar. Catarina Marcelino Presidente das mulheres socialistas


Porquê este dia?

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

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NR 20

04 BOREAL A celebração do Dia Internacional da Mulher, 8 de Março, nunca é pacífica, para muitos homens e também para muitas mulheres. Levanta sempre questões e perplexidades e ouço muitas vezes dizer “porquê este dia? A igualdade entre homens e mulheres está mais que conquistada. Que coisa tão feminista!” Talvez a 1ª razão para celebrar este dia seja continuar a desfazer os equívocos que estão associados ao feminismo. O feminismo nunca foi nem será uma luta das mulheres contra os homens, e muito menos a tentativa de ganhar essa luta fazendo sobrepor os interesses das mulheres aos dos homens. O feminismo é uma luta pelos direitos das mulheres sempre que estas estão em desvantagem e é, acima de tudo, um movimento em prol da igualdade de género, até que a luta deixe de fazer sentido e a própria expressão feminismo seja arrumada no baú. Porque é que nem o feminismo nem o dia 8 de Março podem ir ainda para o baú? N ã o p o d e m e n q u a nt o a s prateleiras dos supermercados dividirem os brinquedos das meninas e dos meninos em bonecas e nenucos para um lado e carrinhos e jogos de guerra para outro. Enquanto a publicidade da cerveja vender loiras, ruivas e morenas com imagens de mulheres que não sabemos se estão a beber ou se são para beber. Enquanto existirem crianças e adolescentes a sofrer profundamente nas escolas e nas famílias porque são rejeitados e maltratados quando começam a dar sinais de vir a assumir uma sexualidade diferente do padrão heterossexual que lhes queremos impor. Enquanto existirem mulheres que deixam de ser promovidas nas carreiras e vêem os seus colegas homens serem aumentados na mesma função porque optaram por ficarem grávidas. Enquanto dissermos que um bom marido é aquele que ajuda em casa. Enquanto existirem magistrados, que diante do tribunal, se dirigem a mulheres vítimas da violência doméstica com conselhos como este “vá para casa minha senhora, e deixe de o arreliar que isso passa”. Estes são todos exemplos do nosso dia-a-dia e à escala do que conhecemos e temos em casa ou mesmo ao nosso lado. São exemplos que continuamos a desvalorizar mas que


Sábado | 31.Mar.2012

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Política Comunistas satisfeitos com paralisação do dia 22

PSD da região duplica representação no congresso nacional

A DIRECÇÃO da Organização Regional de Setúbal (DORS) do PCP, reunida na passada quarta-feira, mostra-se satisfeita com a adesão da população à paralisação geral do dia 22 de Março, sublinhando que ficou, assim, demonstrada a «grande acção de luta e combate contra o pacto de agressão, o aumento da exploração e o empobrecimento» que o Governo, e o PS, pretendem impôr ao povo e ao País. Segundo o PCP, a adesão à greve geral, na Península de Setúbal, fez-se sentir com «enorme impacto» nos sectores dos transportes públicos, na indústria e na administração pública. E concluem: «Esta foi uma greve geral, realizada pelos trabalhadores num quadro de repressão e empobrecimento geral do País, de enorme crescimento do desemprego e da precariedade, de silenciamento e manipulação sobre os motivos e a amplitude da greve». A DORS do PCP apela aos trabalhadores e às populações da região para que reforcem a sua «combatividade e unidade», contribuindo para a manifestação deste sábado dos jovens trabalhadores, convocada pela Interjovem/CGTP-IN.

distrito acaba de duplicar a sua representação no âmbito do 34.º Conselho Nacional do PSD, que decorreu no passado fim-de-semana, em Lisboa. Foram eleitos para conselheiros nacionais do partido, com direito a voto, Pedro do Ó Ramos, presidente da distrital; Paulo Ribeiro, vicepresidente distrital; Maria das Mercês Borges, coordenadora do Gabinete de Estudos da distrital; e Luís Rodrigues, militante. A distrital está também representada com oito conselheiros inerentes, de onde se destacam os deputados Nuno Matias, Paulo Ribeiro, Bruno Vitorino, Pedro do Ó Ramos, Maria das Mercês Borges e David Campos, líder da distrital da JSD. Pedro do Ó Ramos, líder da distrital ‘laranja’, orgulhase deste feito, sublinhando que é sinal de que as pessoas confiam nos responsáveis políticos do PSD de Setúbal. «Esta duplicação aumenta a nossa responsabilidade porque, além destas eleições directas, acabamos por ter inerências, como foi o caso, o que nos permite ganhar mais elementos da região no conselho, como é o caso de António Salgueiro, vicepresidente da distrital». O presidente da distrital refere ainda que a grande aposta destas quatro figuras da região é representar com «dignidade o distrito e apresentar os seus problemas»,

Sofia Palma

O

O líder da distrital laranja continua a marcar pontos

dando como exemplo uma recente degustação de vinhos e de produtos tradicionais da Península de Setúbal, na Assembleia da República, por iniciativa dos deputados do PSD da região. Maria das Mercês Borges encabeçou a lista nacional dos TSD ao Conselho Nacional; Paulo Ribeiro foi o terceiro da lista de João Moura; Pedro do Ó Ramos ocupou o 18.º lugar da lista de Pedro Passos Coelho, encabeçada por Paulo Rangel; e o ex-deputado Luís Rodrigues liderou uma lista própria que conseguiu eleger quatro nomes. O deputado Bruno Vitorino poderá continuar a exercer as funções de secre-

tário-geral adjunto na comissão política nacional. «Como não é um cargo de eleição directa, Bruno Vitorino poderá ser reconduzido numa reunião que decorrerá na próxima semana», refere, sublinhando que o social-democrata desempenhou um «excelente» trabalho, pelo que é «muito provável» a sua recondução. O Conselho Nacional do PSD é constituído por 70 elementos. A eleição de Pedro do Ó Ramos, como conselheiro representa mais um lugar no Conselheiro Nacional, uma vez que o presidente da distrital será substituído na inerência pelo vice-presidente distrital, António Salgueiro.

Eduardo Cabrita aposta no currículo para conquistar militantes do PS EDUARDO Cabrita apresentou esta semana a candidatura à Federação Distrital do Partido PS convicto de que «a proximidade com os militantes e a dimensão nacional» conquistada através dos vários anos de carreira política, o tornam a melhor opção para a gestão federativa. «Comigo como presidente da Federação, o PS de Setúbal vai ser ouvido», garante, adiantando que, em conjunto com «uma equipa de grande qualidad» será capaz de «unir o PS e afirmar o partido como alternativa política na região», tendo em vista o próximo ano e as eleições autárquicas que o candidato afirma serem um momento de reafirmação. Eduardo Cabrita defende uma «visão integrada para o Litoral Alentejano e outra para a Península de Setúbal» para que a gestão federativa se adapte às especificidades de cada uma das regiões. O futuro, diz o candidato, «passa por governar a federação de maneira diferente, mais próxima dos militantes de base». Confiante de que representa a melhor solução para o PS distrital, Eduardo Cabrita não se furta a comparar-se com Madalena Alves Pereira, cuja candidatura também já foi apresentada aos militantes. Ao contrário da adversária, Cabrita afirma ter um

percurso de determinação, «nunca me viram nem verão desistir», assegura, apostando no facto de ser «o candidato mais conhecido» para conquistar o voto dos militantes nas eleições de Junho. «Esta não é uma candidatura para acertar contas com ninguém, nem com nenhum passado», assegura enquanto afirma que terá «todo o gosto» que a sua adversária faça parte do seu projecto até porque considera que a candidatura de Madalena Alves Pereira «é má para o Barreiro e não é boa para ela» e justifica com a «imagem de intermitência» da sua opositora. «Abandonou muitas coisas que começou, demitiu-se do cargo de vereadora na Câmara do Barreiro, abandonou a concelhia e não ajudou a reforçar aquilo que é um processo consistente visando a conquista da autarquia em 2013», explica. A Câmara do Barreiro é uma das que Eduardo Cabrita pretende recuperar nas próximas autárquicas, assim como deseja «consolidar o património conquistado no Montijo, Grândola e Alcácer do Sal». Para já o candidato não adianta muito mais sobre as autárquicas, mas garante que se ganhar as eleições internas «até ao final do ano o PS encontrará as melhores soluções».

Plataforma da AMRS apela à envolvência das populações contra extinção de freguesias Para as plataformas, as medidas que o Governo está a implementar, no âmbito da reforma da administração local, «põe em causa todo o edifício do poder local democrático». Estes projectos ad­­­ mitem que a extinção de freguesias é um «inaceitável atentado à identidade do nosso povo, à coesão social e territorial, bem como ao desenvolvimento local». E consideram que as

medidas implementadas e previstas pelo actual Governo, a diversos níveis, assumem uma «extrema gravidade» para as autarquias, como sejam o estrangulamento financeiro por via do Orçamento de Estado e da Lei

8/2002; a intenção de alterar a Lei Eleitoral Autárquica e a própria constituição das autarquias; e a redução das competências municipais, entre outras. Por último, as plataformas sublinham que as propostas do Governo são um atentado «à autonomia das autarquias e visam reconstituir um modelo de dependência e subordinação existente antes do 25 de Abril de 1974».

D.R.

OS MUNICÍPIOS da região que integram a “Plataforma 235.º Defender e Valorizar o Poder Local Democrático” e a Plataforma “Freguesias Sim! - Proximidade ao Serviço das Populações”, após reunião no passado dia 26, exortam a população a participar na manifestação nacional agendada para este sábado, em Lisboa, contra a extinção de freguesias proposta pelo Governo do PSD.

Eduardo Cabrita está optimista, mas terá que enfrentar dois opositores


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Sábado | 31.Mar.2012

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Entrevista Ana Clara Birrento, a nova directora do Centro Regional de Setubal da Segurança Social

«A minha orientação é racionalizar e fazer muito mais com menos dinheiro» No balanço de três meses de actividade, Ana Birrento quer serviços mais actuantes, mais partilha de informação e menos desperdício. «A situação não é fácil, mas temos respostas», afirma.

Mas admite haver alguma tensão, com sinal de agravamento, devido aos ‘apertos’ e maior controlo do RSI? Há sempre alguma tensão, sobretudo em casos em que há cessação do rendimento e quando há necessidade de convocação dos beneficiários para entrevistas, porque sabem que há deveres a cumprir. Portanto, não nego essa eventual tensão, mas quanto a situações de violência não há casos registados. Mas também lhe posso dizer que tem de haver uma maior capacidade e formação por parte dos técnicos para a pedagogia e para as relações humanas, até porque estão previstas algumas redefinições no quadro do RSI.

