Jornal Escola Aberta Educação SC - Maio 2018

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Leo Laps

SECRETARIA DE ESTADO DA EDUCAÇÃO / SC | MAIO 2018

a FESTA DA

FAMÍLIA Santa Catarina é o único estado brasileiro a ter uma lei que incentiva a participação das famílias na vida escolar dos filhos. A data já faz parte do calendário de ações pedagógicas e recreativas nas escolas. Leia nas páginas 6 e 7


Editorial

O espaço da família na educação Beatriz Menezes dos Santos Editora do Escola Aberta

A presença dos pais na escola legitima a educação, dizem os especialistas da área. A parceria reforça o vínculo entre o aluno e o ambiente escolar, passando a mensagem de que a educação importa, pois é no contexto familiar que se inicia o processo de educar. Todo o professor sabe que o resultado de seu trabalho junto aos alunos é influenciado pelo apoio que estes recebem por parte da família. Os educadores também entendem que a mera constatação dessa estreita correlação entre mundo familiar e mundo escolar não basta, sendo fundamental que ambos tracem os mesmos princípios e andem na mesma direção em relação aos objetivos que desejam atingir. O tema vem ganhando visibilidade quando se pensa a gestão escolar com o desafio de criar novas formas de atuação em busca de melhores resultados de aprendizagem e promoção de valores éticos e morais. Também vem conquistando espaços nos meios de comunicação, nas políticas públicas, nos projetos pedagógicos das escolas e em pesquisas científicas sobre a matéria.

Na legislação brasileira, a abordagem da relação é ampla. Além da criação de programas em âmbitos estaduais e municipais, a Constituição Federal, em seu art.205, contempla a educação como direito de todos e dever do Estado e da família. Ainda, a lei federal, 9394/96, que estabelece as Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ao tratar dos princípios e fins da educação, no art. 4º, afirma: “a educação tem por finalidade o pleno desenvolvimento educacional,

O tema vem ganhando visibilidade quando se pensa a gestão escolar com o desafio de criar novas formas de atuação em busca de melhores resultados de aprendizagem e promoção de valores éticos e morais.

ressaltando que “os estabelecimentos de ensino terão a incumbência de articular-se com as famílias, criando processos de integração (...)”. O Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA/90), determina que é direito dos pais ou responsáveis ter ciência do processo pedagógico, bem como participar da definição das proposições educacionais. Por definição legal, educação é primeiramente, dever da família e dessa maneira, a temática está igualmente contemplada no Plano Nacional de Educação (PNE). Com a mesma proposta, a campanha lançada em 2014 pelo Movimento SC pela Educação, reunindo a Fisec, a Undime/SC e a Secretaria da Educação, resultou na lei estadual no 16.877/16, que promove e incentiva o estreitamento dessa relação. Os mandamentos legais, portanto, direcionam as ações pedagógicas desenvolvidas nas unidades de ensino da rede estadual. Nesta primeira edição jornal Escola Aberta, além do Dia da Família na Escola, estão destacados, na página Central, outros programas e iniciativas inovadoras voltadas à qualidade do ensino. Confira.

Índice Página 5 Alimentação O projeto #ComerBem estimula ações que valorizam o momento das refeições nas escolas

Página 6 e 7 Ensino A participação da comunidade foi fonte de inspiração para projetos e atividades que marcaram o Dia da Família na Escola

Página 8 Projetos Página 11

O projeto da Escola Pe. Antônio Luiz Dias, de Araranguá, se destacou na primeira etapa da V Conferência Infantojuvenil pelo Meio Ambiente, cujo tema é a água

Vitrine

Página 9 Inclusão Tecnologia e inclusão andam lado a lado. Conheça a plataforma Professor On-line, disponível aos professores com necessidades especiais

Página 10 Pedagógico O rádio, além de ser importante canal de informações e entretenimento, é um forte aliado no processo ensinoaprendizagem na Escola Joaquim Nabuco, de Xanxerê

Alunos da Escola Pe. Antônio Vieira, de Anita Garibaldi, participam de saídas de campo e descobrem o potencial econômico e turístico da Região

