Adaptado de Amazon Excursion. [Fotografia], por AndamanSE from Getty

Adaptado de Amazon Excursion. [Fotografia], por AndamanSE from Getty
DIÁLOGOSDEEMPRESAESUSTENTABILIDADE
Índice
IntroduçãoaIbero-AméricaFutura
OpropósitodeIbero-AméricaFuturaesua contribuiçãoparaoespaçoempresarial ibero-americano
PrimeiraMesa:Des-plastificação
As palestras iniciais: breve resumo das apresentações
Lasantípodasdeldiálogo
Quaisideiasforamdeterminantesparaa discussãoecomoforamabordadas?
Desafiosparaaação
SegundaMesa:DesperdícioAlimentar
Por que falar sobre desperdício alimentar?
Resumo executivo do diálogo: como a temáticafoiabordadanamesadeIberoAméricaFutura?
Palestras iniciais: a academia e a empresacomoeixosdodebate
O diálogo: construir soluções para o desperdício alimentar, conectando o mundo empresarial, a academia e as políticaspúblicas
Conclusões e “livro de receitas” para a ação
Introdução: A questão se centra em quando e como
Existem conversas que são inesgotáveis, e o papel das empresas no desenvolvimento sustentável é uma delas. Há vários anos, a participação do setor empresarial no enfrentamento dos múltiplos, complexos e urgentesdesafiosdenossassociedadestemsido um tema de interesse para administrações públicas, academia e diversos agentes da sociedadecivil,inspirandoumextensoinventário dediálogos,debateseespaçosdecooperação.
Graças a esse processo, hoje é possível afirmar quenenhumafórmulacontraapobreza,afome,a desigualdade ou as mudanças climáticas — para mencionar alguns dos objetivos contemplados pela Agenda 2030 — pode ignorar o papel do empresariado.Seuenvolvimentoéumacondição sistêmica para o avanço; sua relevância transcende o espectro puramente econômico e, nos tempos atuais, não apenas é exigido que a sustentabilidade esteja presente em seus modelos de negócios, mas que ela esteja no centrodesuacompetitividade.
Um relatório elaborado em 2023 pelo Pacto Global das Nações Unidas e pela Accenture revelou que, entre mais de 2.800 líderes empresariais entrevistados em todo o mundo, 96% reconhecem desempenhar “um papel fundamental” na realização dos ODS. (1) Um dado que, mais do que revelar, reitera uma relação estreita, profunda e bem documentada, que poderia ser resumida em uma frase: a sobrevivência também é uma questão empresarial.
1) United Nations Global Compact and Accenture. (14 de noviembre de 2023). UN Private Sector SDG Stocktake - Can your business do more? https://www.accenture.com/usen/insights/sustainability/getting-sdgs-back-on-track?c=acn_glb_ungc2023stocktvanityurl_13969947&n=mrl_0923
2) United Nations (Septiembre de 2023). Global Sustainable Development Report (GSDR) 2023. https://sdgs.un.org/gsdr/gsdr2023? _gl=1*1jsjez4*_ga*MzQzMjA3MTAxLjE2OTM5MTIyMTE.*_ga_TK9BQL5X7Z*MTY5NDc4Nz g2My4xMy4wLjE2OTQ3ODc4NjMuMC4wLjA.https://sdgs.un.org/gsdr/gsdr2023?
_gl=1*1jsjez4*_ga*MzQzMjA3MTAxLjE2OTM5MTIyMTE.*_ga_TK9BQL5X7Z*MTY5NDc4Nz g2My4xMy4wLjE2OTQ3ODc4NjMuMC4wLjA
Adaptado de Amazon Rainforest in Brazil [Fotografía], por mantaphoto, s.f., Getty ImagesSignature(https://www.canva.com/photos/MAEEob5xEDY/).
No entanto, outro dado destaca uma questão fundamental: apenas 49% das empresas veem como uma meta alcançável materializar os ODS até2030.Esseéumalertaconstantenodebate globaldaAgenda2030,quejáchegouaodiálogo formalnasNaçõesUnidas.
OrelatórioTempodecrise,temposdemudança: Ciênciaparaacelerarastransformaçõesrumoao desenvolvimento sustentável, apresentado em 2023, concluiu que “na metade do caminho até 2030, os ODS estão muito longe de serem alcançados”, pois, “das 36 metas analisadas no relatório,apenas2estãonocaminhocertopara serem atingidas”. Esse diagnóstico dramático reflete uma implementação demasiadamente lenta e retrocessos significativos em diversos aspectos. Uma realidade que não deixa espaço paradiscutirseasustentabilidadeéounãouma prioridade, mas que exige ações concretas no presente.
Porisso,nachamadaAgendaComumdasNações Unidas e na sua Cúpula do Futuro, que será realizada em setembro de 2024, um dos temas essenciais será precisamente “impulsionar decisivamente as ações para os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável” por meio de “um multilateralismo inclusivo, interconectado e eficaz para responder melhor e oferecer resultadosàspessoaseaoplaneta”.(3)
Essanecessidadedesoluçõeserespostastornouse evidente no espaço ibero-americano, assim como a vontade institucional público-privada de respondê-la. Os exemplos — especialmente aqueles em que a Secretaria-Geral IberoAmericana desempenhou um papel ativo — são diversos e abrangem tanto o incentivo à sustentabilidade e à mudança de paradigma social,econômicoeambientalquantooestímulo àinovaçãoparaalcançá-los.
3) Naciones Unidas (2021) Nuestra Agenda Común. https://www.un.org/es/common-agenda
presenteparaavançarrumoàsustentabilidade,a oportunidade de fomentar o conhecimento e investir na inovação, e o papel central do setor empresarialemtodoessecontexto.
