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Lusofonia: see-saw panamby

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outubro 2016

deslocamentos para o entendimento global

see-saw panamby

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EDITORIAL

2016. Ano Internacional do Entendimento Global.

Em nossa escola, esse tema da UNESCO transformou-se em um projeto chamado Deslocamentos: um passo para o entendimento global.

A revista que você tem em mãos é um dos desdobramentos que esse projeto teve aqui na See-Saw Panamby. Essa ideia nasceu do desejo de se acompanhar mais de perto os diversos deslocamentos da língua portuguesa.

Esses deslocamentos ocorrem tanto no tempo quanto no espaço.

A língua portuguesa, hoje, desloca-se no espaço na figura dos migrantes contemporâneos falantes de português que vêm aqui em busca de uma nova vida.

Nossa língua também se desloca no espaço, ao tornar-se língua de herança de brasileiros vivendo em um país estrangeiro, como os Estados Unidos. Mas, quando se trata de uma família de argentinos vivendo em São Paulo, por exemplo, é o espanhol que assume o lugar de língua de herança.

A língua portuguesa também se desloca no tempo, desde a época da colonização até os dias de hoje, quando incorpora palavras do inglês como selfie e game. Será então que o português de Portugal é mais correto do que o português falado aqui no Brasil? Será que o uso de palavras em inglês irá provocar a morte da língua portuguesa?

Finalmente, tempo e espaço deslocam-se na produção literária.

E quando se trata da literatura escrita em língua portuguesa ao redor do mundo, quem seriam os principais autores e obras?

A turma do 1º ano do Ensino Médio abraçou as questões que compõem o projeto dessa revista com coragem e entusiasmo sem precedentes.

Eles conviveram com a frustração de descobrir que a elaboração de uma reportagem real não passa pelo Ctrl C + Crtl V de reportagens da internet. Conviveram com a dificuldade de se produzir uma boa apuração, baseada em fontes confiáveis – mesmo que, na internet, muita coisa esteja a um clique de distância. Conviveram com a espera ansiosa por uma entrevista. Conviveram com o desafio de transpor informações para a linguagem gráfica, criando infográficos com o professor de Matemática, Sérgio Alencar. Conviveram ainda com o desafio conceitual de produzir uma representação gráfica do caleidoscópio de ‘deslocamentos’ que está por trás uma reflexão mais ampla sobre essa palavra – em um convite que foi proposto pela professora de Literature, Cristina Grossov. Conviveram também com as sutilezas da diagramação dos originais, que só se tornou possível nas mãos da professora de Arts, Manuela Alcantara Machado.

Eles entusiasmaram-se ao descobrir que eram capazes de pesquisar, apurar e escrever seus próprios textos, a partir de suas próprias descobertas e conclusões. Entusiasmaram-se ao receber de volta e-mails com as respostas de seus entrevistados.

Entusiasmaram-se ao descobrir conexões entre o nosso olhar para a palavra ‘deslocamentos’, a linguagem audiovisual e a moda. Entusiasmaram-se ao conseguir editar, acrescentar infográficos e diagramar o seu texto.

Nada disso teria sido possível sem o estusiasmo da Lia Armelin, que de modo visionário convidou a nossa equipe a abraçar um trabalho focado em Projetos, e do Cesar Pazinatto, que acompanhou de perto todas as etapas para a viabilização desse jornal, chegando inclusive a revisar as provas antes da impressão.

Finalmente, esse projeto só tomou essa dimensão por esses estudantes serem quem são: pessoas comprometidas com o estudo e sempre dispostas a dar o seu melhor em tudo o que fazem. A eles e às famílias cabem os créditos pela realização desse projeto.

Boa leitura!

Phaedra de Athayde (professora de Língua Portuguesa do Ensino Médio)

EXPEDIENTE

REPORTAGEM E CAPA:

Annamaria Gargalak Peres Reis, Bruno Balsimelli Junior, Fernando Castello Branco, Gabriela Chryzman Danielides, Giulia Franzini Dias Rodrigues Ré, Isabella Macchia Salerno, Leonardo Gabriel do Amaral, Lucca Albero Tosto, Maria Victoria Folkerts Cincurá, Milagros Bugallo, Pilar Maria Trussardi Bueno Vidigal, Ricardo Gargalak Peres Reis, Stella Limena Nielsen Stanzione, Vyctória Helena Meira Shahini EDIÇÃO: Cristina Grossov, Manuela Alcantara Machado, Phaedra de Athayde, Sergio Alencar DIAGRAMAÇÃO: Manuela Alcantara Machado

AGRADECIMENTOS: Agenor Costa, Cesar Pazinatto, Célia Regina dos Santos Lopes, Cristina Grossov, Diego Escanhuela, Domingos Garcia Ré, Gabriel Bugallo, Giulia Franzini Dias Rodrigues Ré, Isabella Bandeira de Faria, Julia Spiguel Favaretto, Lia Armelin, Lourdes Bugallo, Manuela Alcantara Machado, Murilo Ohl, Natalia Bugallo, Nicolas Bugallo, Patricia Kanno, Rodrigo Danielides, Sergio Alencar, Sonia Maria Chaves Mendes e Verônica Rodrigues.

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SÃO PAULO: PALCO DE MIGRAÇÕES CONTEMPORÂNEAS LUSÓFONAS

por Giulia Franzini Dias Rodrigues Ré e Vyctória Helena Meira Shahini

Todos os dias nadamos nos mares da diversidade étnica e, talvez, esse seja o maior tesouro de nossa cidade. Compreender as causas e consequências das migrações é de extrema importância no combate ao preconceito e à injustiça.

A identidade cultural entre os falantes da língua portuguesa é chamada de lusofonia. Desse modo, os grupos lusófonos foram formando-se a partir da expansão do português para diversos locais do mundo onde o idioma fixou-se.

A língua portuguesa, que nasceu em berço português, foi disseminada principalmente por causa das grandes navegações, um período histórico em que o foco era encontrar fontes de suprimento para abastecer o mercado português.

Para isso, Portugal estabeleceu colônias onde predominava o “ora, pois” (expressão cotidiana característica da língua falada em Portugal) e tais colônias dariam origem a muitos países, como o Brasil, que, além de ter o português como língua materna,

LUSOFONIA E GEOPOLÍTICA

O que nos une é o mesmo idioma: o português, um meio global de grande participação no nosso cotidiano. Devido às atuais condições socioeconômicas, ambientais e políticas de diversas regiões, vamos investigar um pouco mais o fenômeno da migração no território brasileiro.

O Brasil, nos últimos anos, vem recebendo uma forte onda de migrações, principalmente de africanos.

Dados da Polícia Federal (PF) apontam que, entre os anos de 2000 e 2012, o número de residentes e refugiados africanos no Brasil cresceu mais de 30 vezes.

Esses números podem ser ainda maiores, se forem levados em conta os migrantes ilegais, sobre os quais não se têm registros oficiais, como aponta o webiste Terra Notícias.

O principal destino para o qual os imigrantes lusófonos dirigem-se é a nossa querida cidade de São Paulo, considerada por muitos a “terra das chances e possibilidades”.

Esses companheiros de língua mi

ainda tem o “trabáio na roça, de inverno a de estio” de Patativa do Assaré, o “os mino e as mina”, o “ô vei”, o “guri e guria”, o “juntar os trapos”, o “mó vacilo bicho”, o “que bololó”, o “bater o chimbo” e, como Drummond bem disse, “antigamente, as moças chama­ vam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas”, além de mais inúmeras variações linguísticas sociais e regionais.

Atualmente, o português é a língua oficial de nove países: Angola, Brasil, Cabo-Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor Leste e Guiné Equatorial, como citado no website da UOL.

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No caso do Brasil, como menciona a especialista, há o destaque da imigração latino-americana. Esta comunidade é vertiginosamente direcionada à indústria têxtil, dentro da qual trabalha em “workshops” (como afirma a professora) em uma jornada de trabalho abusiva. “Peruanos, bolivianos e uruguaios”, como destaca Julia, representam a maioria dos trabalhadores têxteis em escala nacional.

“Tendo enfoque nos imigrantes latino-americanos, o preconceito é demonstrado primeiramente em questões de aparência, já que muitos são descendentes [...] indígenas.” A professora formula que muitos imigrantes são descaradamente ludibriados a crer que terão altos padrões de vida, quando a realidade é que são enganados e obrigados a trabalhar para pagar uma dívida da qual não estavam cientes.

“Os imigrantes ficam em situações análogas à da escravidão, sem moradia, liberdade, documentos, dignidade e sob ameaças constantes de serem deportados.” Julia conta que os requisi­tos burocráticos para alguém ser naturalizado brasileiro são muitos, por isso, diversos imigrantes permanecem “indocumentados” por um longo período de tempo até obterem a papelada necessária.

gram para o Brasil, em sua maioria, na busca por melhores condições de emprego, ou, em certos casos, por perseguições ou ameaças aos direi­ tos humanos. Nesses dois últimos casos, são considerados refugiados, de acordo com a ACNUR, Agência da ONU para Refugiados.