Fotos: Sofia Palma

Semmais – Comecemos com as notícias ultimamente veiculadas de alguns casos de violência sobre técnicos da segurança social, devido a uma alegada maior fiscalização de processo de RSI (Rendimento Social de Inserção). A situação é mesmo grave? Ana Clara Birrento – Julgo que essas notícias foram empoladas. E convém dizer que não se trata de técnicos da Segurança Social (SS), mas sim técnicos contratados pelas instituições que têm celebrado protocolos com a SS para implementação no terreno desses processos. Esse alegado desconforto chegounos por via das instituições, que são 19 no caso do distrito, e na sequência das reuniões que accionei de imediato fiquei com a ideia de não se ter verificado nada de grande dimensão.

PARES em andamento com 50 por cento de execução

A nova directora gostava de lançar o primeiro estudo no distrito sobre os números reais que compõem as listas de espera na acção social

É então expectável que essa linha se vá apertando, nomeadamente nos critérios para a obtenção desse apoio… Sim. Será natural uma maior reacção por parte dos beneficiários, porque o tecto da prestação vai ser mais curto, não se pode acumular prestações sociais e também vão ser revistos os critérios com base no agregado familiar e nos seus rendimentos. E como é evidente o objectivo é poupar dinheiro? Não propriamente. Queremos maior transparência, maior racionalidade na atribuição de prestações, numa lógica de sustentabilidade. A verdade é que não podemos desperdiçar recursos e, com esta filtragem mais apertada neste redesenho do RSI, podemos reencaminhar verbas eventualmen-

te mal aplicadas para outras necessidades, como as pensões sociais, que é um dos problemas que se tem agravado ultimamente. No caso do RSI estamos a falar de mais de 23 mil beneficiários. Há muita fraude, como insistentemente se tem propalado? Em Janeiro deste ano eram exactamente 23.766. Mas mesmo não havendo essa monitorização das fraudes, não tenho informação de se tratar de algo significativo. Há uma fiscalização aleatória dos técnicos no terreno e da própria SS, equipas que mantêm uma relação estreita neste campo. De que forma é o que o flagelo do desemprego a está a preocupar e a pesar na máquina da SS?

«Não fiz uma única mudança!» Tem certamente um perfil diferente da sua antecessora. Introduziu algumas alterações orgânicas nesta pesada máquina que está a gerir? Não fiz uma única mudança, essa não é a minha forma de trabalhar. Chegar a um sítio e eliminar quem cá está.

própria estrutura orgânica vai mudar. Não fazia sentido mudar por quatro cinco meses.

Não me referia propriamente a esse tipo de ‘limpeza’, mas sim a mudanças processuais… Nada, não fiz absolutamente nada. Sobretudo num momento em que a

Não estamos a falar de despedimentos na SS? Não. Estou a falar numa racionalização de recursos, de metodologias, e numa casa com 700 funcionários isso é muito relevante.

Essas mudanças vão reflectir-se em que aspectos essenciais? Numa maior racionalização, porque as circunstâncias assim o obrigam.

Somos de facto uma região com grande incidência do desemprego jovem, abaixo dos 45 anos, o quarto distrito do país com maior número de beneficiários neste domínio. É uma situação que preocupa e que tende a aumentar, mas digo-lhe que temos tido a capacidade de oferecer apoio para além dos normais subsídios de desemprego, atingindo neste momento 82.7 por cento desta população. Está a dizer que 82 por cento dos desempregados registados têm apoios superiores ao subsídio de desemprego? É um facto. Dos inscritos nos centros de emprego metade dispõem do subsídio de desemprego, e há um número muito significativo com subsídios sociais, RSI e outros apoios, incluindo as ajudas

técnicas. Colocámos a favor deste tipo de população todos os instrumentos de apoio de que dispomos. Por outro lado, temos articulado com os centros de emprego, ao abrigo do programa emprego/inserção, alguma absorção de funcionários pelos nossos canais, na SS e em instituições de solidariedade social, que valem neste momento 6% do emprego no nosso distrito. Há, contudo, uma população mais desamparada, os desempregados de longa duração e acima dos 45 anos. Há esperança para esta gente? Gostava de lhe dizer que sim, mas não tenho uma bola de cristal. Penso que o Ano Europeu do Envelhecimento Activo pode de alguma forma dar algum alento a essas pessoas, com outras formas de atenuar esse fenómeno. 1000 vagas para creches, 600 vagas para lares O seu ministro está muito apostado em criar um número significativo de vagas em creches e em lares. Já se verifica esta revolução? A nível de creches sim, porque essa legislação já está em vigor e podemos dizer que foram criadas mais 200 vagas, embora se preveja a criação de cerca de 1000 só no nosso distrito. Na área dos idosos, a portaria só saiu a 21 de Março, prevendo-se um aumento de mais 50 por cento de vagas, com a possibilidade dos quartos duplos. Neste caso estamos a falar de mais 600 vagas.

A directora do Centro Regional de Setúbal da Segurança Social garante que os 53 projectos no âmbito do projecto PARES, lançado pelo anterior Governo «vão ser levados até ao fim», porque, explica, no caso de haver desistência nós substituímos uma instituição por outra que também queira apresentar a sua candidatura. Avaliados em 18 milhões de euros no seu conjunto, estes projectos são accionados pelas instituições e beneficiam de apoios substantivos para a sua implementação. «Temos uma execução de cerca de 50 por cento, sendo que já foram inaugurados 20 projectos e estão outros dez em fase de obra», explica Ana Clara Birrento. O facto de neste programa estar garantido «um acordo de cooperação», permite um outro conforto à instituição que também comparticipa com verbas próprias. Há críticas de que esta mudança pode ferir a qualidade dos serviços prestados… Partilho da ideia lançada pelo presidente da CNIS, de que temos nos deixar desta visão de ‘show off’ e de construções faraónicas. Esta legislação garante flexibilização e maximização dos recursos no terreno mantendo e garantido a qualidade dos serviços prestados. E isso é que é fundamental. Por outro lado, digo-lhe que não me agradou nada ouvir essas criticas por parte de algumas instituições, porque estas sempre reclamaram esta flexibilização, pelo que não podem agora criticar uma medida destas. Trata-se de uma questão de honestidade. O seu ministro anunciou estar decidido a criar 30 mil vagas a nível nacional. Tem conhecimento da dimensão da lista de espera? A nível nacional os números divulgados são da ordem dos 11 mil pedidos. Mas não acredito que haja necessidade de criar muitos mais equipamentos, porque a rede social existente está a dar alguma resposta. Temos que ter a noção de que por vezes essas listas


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Vinhos e produtos regionais à conquista de Lisboa

Perfil / Uma ribatejana sem ambições políticas

OS VINHOS da região de Setúbal estiveram em grande, esta semana, na capital, com a apresentação do projecto Viva o Vinum, na ViniPortugal, pela câmara de Setúbal, e a Mostra de Vinhos que decorreu no restaurante da Assembleia da República, promovida pelos deputados do PSD eleitos pelo distrito. A iniciativa “Viva o Vinum” consagra o projecto Vinum Senses, galardoado com um prémio ibérico em 2012, por ser reconhecido como produto enoturístico de excelência, assente numa programação diversificada e de qualidade no sector da enologia, que passa por passeios e circuitos enoturísticos, cursos de iniciação

Ana Birrento tem 50 anos, é de origem ribatejana, vive desde sempre em Azeitão e fez carreira como docente universitária. É uma das mais antigas militantes do CDS-PP na concelhia de Setúbal, mas não se lhe reconhecem ambições políticas. À pergunta se alguma vez equacionará uma candidatura à câmara sadina, responde desta forma: «Não tenho uma bola de cristal, mas estou muito longe de pensar nisso». O convite para esta missão pública foi, confessa, «de alguma forma inesperado», mas é também, como sublinha, «uma honra e o reconhecimento de um já largo percurso profissional não só académico, mas também em cargos de gestão». E para tornar mais «transparente» a sua acção na liderança da Segurança Social no distrito decidiu não aceitar nenhum cargo partidário na nova concelhia centrista.

são em duplicado e em triplicado. E nesse sentido, a criação de novas vagas vem preencher essa lacuna. Porque há inscrições em várias instituições ao mesmo tempo, de forma a garantir a vaga mais imediata… Exacto. Mas era preciso também fazer um cruzamento de dados, para melhor percebermos o número real de pessoas que não incluídas no sistema por falta de disponibilidade. Vai fazer esse estudo no caso do nosso distrito? Eu gostava de saber o número real no distrito de idosos em lista de espera… Que números conhece então? Não sabemos, só a nível nacional, mas era isso que gostava de apurar, para sabermos se essas novas 600 vagas resolvem o problema das necessidades. Mas já que dá tanta impor-

crescimento da produção e venda de vinhos das região» foi também o que levou os deputados do PSD eleitos pelo distrito a realizar, em parceria com a Comissão Vitivinícola Regional, uma mostra de vinhos e produtos regionais. Paulo Ribeiro, um dos deputados envolvidos na iniciativa, considera que esta «foi um sucesso». Entre 200 a 300 pessoas passaram pelo restaurante do Parlamento para provar os néctares de uma dúzia de produtores da região, assim como os queijos e as tortas de Azeitão, os enchidos regionais e as brisas de Sesimbra. Marta David

“Cantigas do Vinho, Cantigas do Pão” no Inatel tância a esse estudo, qual é o obstáculo à sua realização, ou não se quer comprometer com esta tarefa? É uma das coisas que tenho pensado, mas para avançar precisamos estudar como fazê-lo. E não se esqueça que estou nestas funções há três meses (risos). Talvez até ao final do ano. Gosto de números, pode dizerme quantas crianças, jovens e idosos estão a ser apoiados pela nossa rede social? No terreno operam 186 instituições com acordos com a SS. Estamos a falar de 34.129 utentes, sendo que destes 16.799 dizem respeito ao escalão infância e juventude e 11.279 aos idosos. Para além destas áreas tradicionais, estamos agora confrontados com situações de emergência. Há mais gente a passar fome, como está a lidar com esta situação? Estamos todos, SS e as instituições a fazer um esforço enorme. È um facto que tem

Máquina pesada com muitos milhões para a acção social e subsídios A Segurança Social do distrito de Setúbal é uma casa pesada. A actual directora diz que ter orientações para «fazer mais com menos». Ainda assim os números são elevados. A instituição canaliza cerca de 83 milhões de euros todos os anos para a acção social, com base

à prova de vinhos, tertúlias vínicas e festas báquicas, com o objectivo de promover os vinhos da região e incrementar as vendas. Durante a apresentação do projecto, Maria das Dores Meira, presidente da Câmara de Setúbal, afirmou ser objectivo da autarquia «promover e divulgar os vinhos, uma das melhores riquezas da região», admitindo que se trata de «um desígnio estratégico». No horizonte está também a criação do “Dia do Moscatel de Setúbal” com o propósito de lhe dar mais protagonismo e ajudar à internacionalização do conhecido vinho generoso. «Promover e divulgar, sinalizando o considerável

nos protocolos de cooperação celebrados com as 186 IPSS, um pouco menos de 15 milhões de euros mensais para pagar o subsídio de desemprego aos 48.486 beneficiários deste apoio e mais de 2,5 milhões de euros por mês no quadro do Rendimento Social de Inserção.

vindo a aumentar esse fenómeno das carências alimentares e por isso temos que alargar a nossa acção, porque os casos novos são diferentes dos que estávamos habituados a lidar, nomeadamente porque toca a classe média. Está em curso o Programa de Emergência Alimentar, que espero e confio que seja uma medida transitória, com a implementação de cantinas sociais aproveitando os recursos que as instituições já dispõem no terreno em cada um dos concelhos do distrito. Mas é preciso dizer que não vamos criar esses equipamentos, mas sim aproveitar a capacidade já instalada nessa rede, para poderem oferecer entre 50 a 80 refeições para além das que já confeccionavam. Pelo menos uma por concelho com arranque até final de Abril, é isso? Sim, a rede está identificada, em zonas mais urbanas, podem ser duas e não uma. E mantenho a confiança de que será possível entrar em funcionamento durante o mês de Abril. As refeições serão tendencialmente gratuitas e as faixas de intervenção imediata atingirá idosos com baixos rendimentos, casais expostos ao fenómeno do desemprego com filhos a cargo, deficientes e também pessoas que beneficiem de apoios sociais que não o alimentar, excluindo todos os outros.