Esses elementos inspiram uma iniciativa que reconhece que a sobrevivência é uma questão empresarial, que enxerga o conhecimento como um laboratório de possibilidades e que pode catalisar a inovação para o desenvolvimento sustentável.AssimnasceoIbero-AméricaFutura.
Aspirac;ao Quetransforma~áoqueremosatcanr;ar? CATALISAR A INOVAí;AO PARA O DESENVOLVIMENTO SUSTENTÁVEL.
Comportamentos Comovamosconseguirisso? IMPULSIONANOOO CONHECIMENTO PARA CRIAR POSSIBILIOAOES.
Ibero-América Futura é construída sobre três grandes elementos: a aspiração, os comportamentos e a convicção.
O propósito de Ibero-América Futura e sua contribuição para o espaço empresarial ibero-americano
Vivemos tempos profundamente desafiadores. Nos últimos anos, diversas crises e tensões sistêmicassesucederamumaapósaoutra—as mudançasclimáticas,apandemiadeCOVID-19,a guerranaUcrânia,entreoutras—eacentuaram inúmerosdesafiosglobaisemtodasasregiõesdo mundo.AesperançadealcançarosObjetivosde Desenvolvimento Sustentável até 2030 se dissipou, e já está claro que é urgente uma estratégiaparareimaginarofuturo.
Nessecontexto,instituiçõespúblicas,empresase asociedadecivilenfrentamodesafioderesolver profundas contradições em seus sistemas produtivos, dinâmicas de consumo, políticas públicas e modelos de progresso. É necessária umaconduçãoconscientedetodososatoresna mesma direção: identificar os desafios mais urgentes do nosso planeta e das nossas sociedadeseenfrentá-los.
Orelógiododesgasteplanetárioavançae,apesar dos esforços de diversos atores, nos encontramos em uma etapa em que o enfoque deve ser disruptivo, ágil e escalável. Em outras palavras, é necessário agir com um senso compartilhado de urgência, desenhar e implementar soluções no presente e criar não apenas para competir, mas para cooperar, colaborar e construir. Trata-se de um novo esquemaemqueinovaréumexercíciocheiode propósito.
Para alcançar esse objetivo, as mesas do IberoAmérica Futura contam com a participação de vozes especializadas em diferentes temas de sustentabilidade e empresas, propondo-lhes abordar desafios concretos por meio da metodologia ágil RAS (Desafios, Abordagem e Soluções). Nesse formato, representantes do setor privado, público, de organismos de cooperação e da academia discutem temas e desafioscontempladospelaAgenda2030epelo recentePactodoFuturodasNaçõesUnidas(8), sempre a partir de uma perspectiva empresarial ibero-americana e em tom propositivo. O objetivo é encontrar soluções aplicáveis, escaláveiseduradouras.
Em 2024, como prelúdio ao XV Encontro EmpresarialIbero-Americano,aSEGIBorganizou duasmesasdediálogodoIbero-AméricaFutura: a primeira sobre poluição por plásticos e a segunda sobre desperdício alimentar. Esses temas foram abordados por grupos de especialistas sob diferentes perspectivas: conhecimento, ESG, cooperação e parcerias, gênero e inovação aberta. Esses primeiros exercícios consolidaram um formato de diálogo cujas dinâmicas, perspectivas, objetivos e conclusõessecaracterizampelodinamismo,pela inovaçãoepeladefiniçãodeprioridadesaserem enfrentadaspelosetorempresarial.Esteprimeiro relatório reúne as principais ideias e conclusões dessasmesasebuscatraçar,alémdeumanova agenda de diálogo, um caminho para um futuro melhor.
(8) United Nations. Pact for the Future, Global Digital Compact and Declaration on Future Generations, Septiembre de 2024. https://www.un.org/sites/un2.un.org/files/sotfpact_for_the_future_adopted.pdf
As Palestras Inspiradoras: Breve Resumo dasApresentações
Andrés
Del Castillo,
Advogado Sênior no CIEL (Center for InternationalEnvironmentalLaw)
A primeira apresentação, conduzida por Andrés DelCastillo,destacouaimportânciadepromover um diálogo como o proposto pela SEGIB, especialmente após a quarta rodada de negociações nas Nações Unidas para um texto juridicamentevinculantedestinadoaacabarcom apoluiçãoporplásticos.
espanhol, os desafios relacionados à coleta dessas embalagens e o panorama atual das tecnologias disponíveis para o processamento desses resíduos. Malet destacou a necessidade de melhorar a cultura de consumo e a coleta seletiva para aumentar a taxa de reciclagem de plásticos.Eletambémenfatizouaimportânciade investir em novas tecnologias de reciclagem, reconhecendo, porém, que atualmente essas tecnologias não são economicamente nem ambientalmente viáveis. Por fim, ressaltou a relevância de aprimorar a participação cidadã comoelementocentralparaalcançarumagestão sustentáveldosresíduosplásticos.
DelCastilloabordouarelaçãodosplásticoscom os combustíveis fósseis, o aumento vertiginoso da produção, que deverá triplicar até 2050, alcançando mais de 1.200 milhões de toneladas produzidas anualmente. Ele também discutiu os diferentes tipos de poluição relacionados aos plásticos, seu impacto global segundo diversos relatórios científicos, o volume de produção, as emissões de gases de efeito estufa, aspectos relacionadosàsaúdehumanaeanecessidadede abordar todo o ciclo de vida dos plásticos por meiodaregulamentação.