Página 12 Notícias Notícias da rede estadual de ensino

Expediente Editora: Beatriz Menezes dos Santos

Editor de fotografia: Thiago Marthendal

Revisão: Equipe Ascom

Participaram dessa edição: Beatriz Menezes dos Santos, Edinéia Rauta, Thiago Marthendal, Dafnée Canello, Gisele Vizzotto, Andréia Oliveira, Janaína Mônego, Elida Ruivo e Sabrina Domingos

Fotografia: Thiago Marthendal, Osvaldo Nocetti, Leo Laps,Gisele Vizzotto, Janaína Mônego, Andréia Oliveira, Dalires Somavilla,Leneza Della Krás e Henrique Vieira, Eduarda Amorim.

Diagramação: Bruno Pagani

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Assessoria de Comunicação: Edinéia Rauta / Secretaria de Estado da Educação

secretaria de estado da educação


Artigo

Osvaldo Nocetti

JULIA SIQUEIRA DA ROCHA Gerente de Políticas e Programas de Educação Básica e Profissional - Secretaria de Estado da Educação

A BNCC é um documento legal que rege a produção dos currículos das diversas redes de ensino na Educação Básica. Desde a Constituição Federal, passando pela LDB e Plano Nacional de Educação, percebeu-se a necessidade do país produzir uma base comum do que deve ser ensinado e aprendido em cada ano letivo. Na Educação Infantil, os bebês e as crianças pequenas não estão submetidas a uma lógica escolar, por isso a BNCC apresenta campos de experiências que devem nortear os trabalhos nas creches e pré-escolas.

A BNCC é um instrumento de justiça na educação em que cada profissional, família e estudante sabe o que deve ser aprendido em cada ano letivo como direito ético, estético e político essenciais ao exercício da cidadania, independente da origem de nascimento, da rede de ensino e da escola que frequenta.

Passeios virtuais por cidades de verdade Abraçando a questão da acessibilidade e tendo em mente que a melhor forma de aprender é por meio da vivência’, a TV Escola, emissora vinculada ao Ministério da Educação, criou uma plataforma virtual que permite a experiência de um passeio digital pelas cidades brasileiras, com imagens reais e áudio explicativo sobre os locais, suas histórias, a importância geográfica, dados arquitetônicos e fontes de conhecimento que interajam com o currículo escolar. A plataforma, que ainda está em fase de testes, vai evoluir para um aplicativo que estará disponível para smathphones e tablets de todo o Brasil. O aplicativo foi construído também na versão em libras para as crianças, jovens e adultos com deficiência auditiva, oferecendo a esse grupo, que compõe 2,5 milhões de brasileiros com surdez severa e profunda, uma experiência virtual completa. A plataforma está preparada para suportar conteúdos educativos de realidade virtual de várias cidades e estados.

divulgação

No Ensino Fundamental é descrito para cada ano os objetivos de aprendizagens/competências e habilidades nos componentes curriculares: Língua Portuguesa, Matemática, Ciências, Geografia, História, Língua Estrangeira, Educação Física e Arte.

Na etapa final, seguindo a Lei 13.415 de fevereiro de 2017, que tem a Língua Portuguesa e a Matemática como únicos componentes obrigatórios nos 3 anos do Ensino Médio, a Base descreve os objetivos de aprendizagem/ competências e habilidades e organiza os demais saberes essenciais em áreas do conhecimento: Linguagens e suas tecnologias; Ciências da Natureza e suas tecnologias; Ciências Humanas aplicadas; e Matemática. Em Santa Catarina, a Secretaria da Educação, juntamente com a União dos Dirigentes Municipais de Educação, Conselho Estadual de Santa Catarina, Conselhos Municipais de Educação e Sindicato das Escolas Particulares, mobilizam as demais instituições, entidades educativas e a sociedade civil para definição mais específica do que é direito essencial de aprendizagem aos nossos estudantes, estruturando um currículo Base para o Estado. A BNCC é um instrumento de justiça na educação em que cada profissional, família e estudante sabe o que deve ser aprendido em cada ano letivo como direito ético, estético e político essenciais ao exercício da cidadania, independente da origem de nascimento, da rede de ensino e da escola que frequenta.