JOAQUIM Gouveia apresenta no próximo dia sábado, dia 7 de Abril, nas instalações do Inatel, o projecto “Cantigas do Vinho, Cantigas do Pão” que assinala os 35 anos de estrada e de palcos. «Este é um projecto em que dou de mim», explica ao SEMMAIS numa conversa informal. «Chegou o momento em que me apetece retribuir, dar de mim». Não que sinta que alguma vez não o fez: «a música nada me deve e eu não devo nada à música, mas este é um projecto de entrega e que reflete o resultado do meu crescimento enquanto artista». Para trás ficam muitos anos de Quim Gouveia, a personagem brejeira que o

fez correr o país de lés-alés e da qual não desdenha nem se arrepende. «O Quim Gouveia permitiu-me fazer coisas giras. Conheci muita gente interessante». E foi, financeiramente, um bom desafio. Mas agora quer fazer outras coisas. Diz que quer ter prazer nas cantigas. «Desprezo o gajo que me dá dinheiro para abraçar um projecto que me dá prazer!», diz referindo-se ao facto de deixar agora o boneco Quim Gouveia apenas para espectáculos pontuais. Os próximos tempos vão ser para dedicar à música tradicional. “Cantigas do Vinho, Cantigas do Pão” significa uma viagem pela vida rural portuguesa. «Uma hora e

meia de cantigas onde, simultaneamente pretendo ser um embaixador das coisas do campo. O campo é cultura, identidade e sustento». Confessa-se apaixonado pelas adegas e um amante dos bons vinhos. Aos 50 anos lança-se na aventura de se fazer à estrada sem a brejeirice de Quim Gouveia. Sabe que os tempos são difíceis, mas quer embarcar neste «espectáculo de viagem». De bem com a vida e com as cantigas, Joaquim Gouveia afirma que «a estabilidade familiar é a minha melhor almofada». O relacionamento de mais de 30 anos e os três filhos são os motivos deste «equilíbrio a toda a prova!»

DR

Sábado | 31.Mar.2012

O cantor sadino assinala com este espectáculo 35 anos de estrada e de palcos


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Anti-stress

Sáb.

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Cantar Simone

O Grupo Coral do Montijo apresenta o seu mais recente trabalho “Cantar Simone”, no ano em que esta cantora celebra 55 anos de carreira artística. A cantora estará presente e será acompanhada ao piano pelo maestro Nuno Feist. Cinema Teatro Joaquim D´Almeida, Montijo | 21h30

Sáb.

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Óscar e a Senhora Cor-de-Rosa A peça, de EricEmmanuel Schmitt, inpira-se na realidade das crianças internadas em hospitais vitimadas por cancros. Lídia Franco é a protagonista. Teatro Municipal de Almada | 21h30

Sáb.

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Bandas de garagem A final do 8.º concurso de bandas de garagem de Setúbal, e um concerto com uma banda convidada, sobem ao palco sadino. Capricho Setubalense | 21h30 Pub.

Sáb.

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O cómico Serão apresentadas as peças “Um Pedido de Casamento” e “O Urso”, de Anton Tchekhov. Divirta-se com estas duas comédias. Cineteatro João Mota, Sesimbra | 21h30

Dom.

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Concerto na Humanitária A banda da Humanitária dá um concerto com os solistas Nuno Carvalho e Pedro Cordeiro, mas, antes, na sexta e no sábado decorre o concurso de piano Olga Pratz, na mesma colectividade. Humanitária de Palmela, | 17h00

Carlos Santos retrata sentimentos em poemas O advogado Carlos Santos, 75 anos, lançou o seu segundo livro de poesia, intitulado “Um audível silêncio”, no passado dia 29, às 17h30, na delegação de Setúbal da Ordem dos Advogados, com o selo da Calçada das Letras. No próximo dia 12 de Abril, pelas 18 horas, a obra será apresentada no Teatro da Trindade, em Lisboa. Tal como “Melodia interrompida”, que foi número um do Top Livros das Livrarias Almedina, em Julho de 2010, o mais recente trabalho tem como enfoque «os sentimentos da frustração, da dúvida, de amor, de lembrança» e relembra «os tempos de glória» que o autor viveu em Coimbra, terra onde nasceu e se licenciou em Direito. «Senti-me como o Tirsense, quando

Semmais

+ Cartaz...

Depois da advocacia, Carlos Almeida Santos dedica-se à poesia

eliminou o Sporting para a Taça de Portugal. E, nessa altura estive também à frente, em vendas, de autores como José Saramago, o que muito me honrou», relembra. No mesmo ano, Carlos Santos venceu o 1.º prémio do concurso de poesia dinamizado pela delegação do distrito da Casa dos Profes-

sores, com poemas baseados num verso de Bocage. Carlos Santos garante que este ano volta à carga com nova participação no referido concurso. Apesar de considerar que a poesia é o «parente pobre» da literatura portuguesa, Carlos Santos sente uma grande paixão pela poesia porque isso o faz estar «activo e presente».

Oferta Semmais Ganhe convites para musicais de Filipe La Feria Temos para oferecer aos nossos leitores convites para os musicais “O Melhor de Filipe La Feria”, “Judy Garland – O Fim do Arco Íris” e ”Pinóquio”, que continuam a ser um verdadeiro êxito de bilheteira. Ligue para o número 918 047 918 para solicitar os seus convites para assistir graciosamente aos espectáculos em questão.

Escolhas Sadinas Por Ana Sobrinho TARDE INERCULTURAL Dia 31 às 15h00 no Museu do Trabalho Michel Giacometti - “Fête de la Francophonie 2012”- “A Petanca”, tarde intercultural sobre este jogo tradicional francês, apresentação por Monique Pardete e Stéphanie Pardete – demonstração e lanche. / Entrada Livre M@RÇO.28 Dia 31 às 21h30 na Capricho Setubalense – Final do 8º Concurso de Bandas de Garagem de Setúbal, com os: Wind Koala, Darwin Hipnoise, Planeta Vaca, os Jumbo Limbo e os The Ballis Band./ Esta final integra o Festival 7Rock, que inclui a atuação extraconcurso dos Lydia’s Sleep, grupo vencedor na edição de 2011/ Entrada livre. CONCERTO Dia 31 às 21h30 na Igreja de S.Paulo - Concerto de Páscoa do Coral Luísa

Todi, inclui temas de diversos compositores, de Elgar a Eurico Carrapatoso, sendo a segunda parte preenchida com a reposição da Missa Brevis, de Jacob de Hann. O Coral Luísa Todi será acompanhado a piano por Gonçalo Curto e dirigido, como habitualmente, pela sua Maestrina Titular, Gisela Sequeira. LAZER Dia 3 das 09h00 às 18h00, circuito Setúbal, Palmela e Sesimbra - “Circuito dos 3 3 Castelos”, visitas guiadas no âmbito do projeto Municipal “Memórias, identidades e Patrimónios”. Informações: 265 545170. Para o próximo fim de semana : Dia 7 às 10h00 - “Passeios Pedestres Municipais de Setúbal” - “Nos Arrabaldes do Céu”, com visitas ao Portinho e Convento da Arrábida./ Informações: 265 227 685, www.sal.pt


não vão à escola, 2 terços são nos entram pela vida adentro, raparigas. pela via consciente e pela inA SEIES, que aqui represenconsciente, e que mostram que to, é uma Cooperativa fundada ainda permanecemos presos/ há 32 anos e há 32 anos que as. Estamos presos, homens e trabalha com mulheres. Desde mulheres, àquilo que esperam 2006 que intervém especificade nós, à forma como nos demente também na área da prevemos comportar socialmente, venção da violência doméstica no feminino e no masculino. e da violência de género. O feminismo faz sentido Ta n t o a o n í v e l m u n d i a l , hoje, não como uma exortação como ao nível local, aqui mesde qualidades femininas sobre mo em Setúbal se quisermos, a as masculinas, mas sim como violência sobre as mulheres é um caminho pela liberdade. A uma realidade. E se nos pareliberdade de homens e mulhecem realidades muito diferentes res se afirmarem enquanto pes(que são em muitos aspectos), soas e indivíduos, na sociedade partilham em comum o mesmo e para si mesmos, como plenos ingrediente que ajuda à perpee não presos a uma determituação do fenómeno: o silêncio. nada visão do que é suposto E o silêncio é aliado do descoserem para serem mulheres ou nhecimento e do medo. homens. O silêncio, a ocultação e o Num rápido salto para a branqueamento das muitas siescala mundial, os dados cotuações de violência doméstica nhecidos não deixam margem que existem há muipara dúvidas sobre tas gerações nas faa situação da griPorque é que mílias portuguesas tante desigualdade foram a causa da e f r a g i l i d a d e d a s nem o feminismo percepção distorcimulheres no mun- nem o dia 8 de da que temos deste do. Apenas alguns Março podem ir fenómeno. Ainda se números sobre esta ainda para o baú? alimentam muitos realidade: mitos associados, porque ainda • A cada minuto morre uma continuamos a crer que a vio1 mulher por complicações lilência doméstica só acontece gadas à gravidez, parto e falta nas famílias de baixa condide cuidados se saúde; ção económica, que os homens • Por ano, 4 milhões de que batem nas mulheres são mulheres e crianças de todas na grande maioria alcoólicos as idades são compradas para e que elas estão dependentes prostituição, escravatura e caeconomicamente. samentos forçados; Estes e outros mitos asso• 140 milhões de mulheres ciados à violência doméstica, e crianças já foram sujeitas ao que não correspondem à grancorte dos seus genitais e 6 mil de maioria dos casos, mostramestão diariamente em risco; nos que uma coisa é a realidade • Dos 130 milhões de criane outra coisa é a percepção que ças que existem no mundo que