Cristina Romera, Oceanógrafa do Instituto de Ciências do Mar-CSIC deBarcelona
O diálogo entre as vozes especializadas desenvolveu-seemtornodetrêseixosprincipais: produção, usos e consumo. Em todos os temas foipossívelobservarumcontrastedevisões,que apresentaram diferentes argumentos a favor e contra a ideia de "des-plastificar", além de enfoquesvariadossobrecomoabordarodebate dapoluiçãoporplásticos—sejanaprodução,no uso, no consumo ou na etapa de gestão de resíduos.
Romera abordou o impacto dos plásticos que chegam aos oceanos, sua origem (fontes terrestres, indústria pesqueira e atividades marítimas) e como problemas de infraestrutura nas cidades contribuem para o transporte de resíduosplásticosaomar.Alémdisso,explicouo processodedegradaçãodoplástico,ostiposde microplásticos encontrados nesses ambientes naturais,oimpactodosplásticosdeusoúnico,as características e desafios dos plásticos biodegradáveis e os efeitos dessa problemática nasaúdehumana.
A participação do setor social, de especialistas científicos e da indústria enriqueceu a conversa comperspectivasdivergentese,emalgunscasos, opostas. Por um lado, vários especialistas destacaram a magnitude da poluição ambiental decorrentedomanejoinadequadodosplásticos. Ressaltaram os danos à vida selvagem, os impactosnasaúdehumanacausadosportoxinas e componentes desconhecidos pela sociedade em geral, o fato de que a maioria dos plásticos não é biodegradável e sua relação com as mudanças climáticas devido à produção e à dependênciadecombustíveisfósseis.
Com base nesses pontos, Romera destacou a necessidade de adotar medidas para reduzir a produção e o consumo de plásticos, melhorar a infraestrutura e promover alternativas sustentáveis. Ela também refletiu que a melhor formadeabordaroproblemadoplásticoéevitar suageraçãodesdeoinício.
OlivierMalet,Chefedetratamento deresíduosemFCCMeioambiente
Os especialistas também sublinharam a importânciadeabordarociclodevidacompleto do plástico, desde sua produção ou consumo, passando pela extração de matérias-primas, até sua disposição final. Além disso, defenderam a necessidade de reduzir a quantidade de plástico produzido e, nessa mesma linha, projetar para a sustentabilidade.Fizeramumapeloparaacriação de materiais não tóxicos, produtos duráveis, reutilizáveis,recicláveisebiodegradáveis.
Por fim, Olivier Malet abordou a gestão de embalagens plásticas domiciliares no contexto espan
“Controlamos a produção por meio da oferta ou controlamospormeiodademanda,comareutilização e outros mecanismos? O ciclo completo de vida dos plásticos é algo que deve ser abordado conforme a ResoluçãoUNEA5/14.”
Andrés Del Castillo, Advogado Sênior no CIEL (Center for International Environmental Law)
Odebatecontoucomaperspectivadaindústria do plástico, que destacou a importância desse material e suas diversas aplicações ao longo de seus100anosdehistória,semignoraroimpacto ambientaldecorrentedeumagestãoinadequada deseusresíduos.
Nesse ponto, foi discutida a responsabilidade compartilhada entre consumidores, empresas e governos,ressaltandocomotodososatorestêm umpapeladesempenharnasoluçãodoproblema doplástico.Consumidoresdevemtomardecisões informadas sobre seu consumo, empresas precisamadotarpráticassustentáveis,egovernos devem implementar políticas eficazes. Além disso, a posição mais favorável ao plástico argumentouqueomaterialofereceumasériede vantagens em sua utilização, muitas vezes “desconsideradas” nos debates sobre seu impacto.
De maneira geral, o debate oscilou entre essas duasposturasprincipais,oquepermitiuabordar temascomo:anecessidadedebuscaralternativas aoplásticoquenãogeremresíduos;oeco-design como uma oportunidade estratégica; a urgência deconsolidareofereceràsociedadeinformações confiáveis para desenvolver soluções sustentáveis, especialmente sobre os impactos ambientaisenasaúdehumana;aimportânciade reconciliar os modelos produtivos com a responsabilidadeambientaldenossassociedades; opapeldaeducação,especialmentevoltadapara os jovens, na formação de um “talento sustentável”; a conscientização do consumidor sobreseupapelcomocidadãoeanecessidadede exigir compromissos tangíveis de seus representantes políticos em relação à gestão de resíduos; a inovação regulatória como um caminho concreto de ação, adaptado às diferentes realidades ibero-americanas; o desenvolvimento de mecanismos de governança que possibilitem assumir compromissos e concretizar avanços, nos quais o setor empresarialdesempenheumpapelativo.
Quais ideias foram determinantes para a discussãoecomoforamabordadas?
Compreender o ciclo de vida do plástico é fundamental: Embora diferentes pesos sejam atribuídosàsdiversasetapasdosplásticos,desde a produção "descontrolada" até o manejo inadequado de resíduos, passando pelo uso desnecessárioeoconsumoinsustentável,todoo ciclo de vida esteve em pauta no debate. Ficou evidente que uma verdadeira compreensão do problema da poluição por plásticos exige uma revisãodesdeaextraçãoatéadisposiçãofinale as fugas, identificando quais oportunidades de ação para mitigar os impactos negativos são necessáriaseviáveis.
Além disso, com as informações mais recentes indicando que mais de 16.000 substâncias químicas são utilizadas nos plásticos, e que um quarto delas é motivo de preocupação, é indispensável garantir a transparência e uma regulamentação que agrupe os produtos químicos avaliados, além de controlar o que é introduzido no mercado, com base no princípio de“semdados,nãohámercado”.