divulgação

Base Nacional Comum Curricular: instrumento de justiça na educação

EM FOCO AlterEgo

Thiago Marthendal

O JOVEM E O VOTO FACULTATIVO O primeiro voto ninguém esquece. “Com o título estamos garantindo que a nossa voz seja ouvida. Se não escolhermos um candidato, alguém escolherá por nós”, exclamou Alice da Cunha, que completa 16 este ano. Alice é aluna do Instituto Estadual de Educação (IEE), que junto com outros estudantes do ensino médio participou de palestras e do

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alistamento eleitoral de jovens entre 15 e 18 anos, realizado pelo TRE de Santa Catarina, em parceria com a escola. Marina Dutra também estava empolgada com a palestra assistida. “Fiquei conhecendo mais sobre os três poderes e percebi que as ações do dia a dia podem ser consideradas como atitudes políticas”, afirma.

A ideia partiu do professor de geografia, Luiz Antunes, que elaborou o projeto Eleições mais que um ato, um dever de cidadania, com o objetivo de conscientizar os estudantes sobre a importância do voto. Outros projetos promovidos nas escolas estaduais também promovem esse debate com os jovens.

Celulares, videogames e outros aparelhos já reconhecem comandos de voz, mas nós acabamos não utilizando tanto estas opções de controle por parecerem “bobos” ou não funcionarem direito por causa de ruídos no ambiente. Com isso em “mente” uma equipe de desenvolvedores do Grupo de Interfaces Fluidas, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts, criou um dispositivo capaz de identificar comandos por uma via muito mais precisa e silenciosa: o pensamento. O aparelho chamado AlterEgo, que está em fase de testes, recebe informações por meio do que se chama “subvocalização”, também conhecida como “fala silenciosa”. Essas palavras não pronunciadas são detectadas pelo dispositivo por meio de eletrodos ligados à cabeça do usuário. Em um programa de computador, os desenvolvedores conseguiram identificar padrões de como as ondas cerebrais e as expressões faciais das pessoas funcionam, para ensinar o aparelho a reagir adequadamente quando quem está usando pensa em palavras específicas.

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ESTRATÉGIA E COLETIVIDADE NA GESTÃO Jovelino Cardoso

e

Programas

Cerca de 1.400 gestores educacionais participaram, ao longo de seis encontros, da formação continuada Gestão Democrática e o Papel do Gestor, focado na Sistemática de Avaliação da Gestão Escolar (Sage)

O

rganizado pela Diretoria de Gestão da Rede Estadual, os encontros foram voltados à reflexão dos processos democráticos escolares, que devem ser analisados e discutidos entre o diretor, a equipe técnica e a comunidade. As discussões têm o objetivo de apri-

morar e estabelecer metas para o desenvolvimento dos Planos de Gestão que vêm sendo executados nas escolas. A partir das orientações dos mediadores da Secretaria, cada gestor irá retornar a sua unidade para, com a equipe gestora e conselho deliberativo, detalhar um plano de ações para este ano, com o

acompanhamento da respectiva Gerência Regional de Educação. “Orientamos também, que as informações adquiridas nos cursos sejam replicadas na presença da comunidade escolar, favorecendo ainda mais a gestão democrática e participativa”, ressaltou a coordenadora estadual de Gestão, Maristela Fagherazzi.

O CPESC COMO FERRAMENTA DE GESTÃO Os gestores das 1.073 escolas da rede estadual terão um repasse anual de R$ 8.100.000,00 do Cartão de Pagamento do Estado de Santa Catarina (Cpesc). O programa, criado em 2014, já se consolidou como ferramenta de gestão educacional por permitir maior autonomia e agilidade no atendimento às necessidades cotidianas escolares. Os recursos são repassados em três parcelas, sendo 40% do valor na primeira parcela, mais 40% na segunda, e 20% na terceira (além do saldo não utilizado nas parcelas anteriores). No início do ano letivo foi entregue às unidades de ensino um total de R$ 3.222.400,00. Os próximos repasses estão previstos para o final de maio e setembro.

