Universo Sefarad - ANO 1 No 1 JULHO DE 2018

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Sefarad Universo

MARCOS

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ão há quase nenhum país no Ocidente e em parte do Oriente Médio, onde os sefaraditas não se façam presentes: nas Américas, na Europa Ocidental, Central e Oriental, no norte da África e em parte do Oriente Médio, em territórios do antigo Império Otomano. Nestas regiões, eles recriaram toda uma vivência judaica, que em parte, preservou sua origem ibérica, sabendo enriquece-la de elementos da cultura local, em diversos aspectos: na tradição religiosa, na cultura, na aquisição de novos elementos identitários. Criaram novos idiomas (o ladino, djudezmo, haquetía); aprenderam e contribuíram com as línguas de seus novos países, com sua cultura, sua arte, sua literatura e seu desenvolvimento econômico. É sobre este imenso e rico universo, que nossa revista, e em especial, a presente coluna, deseja lhes contar. Aproveitamos para convidar as comunidades (kehilot em hebraico), as entidades, as sinagogas, os centros culturais, os sites e blogs que compõem este universo, para fazer parte desta coluna, contribuindo com notícias, notas, informações, artigos, imagens de eventos e festejos. E as empresas, os profissionais liberais e as famílias, a apoiar nossa revista.

O UNIVERSO SEFARAD E SUAS SINAGOGAS: O surgimento da sinagoga, (tradução grega do termo hebraico Beit Knesset (Casa de Congregação), também denominado, originalmente, de Beit Midrash (Casa de Estudo), representa historicamente o fim da prática de sacrifícios (do latim Sacrificium; literalmente "ofício sagrado") de animais, entre os judeus. No judaísmo, o sacrifício é conhecido como korban, palavra oriunda do hebraico karov, que significa perto (de Deus). Judeus medievais 62 | USf | ANO 1 - Nº 1 | JULHO 2018

como Rambam (Maimônides) reinterpretaram a necessidade de sacrifícios. Em sua visão, Deus sempre colocava os sacrifícios abaixo de orações e da meditação filosófica. No entanto, Deus entendia que os israelitas estavam acostumados aos sacrifícios animais, que as tribos pagãs realizavam como forma de comunicação com seus deuses. Assim, na visão de Maimônides, era natural que os israelitas acreditassem que o sacrifício fosse necessário na relação entre o homem e Deus. Maimônides concluiu que a decisão de Deus de permitir sacrifícios era uma concessão às limitações psicológicas do homem. Era esperado que os israelitas passassem de sacrifícios à adoração pagã em pouco tempo. Assim, entendemos como o grande filósofo sefaradita, que esta passagem é na verdade uma evolução histórica: a sinagoga substitui o Templo de Jerusalém e a oração os sacrifícios. Seja pela impossibilidade de acesso (durante a primeira diáspora na Babilônia e depois no período greco-romano) ou mesmo para evitar ali estar por discordar da situação de assimilação e corrupção da elite de Jerusalém, bem como para fugir dos conflitos e revoltas contra Roma, alguns segmentos do judaísmo nos referidos períodos, criaram casas de reunião, oração e estudo, que ao longo do tempo se tornaram o que hoje conhecemos como sinagoga: o centro de facto da vida judaica dos praticantes, onde acontecem as orações, estudos, cerimônias e festividades religiosas. Os judeus souberam erguer, ao longo de toda a diáspora e em Israel, sinagogas das mais suntuosas às mais singelas e belas possíveis. Apresentamos, a seguir, uma pequena seleção de sinagogas sefaraditas, de parte da imensa “Diáspora Sefaradita”.


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