temos desta realidade. saberemos que deixámos de É nesse domínio que a SEIES normalizar a violência no quotem actuado. Porque é na anátidiano. Fizemos exactamente o lise da percepção do fenómeno mesmo com o ensino em Porda violência que sabemos se tugal – quantos de nós tiveram pais que foram huuma comunidade milhados e batidos o tolera ou, pelo O silêncio, por professores/as contrário, o repuna escola de antes dia. Nesse sentido, a ocultação e o a c t u a n d o s o b r e a branqueamento das do 25 de Abril, onde p e r c e p ç ã o d o f e - muitas situações de o castigo físico era nómeno, estamos a violência doméstica e n t e n d i d o c o m o um bom método de contribuir para al- que existem há aprendizagem? E terá-lo na sua mais muitas gerações quantos de nós toprofunda matriz e lerariam hoje que os c a u s a . A c t u a n d o nas famílias filhos/as passassem sobre a percepção portuguesas por isso? permitimos que a foram a causa Prevenir a vioviolência se torne da percepção lência domésticada vez mais um distorcida que ca passa por criar fenómeno intoletemos deste um novo olhar, um rável. Abrimos caolhar atento, de minho para a acção, fenómeno. indignação e intopara o fim da cumlerância à violência e de preplicidade e do silêncio. Abrimos venção. caminho para um futuro de toA maioria das mulheres lerância zero à violência, romadultas vítimas de violência pendo com a sua banalização doméstica tem em comum o e normalização no quotidiano. isolamento. E a grande maioria Apesar do muito caminho reconhece que não sabe como q u e p r e c i s a m o s a i n d a p e rfoi possível ter tolerado tanto e correr, já muito foi e está a ter chegado àquele ponto. ser feito. A grande mudança, A maioria dos jovens com aquela que precisamos, está em quem trabalho nas escolas, germinação na nossa cultura raparigas e rapazes, têm em mas ainda não eclodiu, tratamcomum a desvalorização dos se ainda de casos esporádicos sinais e fazem um riso nervoso que encaramos como excepquando se dão exemplos banais ções. E esta mudança será a de indicadores iniciais de vioindignação. Apenas quando lência numa relação. nos espantarmos verdadeiraA maioria de nós, quando mente quando ouvirmos uma a violência “nos bate à porta”, notícia de violência doméstica na casa vizinha, ficamos sem e não esperarmos outra coisa saber lidar com a situação, não senão que tenha o desfecho de conseguindo integrar a situação qualquer outro crime grave, em de violência “entre marido e que as vítimas são protegidas mulher” como uma situação de e os agressores são presos,

violência. Ficamos sem acção ou pensamos imediatamente que para um homem se alterar assim, a sua mulher só pode ter feito alguma coisa. A nossa reacção seria, muito provavelmente, diferente se presenciássemos a mesma agressão no meio da rua, entre um ladrão e uma velhinha. A maioria de nós, sobretudo, não imagina que lhe possa acontecer a si. E no entanto, o que define uma pessoa vítima é tão só o ter-se apaixonado, um dia, por uma pessoa agressora. O que faz a grande diferença para esta pessoa, a diferença capaz de lhe permitir libertarse, é ser capaz de dizer “quanto mais me bates, menos gosto de ti”. E para isso, tem de ter em si uma intolerância natural à violência. Algo que começa muito cedo, se cultiva, se educa e algo para o qual todos/as podemos e devemos contribuir. Começando, por exemplo, por adoptar novos provérbios. A violência doméstica é um crime público e quando acontece “é tempo de meter a colher, meter a polícia, prender o criminoso e proteger a vítima.” Nos últimos 8 anos morreram em Portugal 274 mulheres vítimas de violência doméstica. Setúbal é o 3º distrito mais afectado do país, com 26 mulheres mortas. É preciso dizer basta. Joana Peres Seies

Programação

Academia Problemática e Obscura 12 de Abril (19 h)

Os Passos da Paixão de Cristo de Setúbal (visita guiada por José Luís Neto)

12 de Abril (20 h)

Comunicação e divulgação científica em Portugal Carlos Catalão, Universidade Aberta

20 de Abril (20 h)

Pedro & Diana em concerto minimalista Rua Fran Paxeco nº 178 . Setúbal . primafolia.blogspot.com . primafolia@gmail.com . Tel. 963 883 143

“Túbal te Fez - Arqueologia, Identidade e Cultura Periférica”, recupera (numa altura em que muitos se lhes alhearam) valores de testemunhos enraízadores, resgatando-lhes a condição de matrizes do conhecimento. Lê-la devagar é imergir num universo de significados intensos que ganham pujanças insuspeitas, rarefeitas. O científico (no sentido de factual), o narrativo (no sentido de religador), o poético (no sentido de profético), o cúmplice (no sentido de partilhável) atingem na palavra, no imaginário do autor respiração e significado invulgares. Simultaneamente sintética e analítica, erudita e popular, incisiva e subtil, envolvente e distanciada, a sua escrita imerge em elipses incomuns, conduzida por linhas que desoculta para melhor se ocultar. Fernando Dacosta

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NR 20

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MAR 2012

NR 20

06 ACTIVISMO

A questão do género em Cabo Verde económica são unânimes nos areOs meus amigos do “SUL” pediópagos internacionais. ram-me para escrever um texto relaMas seriamos muito injustos cionado com o “Dia Internacional da se não dessemos o justo realce ao Mulher”. Para variar ando sempre a magnífico trabalho re“correr” e a poucas hoalizado pelas ONGs em ras de embarcar para Cabo Verde em prol da Cabo Verde, para conQuando se melhoria das condições tinuar um trabalho que fazem plenários de vida da população. estou a fazer em con- com as populações E aqui queria salientar junto com uma amiga e dos povoados o magnífico trabalho grande intelectual Cabo feito pela mais antiga Verdiana, Dra. Crispina do interior, sem exagero, direi ONG de Cabo Verde: Gomes. A OMCV, Organização Sabemos dos pro- que 80% dos das Mulheres de Cabo blemas que existem em participantes são Verde, liderada muito Portugal e na Europa do sexo feminino. sábiamente pela sua onde as desigualdades Presidente Idalina Freire. Que muito entre os dois sexos continuam a ser trabalhou e continua a trabalhar pela gritantes. Ao nível do salário, ao nível dignificação e capacitação da Mulher de cargos de responsabilidade nas em todos os domínios da Sociedade empresas ou no Estado, ao nível do Cabo-Verdiana. desemprego, sempre maior nas muEm Cabo Verde passa-se um felheres do que nos homens., apenas nómeno curioso. Quando se fazem para dar alguns exemplos. plenários com as populações dos E em Cabo Verde perguntarão os povoados do interior, sem exageleitores como estão as coisas? ro, direi que 80% dos participantes Desde a Independência que os são do sexo feminino. Quando as sucessivos Governos Cabo-VerdiaAssociações de Desenvolvimento nos têm feito um trabalho notável Comunitário (um misto das nossas em prol das condições de vida do Comissões de Moradores com as povo daquele Arquipélago. Como nossas colectividades de cultura e resultado desse trabalho Cabo Verde recreio, mas também com trabalho passou em 2008 de País em vias de social) fazem as suas Assembleias, desenvolvimento para País de demais uma vez a maioria são as senvolvimento médio. E as loas á mulheres que estão presentes. No Democracia Politica e Democracia

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

rior das ilhas ainda se vê com muita frequência mulheres com latas de água á cabeça. E porque o salário que têm é muito reduzido (ou estão desempregadas) são as mulheres que fazem a apanha clandestina das areias nas praias, trabalho extremamente penoso. Na realidade estas mulheres Cabo-Verdianas são umas verdadeiras heroínas na sua luta diária. As ONGs de Cabo Verde e se me permitem a

entanto o número de mulheres que fazem parte das Direcções ou que são eleitas locais ou Nacionais ainda é muito reduzido. Quando ainda por cima mais de 45% dos chefes de família são mulheres (principalmente por questões de emigração), o que significa que têm a responsabilidade financeira da casa, dos trabalhos normais numa casa de família e a somar a tudo isto, a educação dos filhos! Quando viajamos para o inte-

subjectividade, a OMCV, merecem todo o apoio em projectos de capacitação que favoreçam a igualdade de género. Apesar das dificuldades financeiras e sociais que o nosso Portugal está a atravessar, o nosso Governo tem o dever moral, direi antes, a obrigação moral de continuar a apoiar Cabo Verde e as suas ONGs. Carlos de Sousa

Espermacultura triarcal d@ companheir@ perscrisálida do nosso conforto, a fepetivado como património/ char as cortinas em relação ao propriedade, é talvez a causa que se passa “lá fora” e esquecer. original da desigualdade social. Porém, a verdadeira transformaE uma sociedade desigual é semção dessa sociedade tem início pre uma sociedade mais pobre, precisamente aí, onde baixámos mais monolítica, mais impositiva armaduras e revelamo-nos tal e conflitual... em suma, indepenqual somos. dentemente do praE é precisamente aí zo mais ou menos que temos de olhar e alargado de expiver, que por mais razões (...)uma que apresentemos que sociedade desigual ração, é uma sociocultural/civilização tendem à justificação, é sempre uma em vias de extinção. a atenuar e relativizar Reflitamos pois, o que fazemos, que se sociedade mais em conjunto, não inicia a perversão dessa pobre, mais tanto em como sociedade que julgamos monolítica, mais poderemos mudar injusta. Começa na falta impositiva e o mundo, mas antes de afeto, de respeito e conflitual... como nos mudarede atenção, a que vomos a nós mesmos tamos geralmente @s para, em consequência, transfornoss@s companheiro@s habimar o mundo. Com esperança... tuais, privados de uma relação entre iguais pelo hábito, sempre José Luís Neto adiados face a prioridades que jornalosul@gmail.com julgamos mais prementes. A coisificação do outro, resquício bem vivo da noção pa-

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

Todos os dias somos confrontados com realidades conflituosas e contraditórias que, por vezes, nos deixam com a sensação de

estarmos à deriva. A sociedade é mais complexa do que aquilo que gostaríamos de admitir e mexer com uma pequena pedrinha nesse

âmbito é trabalho extenuante em demasia. Com o aumento do cansaço, tentamo-nos a fecharmo-nos na