É de fundamental importância perceber os fluxos migratórios de países lusófonos para São Paulo, não apenas para identificar os motivos que os levam a essa migração, como também para compreender os efeitos desse fenômeno sobre a popu­lação nativa.

“Tendo enfoque nos imigrantes latino-americanos, o preconceito é demonstrado primeiramente em questões de aparência, já que muitos são descendentes [...] indígenas.” (Julia Favaretto)

OPINIÕES DE ESPECIALISTAS

Julia Favaretto, professora da See-Saw Panamby, com bacharelado e licenciatura em História na USP e mestrado em História Social com dissertação em imigrações no Brasil, afirma que, atualmente, os principais grupos de imigrantes contemporâneos correspondem à refugiados de conflitos no Oriente Médio e na África.

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Sonia Chaves Mendes, com graduação em História na PUC-SP e Pós-Graduação em Educação Corporativa, afirma que o preconceito entre nativos e imigrantes está diretamente ligado a questões edu­ cacionais. “Eu acredito muito que, se você trabalhar [nas escolas] essa diversidade de aceitar e de mostrar quais são as raízes históricas daquele povo, isso pode contribuir muito para diminuir a ignorância e o preconceito.”

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UM OLHAR PAULISTANO

“[...] O Brasil é um país de diversidade de povos.

Isso não é o problema.

O problema é a questão da ilegalidade, da informalidade e da impunidade, que transformaram-se em práticas recorrentes.’’ (Domingos Ré)

Domingos Garcia Ré, engenheiro formado na Escola Politécnica da USP e gerente de uma multinacional brasileira, afirma que a ocupação por parte de africanos, cubanos, haitianos, bolivianos e paraguaios deu-se durante o governo da presidente Dilma Rousseff. Complementa que essa vinda, na maioria das vezes ilegal, foi feita sem condições de moradia, emprego e recursos apropriados.

Por isso, Domingos acredita que esses imigrantes sobrecarregam ainda mais o já desgastado e ineficaz serviço do governo, prejudicando ainda mais a população brasileira.

‘‘Na verdade, meu pai veio para o Brasil imigrando da Itália; porém, entrou legalmente, trabalhando formalmente, pagando impostos e contribuiu muito para o desenvolvimento do Brasil. Assim como ele, muitos portugueses, espanhóis e japoneses vieram para cá também. O Brasil é um país de diversidades de povos. Isso não é o problema. O problema é a questão da ilegalidade, da informalidade e da impunidade, que se transformaram em práticas recorrentes’’, diz Domingos Ré.

DADOS OFICIAIS

Para esta reportagem, foram recolhidos dados do website da Missão Paz, centro de acolhimento aos imigrantes. O primeiro deles exibe o país de origem das pessoas atendidas em 2015. Cerca de 210 migrantes eram de origem lusófona.

O segundo gráfico apresenta a causa dos deslocamentos, com destaque para procura de asilo político.

Como indica o primeiro gráfico, em 2015, cerca de 56% dos estrangeiros atendidos pela Missão Paz eram de origem haitiana, seguidos por cerca de 15% de origem boliviana. Cinquenta e oito por cento deste total deslocaramse à procura de refúgio político; 18%, de refúgio religioso e 14%, à procura de melhores condições de trabalho.

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INSTITUIÇÕES OFICIAIS: Missão Paz – tem o objetivo de acolher os migrantes, os imigrantes e os refugiados, entendendo a história, respeitando a identidade, visando a integração e o protagonismo de cada um deles no novo contexto social, fortalecidos pela riqueza do encontro intercultural e unidos em torno da construção da cidadania universal.

Fonte: http://www.missaonspaz. org/#!nossa-missao/c1dop (Acesso em 31/8/16)

Imigrante no pátio da Igreja da Missão Paz (fotografia tirada para a aula eletiva de Pictografia Histórica, ministrada pelo professor de História Diego Escanhuela)

NOSSO PERCURSO

Durante as pesquisas de campo, nossa equipe pôde constatar que, cada vez mais, as instituições de auxílio aos imigrantes, como o CRAI e a Missão Paz, procuram proteger a privacidade dos que acolhem. Por isso, conseguir um contato direto com esses indivíduos através dessas instituições torna-se muito laborioso. Com essa experiência, identificamos que viver sob constante holofote, por não ser nativo do país em que reside, deve ser bem desagradável.

No entanto, é necessário que as duras condições sob as quais esses cidadãos vivem, as suas histórias de vida e os preconceitos que sofrem

sejam todos divulgados a fim de tornar a mídia e as redes sociais poderosas ferramentas para a criação de políticas públicas para auxiliar esses povos, além de erradicar o preconceito.

Em suma, o Brasil contemporâneo é um país diversificado tanto cultural quanto historicamente.

São Paulo é a cidade mais populosa do país, do continente americano, da lusofonia e de todo o hemisfério sul.

Nela, estão contidos os mais diversos povos imigrantes, cada um com seus hábitos e culturas, que, de um modo ou de outro, se encaixam perfeitamente nesse “Brasil brasileiro”.

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CRAI (Centro de Referência e Atendimento para Imigrantes) – tem o objetivo de, entre outros, articular, com a rede de políticas públicas e com organizações e movimentos da sociedade civil, atendimentos itinerantes em regiões com presença da população imigrante no município, além de estruturar fluxos de atendimento e garantir atenção completa e qualificada a suas demandas. Fonte: http://www. prefeitura.sp.gov.br/cidade/secretarias/ direitos_humanos/migrantes/crai/index. php?p=186976 (Acesso em 31/8/16) ACNUR (Agência da ONU para Refugiados) – tem o objetivo de assegurar os direitos e o bem-estar dos refugiados.

Nos esforços para cumprir seu objetivo, o ACNUR empenha-se em garantir que qualquer pessoa possa exercer o direito de buscar e gozar de refúgio seguro em outro país e, caso assim deseje, regressar ao seu país de origem.

Fonte: http://www.acnur.org/portugues/ informacao-geral/a-missao-do-acnur/ (Acesso 31/8/16) CONARE (Comitê Nacional para os Refugiados) – é um órgão colegiado, vinculado ao Ministério da Justiça, que reúne segmentos representativos da área governamental, da Sociedade Civil e das Nações Unidas (ACNUR) e tem por finalidade analisar e decidir todos os pedidos de refúgio no Brasil. Fonte: http://www.justica.gov. br/central-de-atendimento/estrangeiros/ refugio#conare (Acesso 31 ago 2016)

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O SIGNIFICADO DA LÍNGUA DE HERANÇA EM UMA FAMÍLIA ESTRANGEIRA por Milagros Bugallo

A LÍNGUA DE HERANÇA NO COTIDIANO Na vida da família Bugallo,

a língua de herança é misturada com outros idiomas, como a língua inglesa e a portuguesa. Eles vêm de Buenos Aires, na Argentina, cuja língua oficial é o espanhol.

Os idiomas presentes no cotidiano da família estão misturados, como o nome do pão (que está em português); o café, em espanhol; o iogurte, em inglês. Até o supermercado onde eles fazem as compras tem uma língua diferente: o francês.

LÍNGUA DE HERANÇA

A língua de herança é o idio-

ma de origem de alguém. Fora do país de origem, sofre algumas mudanças.

Um livro muito interessante de se ler é “Português como Língua de Herança: A filosofia do começo, meio e fim”, no qual encontra-se material informativo sobre o nosso tópico: “Língua de herança é a língua aprendida no seio familiar que não é a língua majoritária no país ou comunidade na qual tal família reside”.

Um trecho retirado do li­ vro ensina que “os falantes de língua de herança aprendem essa língua em casa, no convívio e comunicação diários com membros da família”.

Também há um trecho que explica sobre as condições das línguas: “A vitalidade de uma língua depende simultaneamente de três condições: o ensino e a aprendizagem da língua; a criação de situações reais para o uso genuíno da língua; e o estímulo a uma motivação individual e coletiva para o seu uso de forma ativa”.

Organizado pela Brasil em Mente (BEM), instituição que já é referência nos estudos do português como língua de herança (PLH), esse livro foi escrito conjuntamente por 14 autoras que se destacam como professoras, pesquisadoras e promotoras do PLH - Português como Língua de Herança: A filosofia do começo, meio e fim.

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MUNDO BILÍNGUE

Com o passar do tempo, o

mundo começou a ser mais interligado, o que provocou as imigrações, as quais permitiram uma conexão entre povos com diferentes línguas e uma transformação na visão da aprendizagem de novos idiomas.

Hoje em dia, uma língua internacional seria o inglês, que é a forma de comunicação utilizada pelo mundo todo. Como consequência dessa interligação, surgiu um termo utilizado para definir as pessoas que falam duas línguas: o bilinguismo.

Hoje, inclusive, as pessoas têm maior conhecimento de línguas estrangeiras, já que existem as que falam três, quatro e até cinco idiomas.

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Hoje em dia, quase todo mundo fala mais de uma língua, algo que antes não era comum. Em entrevista com a diretora, condenadora do Ensino Fundamental II e Ensino Médio da See-Saw/Panamby, Lia Armelin, ela comentou que “ele [o bilinguismo] expandiu-se rapidamente pelo mundo inteiro. Antigamente, referia-se às pessoas que tinham que ir de um país ao outro para trabalhar e que tinham que lidar com outra língua, nova”.