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BNCC do Ensino Médio O conjunto de orientações que deverá nortear os currículos das escolas, redes públicas e privadas de ensino, de todo o Brasil trará os conhecimentos, as competências e as aprendizagens pretendidas para crianças e jovens em cada etapa da educação básica em todo país. O documento da BNCC para o ensino médio já foi entregue pelo MEC ao Conselho Nacional de Educação (CNE), que fará ajustes. Depois de discutida e aprovada, a Base, além de nortear os currículos, servirá como referência para a formação dos professores, livros didáticos e, futuramente, para as avaliações. Em Santa Catarina, com o objetivo de organizar pontos que representam questões relevantes a serem sugeridas, como melhorias na constru-

ção do documento, a Secretaria da Educação promoveu um curso de formação continuada com técnicos da SED e professores da Coordenadoria da Grande Florianópolis, do Instituto Estadual de Educação e da Fundação Catarinense de Educação Especial. Para avaliar coletivamente e compilar as informações em todo o Brasil, serão realizadas cinco audiências públicas entre maio e agosto. Além das audiências, a sociedade poderá contribuir diretamente na plataforma do MEC, no endereço: basenacionalcomum. mec.gov.br A primeira audiência do CNE será dia 11 de maio em Florianópolis. Na sequência, dia 08 de junho, em São Paulo, em 06 de julho, em Fortaleza,

VIVÊNCIAS DE EDUCAÇÃO ALIMENTAR E NUTRICIONAL Este é o terceiro ano da formação em Educação Alimentar e Nutricional oferecido pela Secretaria da Educação na modalidade a distância. De 21 de maio a 30 de setembro cerca de 250 educadores receberão os fundamentos necessários para a promoção de ações diversificadas nas escolas. No final do curso, será realizada uma avaliação de desempenho. Segundo a nutricionista da Secretaria, Marli Lichtblau, o objetivo é oferecer aos educadores subsídios teóricos e metodológicos sobre alimentação e nutrição, na perspectiva da segurança alimentar e nutricional. São destinadas 150 vagas para professores, 50 vagas para gestores e 50 pra outros profissionais do quadro do magistério. “Como conclusão, os participantes farão projetos que envolvam os estudantes de forma ativa e dinâmica, permitindo a construção de conhecimentos por meio de vivências”, explica.

UNIEDU ENSINO SUPERIOR Mais de 24 mil alunos de graduação de universidades públicas e privadas estão sendo beneficiados pelo programa de Bolsas Universitárias de Santa Catarina (Uniedu), fomentado pelo governo do Estado. Para 2018, o investimento é de R$ 110 milhões, distribuídos em 68 instituições de ensino cadastradas no programa. As bolsas dependem do nível de carência do aluno, podendo chegar a 100% da mensalidade. O Uniedu foi criado em 2013 para impulsionar o acesso ao ensino superior e disponibiliza recursos provenientes dos artigos 170 e 171 da Constituição estadual.

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Alimentação

“A gente não quer só comida” Comida, diversão e boa companhia são alguns dos princípios do Guia Alimentar da População Brasileira, que muito além de orientar sobre o que comer, traz conceitos de como comer e o prazer de fazê-lo. Com essa abordagem, o projeto #ComerBem, das empresas que fornecem refeições nas escolas da rede estadual, instiga nos estudantes o conceito de comensalidade, valorizando aspectos simbólicos, subjetivos e culturais da alimentação.

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Thiago Marthendal

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Ações divertidas A hora do recreio é um momento de interação e alegria entre as crianças da Escola de Aplicação (EDA), do IEE

Neste primeiro semestre o tema escolhido pelo #ComerBem integra o quarto capítulo do Guia Alimentar que trata do Ato de Comer e a Comensalidade. A nutricionista da Risotolândia, Renata Maluly, diz que o assunto é abrangente e são diversas as formas de abordá-lo. “Seja a partir de explicação em grupo ou individualmente, durante o intervalo das aulas, mais a distribuição de material educativo e atividades lúdicas, nas quais eles se envolvem e assimilam as informações de forma divertida”, explica, lembrando que as ideias ainda podem ser reforçadas por professores nas atividades em sala de aula.