A gestão de resíduos plásticos tem oportunidades de melhoria: Existe uma grande preocupaçãocomoimpactodoplásticonomeio ambienteenasaúdehumana.Deformageral,o ponto de partida é a necessidade de reduzir a produção e o consumo, especialmente dos plásticos de uso único. Para diversos especialistas, a gestão de resíduos é uma das áreasquemaisoferecesoluçõesparaacrisedos plásticos. Por isso, são necessárias soluções inovadoras, como a reutilização e a pesquisa de nov
“É muito importante definir bem o problema. E o problema não são os plásticos, o problema são os resíduos.”
Luis Cediel Blanco - diretor geral da Asociação Espanhola de Industriais de Plásticos (ANAIP).
Economia circular, uma mudança necessária: É preciso mudar o paradigma de produção e consumo,passandodeummodelolinearparaum modelo circular. É importante promover a redução, a reutilização, o reparo e a reciclagem de materiais e produtos. A colaboração entre diferentes atores é essencial para implementar uma economia circular segura e livre de substânciastóxicas.
Educaçãoeconscientizaçãoparaopresenteeo futuro: Empresasegovernosdeveminvestirem educação ambiental, os meios de comunicação têm um papel fundamental na conscientização sobreoproblemadosplásticos,easinstituições acadêmicasdevemassumiraresponsabilidadede formar as novas gerações com um enfoque de “talentosustentável”,capacitando-asnãoapenas como cidadãs e cidadãos, mas também como líderes que, a partir da Ibero-América, possam proporsoluçõesparaosdesafiosqueosplásticos representamparaoplaneta.
Diante da dúvida, o princípio da precaução: Apesar de ser necessária mais pesquisa para compreender melhor os impactos dos plásticos nasaúdeenomeioambiente,issonãoimpedeos governos de adotar medidas de precaução e incentivar soluções inovadoras para a desplastificação da economia, a produção de materiais sustentáveis e o desenvolvimento de uma economia circular livre de substâncias tóxicas. É essencial promover a colaboração entrepesquisadores,sociedadecivil,empresase governos para impulsionar a inovação nesse âmbito.
Cooperaçãoibero-americanaemsintoniacomo mundo: São necessárias políticas e estratégias internacionais para reduzir a produção e o consumo de plásticos, orientadas pelo consenso globalsobreotema.Umexemploéoenfoquena gestão de resíduos, que, embora importante, deveseracompanhadoporsoluçõesemmatéria decontrolenaprodução,nousoenoconsumo.
UmdosprincipaisobjetivosdasmesasdediálogodoIbero-AméricaFuturaéidentificardesafioscomuns quepossamsertransferidosaosetorempresarial,aosetorpúblico,àacademiaeàsociedadecivilemgeral, comoobjetivodeestimularainovaçãoparaasustentabilidade.Nestecaso,osdesafiospropostosabordam umapartedeumproblemacujascomplexidadessãomúltiplaseprofundas.
Omarcoregulatóriointernacionalestáem pleno desenvolvimento. No entanto, é evidente que cada país precisa explorar fórmulasorientadasàreduçãodoimpacto da poluição plástica e que, ao mesmo tempo, respondam às realidades locais. Quais iniciativas de inovação regulatória poderiam contribuir para fortalecer a governança em relação aos resíduos plásticosnaIbero-América?
São necessários investimentos em pesquisa,desenvolvimentoeinovaçãopara criar novos materiais, tecnologias de reciclagem e sistemas de gestão de resíduos mais eficientes. Como o espaço empresarial ibero-americano pode apoiar e impulsionar iniciativas científicas que respondamaessesdesafios?
O plástico é um material com grande potencial, mas sua produção, uso, consumo, disposição e descarte, assim como as liberações e emissões atuais, geramumproblemaambientalsignificativo. Comopodemosmelhoraragestãodociclo de vida dos plásticos a partir do setor empresarial?
A informação sobre o impacto ambiental do plástico e as alternativas disponíveis deve ser confiável, acessível e transparente. Quaismecanismosdegestão de informação e transferência de boas práticas podemos promover para aumentar os níveis de conhecimento no setor empresarial, no setor público e na sociedadecivilsobreessaquestão?
Aproduçãodescontroladadeplásticoseos usos desnecessários desse material são fatores-chave na redução do impacto dos resíduos. Quais mecanismos e estratégias poderiam contribuir para reduzir a produção não essencial de produtos plásticosnaIbero-América?
Essesesforçosforamumpontodepartidaparaa segunda mesa do Ibero-América Futura, organizada pela Secretaria-Geral IberoAmericana (SEGIB), na qual especialistas de diversos setores (acadêmico, empresarial, jornalístico e de organismos internacionais) debateram sobre o desperdício alimentar na Ibero-América.Elesanalisaramsuasimplicaçõese propuseramsoluçõesparaavançaremdireçãoa umfuturomaissustentável,enfrentandodesafios desustentabilidadeesegurançaalimentar.
(1) FAO (2024) Food Waste Index Report 2024: Think, Eat, Save, Tracking Progress to Halve Global Food Waste. https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/45230/food_waste_i ndex_report_2024.pdf?sequence=5&isAllowed=y
(2) ONU (2024) Objetivos de Desarrollo Sostenible: https://www.un.org/sustainabledevelopment/es/sustainable-consumptionproduction/
(3) FAO (2024) Reducing food loss and waste requires more funding: FAO, IDB, UNEP and PASO: https://www.fao.org/americas/news/news-detail/reducir-pdarequieren-financiacion/en
(4) Segib (2022) Plan Iberoamericano de Gastronomía y Alimentación PIGA 2030 https://www.segib.org/?document=plan-iberoamericano-de-gastronomia-yalimentacion-2030
(5) Segib (2023) Ruta Crítica para Alcanzar una Seguridad Alimentaria, Incluyente y Sostenible en Iberoamérica. https://www.segib.org/?document=ruta-criticapara-alcanzar-una-seguridad-alimentaria-incluyente-y-sostenible-eniberoamerica
Resumoexecutivododiálogo:Comofoi abordadaatemáticanamesadaIberoAméricaFutura?