Hoje, esse limite foi ultrapassado, já que o bilinguismo está implementado em quase todo o mundo. Mas isso não é tão simples, já que também é preciso lidar com outros pro-blemas, como a entrada em uma nova cultura.

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De acordo com a experiência vivida pela coordenadora Lia Arme­ lin, “nos Estados Unidos, antigamente, o bilinguismo não era bem aceito, eles olhavam com uma cara estranha se você morava lá e tinha outra língua de origem, eles queriam que as pessoas aprendessem o inglês rápido para fazer parte da cultura deles. Com o decorrer do tempo, eles mudaram e agora têm respeito pelos que vêm de fora.”

“Nos Estados Unidos, antigamente, o bilinguismo não era bem aceito, eles olhavam com uma cara estranha se você morava lá e tinha outra língua de origem. Hoje, isso mudou.”

(Lia Armelin, sobre bilinguismo ontem e hoje)

Fica a dica: “hoje em dia, as pessoas buscam aprender novas línguas”, comentou Lia Armelin.

Existem muitas histórias de famílias ou indivíduos que têm de deixar seu país de origem e ir para outro país por problemas de trabalho, fugas, guerras, problemas econômicos e muitos outros.

IMIGRANTES NA AMÉRICA DO SUL NO ANO DE 2015:

ARGENTINOS PARA OUTROS PAÍSES

BRASILEIROS PARA OUTROS PAÍSES

Chile

70,415

18,243

Uruguai

22,521

10,496

Paraguai

57,056

73,715

Bolívia

2,691

25,688

Colômbia

3,199

2,377

Peru

11,354

4,859

Venezuela

9,944

6,023

Equador

5,399

2,654

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Hoje, há uma interação contínua entre diferentes povos, fazendo ou não parte de uma mesma comunidade. Em um trecho do livro “Português como Língua de Herança: A filosofia do começo, meio e fim”, apren-demos que “a forma de se comunicar, de se fazer entender, de como se relacionar dentro e fora da casa, as expectativas para o meio social, tudo está ligado a maneira de ser do indivíduo”.

Também podem ocorrer crises de identidade, novos valores, novas prioridades, novas experiências, novas formas de comunicação, novas paixões e muito mais. Tudo isso muda completamente o cotidiano.

UMA FAMÍLIA ARGENTINA HÁ TRÊS ANOS EM SÃO PAULO

A família Bugallo chega ao

Brasil, no ano de 2013, com a expectativa de viver em um país d­i­ferente, vivenciar novas experiências e novos desafios. Um deles era aprender um novo idioma, diferente do que eles tinham como língua de herança.

Desde que as crianças eram pequenas, nos aniversários da família, os parabéns eram cantados em português e espanhol. O português já era considerado uma língua falada, pouco, pela família Bugallo, até que chegaram no Brasil e viram que a comunicação era bem diferente do que eles já haviam experimentado em viagens anteriores ao país.

O CHOQUE ENTRE CULTURAS NUNCA É FÁCIL

Ao chegar no país, eles co-

meçaram a ir um tradicional colégio espanhol. Ali, as crianças tiveram aulas de português básico para ter uma base do idioma e poder estudar corretamente. Na experiência de Nicolas, o filho do meio, “esse ano foi legal. Por participar das aulas de adaptação de português, você não tinha nota nas provas de português. Ao mesmo tempo, consegui fazer um grupo de amigos e me dar bem com todos os meninos da escola.”

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Já no caso da pequena Lourdes, foi diferente: “me adaptei rápido ao português”.

Por serem crianças, o novo idioma é mais rápido de ser incorporado. Mas também havia uma preocupação na família para que eles continuassem falando o espanhol, para não perderem a base que tinham.

Como contou a mãe, Natalia: “eu tenho uma amiga cujo filho chegou ao Brasil com 6 anos de idade e foi para uma escola internacional. Com o passar do tempo, o pouco de espanhol que ele sabia perdeu-se por completo.

Ele falava muito pouco o espanhol. Eu não queria que isso acontecesse com nenhum dos meus filhos, então decidimos que – pelo menos – eles deveriam frequentar numa escola que tivesse o espanhol e o português”.

Milagros, a filha mais velha, chegou ao Brasil no começo da adolescência, quando é um pouco mais difícil começar a aprender um novo idioma, comparativamente com seus irmãos mais novos. Ela conta que “foi totalmente mais difícil aprender o português. Eu continuava tendo amigas na escola que só falavam espanhol, escolhi o seguro, que era me juntar com meninas nas mesmas condições em eu estava. A minha base do espanhol era bem forte e meu sotaque, mais forte ainda. Eu sabia que, dentro de mim, fazia isso para me sentir mais perto da minha origem”.

No dia a dia, eles falavam espanhol dentro da casa. Fora, eles tinham a escola, o trabalho e a comunicação em outro idioma. Apesar de os idiomas não serem tão diferentes, isso

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tudo facilitou a compreensão.

Gabriel, o pai comenta algo a respeito: “O português tem uma semelhança com o espanhol e começar a falar este idioma não foi difícil.

A gente estava com muita vontade de conhecer uma nova língua”.

“Eu continuava tendo amigas na escola que só falavam espanhol, escolhi o seguro (...). A minha base do espanhol era bem forte e meu sotaque, mais forte ainda.

Eu sabia que, dentro de mim, fazia isso para me sentir mais perto da minha origem” (Milagros Bugallo, sobre sua chegada ao Brasil)

Tudo isso aconteceu no começo. Agora, no entorno de onde mora a família, há uma mistura de idiomas de dife­rentes países.

Ao mesmo tempo em que tinham que aprender o português e o espa­nhol, as crianças não podiam perder o inglês. Então, no ano seguinte, decidiram que os filhos deveriam entrar em uma escola de inglês.

Já eram três línguas e, às vezes, tudo ficava mais difícil. Ao longo do segundo ano, já na escola de inglês, Lourdes estava achando que era muito e decidiu falar com os pais sobre outra mudança de escola.

Depois de um ano, as crianças mudaram-se para a escola atual, na qual conseguem transitar pelas três línguas diferentes: o português, o espanhol e o inglês.

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“Todo mundo me zoava pelo meu sotaque, ou repetiam as mesmas coisas que eu falava, só porque era um jeito estranho de falar. Eu me sentia mal, pensando que talvez tivesse que mudar a minha forma de falar, só que não sabia como fazer isso. Depois de um tempo, comecei a achar isso uma brincadeira, algo que eles gostavam de repetir porque achavam até lindo.

Só que havia ocasiões em que me sentia estranha com isso e não sabia por que, eu tinha eu entrar na brincadeira e saber me defender.

Por sorte, não sinto mais a mesma coisa. Aqui ,comecei a pensar que o sotaque é algo bom, que me faz ser diferente dos outros. Sem o sotaque, eu não seria eu mesma.

Então, não deixei que isso não me afetasse e segui a minha vida normalmente”.

(Milagros Bugallo, sobre seu sotaque) AGORA SIM: NOVA ADAPTAÇÃO, NOVA VIDA BRASILEIRA Um dia, finalmente, o portu

guês e o inglês passaram a ser mais comuns. As aulas das crianças eram em português ou inglês e, às vezes, em espanhol – isso ajudou a família a ter uma vida mais “brasileira” do que antes.

Mas o que aconteceu com a língua de herança da família? Por ser uma família grande e por morar em uma cidade onde há muitas famílias

nas mesmas condições, o espanhol manteve-se como um idioma falado frequentemente pela Família Bugallo.

O FAMOSO SOTAQUE

Quando se trata do sotaque, a visão de Milagros é a de que

“[o sotaque] é uma coisa comum para todos que precisam aprender outros idiomas que não o materno. É algo normal, mas que, às vezes, pode cair mal.

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Essa referência da filha mais velha é algo muito importante. O sotaque é algo comum para quem vem de outro país, pois a língua e a forma de falar são diferentes. Tentar eliminar o sotaque é difícil em qualquer idade, mas crianças têm menor dificuldade, assim como na forma de se expressar.

O OUTRO LADO: BRASILEIROS NA ARGENTINA

Um outro ponto de vista é o

de uma família brasileira que mora em Buenos Aires, na Argentina. Faz

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um ano que estão morando lá. Contar a história deles mostra um outro ponto de vista sobre a expatriação de pessoas, desta vez, morando na Argentina. “O português é uma língua fácil de aprender, mas o espanhol é completamente diferente” contou a mãe, Michelle, brasileira que convive com o espanhol o dia todo.

A Argentina é um país onde existe um jeito diferente de falar, talvez um pouco mais difícil do que o português quando se trata de compreender a língua. O filho, Lucas, tem 04 anos e foi para uma escola em que só se fala espanhol e inglês. Inicialmente, a conclusão a que se chegou foi a de que ele não teria uma boa base em português, mas – no caso deles: “Somos uma família que viaja constantemente de um lado para o ou­tro pelo meu trabalho.

Então, a cultura brasileira não corre riscos”, falou César, o pai.