Colaboração Sabrina Domingos - Agencia Comunicaz

M

ais do que receber alimentos saudáveis e adequados à rotina escolar, os estudantes da rede pública estadual passam a receber orientações sobre a importância das condições em que realizam as refeições nas escolas. Pelo projeto #ComerBem, nutricionistas explicam os benefícios de se alimentar com regularidade, atenção e em boa companhia, reforçando os princípios definidos pelo Guia Alimentar da População Brasileira. O projeto está previsto nos contratos de terceirização entre a Secretaria da Educação e as empresas Nutriplus e Risotolândia, responsáveis por fornecer alimentação a cerca de mil escolas catarinenses. O fato de os estudantes terem mais conhecimento sobre as condições adequadas para

as refeições gera uma maior reflexão e, consequentemente, mais interesse pela alimentação oferecida diariamente. Para o diretor de Articulação com os Municípios da Secretaria, Osmar Matiola, o programa elucida aspectos positivos sobre a qualidade do momento da alimentação. “Com certeza, esta ação trará benefícios duradouros à vida dos estudantes, dentro e fora da escola”, avalia. Da mesma forma, o gerente de comunicação da Nutriplus, Antônio Valini, ressalta a importância de serem observados aspectos como a rotina, envolvendo o horário e o local destinado ao recreio, a atenção ao que se come, e até a escolha das companhias para dividir esse momento.

Sobre o concurso: • •

A

rega ainda valores simbólicos e aspectos subjetivos, como o prazer, as lembranças, a solidariedade e a alegria”, diz. Ressalta que o objetivo do concurso é também trabalhar o lado emocional das refeições no ambiente escolar. Entre os critérios de escolha dos vencedores estarão coerência das ações com o tema proposto, clareza, originalidade e criatividade. A divulgação das escolas vencedoras e entrega da premiação ocorrerá no segundo semestre de 2018.

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• Thiago Marthendal

s escolas podem inscrever projetos que estimulem os alunos a ter um recreio mais agradável junto aos colegas e ainda concorrem a uma TV 39”. As inscrições do concurso vão até 15 de setembro. De acordo com o diretor Matiola, o desafio está lançado. “Nós torcemos para que as escolas tragam boas estratégias”, completa. Segundo a nutricionista Renata, a alimentação, além de suprir as necessidades biológicas, é uma prática repleta de sentidos. “Car-

As inscrições devem ser feitas até 15 de setembro Podem participar escolas públicas estaduais de ensino médio e fundamental atendidas pelas empresas que prestam serviço de alimentação escolar ao Governo do Estado. Os projetos deverão ser inéditos, desenvolvidos pela equipe pedagógica com a participação dos alunos exclusivamente para o concurso. Como premiação serão entregues TVs 39” a sete escolas, uma para cada lote atendido pelas empresas Nutriplus e Risotolândia; além de 10 troféus para os melhores projetos registrados por Gerências de Educação e unidades de atendimento no Estado.

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Ensino

A ESCOLA DA FAMÍLIA

Música, danças, show de talentos, torneios esportivos, palestras, contação de histórias, exposições e brincadeiras lúdicas foram algumas das atividades propostas para as famílias dos estudantes da rede pública estadual, que participaram da festa dia 7 de abril divulgação fiesc

Em Blumenau as escolas reuniram gerações para comemorar a educação. Os pais sabem que quanto maior a presença da família, maior o rendimento do aluno