FICHA TÉCNICA: Propriedade e Editor: Prima Folia - Cooperativa Cultural, CRL . Morada: Rua Fran Paxeco nr 178, 2900 Setúbal . Telefone: 963683791/969791335 . NIF: 508254418 . Director: António Serzedelo . Subdirector: José Luís Neto, Leonardo da Silva Consultores Especiais: Fernando Dacosta e Raul Tavares . Conselho Editorial: Catarina Marcelino, Carlos Tavares da Silva, Daniela Silva, Hugo Silva, José Manuel Palma, Maria Madalena Fialho, Paulo Cardoso . Director de Arte: Dinis Carrilho . Consultor Artístico: Leonardo Silva . Morada da redacção: Rua Fran Pacheco n.º 176 1.º andar 2900-374 Setúbal . E-mail: jornalosul@gmail.com . Registo ERC: 125830 . Depósito Legal: 305788/10 . Periodicidade: Mensal . Tiragem: 45.000 exemplares . Impressão: Empresa Gráfica Funchalense, SA – Rua Capela Nossa Senhora Conceição, 50 – Moralena 2715-029 – Pêro Pinheiro


MAR 2012

NR 20

CULTURA 07 por ser idealizado como entreteAs indústrias do entreteninimento, pelas razões secretas ou mento geram produtos culturais mágicas do poder criador, pode e de distração veiculados pelos redundar em obra-prima. meios escritos, audiovisuais e Clive Cussler é um escritor digitais, em permanente turbinorte-americano com créditos lhão. Com a literatura, ao longo firmados nos thrillers onde a atdo século XX, a ramificação de mosfera subaquática está sempre subgéneros atingiu um nível surpresente, ele é um nome inconpreendente (romance histórico, fundível do thriller marítimo, amde amor, lírico, de aventuras…), plamente traduzido e publicado havendo a juntar o teatro, a poeem Portugal desde os anos 80. sia, a trama policiária, toda a sorCussler é mais do que um escritor te de ensaios, correspondência, de ficção, dedica-se à investigamemórias, autobiografia, mas a ção da história marítima e naval, lista é muito extensa. As indústrias é fundador da NUMA (National contaminam os géneros: muito Underwater & Marine Agency), do que é bom na literatura passa uma organização sem fins lucrapara o cinema e televisão, a cotivos com o objetivo de descobrir municação dos blogues não deinavios afundados e igualmente xa os outros meios insensíveis, e membro da Real Sociedade de fazem-se filmes para passarem Londres. nos ecrãs digitais. Sem favor algum, é mestre Imperou durante muito tempo deste subgénero onde se cruo preconceito de que estes produzam ação, intriga, onde paira a tos eram destituídos de qualidade, tragédia iminente, bem doseada eram bolhas que rapidamente repara manter o leitor a passar as bentavam no ar, sucedâneos atrás páginas sem tréguas. Como lide sucedâneos, com propósitos teratura de aventuras regista a alienantes ou embrutecedores, presença de um herói, produtos de usar e Dirk Pitt, com sufideitar fora. O preconO preconceito ciente versatilidade ceito, diga-se de paspara se desembrusagem, vem de longe, hoje está esbatido: lhar airosamente em mesmo com a cola- John Le Carré é terra e no alto mar. boração de gigantes muito mais do Em “Mediterrâneo” literários como Bal- que um talentoso zac ou Camilo Caste- criador de thrillers, (por Clive Cussler, Saída de Emergência, lo Branco no género afinal Fernando 2011) temos todos os folhetinesco, mesmo ingredientes para emcom artistas plásticos Pessoa fez muito polgar os aficionados como Carlos Botelho mais do que do thriller marítimo, que fazia desenhos de publicidade, (...) como segue. Numa humor. O preconceipacata ilha da Grécia, to hoje está esbatido: Thássos, no norte do Mar Egeu, John Le Carré é muito mais do uma base aérea norte-americana que um talentoso criador de thrilé subitamente atacada por um lers, afinal Fernando Pessoa fez avião da I Guerra Mundial. Pemuito mais do que publicidade, rante a visão de um biplano que escritores e artistas plásticos não passava de uma relíquia de intrometem-se frequentemente no cinema, rádio e televisão, esmuseu, a estupefação foi geral. crevendo guiões ou oferecendo Por puro acaso (na literatura de os seus préstimos para a trama aventuras o acaso tem sempre cenográfica. E aquilo que começa muita força), aparece Dirk Pitt

RICARDO ALMEIDA, FOTOGRAFO

Elogio do thriller de aventuras como entretenimento puro

integrado numa equipa de investigação junto da ilha, pesquisam um peixe raríssimo que poderá trazer uma nova compreensão para a evolução das espécies. Aquele biplano é intrigante, como Dirk Pitt sabia, tratava-se de alguém que brincava a pilotar um avião mítico da guerra, o Falcão da Macedónia, que fora pilotado por um ás da aviação alemã, dado como desaparecido pouco antes da I Guerra Mundial findar. O herói conhece uma beldade, esta apresenta-o ao tio, o tenebroso Bruno von Till, durante o jantar fala-se de o Falcão da Macedónia e o herói vai viver horas de pesadelo, metido numa gruta e ter de enfrentar um molosso, depois, graças à sua assombrosa tenacidade, vence os obstáculos, chega ao navio de investigação e começa uma pesquisa à volta de uma rede de droga que, como é próprio dos romances de aventuras de Clive Cussler, mete submarinos e muitas proezas subaquáticas. O controlo da trama é absolu-

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Arte e Decoração José Paulo B. Nobre

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to: há sempre um perigo de altíssimo rico (neste caso a iminência de uma quantidade colossal de droga inundar o mercado norteamericano); há um arrancar da história que tem de ser eletrizante, não pode dar tréguas a quem pega no livro, neste caso é assim: “Estava um calor infernal e era domingo. Na torre de controlo, o controlador de trafego aéreo da Base Brady da Força Aérea norte-americana acendeu um cigarro com a ponta ainda em brasa de outro, apoiou ou seus pés calçados só com meias em cima do aparelho de ar condicionado portátil e esperou que acontecesse alguma coisa); há um avião mítico que nenhum radar capta; anda-se à caça de um peixe préhistórico, o Teaser, tudo aponta que os últimos peixes andam naquele local do Mediterrâneo, nas profundezas, foi considerado extinto durante 70 milhões de anos, supõem-se que o Teaser teria sido um elo primitivo na evolução dos mamíferos, é portanto uma des-

coberta que irá virar do avesso o que se sabe sobre a evolução humana; há momentos em que a balança parece pender para o lado do mal, mas o herói façanhudo e expedito desenvencilha-se bem quando tudo parece perdido; no final, mesmo com o corpo feito num oito a Interpol tem um sucesso de que não havia memória na captura de droga; e para retirar o leitor do sufoco do tropel de tanta aventura encadeada tudo acaba em bem e Dirk Pitt recebe como recompensa um carro raríssimo, o Maybach-Zepplin de 1936, o maior rival do Rolls-Royce Phantom III. O público que pede aventuras sai recompensado, Clive Cussler não defrauda ninguém, construiu uma narrativa vibrante e não é por acaso que a crítica o considera como o melhor contador de histórias do subgénero. Beja Santos Docente Universitário



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+ Região Mercados sadinos com mais 28 lugares

ALCOCHETE

A crise económica tem afastado muitos vendedores dos mercados de Setúbal

de queijos e mercearia. No mercado de Nossa Senhora da Conceição a hasta pública incide em oito mesas para comércio hortofrutícola, oito para peixe e mariscos e duas lojas para talho, restau­ ração e bebidas, conge­ lados, engomadoria, ser­­­ viços de mercearia, esté­ tica e cabeleireiros. A data e o local da hasta pública serão divulgados em edital, publicado pelo menos

20 dias úteis antes da reali­ zação da mesma. Pintura adiada A pintura do gradeamento do viaduto das Fontainhas por um grupo de voluntários, no âmbito do projecto municipal “Setúbal Mais Bonita”, foi adiada devido à previsão de chuva para este domingo. A acção envolve a participação de bombeiros e munícipes,

com o objectivo de promover a campanha “Se­­­túbal Mais Bonita”, desenvolvida pelo município para que a popu­ lação contribua activamente em intervenções de embele­ zamento de equipamentos e espaços urbanos através de trabalho voluntário. A segunda edição arranca a 18 de Maio, em S. Lourenço, prosseguindo, a 25, nos estabelecimentos de ensino e, a 26 e 27, nas restantes freguesias.

AS PRO­­ POSTAS relativas ao Plano de Pormenor de reconversão da Área Urbana de Génese Ilegal (AUGI) do Bairro do Maçãs, e o Plano de Pormenor da Zona Envol­ vente ao edifício sede do Samouquense vão ser submetidas a discussão pública. A autarquia, que se assume como entidade promotora do Plano de Pormenor de Reconversão da AUGI do Bairro do Maçãs, que corresponde a 73. 206 m2, afirma tratar-se de uma medida que pretende «promover a legalização e reordenamento do Bairro

do Maçãs», propondo um total de 103 fogos com cedência de 7.565 m2 para zonas verdes e equipamentos colectivos, a execução de raiz dos arruamentos e das redes de esgotos pluviais e gás natural e a reconversão das redes existentes de água, saneamento, electricidade e telecomunicações. O Plano de Pormenor da Zona Envolvente à sede do Samouquense abrange 28.037 m2e prevê «a rede­ finição volumétrica da edifi­ cação com aumento do número total de fogos na zona urbana consolidada, próxima do Núcleo antigo do Samouco».

DR

DR

SETÚBAL O MUNI­ CÍPIO aprovou na quartafeira, em reunião pública, a realização de uma hasta pública para ocupação de bancas, lojas e mesas nos mercados 2 de Abril e Nossa Senhora da Conceição. No total, encontram-se disponíveis dez pontos de venda no mercado 2 de Abril e 18 no Nossa Senhora da Conceição. A proposta esclarece que não serão aceites lances inferiores a 20 euros, sendo que o concessionário deve proceder ao paga­ mento no primeiro dia útil a seguir à hasta pública, devendo, igualmente, iniciar actividade no prazo de 30 dias a contar da data de entrega do alvará de ocupação. Do mercado 2 de Abril vão a hasta pública duas bancas de peixe, duas lojas de frutas e legumes e seis lojas orientadas para qual­ quer ramo, excepto para cabeleireiro, estética, massa­ gens, próteses dentárias, restauração e bebidas, venda

Alcochete legaliza Bairro das Maçãs

Áreas urbanas de génese ilegal com fim à vista no concelho

Pub.