A vida do Lucas era dife­rente da vida dos colegas: eles falavam outro idioma, jogavam outros jogos. Tudo isso, aos 04 anos de idade. Ao não encontrarem uma boa adaptação para o filho, os pais decidiram trocá-lo para uma escola internacional, onde haveria mais crianças nas mesmas condições que Lucas. Não é fácil para ter uma vida de expatriado, mas isso sempre acaba sendo uma experiência que ajuda.

Já no trabalho, César tinha que compreender o espanhol e falar muito bem o inglês. Em suma, ele tinha que ter uma boa base no bilinguismo. “Os argentinos falam muito rápido e têm muitas gírias que não são fáceis de se compreender para uma pessoa que não fala bem o espanhol.

Então, fora do trabalho, era mais difí-

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Família Bugallo

O OLHAR DE QUEM VIVE A LÍNGUA DE HERANÇA

A repórter responsável por

cil comunicar-se com argentinos. Foi por isso que começamos a procurar falantes de português na Argentina.

Também começamos a conviver com pais de amigos do Lucas e, assim, começamos a formar uma vida social com outros expatriados, ou seja, pessoas que se movimentam de um país para outro por conta de empresas”. A vida dos expatriados muda a cada país a que chegam. “São culturas diferentes, a da Argentina e a do Brasil, mas considerando o pouco tempo em que estamos morando aqui, estamos indo bem”.

contar essas histórias chama-se Milagros Bugallo. Ela é a filha mais velha da família que vivenciou toda a novidade e a mudança de se mudar para um novo país. Morar fora do país de origem já é algo difícil. Deixar as coi­ sas que você tem e ama e começar a escrever uma nova história, em um novo país, é sempre difícil. As coisas sempre acontecem por alguma razão e a minha foi para conhecer novas pessoas e ser quem sou hoje: uma pessoa que tem o sotaque muito forte, ama o futebol argentino, mas continua escolhendo o Brasil como um lugar para viver.

UM NOVO DESAFIO QUE VIROU REALIDADE

Sobre desafios, aprendemos

Para todos los que hablan español en São Paulo:

no livro “Português como Língua de Herança: A filosofia do começo, meio e fim” que “os esses não se limitam a aprender e a comunicar-se na língua local. Há que se lidar com a comple­ xidade das relações sociais e com suas variantes de ambiente: no bairro, no trabalho, na escola, na igreja, na rua, com colegas, amigos, familiares”.

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Aprovechen mucho de cada momento vivido en este hermoso país, que no les importe ser diferentes o venir de otro lugar, ya que todos tenemos algo em comum: las fronteras no nos dividen, si no que todos somos un todo, cuando tenemos volutad y actitud para frente a la vida.

Milagros Bugallo

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QUAL É O PORTUGUÊS MAIS CORRETO?

por Bruno Balsimelli Junior, Fernando Castello Branco e Isabella Macchia Salerno

Quem nunca parou para se perguntar se o português do Brasil e o de Portugal são a mesma língua? Oficialmente, elas são; porém, diferem em alguns aspectos determinantes.

Quando falamos em Portugal, é muito comum pensarmos em piadas em relação às diferenças entre lá e cá.

Essas diferenças podem ser tanto fonéticas, quanto sintáticas ou semânticas.

Antes de mais nada, é importante ressaltarmos a definição e a distinção entre “língua” e “dialeto”. Segundo o dicionário Caldas Aulete, língua é um “sistema de comunicação e expressão verbal de um povo, nação, país etc.”, e dialeto é “qualquer variedade linguística coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua”.

Quando falamos sobre as seme­lhanças e diferenças do português do Brasil e do de Portugal, muitas dúvidas podem surgir. Isso porque ambos parecem muito semelhantes; entretanto, apresentam inúmeras diferenças em três diferentes aspectos: na sintaxe – a parte da gramática que organiza e une as palavras para formar os enunciados, na fonética – o estudo dos sons dos quais nos utilizamos ao falar – e no vocabulário.

“As línguas são dinâmicas e heterogêneas e estão em constante processo de variação e de mudança. A dinamicidade da língua navega em fluxos e contra fluxos, entre inovação e conservação dos seus aspectos linguísticos, porque a língua é um fenômeno social.”

(Célia Lopes – UFRJ)

Apesar do que muita gente pensa, não existe um português que seja mais correto do que o outro. Ambos são variantes de um mesmo idioma: um caso de variação linguística regional. De acordo com a professora Célia Lopes – professora-associada de Língua Portuguesa na Faculdade de Letras da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) –, ambas as línguas, que ela denominou de fenômenos so-

LÍNGUA

DIALETO

Sistema de comunicação e expressão verbal de um povo, nação, país etc...

Qualquer variedade linguística coexistente com outra e que não pode ser considerada uma língua

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ciais, estão em “constante processo de variação e de mudança”.

Célia explicou que “as línguas são dinâmicas e heterogêneas e estão em constante processo de variação e de mudança. A dinamicidade da língua navega em fluxos e contrafluxos, entre inovação e conservação dos seus aspectos linguísticos, porque a língua é um fenômeno social”. Esclareceu que, se as línguas não sofressem mudança, ainda estaríamos falando latim. Não só isso, como também afirmou que “se os falantes mudam, se as sociedades mudam, as línguas também precisam mudar para acompanhar a evolução das sociedades”.

Ocorre que a reação da sociedade é raramente positiva quanto à ideia de que as línguas estão sujeitas à mudanças.

A TRAJETÓRIA DA LÍNGUA

A língua portuguesa chegou ao Brasil em meados de 1500 junto com os portugueses e, passado um tempo de convívio híbrido com as línguas nativas, acabou difundindose totalmente no território brasileiro, principalmente após a proibição da língua geral – língua falada no Brasil a partir da evolução histórica do tupi antigo. A partir daí, a língua brasileira e a europeia começaram a se diferenciar notavelmente durante o século XVIII. Segundo Célia Lopes, o “sistema linguístico que sofreu mudança foi o do português europeu, enquanto o português brasileiro dá continuidade ou mantém traços do passado.

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ASPECTOS

PORTUGUÊS BRASILEIRO

Vogais tônicas

Pronuncia-se com a mesma clareza átonas e tônicas: “telefone”

Vogais átonas

Pronuncia-se com a mesma clareza das tônicas: “ponti”

Praticamente não se pronuncia as átonas, assemelha-se com o inglês: “pont”

Consoantes seguidas de consoantes

Acrescenta-se uma vogal durante a pronúncia: “abistinência”

Pronuncia-se tal como se escreve: “abstinência”

Gerúndio x “a + infinitivo”

Estou fazendo meu trabalho.

Estou a fazer meu trabalho.

Por isso, o português brasileiro é tido como conservador. É bastante comum acharem que os brasileiros corromperam a língua, mas, em alguns aspectos, o português europeu apresenta inovações próprias, que não aparecem no português brasileiro. Foram eles que mudaram a língua, não os brasileiros.”

“É bastante comum acharem que os brasileiros corromperam a língua, mas, em alguns aspectos, o português europeu apresenta inovações próprias que não aparecem no português brasileiro. Foram eles que mudaram a língua, não os brasileiros.”

(Célia Lopes – UFRJ) AS DIFERENÇAS

A língua portuguesa falada em Portugal apresenta uma série de diferenças da falada no Brasil. O vocabulário, por exemplo, é um dos pontos em que as línguas mais diferem.

Quando comparamos as duas, não é difícil notar que há algumas palavras que são faladas em Portugal e não no Brasil; e vice-versa. Em Portugal, por exemplo, não se fala trem; fala-se comboio. Algumas diferenças relacionadas ao vocabulário podem causar certas situações desconfortáveis, o que pode gerar as famosas brincadeirinhas ou piadas de mau gosto.

Uma professora brasileira que chegou à recepção de um hotel em Lisboa e pediu para ser hospedada em um quarto de frente.

A recepcionista do hotel insistiu que os quartos eram todos iguais.

Depois de muito insistir a brasileira compreendeu que a recepcionista lisboeta achou que ela queria um quarto diferente e não um quarto de frente (não de fundos) como dissera.” (caso contado por Célia Lopes).

Além disso, as línguas de lá e cá divergem no sentido fonético. No Brasil, fala­ mos de maneira lenta – comparando com os portugueses – e, na maioria das vezes, conseguimos compreender todas as sílabas das palavras, característica de pronúncia herdada dos povos africanos.

Enquanto isso, os portugueses geralmente têm uma pronúncia que soa mais rápida, pois enfatizam somente a sílaba tônica, como em inglês.

O último, mas não menos importante, aspecto no qual encontramos diferenças entre as línguas é na sintaxe. Nós, brasileiros, quando desembarcamos em Portugal, estranhamos muito o fato de que eles não empregam os pronomes oblíquos no início da frase, fazendo o uso da colocação pronominal conforme prescrito pela gramática normativa.

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PORTUGUÊS DE PORTUGAL Pronuncia-se

só as tônicas clareza:“tufão”

com

Não só isso, os portugueses também não usam o gerúndio com a mesma frequência que nós. Por exemplo, ao invés de falarem “estou fazendo minha mala”, eles dizem: “estou a fazer minha mala”. Segundo Célia Lopes, ao contrário do que muitas pessoas acham, o uso de estruturas com gerúndio é o mais antigo, ou seja, a estrutura do português europeu (a + infinitivo) é uma mudança.