H

oje a participação dos pais na educação formal é uma realidade. Há consenso entre educadores, professores e estudiosos sobre os efeitos no desempenho dos alunos quando a família valoriza e acompanha a vida escolar dos filhos. Na abertura do Dia da Família, o então secretário da Educação, Eduardo Deschamps, que festejou com a comunidade da Escola João Widemann, em Blumenau, destacou a importância da presença dos pais. “Nas escolas onde os pais são atuantes, o ensino é mais efetivo. O diretor consegue realizar um trabalho melhor e os professores conseguem ter um feedback daquilo que estão fazendo. Pesquisas internacionais mostram isso”, afirma. Uma dessas pesquisas, é a do Instituto Ayrton Senna, realizada em parceria com a Organização para a Cooperação e Desen-

volvimento Econômico (OCDE), entidade internacional que reúne os países mais industrializados do planeta. “Pelo diagnóstico, os estudantes que recebem apoio e atenção dos pais em sua vida escolar estão, em média, quatro meses à frente no aprendizado em comparação com os que não recebem essa atenção”, reforça o presidente da Fiesc, Glauco Côrte, um dos idealizadores do Movimento Santa Catarina pela Educação.

Escolas acompanham gerações Em Blumenau, Djanira Müller tem uma ligação muito forte com a Escola João Widemann. Seu pai foi professor ali, sua mãe, aluna. Ela mesma cursou todo o ensino básico e, agora acompanha o primeiro ano do seu filho, João Guido, de 6 anos. “Essa Gisele Vizzotto

A mobilização, que envolveu rede pública de ensino e o Sistema S, com a expectativa de que todas as famílias catarinenses abracem a educação, partiu de um projeto de lei elaborado no final de 2014 pela Federação das Indústrias de Santa Catarina (Fiesc). Lançada pelo Movimento SC pela Educação, a campanha rendeu frutos. Em 2016 foi aprovada a lei que coloca o Estado como pioneiro no País. Essa interação, também prevista na meta 19 do Plano Nacional de Educação (PNE), vem alterando o cotidiano das escolas catarinenses e se reflete positivamente na aprendizagem.

As famílias dançam juntas nas atividas propostas pela Escola Guilherme José Missen

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escola fez parte da vida do meu pai, da minha mãe e, para mim, foi muito importante. Agora, com o meu filho, a gente passa a ter mais contato com todo o desenvolvimento e aprendizagem dele”, conta. Essa relação entre família e escola se repete no caso de Francine Balduíno, professora da APAE de Blumenau. Ela também foi aluna da João Widemann e agora com o filho Raul, de 9 anos sua presença é constante. “É uma emoção muito grande voltar aqui porque a gente vê a evolução da escola, que já teve seus altos e baixos, mas hoje está maravilhosa. Oferece vários recursos e nos deixa satisfeitos com o ensino”, relata. O diretor e anfitrião, Cornélio Pereira dos Santos Neto, atesta o que dizem os professores, que quanto maior a presença da família, maior é o rendimento do aluno.

Família afinada Na Escola Guilherme José Missen, de São Miguel do Oeste, a família de Nicoli Cantoni, de 9 anos, reuniu as três gerações nesta edição programa. A mãe Derlise Iaroceski, 33 anos, e a avó, Lúcia Iaroceski, 66 anos, acompanharam a estudante e além do chimarrão, da boa conversa e dos sorrisos, elas aproveitaram para dançar juntas nos intervalos da fila para o brinquedo inflável que Nicoli adorou. “É nossa primeira participação e aproveitamos muito a integração que o evento proporcionou. Criamos uma afinidade com os professores, e conhecemos melhor os projetos e atividades desenvolvidas pela escola. É muito importante participar da formação da minha filha”, disse Derlise. A unidade promoveu ações de leitura, brinquedos, além de dança em parceria com a Unoesc.


A participação da comunidade dobrou N

vidades de interação com os alunos e pais ao longo da semana, envolvendo especialmente os estudantes do Ensino Médio Integral em Tempo Integral (EMITI). As palestras foram bastante participativas, conta Costa. Ele leciona a disciplina de Arte, Cultura e Tecnologia, no Ensino Médio, e está abordando temas voltados às mídias digitais e redes sociais. “Foi então que tivemos a ideia de trazer a Polícia Militar para debater as violências físicas e digitais, além de um trabalho de prevenção contra o bullying e contra o compartilhamento de notícias falsas e difamatórias, as chamadas fake news”, ressaltou. Thiago Marthendal

Apresentações musicais e palestras de conscientização sobre o bullying e fake news tiveram adesão maciça da comunidade Janaína Mônego

Também foi bastante significativa a presença dos pais nas 46 escolas dos 14 municípios da ADR de Xanxerê. Este ano as famílias aderiram às propostas recreativas, lúdicas e culturais promovidas pelas escolas, que foram realizadas em conjunto com os professores e alunos. De acordo com a gerente Regional de Educação, Elaine Alberti, essa integração fortalece o aprendizado. “Observamos o quanto é importante e como faz diferença esta proximidade. As famílias participativas contribuem com a construção do conhecimento”, enfatizou.