Arquivo

Município palmelense requalifica galerias do Castelo

O município está apostado em dar um novo visual e utilidade ao afamado Castelo de Palmela PALMELA O MUNI­ CÍPIO acaba de aprovar o lançamento de concurso público para a execução da requalificação das galerias da praça de armas e remo­ delação de espaços muse­ ológicos do castelo de Palmela. A empreitada obteve parecer favorável da DRCLVT /IGESPAR e é uma operação co-financiada pelo QREN, através do PORLisboa, no âmbito do regulamento específico Política de Cidades - Parce­

rias para a Regeneração Urbana. Esta intervenção visa criar condições físicas para a revitalização e dinamização das referidas áreas, através da articulação entre espaços comerciais e espaços muse­ ológicos de reinterpretação dos achados arqueológicos, numa perspectiva multifun­ cional e integrada de leitura do monumento, para os públicos nacional e interna­ cional. As áreas a interven­ cionar abrangem seis espaços de exposição, dois

espaços comerciais, as insta­ lações sanitárias públicas, o espaço onde se encontra o Gabinete de Estudos sobre a Ordem de Santiago e a guarita Nascente e base do heliógrafo. Os trabalhos englobam, entre outros, arquitectura, redes de águas e drenagem, instalações eléctricas, tele­ comunicações, segurança, equipamento museológico e informativo sobre os achados arqueológicos e o sombreamento amovível da praça de armas.


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tível» a alegação de que a zona de cargas e descargas frente ao edifício entraria em terrenos privados, uma vez que, recorda, «é de uso público há mais de 20 anos», a Câmara decidiu «fazer uma ligeira correcção» e resolver o assunto a contendo. O autarca está satisfeito com o andamento das obras e acredita que dentro de alguns meses, a frente marítima estará completamente renovada. As obras implicam um investimento superior a 6 milhões de euros, co-finan­ ciados por fundos do Quadro de Referência Estratégico Nacional POR Lisboa. As principais interven­ ções centram-se no Largo da Marinha, Avenida dos Náufragos, Praia do Ouro e em várias ruas da zona central do Núcleo Urbano Antigo.

DR

Exercício sensibiliza público

dos perigos e a gestão da emer­ gência em cenários de acidente ferroviário, conteúdos explo­ rados pela REFER, FERTAGUS, CP e MTS. Enquadrada nesta temá­ tica, os agentes de protecção civil municipais e distritais e a comissão municipal de protecção civil foram convi­ dados a participar em três visitas alusivas à temática ferro­ viária: oficinas da MTS, oficinas da FERTAGUS e Centro de Coordenação Operacional da REFER. Na conclusão dos traba­ lhos, todas as entidades defen­ deram a necessidade de parti­ lhar informação, experiências e encontrar soluções conjuntas, uma vez que a promoção da segurança e resposta à emer­ gência é um trabalho que «deve ser feito sob a parceria conjunta entre operadores e agentes de protecção civil», explicou o vereador Paulo Edson.

A Academia Almadense vai ser palco de um espectáculo de solidariedade a favor da AlmaSã

de beneficência. O espectáculo surge no âmbito do projecto “Dar voz a quem a não tem”, uma iniciativa do Serviço de Otor­ rinolaringologia do Hospital Garcia de Orta e os bilhetes custam 10 euros.

Segundo o director daquele serviço, Luís Antunes, «as pessoas devem estar atentas a alguns sinais importantes, que não se podem justificar por uma gripe ou constipação. Uma rouquidão persistente por

mais de 7 dias ou intermi­ tente mas mantida no tempo, são sinais de alerta, às vezes, para doenças mais graves, que requerem avaliação e tratamento e onde o diag­ nóstico precoce pode salvar uma vida».

Moita ensina hortas familiares A PARTIR de Abril, todos os que estejam interessados na agricultura biológica vão poder aprender no curso Mãos à Horta, dina­ mizado pela autarquia moitense. Como Fazer uma Horta Biológica e Compostagem no seu Quintal é o lema deste curso que vão decorrer em cinco sábados consecutivos, das três às seis da tarde, até ao final do mês de Junho, no Centro de Educação e Sensibili­ zação Ambiental – Depar­

tamento de Ambiente e Serviços Urbanos e no Viveiro Municipal, na Moita. O Mãos à Horta, que a autarquia dinamiza desde 2002 com grandes níveis de participação, é dirigido a munícipes com mais de 18 anos que queiram aprender como se faz uma horta segundo princípios de agricultura biológica e que disponham de um pedaço de terra para cultivar, no concelho da Moita.

O projecto implica a requalificação de diversos bairros

Barreiro com obras na Cidade Sol BARREIRO

D.R.

Câmara garante segurança

Protecção Civil do Seixal debate segurança SEIXAL A SEGU­ RANÇA nos transportes públicos esteve em discussão num seminário realizado quarta-feira, no Seixal, no âmbito da Semana Muni­ cipal da Protecção Civil. O especial enfoque recaiu sobre os perigos associados às infra-estruturas ferroviá­ rias, proporcionando aos vários agentes e técnicos de protecção civil uma visão inte­ grada sobre a identificação

NO PRÓ­­­ XIMO dia 16, Dia Mundial da Voz, artistas como Aurea, Hands on Approach, UHF, OqueStrada, Flirt, Uxu Kalhus e Silvestre Fonseca juntam-se numa gala de soli­ dariedade que irá decorrer na Academia Almadense, pelas 21 horas. As receitas revertem a favor da Associação AlmaSã - Centro de Educação Especial de Almada, uma instituição que dá apoio a crianças e jovens deficientes com perturbações ao nível da Neuropediatria, Pedopsi­ quiatria e da Reabilitação pediátrica, nas diversas vertentes da assistência educativa, clínica, de reabi­ litação, social, cultural e

MOITA

D.R.

UMA DAS intervenções previstas na reabilitação da frente ribei­ rinha de Sesimbra está a inco­ modar alguns moradores que temem a retirada de uma escada de acesso à praia. Numa missiva enviada à autarquia, a administração do Edifício Varanda protesta contra a retirada de uma escada de acesso à praia, mesmo em frente ao edifício, por considerar que se trata de um «bloco de protecção» contra as marés vivas. Um receio, entretanto, já desdramatizado pelo próprio presidente da autarquia, Augusto Pólvora. Em decla­ rações ao Semmais, garante que «não é» aquela construção que protege a zona das marés vivas, mas sim todo o paredão da marginal. De resto, o autarca sustenta que a escada nem faz falta, visto que «para além de ser um corpo estranho à arqui­ tectura» de toda marginal, a construção não tem utilidade já que é ladeada de dois acessos à zona de praia. Crente de que o projecto é consensual, na sequência da postura dialogante que a autarquia tem «mantido», recorda uma outra reivin­ dicação do Edifício Varanda, atendida pelo município. Apesar de considerar «discu­

ALMADA

DR

SESIMBRA

Almada vai ouvir artistas solidários

D.R.

Moradores de Sesimbra contra obra da marginal

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Aprender a tirar o melhor da terra é o objectivo da iniciativa

A POPU­ LAÇÃO da Quinta da Mina e Cidade Sol discutiu, esta semana, com o executivo barreirense, os termos do Projecto de Requalificação Urbana e Paisagística desta zona do concelho, inserido na Candidatura Parcerias para a Regeneração Urbana. O projecto Quinta da Mina e Cidade Sol – Cidade para Todos foi adjudicado à empresa NPK – Arquitectos Paisagistas Associados e encontra-se, neste momento, em fase de recolha de contri­ butos e opiniões. Recordese que os arquitectos respon­ sáveis pelo projecto já o tinham apresentado aos comerciantes e à comuni­ dade educativa da zona. A vereadora Sofia Martins

salientou que, apesar de na candidatura estar apenas contemplada verba para a requalificação da área norte, o projecto engloba as áreas norte e sul, ficando assim já o trabalho efectuado para, no futuro, se executar a obra. «O projecto pode fazer a diferença na forma como vamos pensar as dinâmicas da Cidade Sol no futuro», salientou Sofia Martins. A vereadora lembrou, no entanto, que as candidaturas ao QREN vão ser reavaliadas. «O projecto já ninguém nos tira. Quanto à obra ainda não sabemos o que vai acontecer, mas vamos lutar até ao final». De salientar que o projecto deverá estar concluído no segundo semestre deste ano.

Obras no IC21 condicionam trânsito no Montijo MONTIJO

A DEMO­ LIÇÃO de Passagem Supe­ rior no IC21, no âmbito da construção do troço IC32Palhais/Coina, está a provocar desvios de trân­ sito no período da noite. Segundo adianta a Auto-

estradas do Baixo Tejo, os trabalhos vão decorrer até 15 de Abril entre as 22h00 e as 06h00), «de forma a mini­ mizar os impactes para os automobilistas». Diariamente, entre as 22h00 e as 6h00, existirão

desvios de trânsito, do sentido Montijo/Coina e Coina/Montijo, entre os km 1,1 e 1,8. Embora admita que este tipo de trabalhos possam causar «incómodos», a Auto-estradas do Baixo Tejo sustenta que os inves­

timentos pretendem melhorar as condições de segurança e, outro lado, adianta que os desvios de trânsito previstos até Abril deverão «contribuir para reduzir inconvenientes decorrentes desta operação».


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209 quilos de Páscoa adoçam instituições de Santiago do Cacém SANTIAGO

SINES

D.R.

A QUADRA da Páscoa é assinalada, no concelho de Santiago do Cacém, com a entrega de quase 300 quilos dos tradicionais folares a diversas instituições sociais da terra. A iniciativa, desencadeada, todos os anos, pela autarquia do comunista Vítor Proença, envolve a oferta do tradicional folar a todas as instituições de idosos do município de Santiago do Cacém, no âmbito do Projecto Ser Idoso Ser Activo. Este ano, enquadrado também pelo Ano Europeu do Envelhecimento Activo e da Solidariedade entre Gerações, serão entregues às instituições nos dias 2 e 3 de Abril, 209 folares da Páscoa, correspondendo a 209 quilos de bolo. São centenas de idosos abrangidos pela oferta que será entregue a instituições como a

Protecção Civil de Sines com boa nota em cenário catástrofe industrial

A autarquia adquiriu centenas de folares , que serão distribuídos pelos mais idosos da terra

Associação de Apoio ao Desenvolvimento Integrado de Ermidas-Sado; Associação de Bem-Estar Social de Santa Cruz; Casa do Povo de Abela; Casa do Povo de Cercal do Alentejo; Casa do Povo de

São Domingos; Centro de Dia de Vale de Água; Casa do Povo de Alvalade; Centro de Dia de São Francisco da Serra; Casa do Povo de Santiago; Centro Paroquial de Santa Maria: O Farol;

Associação de Apoio a Reformados de Alvalade; Associação de Moradores da Sonega; Misericórdia de Santiago do Cacém e Projecto Fazendo e Aprendendo.