PARA ENCERRARMOS...

Com isso, podemos concluir que não há um português mais correto e sim, diferenças que surgiram com o tempo em busca de atender uma comunidade específica. Portanto, a língua se adapta ao povo, e sofre mudanças junto com ele. Nesse processo, nós – três adolescentes usuários do português brasileiro – aprendemos muito; desde saber diferenciar de maneira correta as duas línguas até saber julgar se há, de fato, um português mais correto.

PRONOMINAIS Dê-me um cigarro Diz a gramática Do professor e do aluno E do mulato sabido Mas o bom negro e o bom branco Da Nação Brasileira Dizem todos os dias Deixa disso camarada Me dá um cigarro.

– Oswald de Andrade

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ESTR ANGEIRISMOS: UMA INTRODUÇÃO AO TEMA por Gabriela Chryzman Danielides

Utilizamos estrangeirismos em nosso dia a dia sem nem notá-los ou identificá-los, pois já tornaram-se parte de nosso costume e, além disso, de nossa língua. Eles estão tão presentes em nosso vocabulário, que alguns já até foram abrasileirados e dicionarizados, como “abajur”, vindo do francês “abajour” ou “bife”, que tem sua origem no anglo-saxão “beef ”.

Além dos estrangeirismos serem a marca de outra região, eles podem transmitir a ideia do mundo globalizado no qual vivemos. Essa amplitude linguística pode se dar pela facilidade de comunicação através da mídia, que por si própria é um estrangeirismo da palavra “media”, do inglês.

As palavras estrangeiras são muito usadas no varejo, principalmente na área da moda. É comum ver nos shoppings as vitrines com a palavra “off ” ou “sale”. Muitas vezes, a palavra “sale” é mais bem vista do que a palavra “promoção” ou “desconto”.

No mercado de trabalho, especialmente nas “novas profissões”, como programação e informática, existem vários jargões formados por estrangeirismos. O mesmo acontece no mundo corporativo, em que estrangeirismos podem funcionar como a “língua” de uma empresa. No Google, por exemplo, pessoas com 40 anos ou mais e que lá trabalham são chamadas de Greyglers.

Na tradução de filmes, podemos observar que muitos títulos em inglês não são traduzi­ dos a contento. Um exemplo disso é uma série que nos Estados Unidos é chamada “Beverly Hills, 90210”. Aqui, esse título foi traduzido para “Barrados no Baile”. Há diversos exemplos de filmes e

séries com títulos mal traduzidos que estão dis­poníveis no Netflix.

Outro seriado que não escapou de receber um título bizarro no Brasil foi “3rd Rock from the Sun”, que foi traduzido para “Uma família de outro mundo”. Tudo bem que não é um título fácil de se traduzir, mas podiam ter pensado um pouquinho melhor. Se bem que deveríamos nos contentar de não ter saído algo como “Uma Família Muito Louca’’, não é mesmo?

Estrangeirismos também aparecem no mundo dos games, que vêm ganhando muita atenção no nosso cotidiano. São usados principalmente entre a comunicação dos jogadores, como por exemplo “MIA”, que significa desaparecido em combate (“missing in action”).

Nas redes sociais, os estrangeirismos destacam-se ainda mais, pois é quando conversamos com o mundo inteiro. É comum falarmos “dar play em um vídeo”, ou “postar uma foto”, o que deriva da palavra “post”, entre muitos outros.

“Alguns estudiosos, sobretudo os tradicionalistas, veem o estrangeirismo como uma ameaça à língua portuguesa, um patrimônio cultural imaterial do Brasil. Contudo, é preciso cautela antes de afirmarmos que os empréstimos linguísticos causam pre-

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juízos ao idioma oficial de um país”, afirma Luana Castro Alvez Perez, jornalista do site UOL, no segmento “Mundo Educação”. Ela retrata que o estrangeirismo pode ser visto a partir de dois pontos de vista: aqueles que o enxergam como um ameaça para nossa língua ou aqueles que o veem como um fenômeno social. “Podemos comparar a língua à vestimenta: assim como as roupas, os comportamentos linguísticos da sociedade seguem a moda da época.”

A incorporação das consoantes k, w e y no dicionário brasileiro foi vista como uma invasão da língua estrangeira na nossa cultura. Sabrina Vilarinho, também jornalista da UOL, no segmento “Mundo educação” coloca: “Não sei se tem como ser radical a ponto de falar que [o uso de estrangeirismos] ou é ruim ou é bom, uma vez que devemos valorizar a nossa língua, mas sem evitarmos por completo o contato entre culturas, mesmo porque não tem como. Afinal, o inglês, por exemplo, já virou língua nacional. Dizemos que a língua inglesa perdeu sua nacionalidade à medida que é falada mais por não-nativos do que por nativos.”

Quantos estrangeirismos você consegue identificar na charge?

16,28% das palavras usadas nessa charge são conhecidas como estrangeirismos. Sendo elas: drive-thru, fast, food, pen-drive, cheeseburger, diet e milk-shake. Todas são usadas em nosso cotidiano em situações como essa ilustrada abaixo.

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ESTRANGEIRISMOS NA ECONOMIA por Stella Limena Nielsen Stanzione

Com valores subjetivos atribuídos aos produtos, diferenciais físicos são facilmente eliminados. Uma roupa da Abercrombie, por exemplo, tem um valor maior do que uma roupa idêntica com uma etiqueta diferente. A globalização afeta diretamente o uso de estrangeirismos. A relação que o brasileiro tem com os estrangeirismos é extremamente forte, o que se reflete no mundo corporativo.

A DIFERENÇA ENTRE “SALE” E “PROMOÇÃO”

Termos importados são, hoje, perfei­ tamente naturais para um brasileiro e foram incorporados ao nosso dia-a-dia.

Esse mundo globalizado em que vivemos afeta todo o mercado, ou seja, afeta pequenas, médias e grandes empresas.

A utilização dos termos “leasing”, “royalty” ou “management” atribui poder político e econômico ao usuário. No mercado, o fato de sua marca estar escrita em inglês causa um efeito nas pessoas, como identificar-se ou até achar que aquilo é mais refinado simplesmente por estar escrito em inglês.

Usar os termos “leasing”, “royalty” ou “management”, atribui poder político e econômico ao usuário.

Os estrangeirismos também estão presentes nas negociações comerciais, pois os consumidores estão cada vez mais influenciados por eles. Isso se reflete nas novas marcas, que precisam muitas vezes adotar estrangeirismos para atingir as novas gerações de consumidores.

Segundo uma pesquisa da FUCAPE Business School para a BBR (Brazilian Business Review), verifica-se que, quando ocorre uma grande aceitação pelo consumidor com o estrangeirismo aplicado à marca, isso acaba permitindo uma padronização.

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A POSSÍVEL QUEDA DO ESTRANGEIRISMO Com a implantação rápida e genera­ lizada dos estrangeirismos no mercado, houve até um projeto de lei que dispunha “sobre a promoção, a proteção, a defesa e o uso da língua portuguesa”.

Nesse projeto, foi criticado o emprego de estrangeirismos no país, principalmente das palavras em inglês. Por isso, era esperado que o legislador criticasse a expressão “Personal Banking”, estampada nos caixas eletrônicos do Banco do Brasil por todo o país.

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O ÍNDICE BIG MAC

O “índice Big Mac” é uma ferramenta usada por economistas para confrontar o poder de compra dos países. Foi criado em 1986 nos Estados Unidos e é calculado pela revista “The Economist”. O Brasil, hoje, segundo a Globo, tem o 17º Big Mac mais caro.

Em janeiro do ano passado, ele aparecia como o 4º mais caro. Isso rela­ ciona-se com os estrangeirismos, pois mostra que esse fenômeno não se trata somente de acréscimo de palavras ao vocabulário, mas sim o acréscimo de novas ferramentas, como essa.

A LINGUAGEM DO MUNDO CORPORATIVO

Murilo Ohl, jornalista e atual diretor da agência de Public Relations Máquina Cohn & Wolfe, acha que muitas ve­zes os estrangeirismos são dispensáveis e que podem ser substituídos

por palavras de nossa língua, além de se-rem resolvidos apenas com repertório e atenção. Ohl já trabalhou em veículos de comunicação como Você S/A, Exame, Info, Forbes, Futura e SBT.

Fora isso, ele ressalta que a língua é viva, e por isso não devemos ser tão radicais. Principalmente na área de economia e negócios, existem alguns termos que não têm tradução, e, portanto, são sempre acompanhados de uma explicação na forma de aposto.

Ohl ainda comenta que o uso de estrangeirismos pode sim trazer uma vantagem no ambiente corporativo, e diz que “cada empresa fala uma língua e um funcionário que a apren-de consegue se integrar melhor com os colegas e fazer seu trabalho mais eficientemente”, mas isso não significa que utilizar-se de estrangeirismos transmite mais profissionalismo. A

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ideia é se expressar bem, seja com estrangeirismos ou não. Ele conta sobre uma experiência que teve na revista Você S/A, em que usava-se muito o estrangeirismo “feedback” em vez de “retroalimentação”, o que causaria um desentendimento para o público alvo.