O contexto do desperdício alimentar foi apresentadocomoumdesafiocríticodentrodos Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS) estabelecidos pelas Nações Unidas, uma agenda cujo cumprimento está na metade do caminho, segundo relatórios da ONU (6), o que exige uma abordagem realista e colaborativa. Nessecontexto,aSEGIBdecidiuabordarotema a partir de uma perspectiva empresarial, reconhecendoque,emboranãosejaoúnicoator relevante,osetorprivadodesempenhaumpapel crucialnacriaçãodesoluçõessustentáveis.
Após as palestras iniciais, surgiram os primeiros questionamentos:Comoaciênciapodecontribuir para resolver esse problema? O que ainda falta ser feito a partir das políticas públicas? Onde estãoaslacunasnacolaboraçãoentresetores?
Apartirdessasperguntas,amesatransitoupara um diálogo aberto em que foram abordados diversos aspectos do desperdício alimentar. Os participantes refletiram sobre as barreiras que impedemoavançonareduçãodessefenômeno. Foi apontado que, embora existam iniciativas bem-sucedidas, como as certificações de desperdícioalimentarzeroemalgumasempresas, persistemdesafiosrelacionadosàimplementação de políticas públicas, à transferência de conhecimento da academia e à falta de conscientizaçãodapopulação.
Um dos pontos recorrentes na discussão foi a necessidadedemelhoraracomunicaçãoentrea ciência e a sociedade. Destacou-se uma lacuna significativa entre o conhecimento científico existenteeoquechegaàspessoaspormeiodos meios de comunicação. Enfatizou-se a importância dos meios de comunicação na disseminação de informações relevantes e na conscientização sobre a magnitude do desperdícioalimentar,umtemaque,segundoos especialistas convocados, continua pouco visível no debate político e social, apesar de suas implicaçõesglobais.
Do ponto de vista empresarial, discutiu-se o papelfundamentaldasgrandescorporações,das pequenasemédiasempresas(PMEs)edasstartupsnaadoçãodepráticassustentáveis.Odiálogo aprofundou-senasestratégiasempresariaisena importância de estabelecer compromissos claros e ações concretas, além de outros aspectoschave, como, por exemplo, a certificação como umaferramentaparamedirevalidarosesforços dasempresasnareduçãododesperdício.
Andrea Gómez Zavaglia, Chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Criotecnologia Alimentar (CIDCACONICETUNLP),
Em sua palestra "Redução do desperdício alimentar para um futuro sustentável na IberoAmérica", Gómez Zavaglia revelou dados alarmantes que evidenciam a dimensão do desafio na região: são desperdiçados 220 milhões de toneladas de alimentos por ano, o que equivale a 330 kg de alimentos por habitante anualmente e a 11,6% da produção regional. Gómez explicou as implicações dessas cifras para os países ibero-americanos. No âmbito ambiental, o desperdício gera 8% das emissões globais de gases de efeito estufa, 21% dos resíduos existentes e contribui para o esgotamento de recursos naturais, como água, solo e energia, que são utilizados para produzir alimentos que não são consumidos.
O diálogo também abordou o papel das políticas públicas na criação de um ambiente favorável para a redução do desperdício alimentar. Quais desafios concretos as políticas públicas enfrentam nesse âmbito? Como fomentar a colaboração entre academia, setor privado e governos? Os participantes discutiram temas como a necessidade de regulamentações adaptativas que reflitam as realidades locais, incentivos para a inovação e o fortalecimento de infraestruturas digitais que facilitem a gestão eficiente de alimentos. A mesa foi encerrada com um chamado à ação focado em soluções integrais e replicáveis, mas, acima de tudo, replicadas. Para alcançar esse objetivo, a colaboração entre os setores participantes é fundamental, já que o desperdício alimentar é um problema complexo que exige uma abordagem sistêmica. Entre as principais conclusões, destacam-se a necessidade de melhorar a medição e a análise de dados sobre desperdício alimentar, fomentar parcerias público-privadas e fortalecer a educação e a conscientização da população. Além disso, reconheceu-se a importância da inovação tecnológica, não apenas para otimizar processos, mas também para transformar a relação entre produção, distribuição e consumo de alimentos.
“Somente por meio de um trabalho conjunto e intersetorial que integre representantes da ciência, da indústria, da sociedade civil e da administração pública será possível enfrentar os desafios para reduzir as perdas e o desperdício de alimentos.”
Andrea Gómez Zavaglia, Chefe do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Criotecnologia Alimentar (CIDCACONICETUNLP).