Teatro contra tabus Pronúncia do sexo em Grândola do nortevence concurso de Rock

A B O R ­­­­D A R temas considerados tabu, alertar para a gravidez na adolescência e promover a igualdade de género são os grandes objectivos de Sexualizando, uma sessão de formação que o Grupo de Teatro Fórum ValArt apresenta hoje, a partir das 14h00, no Complexo Desportivo Municipal José Afonso Temas como sexualidade, conhecimento do corpo, ato sexual, contracepção e orientação sexual, são abordados nesta apresentação, destinada a jovens a partir dos 13 anos, que é apoiada pela MTV Staying Alive Foundation. Para a criação deste espectáculo o grupo contou com a colaboração de uma sexóloga na orientação sobre a melhor abordagem dos temas, dada a sensibilidade das questões e o

público-alvo. Desde 2009 que o Grupo de Teatro Fórum ValArt realiza apresentações deste espectáculo em diversas escolas secundárias, comunidades e associações, com resultados muito positivos junto dos jovens.

DR

GRÂNDOLA

A sexualidade em forma pedagógica

GRÂNDOLA A

BAN­­­­DA de Vila Real, Spinning, veio do norte para vencer a sul o 6º Concurso de Música Pop-Rock. Em segundo lugar ficaram os Wildchair, um projecto de Sintra. Num estilo rock alternativo os Spinning tocaram tês temas que convenceram o júri: “You don’t Know”, “Inner Galaxy” e “Sailing be­­­neath your skin”. A banda, que surgiu em 2009, assinala como momentos marcantes a

participação no Rock Nordeste de 2012, o encerramento do con­­­ certo de B.B King em Portugal e a abertura dos Expensive Soul na semana do caloiro de Vila Real. “Too Late”, lançado em 2011, é o título do primeiro EP, produzido pelos Spinning. O concurso de bandas decorreu na passada sexta-feira, inserido no programa do Fórum da Juventude de Grândola., organizado pela Câmara Municipal.

UMA FUGA de gás butadieno em estado líquido de uma das esferas da Repsol e a ruptura total de um tanque de metanol da Euroresinas foram dois dos cenários testados terça-feira, num simulacro de catástrofe industrial promovido pela Protecção Civil de Sines. O exercício, do tipo Livex, denominado Prevesines 2012, envolveu dezenas de meios reais no terreno e teve por finalidade testar o Plano de Emergência Externo de Protecção Civil, da responsabilidade da Câmara indústrias SEVESO, em vigor desde 2011. Os estabelecimentos SEVESO armazenam substâncias perigosas, estando sujeitos a riscos de incêndios, explosões, formação de nuvens tóxicas, derrames e descargas acidentais para o ambiente. Através do exercício, liderado pelo presidente da autoridade local de protecção civil, o edil Manuel Coelho, foi possível exercitar a articulação entre todas as entidades com responsabilidade em matéria de protecção civil a nível municipal e distrital, no

quadro da intervenção operacional, perante uma situação de excepção. O exercício foi composto por dois cenários; fuga de butadieno em fase líquido de uma das esferas da Repsol Polímeros, no terminal petrolífero, e a rotura total de um tanque de metanol da Euroresinas na Zona Industrial e Logística de Sines. Com uma duração de cerca de duas horas, o exercício foi sendo dado a conhecer aos sineenses através de boletins periódicos do presidente da Protecção Civil Municipal, quer nos meios de comunicação da autarquia quer nas rádios locais, garantindo, assim, informação permanente aos munícipes. Envolvidas no Prevesines estiveram a Câmara, através do Serviço Municipal de Protecção Civil; a Comissão Municipal de Protecção Civil, o CDOS Setúbal; elementos da Banda do Cidadão de Sines, Cercal do Alentejo, Santiago do Cacém, Santo André, Alvalade; Administração do Porto de Sines; Capitania do Porto de Sines; INEM; Repsol Polímeros e Euroresinas.

D.R.

Sábado | 31.Mar.2012

Todas as entidades mostraram grande coordenação no terreno

Alcácer e os “Fios que tecem a vida” das mulheres do Torrão ALCÁCER

CERCA de 70 trabalhos de renda e bordados, alguns com mais de um século, contam a vida de gerações de mulheres que desde tenra idade aprenderam estes lavores e os passaram às suas filhas e netas.

Para perpetuar tradições e manter viva a memória alcacerense, a partir de hoje a Câmara de Alcácer mostra esses trabalhos no Museu Etnográfico do Torrão. A exposição “Fios que tecem uma vida - rendas e bordados” estará

patente até ao dia 16 de Junho. «Saberes hoje mais valorizados, mas cada vez menos passados às gerações vindouras, as rendas e os bordados marcavam todas as etapas importantes da vida de uma

mulher: dos enxovais de nascimento e baptizado, aos de casamento e até às mortalhas usadas na hora da morte», recorda a autarquia. Dependendo da técnica usada, da criatividade da artesã e dos recursos dispo-

níveis, estes trabalhos apresentam-se numa infinidade de conjugações e apresentações, também diferenciadoras do ponto de vista social. Todos os trabalhos foram recolhidos na freguesia do Torrão e

oferecem uma vastidão de experiências de vida e uma grande riqueza artística e visual. A mostra pode ser visitada de quarta a sexta-feira e no 1º e 3º sábados de cada mês, entre as 9h e as 13h00 e das 14h00 às 17h00.


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+ Desporto Ténis de mesa nacional em acção no Barreiro

Almada promove torneio quadrangular de futebol juvenil

O Pavilhão Desportivo da Esc. Sec. Santo António da Charneca, no Barreiro, recebe este sábado, a partir da 9 horas, a 32ª edição do Torneio Nacional Aberto em Ténis de Mesa, a contar para o Ranking List da Competição do Inatel.

O Almada Atlético Clube organiza nos dias 6 e 7 de Abril a 2ª edição do Torneio Cidade de Almada “Gonçalo Piteira”, em futebol reservado ao escalão de sub-17. Vitória de Setúbal, Benfica, Casa Pia e a equipa da casa são os participantes.

Selecção distrital discute título federativo de hóquei :::::::::: Joaquim Guerra ::::::::::

Vitória em Barcelos pela manutenção O Vitória de Setúbal enfrenta amanhã, em Barcelos, o Gil Vicente. No jogo marcado para as 16 horas, a contar para a 25ª jornada da Liga, os sadinos podem, caso vençam, chegar aos 27 pontos, fasquia que o treinadorJosé Mota, admitiu servir para segurar a manutenção.

Pinhalnovense visita Reguengos Os ‘azuis e brancos’ de Pinhal Novo jogam este domingo, às 16 horas, em Reguengos, frente ao Atlético local. À entrada para a ronda 26 da II B a equipa liderada por Francisco Barão, que vem de um triunfo caseiro (5-0), ocupa o 4.º lugar, com 45 pontos, menos 4 do que o líder Torreense.

Os jovens hóquistas da região discutem torneio no Estoril

GD Fabril, HC Grândola e HC Santiago preenchem a equipa, todos com um jogador. Eduardo Guerreirinho, presidente da APS, confia numa boa prestação da equipa distrital, mas espera, sobretudo, que «a participação da selecção contribua para o crescimento compe-

titivo dos atletas». A APS, que já venceu por duas vezes este torneio [n.d.r.: em 1993, em Torres Vedras e 1998, em Castro Verde], está integrada no Grupo A, juntamente com as congéneres de Lisboa, Aveiro, Ribatejo e Açores. A competição termina este domingo, às 18h30.

Os médicos no Desporto – de Jaques Rogge a Henrique Jones

‘Praias de Sesimbra’ começa dia 5 Entretanto, a 27ª edição do prestigiado Torneio ‘Praias de Sesimbra’, em hóquei em patins juvenil, começa a rolar no próximo dia 5. Ao longo de três dias, serão14 as equipas que vão competir no Pavilhão do Grupo Desportivo de Se­­­­ simbra, clube organizador, entre os escalões de escolares e juniores, numa verdadeira jornada de promoção à modalidade que continua a merecer da ‘Vila Piscosa’ uma atenção muito particular e que tem neste torneio um ponto alto de divulgação. Os jogos começam na quinta-feira, às 20h30. Sexta-feira e sábado os patins rolam ao longo de todo o dia.

H

Barreiro ‘salta’ para Fabril visa títulos de trampolins I divisão de futsal

DOZE clubes competem este sábado, entre as 9 e as 20 horas, no Pavilhão Municipal Luís de Carvalho, na Cidade Sol, Santo António da Charneca, Barreiro, nos campeonatos distritais de trampolim individual e trampolim sincronizado. A dupla competição gímnica, organizada pela Associação de Ginástica do Distrito de Setúbal, em parceria com a Câmara do Barreiro, contará com mais de meia centena de atletas de ambos os sexos, em cinco

DR

Passes Curtos

APS

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selecção distrital de iniciados de hóquei em patins da Associação de Patinagem de Setúbal (APS) está em Cascais a discutir o título no 36.º Torneio InterRegiões. Na competição que arrancou esta quinta-feira, no Pavilhão da Juventude Salesiana, no Estoril, há uma dezena de equipas concorrentes. No evento organizado anualmente pela Federação da modalidade, e que já foi realizado por três vezes no nosso distrito, o jovem seleccionado de Setúbal, orientado pelos treinadores Hilário Tomás e José Lopes, apresenta-se com 10 atletas, sendo o HC Vasco da Gama o emblema mais representado com cinco unidades. GD Sesimbra, CN Setubalense,

Refira-se que a APS conta por esta altura com mais de 400 hóquistas nos escalões de formação.

Mais de 50 ginástas em acção

escalões etários. Refira-se que entre os emblemas representados, a grande maioria sedeados no distrito, destaca-se a participação de clubes do Algarve e de Lisboa.

À ENTRADA para a 22ª ronda do Nacional da II divisão B, a equipa de futsal sénior do GD Fabril lidera a prova com 40 pontos, mais quatro em relação ao Cascais e mais seis do que o 3.º, Amarense. É, portanto, no primeiro dos dois lugares reservados à promoção, que a equipa do Lavradio recebe este domingo, às 17 horas, o Covão Lobo. A ambição é somar mais três pontos e manter aceso o desejo de recolocar o futsal do distrito na I divisão nacional.

Jornalista de carreira, o colunista do Semmais David Sequerra apresenta hoje, às 16 horas, no Auditório Municipal Conde Ferreira, em Sesimbra, o seu mais recente livro “Mukea”.

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David Sequerra apresenta novo livro

Ciclismo. A 30ª Volta ao Alentejo Crédito Agrícola Costa Azul em bicicleta, que terminou no domingo em Grândola, foi ganha pelo ciclista russo Alexey Kunshin. O vencedor da ‘Alentejana’, que contou com milhares de seguidores ao longo das quatro etapas da prova foi a mais disputada de sempre.