Ele completa que estrangeirismos são muito ruins quando usados para enrolar e mentir.

“Profissionalismo é expressar-se bem, com frases bem construídas, ainda que recorrendo a alguns estrangeirismos.”

(Murilo Ohl, Máquina Cohn & Wolfe)

Concluindo, os estrangeirismos estão muito presentes em nossa língua, estejam dicionarizados ou não, e muitas vezes são usados e nem percebemos. Mesmo assim, não é por isso que estrangeirismos têm de ser usa­dos em todos os momentos, em todas as situações. Muitas vezes, a língua em sua forma pura é o melhor caminho.

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ESTRANGERISMOS NA MODA por Pilar Maria Trussardi Bueno Vidigal

Falar uma língua estrangeira representa identificação entre culturas e, nos dias de hoje, também uma necessidade. Nada mais normal do que usar vocábulos estrangeiros no cotidiano. No mercado da moda, essa prática é muito usual e faz parte de uma identificação com os grandes centros de moda no mundo.

A Vogue faz uso de frases e palavras estrangeiras, quando evidencia a utilização de termos que não possuem equivalentes nacionais, mas principalmente por valorizar uma cultura que a própria equipe res­ ponsável pela revista e o seu público consideram superior, mais sofisticada ou mais elegante.

Para entender a adoção de estrangeirismos como resultado de um intercâmbio entre culturas e línguas, é preciso considerar que língua e sociedade estão inteira e completamente relacionadas e que uma não vive, ou se quer existe, sem a outra, nas palavras de Denise Salim Santos (UERJ).

O estudo de um meio de comunicação específico, dirigido para um público não menos específico, apresenta resultados que dizem que os estrangeirismos não representam uma ameaça linguística para a língua local, mas a construção de um ambiente cujos valores partem da relação entre duas ou mais culturas de modo que mostram a convivência e a ampliação de repertório do leitor.

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Exemplos de tais estrangeirismos são: “look do dia”, “fashion week”, “showroom” entre muitos outros.

Podemos entender que a adoção de estrangeirismos é necessária e involuntária. Certamente, é algo que não se pode controlar. Ainda mais com a utilização da internet e das redes sociais, praticamente indispensáveis para nossa vida em sociedade.

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A INTERNET, A LÍNGUA E SUAS RELAÇÕES

por Leonardo Gabriel do Amaral

A globalização é um processo internacional de integração, que possibilita uma troca de ideias sociais, econômicas, culturais e políticas. Essa globalização pode ocorrer pela migração, pelo transporte de objetos (de livros até máquinas) ou pela internet.

A internet passou a ser uma grande parte da vida do homem moder­no, sendo algo usado no dia a dia, em diversos usos diferentes. Sendo para encontrar aquela reposta do trabalho de História, para falar com aquela pessoa de quem você sempre sente saudades, para achar o caminho para a casa de um amigo, para achar um restaurante novo ou, claro, para postar aquela selfie linda que você tirou com, com todas aquelas hashtags por baixo, na esperança de likes.

Todas as palavras em itálico são palavras em inglês, porém elas são usadas frequentemente pelos brasilei­ ros em redes sociais, sendo por isso consideradas estrangeirismos.

A internet foi inventada em 1994 e logo foram surgindo as redes sociais.

No dia 4 de fevereiro de 2004, o mundo conheceu o Facebook; no dia 21 de março de 2006, fomos introduzidos ao Twitter; em outubro de 2010, ao Instagram e, em Setembro de 2011, ao Snapchat.

Esses são todos nomes de redes sociais que, a sua maneira, buscam aproximar as pessoas e deixar que elas exponham suas vidas e interesses, usando a internet como fundo para tudo isso.

Na introdução do artigo acadêmico “Neologismos nas redes sociais e os seus impactos no português do Brasil”, de Geisiane Sousa Novais, a autora explica um pouco sobre como a internet funciona: “A história recente nos mostra como, no decorrer dos anos, a popularização do uso dessa ferramenta vem mudando as formas de comunicação e de intera­ção entre os indivíduos”.

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Novais ainda cita Luis Antônio Marcuschi (linguista e professor da Universidade Federal de Pernambuco): “[a internet] criou uma imensa rede social (virtual) que liga os mais diversos indivíduos pelas mais diversificadas formas numa velocidade espantosa e, na maioria dos casos, numa relação síncrona”.

HORA DE FALAR SOBRE O QUE INTERESSA PARA OS JOVENS

As redes sociais podem servir como uma maneira de mostrar a seus amigos o que você está fazendo, do que gosta e o que pensa. Você pode ir um passo além e compartilhar coisas com o mundo todo, sendo assim uma maneira de se expressar, um simples passatempo ou hobby. Porém, há outro passo que pode ser feito: transformar em alguém conhecido na Internet. Um exemplo de alguém “internet famous” seria Isabella Bandeira de Faria, de 16 anos, conhecida como “It’s Lit Dude”, no YouTube, ou @ bitchhdabb, no Twitter. Bella apresenta 1950 seguidores no Twitter e 145 inscritos no YouTube. “Eu criei o meu Twitter em 2010 [...] eu não tinha um objetivo

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certo, eu comecei no Twitter porque muita gente usava, e eu tive curiosidade e fiquei por lá até hoje.”, conta Bella

Você pode transformar a sua vida digital em algo produtivo quando companhias mostram interesse pelo conteúdo que você publica e pelo número de pessoas que se interessa por você. Esse é o caso de Veronica, conhecida como @httpveh, no Instagram, @owslarryv, no Twitter, e notveh, no Snapchat. Ela tem um grande numero de seguidores em todas essas redes sociais, porém, diferentemente do esperado, não tem um canal no YouTube. “Eu tenho Twitter desde 2012 e oito mil seguidores nesse ano.” disse Veronica.

Muitas vezes, as redes sociais não são vistas como “oportunidade de emprego” e a fama acaba acontecendo de maneira inesperada: a pessoa simplesmente está fazendo o que gosta e a oportunidade se apresenta. “Foi bem do nada [a fama], porque eu sigo algumas garotas que eu achava as roupas delas fofas, e achei as lojas e fui perguntar se eles davam patrocínio e como funcionava.” disse Veronica sobre a obtenção do seu patrocínio.

“Por enquanto, não estou ganhando nenhum ‘feedback’ na relação financeira, mas estou ganhando vários inscritos”, youtuber Bella, sobre o retorno financeiro do seu canal.

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A PARTE GRAMATICAL DE TUDO

Essa nova era digital está conectando o mundo e facilitando e incentivando cada vez mais a globalização. Está ocorrendo uma verdadeira globalização da língua, sendo a mais usada na mídia o inglês. Isso traz uma espécie de obrigação de minimamente conhecer essa língua para poder lidar com as redes sociais.

Então, por exemplo, no Instagram (ou somente Insta, como conhecido por vários) você posta uma foto, tipicamente uma selfie e obtém likes.

Nessa situação, temos uma palavra que deriva do inglês, postar (que vem da palavra em inglês post) que, no contexto virtual, significa publicar algo em alguma das várias redes sociais. Porém, já usamos a palavra tanto que nem percebemos que ela veio de outra língua, ela foi “aportuguesada”.

A palavra internet pode ser considerada um estrangeirismo?

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Não mais, pois já faz parte do VOLP (Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa). Os estrangeirismos são essencialmente neologismos. Neologismos são considerados estritamente neologismos quando ainda não foram dicionarizados. Ao entrar no VOLP, por exemplo, uma palavra deixa de ser um neologismo. Isso significa que os estrangeirismos são neologismos que derivam de outras línguas.

Portanto você não vai encontrar no VOLP as palavras selfie, like, follow, add e várias outras que são bastante usadas pelos próprios brasileiros, mesmo estando em inglês, e sendo até neologismo em inglês. Isso traz uma pergunta: a partir do que uma palavra é conside­rada estrangeirismo? Temos que esperar um órgão oficial publica-lá como tal? Ou poderíamos diretamente considerar como estrangeirismos aquelas palavras em inglês que nós mesmos vemos ser usadas com grande frequência?

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“Eu, várias vezes, acabo encontrando palavras em inglês que uso o tempo todo, até no meio de uma frase em Português... Na maior parte dos meus tweets falo em inglês.”, conta Veronica. “Na maior parte do tempo, falo português, porque a maioria dos meus seguidores falam português, mas, às vezes, quando vou me comunicar com algum artista, falo em inglês, e acho que com isso a minha proficiência do inglês aumentou.”, relata Bella.

A internet não somente criou um novo espaço para a comunicação e compartilhamento de ideias, mas também incentivou as pessoas a aprende­ rem uma nova língua ou, no mínimo, algumas palavras, adaptando-as ao Português. Ou seja, a internet acabou por criar um novo vocabulário. Normalmente, a internet é vista como uma coisa ruim, sendo os adolescentes constantes alvos pro famoso “Sai do celular”.