Economia circular em ação: o caso Alcampo (Espanha)
No plano social e ético, a segurança alimentar é impactada em quatro dimensões: disponibilidade de alimentos, acesso aos alimentos, sua utilização e a estabilidade. Sobre o nível de desigualdade na distribuição, os dados refletem sistemas ineficientes: “há aqueles que têm em excesso e aqueles que não têm o suficiente”, destacou. Do ponto de vista econômico, as perdas chegam, segundo a cientista, a 140 milhões de euros na cadeia de suprimentos. Como resposta, Gómez aponta a economia circular como uma oportunidade fundamental. Reutilizar resíduos para criar ingredientes bioativos e alimentos funcionais deve ser um ponto focal de ação. Ela também defende práticas agrícolas sustentáveis e o uso de tecnologias avançadas no processamento e armazenamento de alimentos. (6) Naciones Unidas (2023). Global Sustainable Development Report (GSDR) 2023. https://sdgs.un.org/gsdr/gsdr2023? _gl=1*1jsjez4*_ga*MzQzMjA3MTAxLjE2OTM5MTIyMTE.*_ga_TK9BQL5X7Z*M TY5NDc4Nzg2My4xMy4wLjE2OTQ3ODc4NjMuMC4wLjA.https://sdgs.un.org/ gsdr/gsdr2023? _gl=1*1jsjez4*_ga*MzQzMjA3MTAxLjE2OTM5MTIyMTE.*_ga_TK9BQL5X7Z*M TY5NDc4Nzg2My4xMy4wLjE2OTQ3ODc4NjMuMC4wLjA Palestras Inspiradoras: a Academia e a Empresa como Eixos do Debate Com o objetivo de delimitar um terreno comum para o diálogo, a mesa sobre desperdício alimentar contou com a participação de dois palestrantes-chave dos âmbitos acadêmico e empresarial.
O compromisso empresarial na luta contra o desperdício alimentar é fundamental. Tornar visíveis casos que materializem abordagens como a economia circular não apenas reconhece o papel que muitas empresas ibero-americanas assumiram diante desse desafio, mas também eviden
A segunda mesa do Iberoamérica Futura, realizada em Madri, foi um espaço de diálogo enriquecedor, que reafirma o potencial da cooperação multissetorial para catalisar mudanças significativas.
Com atores comprometidos, uma metodologia clara e um foco em soluções práticas, esse esforço representa um passo importante rumo à construção de um futuro sustentável na Iberoamérica.
Hernández sublinhou como a Pascual, ciente do impacto econômico das perdas, implementou uma gestão eficiente para reduzi-las, especialmente na produção de leite e bebidas vegetais. “As perdas na produção de leite ou bebidasvegetaissãoinaceitáveis;dissodepende nossaviabilidadeeconômica”,afirmou.Contudo, tambémmencionouosdesafiosimpostospelaLei da Cadeia Alimentar na Espanha, que proíbe a venda com prejuízo, exceto em casos de superprodução.
Situações como a produção excessiva de limões frequentemente levam ao desperdício, pois não encontram uma saída comercial viável. “A superprodução, como a de limões, muitas vezes acaba em aterros devido a restrições legais”, pontuou, evidenciando a necessidade de soluções mais flexíveis e sustentáveis na legislaçãovigente.
A visão do setor privado apresenta diferentes enfoques, incluindo o das empresas inovadoras ou de base tecnológica e científica, que estão revolucionando o mundo da alimentação.
Catalina Valencia, Head of Community no KM ZERO Food Innovation Hub, destacou o papel dasstart-upsemliderarsoluçõesinovadoraspara reduzir o desperdício alimentar. “As startups latino-americanas têm uma consciência social muitomaisforteeestãoliderandosoluçõesreais paraosdesafiosalimentares”,revelou.
Exemplos como a Chum Chum, no México, que transforma resíduos de mercados em produtos reaproveitáveis,ilustramcomoacriatividadeeo espíritoempreendedorpodemgerarimpacto.“O desperdício alimentar está profundamente conectado ao nosso estilo de vida”, destacou Catalina, insistindo na necessidade de investimentos de longo prazo para garantir a escalabilidade dessas iniciativas. “O futuro da alimentaçãoserádefinidopornossasaçõesepor ondedecidirmosinvestirnossosrecursos”.
Umcomponenteclarodeaçãonasempresasde todos os tamanhos é a inovação. Marcelo Lasagna, especialista em inovação e políticas públicas, destacou o caráter do desperdício alimentar como um sistema complexo e adaptativo. Ele ressaltou que enfrentar esse desafio requer uma análise global que leve em contaasinteraçõesaolongodetodaacadeiade suprimentos, desde os produtores até os consumidores, pois cada ação gera efeitos em cascata.Marceloenfatizouque"muitassoluções atuais são parciais e não consideram o ciclo completodacadeiadesuprimentos".Alémdisso, destacou o papel fundamental da ciência e da tecn
tecnologia, propondo o uso de simulações e modelagem para prever impactos e desenvolver soluções escaláveis baseadas em dados e na inteligênciacoletiva.
Porfim,JuanJoséMorenoDelgado,gerentede Alimentação da Aenor, sublinhou a importância da certificação como uma ferramenta essencial para fomentar o compromisso empresarial na redução do desperdício alimentar e gerar confiança em toda a cadeia alimentar. Ele explicou que a certificação não é apenas um documento, mas um mecanismo que evidencia um compromisso contínuo com a sustentabilidade, promovendo mudanças significativas nas práticas empresariais. Segundo ele, iniciativas como o esquema “Desperdício Alimentar Zero” permitem que as empresas melhorem a gestão de excedentes sem exigir a eliminação absoluta do desperdício, mas sim incentivando uma progressão constante em direçãoaessameta.“Acertificaçãonãoéapenas um certificado; é uma ferramenta de confiança que demonstra um alto compromisso com uma linhadetrabalho”,enfatizou.
Existe um desafio cultural: dar aos alimentosovalorqueelesmerecem.