á dois médicos setubalenses, de elevado prestigio, visceralmente ligados às andanças do Desporto, designadamente do futebol. São eles o Dr. Henrique Soudo, Presidente do Conselho Vitoriano, de notável carreira profissional em Angola e Continente e o Dr. Henrique Jones, da geração consequente, médico principal da Federação Portuguesa de futebol, também em atenta preparação para o Europeu 2012. A partir dessa espécie de curiosidade, de puro âmbito regionalista, lembrámo-nos de evocar uma magnífica plêiade de médicos em planos de destaque no Desporto, à escala mundial. E logo nos dispusemos a dar justa primazia ao cidadão e cirurgião belga, Dr. Jaques Rogge, ilustre presidente do Comité Olímpico Internacional (C.O.I.) a culminar carreira notável de velejador. E, de seguida, lembramos a figura histórica de Roger Bannister, o primeiro atleta a percorrer a Milha (1609 metros) em menos de 4 minutos quando já estava muito perto de se licenciar em Medicina. E não devemos esquecer o notabilíssimo caso do médio-ala Pirri, grande figura da equipa de futebol do Real Madrid, nos tempos de Gento e Di Stefano, que se formou em Medicina enquanto jogador profissional, tornando-se depois MédicoChefe dos ‘merengues’. Pelas equipas da clássica Académica de Coimbra, ao longo de meio século, passaram, com brilho e eficácia estudantil, perto de duas dezenas de futebolistas médicos, desde os saudosos Tibério e José Maria Antunes, bem seguidos por Branco, Melo, Pedro Azeredo, Eduardo Santos, Álvaro Duarte, Francisco Abreu, Daniel Malícia, Francisco Delfino, Mário Torres, Jorge Humberto, Luís Eugénio, Vítor Campos, Mário Campos, Guilherme Wilson,

David Sequerra

Maló e Manuel António – que magnifica colecção! Nunca é demais enaltecer essa fase do historial da Académica a ‘produzir’ cidadãos-médicos de imensa qualidade. Por cá, no nosso Portugal, ainda conseguimos encontrar bons exemplos de médicos em evidência nos meandros do Desporto. É bem o caso do Dr. Mário Quina, velejador da classe ‘Stars’ Medalha de Prata nos Jogos Olímpicos de Roma (1960) e também do Dr. Gentil Martins, outra figura grada da Medicina campeão de Tiro e igualmente olímpico nos Jogos de Roma. Um dos actuais vicepresidentes do Comité Olímpico, em representação da Federação de Ciclismo é o ilustre e conceituado cirurgião, Dr. Artur Lopes. E justo é evocar o caso de Hugo Gaspar, ‘vedeta’ do nosso voleibol, recentemente diplomado em Medicina. E médico era também, embora sem o seu exercício efectivo, o Dr. Vicente de Melo, um dos inspirados fundadores do Jornal ‘A Bola’ de notável importância no Desporto. A fechar e a título de uma muito pitoresca curiosidade - apenas isso – divulgamos mais um caso de intercâmbio entre Desporto e Medicina. A notícia chega-nos da Holanda, exactamente da prestigiada Universidade de Nimega onde é professor o Médico Dr. Pieter Medendor, muito interessado nas andanças do futebol e recôndito admirador do fantástico ‘craque’ do Barcelona, Lionel Messi. Pois bem: o Dr. Medendor acaba de encetar, com sofisticados apoios tecnológicos, o estudo da genialidade de Messi através da meticulosa análise do seu cérebro. Obtida a aquiescência de Messi, vamos esperar pelas conclusões do catedrático de Nimega. Mais um caso de conexão da classe médica com o Desporto.


Sábado | 31.Mar.2012

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+ Negócios Primeiro-ministro no Porto de Sines diz que país precisa de estar capacitado para exportar mais

Passos prioriza ferrovia entre Sines e Europa e gaba expansão de terminal XXI

Fotos: Sofia Palma

Líder de Governo elogiou esforço da PSA Sines e diz que trabalho «está a dar resultados» e a contribuir para a economia nacional. Novas oportunidades de negócio podem estar à porta com alargamento do canal do Panamá em 2014. :::::::::::::::::: Bruno Cardoso ::::::::::::::::::

O

primeiro-ministro não abandonou a ideia de construir uma linha ferroviária de mercadorias em bitola europeia entre o porto de Sines e a Europa, mas «arrumou» definitivamente o projecto do TGV. Durante a inauguração de mais uma fase de expansão do terminal de contentores (Terminal XXI) do Porto de Sines, Passos Coelho colocou as cartas na mesa e apontou prazos. Mesmo sendo este um «processo moroso» e com custos por precisar, a nova ferrovia de alta prestação deverá estar pronta em 2014, beneficiando da expansão final do terminal de contentores sineense e do alargamento do canal do Panamá. Até lá, prometeu, o Ministério da Economia «não baixará os braços». O líder do Governo sublinhou também a importância desse inves-

Passos Coelho que linha ferroviária

Friso de figuras públicas para dar força à cada vez maior dimensão do porto de Sines

timento para o crescimento da economia nacional, numa altura em que o país precisa de estar «capacitado» para exportar mais e provar que há vida para lá da austeridade. «Este é, forçosamente, um assunto que está no topo das preocupações futuras do Governo e há boas razões para acreditar que esta nova ligação ferroviária será observada pela União Europeia», reforçou Passos Coelho. O chefe do Governo congratulou-se também com o investimento «relevante» que está a ser levado a cabo no porto de Sines pela PSA, cujos resultados «estão à espreita».

em 78 milhões de euros e que corresponde à fase 1B, compreende a ampliação do cais em 350 metros, para um total de 730 metros, e a ampliação da área de armazenagem de contentores de 20 para 25 hectares. A empreitada aumentou a capacidade do terminal para 1 milhão de TEU’s (unidade de medida que corresponde a um contentor de 20 pés) por ano, dotando-o com cinco pórticos de cais de última geração e 12 gruas de parque. Até ao final de 2012 é esperado mais um pórtico de cais e outras três gruas de parque. A PSA Sines poderá agora operar simultaneamente dois megacarriers, estando o terminal preparado para receber os futuros grandes porta-contentores, de 18 mil TEU’s, graças às dragagens dos acessos marítimos e da zona de manobra do terminal XXI, efectuados pela Adminis-

Mais 78 milhões para expansão de terminal de contentores Desde o início das operações em 2004, a PSA tem apostado em infraestruturas e equipamentos no terminal XXI. O mais recente investimento, estimado

tração do Porto de Sines. Paralelamente, estão a decorrer as obras de ampliação do molhe leste em mais 400 metros, que totalizará 1500 metros no final da operação. «A parceria com a PSA constituiu uma garantia de sucesso, associando as condições naturais do porto de Sines e da sua envolvente e o know how de uma entidade que acreditou no projecto e

assumiu integralmente o risco de construção e de operação», lembrou Lídia Sequeira. A presidente do conselho de administração do Porto de Sines aproveitou ainda a ocasião para revelar que, desde o começo do ano até Março, o porto cresceu 20% no movimento de contentores face ao mesmo período de 2011. Os números têm sido ascendentes ano após ano.

Empregos mais que duplicam em 2014 A última fase de expansão do terminal de contentores do Porto de Sines, que estará concluída em Setembro de 2014, deverá gerar mais 450 postos de trabalho. Nessa altura, serão mais de 750 pessoas a trabalhar no local, um número distante das actuais 295. Esta nova empreitada, que vai aumentar a capa-

cidade do terminal de 1 milhão para 1,4 milhões de TEU’s, compreende a ampliação do cais em mais 210 metros, para um total de 940 metros, e a ampliação da área de armazenagem de 24 para 36,4 hectares. Nessa altura, o terminal vai estar equipado com 9 gruas de cais e 22 gruas de parque.

Câmara de Setúbal repudia fim do TGV

O PORTO de Setúbal alargou a Madrid a sua oferta de serviço de transporte de mercadorias por ferrovia. A parceria estabelecida entre o operador português CP Carga e o operador espanhol Renfe Mercancias prevê o transporte de contentores isolados, assim como a contratação de comboios completos, com capacidade para 48 TEU. A Administração dos Portos de Setúbal e Sesimbra (APSS) considera que através deste serviço «estão criadas condições excepcionais para o alargamento do hinterland do Porto de Setúbal até Espanha». A APSS espera ainda aumentar a «competitividade e eficiência do porto, através de uma economia

A CÂMARA de Setúbal lamenta a decisão do Governo de «arrumar» em definitivo o projecto do TGV, por considerar que esta coloca em cheque o desenvolvimento das potencialidades do país e em particular do distrito. A autarquia reafirma assim a importância do projecto de alta velocidade ferroviária e entende que este seria crucial para «melhorar substancialmente as ligações de Portugal à Europa e ao mundo». O projecto alavancaria as potencialidades do distrito como grande região logística de Portugal, potencializando competências já adquiridas pelos portos de Sines e Setúbal/ Sesimbra. O TGV, segundo a edilidade, seria fundamental para o desenvolvimento da plataforma logística

DR

Porto de Setúbal alarga ligação a Madrid três vezes por semana

Crescimento dos contentores

de escala, quer na ferrovia, quer ao nível do frete marítimo» Dos terminais da Sadoport e Rodofer/SPC/Sapec sairão semanalmente três comboios com destino a Madird, Zaragoza, Tarragona, Bilbao, Barcelona e Valência. A boa performance portuária

tem sido demonstrada pelos números alcançados ao longo do último ano. Desta vez, e ao registar um movimento total de mercadorias de 1,089 milhões de toneladas nos dois primeiros meses de 2012, o Porto de Setúbal cresceu 1,7 por cento face ao período homólogo de 2011. Para estes resultados, contribuiu o crescimento registado nos terminais de serviço público da Sapec, com mais 22,4 por cento no Terminal Sapec – Líquidos e mais 16,6 por cento no Terminal Sapec – Sólidos, e no terminal Sadoport, com mais 10,2 por cento, a que se junta, nos terminais de uso privativo, o crescimento de 28,1 por cento no Terminal Tanquisado/Eco-Oil e de 17,3 por cento no Terminal Secil

do Poceirão, do novo aeroporto e da terceira travessia sobre o Tejo, nas componentes rodo e ferroviária. «Dar-se-ia também um passo decisivo na concretização no Plano Estratégico de Desenvolvimento da Península de Setúbal», lembra uma moção apresentada pela bancada socialista na última sessão de câmara em Setúbal. O texto foi aprovado também pela maioria CDU, que se questiona sobre as razões da «ainda não publicação da revisão do Plano Regional de Ordenamento do Território de Lisboa e Vale do Tejo». A vereadora social-democrata Maria Graça Ramos votou contra por entender que o TGV era uma «megalomania do anterior primeiro-ministro, José Sócrates, um grande sonhador».


Sรกbado | 31.Mar.2012 Pub.

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