Porém, esse “mundinho” nosso apresenta seus lados bons e há vários lados bons. Quando jovens como nós estão usando a internet, podemos simplesmente estar fofocando com um amigo ou criando uma base de seguidores que gostam das nossas idéias; podemos simplesmente estar vendo um vídeo para nos entreter ou arrumando o nosso primeiro emprego. Nunca iremos saber até onde podemos chegar se não recebermos dos familiares a confiança e apoio de que precisamos.

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GLOBALIZAÇÃO GAMER por Lucca Albero Tosto

http://www.diariodaregiao.com.br/economia/rede-completa-20-anos-no-brasil-1.328386 (Acesso em 09/09/2016)

A globalização é um processo muito antigo, que teve início nas grandes navegações durante o século XV. Seu aumento foi maior ainda quando a internet foi aberta para o público em 1969 e, agora, com os famosos games, ela está ganhando uma proporção inimaginável.

Praticamente, todos os termos nos jogos são provenientes da língua inglesa, tornando inglês fundamental nos jogos. É só nos dias de hoje que algumas empresas estão começando a traduzir jogos para o português.

O COMEÇO DO ‘ONLINE’

Na época em que jogos online foram lançados, apenas o Japão tinha tal tecnologia para jogá-los. A internet discada ainda era utilizada no Brasil, o sonho de se conectar e poder jogar com o resto do mundo ainda estava longe para brasileiros e para jovens de muitos outros países.

Em 1996, o jogo ‘Doom’ foi lançado no Brasil e teve uma alta repercussão. Mesmo com gráficos “toscos”, foi um grande sucesso no Brasil, e assim foi o começo da era Gamer em nosso país.

O vocabulário dos games é uma mistura da língua inglesa com termos específicos de jogadores e jogos, o que torna certas expressões muito diferentes nesse mundo.

Apesar dessas traduções para o português, os jogadores brasileiros (por costume) continuam a utilizar a maioria dos termos do original em inglês. A tradução serve, basicamente, para o menu do jogo, ou seja, ela é útil para se entender os elementos básicos.

O ESTOURO NO BRASIL

Em setembro de 2004, o jogo ‘Ragnarök Online’ – um MMORPG (Massive Multiplayer Online Role-Playing Game) – foi lançado aqui no Brasil. Porém, o que é exatamente um MMORPG? Um jogo de interpretação de personagens online e em grande escala para múltiplos jogadores é um jogo de computador e/ou videogame que permite a milhares de jogadores criarem personagens em um mundo virtual dinâmico ao mesmo tempo na internet. Como esse era um aspecto totalmente novo em nosso país, ele teve mais de 25 milhões de acessos em seu primeiro mês de disponibilidade,

Nesse processo, diferentes termos foram criados para auxiliar a comunicação dentro do jogo, tornando tudo mais dinâmico.

Versão de 1996 do jogo ‘Doom’ que foi um dos responsáveis pela era dos jogos online. http://doom.wikia.com/wiki/ Imp (Acesso 19/08)

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• MIA ou Missing in Action (Desaparecido em Combate) • Group Up (Agrupar) • Skill (Habilidade) • Kill (matar)

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Essa é uma imagem da final mundial de League of Legends de 2015, realizada na Arena Mercedes-Benz, em Berlim, em que dois times da Coreia do Sul lutaram pelo título de campeão mundial e por um prêmio de 2,130,000 milhões de dólares. (Foto: reprodução Riot Games)

A ENTREVISTA

Tais termos são passados de jogos para jogos e de jogador para jogador fazendo com que toda comunidade gamer os conheça. Como a maioria dos termos têm origem na língua inglesa, é possível comunicar-se com qualquer jogador do mundo utilizando os termos básicos que estão presentes na comunidade dos Gamers (jogadores).

E-SPORTS

Hoje em dia, o game mais jogado é “League of Legends”, criado pela empresa Riot Games que (de acordo com o site da empresa) tem mais de 67 milhões de jogadores por mês, 27 milhões por dia e 7.5 milhões jogando simultaneamente.

Esse jogo é, muitas vezes, considerado somente uma brincadeira.

Porém, existem pessoas que vivem desse esporte ou, melhor dizendo, dessse E-Sport (Eletronic Sport), que enche estádios quando campeonatos são disputados e tem torcidas que realmente torcem pelo bem maior do esporte e não somente por seu time.

Para entender melhor sobre esse mundo, essa reportagem entrevistou um ex-jogador profissional brasileiro de League of Legends que não quis ser identificado.

Ele afirmou que, dentro de jogo, entender certos termos é essencial para ser um bom jogador e conseguir acompanhar seus companheiros de equipe: “É como se fosse um futebol”, afirma o ex-jogador, “É preciso utilizar o mesmo tanto de comunicação ou até mais”.

Esses termos podem decidir quem é o vencedor e o perdedor no jogo, pois dentro de jogo comunicação é a chave para a vitória.

Certos termos são exclusivos de cada jogo, porém a maioria permanece de jogo para jogo, dependendo de seu estilo e objetivo.

“Termos como Bot ou Bottom (inferior), Top (superior), Right (direita), Left (esquerda), Middle (meio) e Jungle (selva) são usados para saber a localização do jogador durante o jogo” diz o ex-jogador.

Esses termos são coisas que podem decidir quem é o vencedor e o perdedor no jogo, pois dentro de jogo comunicação é a chave para a vitória.

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ESTRANGEIRISMOS E INTEGRAÇÃO MUNDIAL

Os jogos online, junto com a internet, têm sido um grande estímulo para a globalização e os estrangeirismos, que incorporam dois léxicos diferentes (inglês e português), têm sido parte imprescindível desse mundo conectado.

A comunidade Gamer tem se aproveitado de estrangeirismos para facilitar a comunicação básica entre jogadores de diferentes países, fazendo com que não existam diferenças ou discriminações.

Gamers nos ensinam que os estrangeirismos podem acabar com grande parte da discriminação e das diferenças em uma comunidade de milhões de pessoas, facilitando a comunicação e a interação.

Nesses jogos, o uso de estrangeirismos representa uma grande evolução para o mundo e talvez isso possa começar a influenciar o “mundo real” de uma maneira positiva.

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SOMOS TODOS LUSOFONESES

por Annamaria Gargalak Peres Reis, Maria Victoria Folkerts Cincurá e Ricardo Gargalak Peres Reis

No dia 7 de maio, é homenageado o idioma falado por mais de 250 milhões de pessoas espalhadas pelo mundo todo, o idioma que carrega uma história, uma cultura e uma literatura fascinantes: a língua portuguesa.

A literatura é a arte da palavra.

Uma arte que faz parte do nosso dia a dia. Não só na linguagem, mas também em livros, revistas e no cinema, ou seja, as palavras, a literatura, compõem a nossa cultura. As obras literárias nos dão mais conhecimeto de mundo.

As referências literárias atra­ vessam jornais, livros, revistas, internet, slogans, pôsteres, charges, histórias em quadrinhos, livros didáticos e propagandas em torno do globo e em várias línguas. Como diz o crítico literário e professor da USP, Antonio Candido, em ensaio intitulado ‘O direito à literatura’, “a literatura corresponde a uma necessidade universal que deve ser satisfeita sob a pena de mutilar a personalidade, porque, pelo fato de dar forma aos sentimentos e à visão do mundo, ela nos organiza, nos liberta do caos e , portanto, nos humaniza.”

O Brasil é um país lusófono. De acordo com a Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP), o termo lusofonia é composto de dois elementos: luso, que significa português e fonia, que quer dizer fala. Portanto, quando se fala em lusofonia, deve-se entender países falantes do português, sendo ele língua primária ou secun­ dária. Os países lusófonos são: Angola, Brasil, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Macau, Moçambique, Portugal, São Tomé e Príncipe, Timor-Leste, Goa, Damão e Diu.

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HISTÓRIA DA LITERATURA

A língua portuguesa veio para

o Brasil e, junto com ela, a literatura.

De acordo com o livro, “Iniciação à literatura brasileira”, de Antonio Candido, a literatura brasileira nasceu com a chegada dos portugueses. A literatura portuguesa, francesa ou italiana se formaram junto com a própria língua e a sociedade, já que não foram colônias.

Porém, isso não é o caso do Brasil, que foi uma colônia e adaptou a língua de Portugal para si. Quando os colonizadores chegaram no Brasil, havia uma cultura “primitiva”, nativa, sem escrita, e eles implantaram a sua cultura “superior”, estrangeira e colonizadora, que é a que já estava formada, com escrita e costumes, o que explica a lusofonia. Os termos ‘superior’ e ‘primitivo’, foram utilizados por Antonio Candido por conta da maneira como os colonizadores portugueses pensavam ao chegarem no Brasil.

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ram desenvolver sua própria expressão artística, na Semana de Arte Moderna daquele mesmo ano, 1922.

A partir daí, a literatura brasileira foi evoluindo e ocupando um importantíssimo espaço na sociedade.

Ajudando as pessoas a entenderem mais sobre a cultura de seu país apenas ao olhar, analisar ou ler um livro.