No enfrentamento de desafios sistêmicos, é inevitável e sempre necessário valorizar o papel dasociedadecivilnabuscaeimplementaçãode soluções.Noquedizrespeitoaodesperdício,há umfator-chaveparaaanálise:amaiorpartetem origem nos lares. Segundo a FAO, “do total de alimentosdesperdiçadosem2022,oslaresforam responsáveis por 631 milhões de toneladas, equivalentesa60%”.(7)
(7) FAO (2024) Food Waste Index Report 2024: Think, Eat, Save, Tracking Progress to Halve Global Food Waste. https://wedocs.unep.org/bitstream/handle/20.500.11822/45230/food_waste_i ndex_report_2024.pdf?sequence=5&isAllowed=y
As razões podem ser múltiplas, porém as vozes participantes apontaram alguns fatores determinantes. María Herrero mencionou a desconexão dos consumidores com a produção primária, destacando como essa falta de valorização dos alimentos fomenta comportamentos irresponsáveis: “O consumidor não entende o valor dos alimentos porque perdeuaconexãocomaproduçãoprimária”.Essa desconexão é agravada pelo acesso constante a alimentos a preços baixos, o que desestimula o consumo responsável. Além disso, ela sugeriu que ajustar os preços para refletir o custo real dos alimentos poderia ser uma medida positiva para conscientizar sobre o tema: “Estamos acostumadosaterfrutaseverdurasdisponíveiso tempo todo e a preços baixos; isso fomenta o desperdício”, afirmou, reconhecendo que essa medidapoderiagerardebate,masargumentando queseriaeficazparamudarhábitos.
ParaÓscarHernándezPrado,diretordeAssuntos Públicos, Comunicação e Sustentabilidade do GrupoPascual,umdosmaioresdesafiosestána confusãodosconsumidoresemrelaçãoàsdatas de consumo preferencial, que frequentemente são associadas à validade do produto. Em sua opinião, são necessárias campanhas de divulgação e educação, assim como a implementação de tecnologias digitais que otimizem os processos de produção e distribuição. “Sem divulgação e conscientização, osesforçosdasempresasserãoinsuficientespara reduzirodesperdícioalimentar”,alertou.
"Valorizar os alimentos é um desafio fundamental; aquilo que não se valoriza, se desperdiça.”
Óscar Hernández Prado, diretor de Assuntos Públicos, Comunicação e Sustentabilidade, Grupo Pascual.
Neste último ponto, Ana Carbajosa, diretora do PlanetaFuturoejornalistadoElPaís,trouxeuma
reflexão crucial sobre a ausência do tema do desperdícioalimentarnodebatepolíticoesocial. “Falta esse impulso político e também de divulgação. Mea culpa do papel dos meios de comunicação, mas também refletimos a relevância social dos assuntos, não apenas porque estão presentes, mas pelo impulso político. Os dados estão aí, e são, além disso, impressionantes”, alertou, encerrando com uma mensagem clara sobre o papel da mídia na concretização de soluções: “O jornalismo pode mostrarexperiênciasbem-sucedidasereplicáveis paracombaterodesperdícioalimentar”.
“A divulgação, a ação cidadã e os avanços científicos devem trabalhar em conjunto para enfrentaressedesafioglobal.”
Ana Carbajosa, diretora de Planeta Futuro e Jornalista do El País.
Colocar o desperdício alimentar no centro do debate político: um imperativo e uma dívidapendente
Construir políticas de Estado sustentáveis que transcendam os ciclos governamentais e sejam fruto de amplos consensos entre os atores do sistema agroalimentar é imperativo para enfrentar o desperdício alimentar. Foi o que defendeuLuisLobo,oficialtécnicodoPrograma ESPANHA–FAOparaaAméricaLatinaeoCaribe e coordenador do projeto de apoio à Iniciativa AméricaLatinaeCaribeSemFome(IALCSH).Ele enfatizou que essas políticas devem ser multissetoriais, incluindo academia, política e setor privado, para abordar de forma integral o desperdício alimentar e as perdas na cadeia agroalimentar. "As políticas de Estado são fundamentais para lidar com problemas complexos, como as perdas e o desperdício alimentar", explicou, ressaltando que os parlamentos desempenham um papel crucial na aprov
aprovação de leis, alocação de orçamentos e posicionamentodetemasestratégicosnaagenda pública.
Em sua intervenção, Lobo destacou que o desperdícioalimentarnãoéapenasumproblema técnicoouempresarial,mastambémumdesafio político que requer coordenação entre atores públicos e privados. Ele citou como exemplo o CódigodeCondutaVoluntárioparaaReduçãode Perdas e Desperdícios de Alimentos, aprovado por 190 países membros da FAO, como uma ferramenta global essencial para promover a sustentabilidade. Lobo também destacou os avanços na América Latina, como a Lei Modelo de Perdas e Desperdícios do PARLATINO, que oferece um marco abrangente e adaptado às realidadeslocais."Cadapaístemsuarealidade,e asleisdevemrespeitaressasparticularidadesao mesmo tempo em que promovem soluções sustentáveis",concluiu.
Por fim, Lobo destacou a importância de um enfoqueintegralnapolíticapública,queabranja desde a identificação dos problemas até a implementação, o monitoramento e a avaliação dasleis.Eleenfatizouque"apolíticanãotermina com a aprovação de uma lei; é um processo integral que inclui implementação, monitoramento e avaliação". Além disso, ressaltou o papel estratégico dos Frentes Parlamentares contra a Fome e a Má Nutrição como plataformas essenciais para promover legislaçõeseficazes.