Como por exemplo, a Grécia Antiga, quando os artistas representavam sua religião por meio de livros. Assim como os gregos conseguiam estudar a sua religião, nós, hoje, conseguimos conhecer a cultura grega. Cada sociedade, cultura e época produz estilos literários diferentes, que comunicam diversos aspectos da cultura e da sociedade.

A literatura pode ter um sentido Iniciação à literatura sagrado quando for religiosa. Pode ser brasileira-Antonio Candi- uma crítica a algo. Pode ser simplesdo,1997 (foto: roedordelivmente interativa. Ela expõe as ideias e ros.wordpress.com) pensamentos de seu criador fazendo Mesmo que, hoje em dia, essas palavras uso de estilos literários e estéticas distinpossam ser consideradas politicamente tas. A literatura faz parte da vida dos seincorretas. Ou seja, a cultura brasileira res humanos. Nas palavras de Antonio não foi a evolução e crescimento da sua Candido: “A literatura confirma e nega, cultura original, mas sim a transposi- propõe e denuncia, apoia e combate, fornecendo a possibilidade de vivermos ção de leis e costumes da metrópole.

Nas palavras de Antonio Can- dialeticamente os problemas.” dido, “a literatura não nasceu aqui: veio pronta de fora para transformar- MERCADO EDITORIAL No Brasil, a média de vendas -se à medida que se formava uma sociedade nova”. Somente em 1822, de livros lusófonos é baixa, perdendo depois da independência, foi que os para os livros “gringos”. De acordo com brasileiros começaram a se preocupar a Livraria Saraiva, os livros mais vendidos no Brasil são de autores que não esem descobrir uma cultura própria. crevem em língua portuguesa, e a maio ria desses livros são o que chamamos “A literatura não nasceu aqui.”

“Teen Books”, ou seja, são livros com (Antonio Candido) uma narrativa romântica e aventuresca.

A literatura brasileira, como todas, é sempre modificada pelas condições da sua época. Antigamente, haviam muitos indícios da presença da literatura europeia. Como concluiu o escritor italiano, Ruggero Jacobbi, citado por Antonio Candido em seu li­ vro “Iniciação à literatura brasileira”, “[a literatura brasilera] é a imagem profunda de um mundo que em vão chamamos terceiro, pois na verdade é a segunda Europa”. No entanto, em 1922, os brasileiros decidiram parar de ser “filhos” da literatura europeia e resolve-

“Prefiro a literatura internacional, que tem uma maior variedade e me atrai mais.” (Giulia Ré)

A aluna Giulia Ré, de 14 anos, é uma prova disso. “Pela minha experiência com a literatura nacional, eu percebi que as histórias eram muito clichês e bregas. Prefiro a literatura internacional v, que tem uma maior variedade e me atrai mais.”

Assim como a estudante, o brasileiro Rodrigo Danielides, dono de uma

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empresa de construção em Portugal, se sentiu mais atraído pela literatura de países que não falam a língua portuguesa.

Na lista de livros mais vendidos da Livraria Cultura, encontram-se os internacionais, como também livros originalmente escritos na língua portuguesa, principalmente os que estão na lista de livros obrigatórios do vestibular da FUVEST.

“Para fazer essa seleção [de autores] pensei nos mais conhecidos e vendidos do nosso catálogo.”

(Patrícia Kanno)

Segundo Patrícia Kanno, do Departamento de Educação da Editora Companhia das Letras, os principais autores lusófonos portugueses são José Saramago, Fernando Pessoa e Miguel de Souza Tavares e os principais autores lusófonos africanos são Mia Couto e Ondjaki. “Para fazer essa seleção, pensei nos mais conhecidos e vendidos do nosso catálogo. ”, diz Patrícia.

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lusofonia

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dio, Phaedra de Athayde, “a noção de cânone literário refe­re-se às obras consagradas da literatura brasileira e mundial. Essas são as obras estudadas na escola e cuja leitura é considerada parte essencial da formação de qualquer um que por ela tenha passado.” Portanto, é de se entender a presença dessas obras nos vestibulares.

“A lista de leitura obrigatória da FUVEST é prática” (Agenor Costa) III Assembleia nacional da CPLP (http://revistalusofonia.pt)

Como refletiu Patricia Kanno, é difícil selecionar os principais autores brasileiros, já que são muitos. Como contou Rodrigo Danielides, em Portugal são vendidos livros escritos pelo brasileiro Paulo Coelho, que não estão no cânone, e por Tom Clancy, autor norte-americano. Autores nacionais não são muito conhecidos em países que não apresentam uma cultura lusófona, já que seus livros não estão nas prateleiras de suas livrarias.

Como mostra o site da revista espanhola ABC, os principais autores portugueses comercializados no seu país de origem e que têm um alto padrão internacional são o jornalista e escritor, José Rodrigues dos Santos, o ganhador do Prêmio Nobel de Literatura José Saramago e o escritor Miguel Sousa Tavares, como mencionou Patrícia Kanno.

Além deles, há Margarida Rebelo Pinto, com mais de meio milhão de livros vendidos em Portugal e António Lobo Antunes, que conta com uma longa lista de livros publicados e prêmios conquistados, sendo um dos autores lusófonos mais ativos nos últimos anos. É autor do famoso livro “Os Cus de Judas”, de acordo com a Livraria Saraiva, “um enorme sucesso, vindo a ser o primeiro grande livro sobre o conflito e a independência dos angolanos e uma referência histórica obrigatória.”

CPLP

A Comunidade de Países de Língua Portuguesa (CPLP) é uma organização multinacional que tem como membros as comunidades lusófonas. Hoje, ela é um ator com influência global. O seu objetivo é atuar na área de saúde e educação desses países de forma diplomática com acordos multilaterais e tornar a língua portuguesa internacional.

Como informou o site do Jornal Grande Bahia, a língua portuguesa se encontra no quinto lugar de língua mais falada no mundo. Porém, “o português ainda é considerado uma língua ‘menor’ ”. Isso porque poucos conhecem a língua portuguesa e sua importância para esses países. O português representa, para as comunidades da CPLP um patrimônio histórico e cultural, e está presente, todos os dias, na vida da população.

VESTIBULARES

Nos vestibulares, os livros

obrigatórios são sempre aqueles escritos originalmente em língua portuguesa. Esses livros não são os considerados clássicos ou “teen books”, são os livros pertencentes ao cânone em língua portuguesa. Como explicou a professora de Língua Portuguesa do Ensino Mé-

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O professor de Língua Portuguesa do Fundamental 2, Agenor Costa, fez o vestibular em 1970. Naquela época, “você tinha que saber tudo sobre todos”. Agenor opinou que a lista de leitura obrigatória da FUVEST é “prática”, facilitando a elaboração de questões e o estudo dos vestibulandos.

Porém, a lista aumentou o fluxo de resumos dos livros na internet, assim acabando com o propósito original da leitura obrigatória. “O importante é os jo­vens conhecerem esses autores, que são referências da literatura brasileira”, completa Agenor.

De acordo com o site UOL, “nunca houve um livro africano incluído na lista do vestibular”, mesmo que o estudo da literatura africana já estivesse presente nas universidades brasileiras desde o começo da década de 1980.

No ano de 2016, houve a inclusão do livro angolano “Mayombe” no vestibular da FUVEST e do livro moçambicano “Terra Sonâmbula” no vestibular da Unicamp. Mayombe, uma obra escrita por Pepetela, simboliza, de acordo com Antonio Carlos Olivi­eri, colaborador para o UOL, “a continuidade dos esforços de aproximação do Brasil com a Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), por meio da cultura. É uma iniciativa louvável e significativa.” Como opinou Patrícia Kanno, “acho importante os alunos terem contato com culturas diferentes, assim como gostei da inclusão do livro ‘Terra sonâmbula’, do Mia Couto”.

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Mayombe, livro do africano Pepetela (http://www.leyaonline.com)

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No Brasil, as leituras obrigatórias dos grandes vestibulares são campeãs de vendas nas maiores livrarias. Por exemplo, o livro africano “Mayombe” teve um alto nível de vendas, aumentando assim a sua influência no Brasil. Prova disso é a lista de mais vendidos da Livraria Cultura, na qual os livros de vestibulares têm uma grande quantidade de vendas, sendo até os mais vendidos do país.

A iniciativa de incluir obras de autores africanos de língua portuguesa atende à expectativa de que os jovens brasileiros conheçam a história e a cultura do continente e responde à Lei 10639/03, que torna obrigatório o ensino de história e cultura africanas nas escolas.

Ainda sobre a importância da inclusão do livro de Mia Couto no ves-

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tibular, a especialista Patrícia Kanno explica que essa “é uma oportunidade de [os alunos] estudarem a língua portuguesa dentro de outro contexto social, cultural e político. E isso certamente irá ampliar a percepção de mundo dos alunos que estudarão essas obras.”

Por meio de obras de arte como a literatura, o artista comunica-se com os outros seres humanos através de valores estéticos, como beleza, harmonia e equilíbrio. A literatura pode, assim, ser considerada uma mensagem.

Essa é portadora de sentido e é veiculada sob a forma de linguagem verbal.

A literatura comunica emoções, sentimentos, opiniões, guerras. É uma forma do ser humano expressar suas emoções, sua história e sua cultura.