Conhecimento e cooperação: estratégias ibero-americanascontraodesperdício
Félix García Lausín, coordenador do Espaço Ibero-americano do Conhecimento da SEGIB, destacou a importância da Estratégia IberoamericanadeInovação2050,naqualaredução do desperdício alimentar é uma das missõeschave. "É essencial contar com indicadores confiáveisquepermitammediroimpactorealdas políticaseações",afirmou.Félixtambémpropôs revitalizarredesdeconhecimento,comoaRede Ibero-americanadeUniversidadespeloDireitoà Alimentação, para fortalecer a pesquisa e a colaboraçãointersetorial.Seguindoessalinha,
Ander Arredondo, técnico da Secretaria de Cooperação da SEGIB, enfatizou a necessidade de abordar o desperdício alimentar como parte de uma estratégia integrada dentro da comunidade ibero-americana. No campo das políticas públicas, Arredondo destacou que a comunidade ibero-americana oferece um ambienteprivilegiadoparaodiálogopolíticoea criação de alianças estratégicas. A cooperação entre atores públicos, privados, acadêmicos e orga
organismos internacionais é fundamental para garantirumaabordagemabrangentequepermita enfrentarosdesafiosdasegurançaalimentar.Ele ressaltouaimportânciadetrabalharemsintonia com organismos como a FAO e de consolidar a SEGIBcomoumaplataformaativaparapromover políticas efetivas e sustentáveis. "A SEGIB e a Conferência Ibero-americana devem ser vistas como aliadas na luta por uma alimentação saudável e sustentável", afirmou, reforçando o compromissodessasinstituiçõescomodireitoà alimentaçãonaregião.
Nesse contexto, Marcelo Lasagna defendeu a necessidade de regulamentos dinâmicos e adaptáveis, que possam se ajustar às demandas mutáveisdosatoresenvolvidos.Eledestacouque "as regulamentações não devem ser estáticas; precisam ser constantemente avaliadas e ajustadas para maximizar seu impacto". Lasagna também propôs uma abordagem de governança quetransformeosgovernosemarticuladoresde redes de aprendizado, promovendo a colaboração, o intercâmbio de experiências e a ecologia da ação. Para isso, recomendou a integraçãodetodososstakeholdersnodesenho depolíticas,fortalecendo,assim,asensibilidadee aeficáciadessasiniciativas.
O diálogo foi concluído com reflexões que unificaramasperspectivasapresentadasaolongo da sessão e com um consenso sobre a necessidade de articular esforços entre os setores público, privado e acadêmico. "Utilizar a economiacircularparatransformarodesperdício alimentar em recurso é uma parte essencial da solução para a segurança alimentar na IberoAmérica", afirmou Jaume Gaytán em sua intervenção final. Félix García Lausín complementou: "O sucesso das estratégias depende de como concretizamos as ações e medimosseuimpactoreal".
Deter o desperdício: um inventário de soluçõesparaavançar
Entre as propostas mais relevantes do diálogo, destacou-se a promoção da economia circular como ferramenta para transformar resíduos em recursos. Os participantes concordaram sobre a necessidade de educar a população acerca do valorrealdosalimentos,melhoraracompreensão das datas de consumo preferencial e fomentar hábitos responsáveis. Além disso, ressaltaram a importânciadepolíticaspúblicasadaptativasque considerem as realidades locais e incentivem a colaboração entre governos, empresas e academia. Também foi enfatizado o papel da tecnologia na otimização das cadeias de suprimentos e na redução dos custos de transacciom
transação. Iniciativas como plataformas digitais parapreverexcedenteseprojetosinovadoresde reutilização de subprodutos alimentares foram apontadascomopassoscruciaisparaummodelo sustentável. Por fim, foi feito um apelo para fortalecer as parcerias público-privadas e revitalizarredesdeconhecimento,comoaRede Ibero-AmericanadeUniversidadespeloDireitoà Alimentação, garantindo uma abordagem baseadaemdadoseevidênciascientíficas.
O desperdício alimentar é um problema multidimensional conectado a desafios globais, como as mudanças climáticas e a insegurança alimentar. Nesse contexto, é imprescindível adotarumaabordagemintegralecolaborativa.
A economia circular emerge como um eixo estratégico para maximizar o valor dos resíduos alimentares, promovendo sua reutilização na criação de ingredientes bioativos e alimentos funcionais.Esseenfoque,aliadoàimplementação detecnologiasavançadasparaoprocessamento e armazenamento, aponta um caminho claro rumo à sustentabilidade. Além disso, a digitalização das áreas rurais desempenha um papel crucial ao otimizar a produção e a distribuição de alimentos, garantindo sua disponibilidadeereduzindoosdesperdícios.
A cooperação entre setores é essencial para enfrentar esse desafio, revitalizar parcerias e fomentar redes de conhecimento baseadas em dados e evidências científicas. A educação e a conscientizaçãotambémdesempenhamumpapel fundamental, tanto na correta interpretação das datas de consumo preferencial quanto na valorização do impacto social e ambiental do desperdício alimentar. Por fim, a criação de marcosregulatóriosadaptativosqueincentivema colaboraçãointersetorialefortaleçamamedição de impacto será determinante para alcançar avanços sustentáveis e replicáveis em toda a cadeiaalimentaribero-americana.
“Receita para a ação”
Melhoria da medição e análise de dados: desenvolver métricas confiáveis e definições claras para entender melhor o desperdício alimentar e formular estratégias eficazes.
Promoção de alianças públicoprivadas: estabelecer colaborações entre governos, empresas e academia para implementar soluçõessustentáveis.
Fortalecimento da educação cidadã: promover campanhas de conscientização para educar os consumidores sobre o valor real dos alimentos e a correta interpretação das datas de consumopreferencial.
Inovação tecnológica: investir em tecnologias sustentáveis e fomentar a reutilização de subprodutos agrícolas para gerar valor a partir dos resíduos alimentares.
Políticaspúblicasadaptativas: criar marcosregulatóriosqueincentivem a colaboração intersetorial e fortaleçam a medição do impacto daspolíticasimplementadas.
Digitalização rural: impulsionar a digitalização em áreas rurais para otimizar a produção e distribuição dealimentos.