Pais e alunos escutam atentos às histórias contadas pelos professores

Na Regional de Joinville 38 escolas realizaram ações como palestras de conscientização sobre saúde da mulher, sexualidade e adolescência, acidentes na infância, aulas de ginástica e horta medicinal, além de exposição do conteúdo pedagógico e contação de histórias. No Instituto Estadual de Educação (IEE), na Capital, os pais levaram os filhos e se divertiram juntos. Jogos de raquete, peteca, perna de pau, dobraduras, simuladores de remo, muita música e dança, marcaram a manhã de festa. Gisela dos Santos Lima é mãe do Luan, 10 anos, da Laura, 6, e da Laís, 2, e sempre está presente na vida deles. “Acho importante este acompanhamento. Eles vão guardar na memória, afinal, a família é a base de tudo”, destaca a mãe. Quem também gostou muito da presença da família foram Andres Dalavera e Emily Barbora, do 6º ano. “Eu faço parte do Coral do IEE e minha mãe veio assistir. Mas também gostei das brincadeiras’, afirma Emily.

Na Escola Luiz Coradi, de Xanxerê, a comunidade prestigiou as atividades artísticas

na 5ª série da Escola Bom Pastor. “A família precisa estar unida para que as crianças tenham uma boa base. Temos que levar em consideração que hoje os valores estão muito invertidos. Se quisermos que eles sejam bons adultos no futuro, precisamos depositar nosso tempo, principalmente na infância”, afirma a mãe. A gerente de Chapecó, Maria de Lurdes Seben, avalia que a programação atingiu o propósito. “Vivemos um momento muito importante de integração entre as famílias, devemos caminhar juntos para cada um fazer a sua parte”.

Andréia C. Oliveira

Palestra sobre valores C erca de 800 pessoas participaram da ação promovida pela Gerência Regional de Educação de Chapecó, em parceria com a Unoesc e o Colégio Marista São Francisco. O Centro de Eventos Plínio Arlindo de Nês esteve cheio de pais para assistir a palestra-show de David Freitas e Vilson Cechetti, que envolveu a comunidade escolar em um momento de reflexão sobre o papel da família e da escola na formação dos estudantes. Em família, a mãe Larissa Zanotelli e o pai Cleverson de Lima participaram da atividade com a filha Isabelli de Lima, que estuda

Dalires Somavilla

a escola Ivo Silveira de Palhoça, cerca de 200 pais, alunos e membros da comunidade se reuniram para realizar torneios esportivos, apresentações musicais, além das palestras do Corpo de Bombeiros e da Polícia Militar. Para o diretor Ademir Atahelin, o dia foi muito além da expectativa. “Contatamos os pais pelas redes sociais e por convites enviados pelos alunos. Contabilizamos o dobro de participantes em relação ao ano passado”, informa. Entre os principais organizadores esteve o professor Arilson Costa que, junto com a direção, promoveu ati-

Ações lúdicas e temáticas atuais

Em Chapecó, a palestra-show integrou as famílias em momentos de reflexão

Para estimular a participação dos pais na vida escolar dos filhos, o Governo do Estado sancionou a lei 16.877, de 15 de janeiro de 2016 definindo o Dia da Família, como um dia especial para a realização de atividades lúdicas e pedagógicas nas escolas, em conjunto com a comunidade escolar. A data já está consagrada no calendário de eventos de todas as escolas públicas catarinenses e da rede escolar das Federações da Indústria, Comércio, Agropecuária e Transporte de Cargas.

Colaboraram Elida Ruivo / Edinéia Rauta / Beatriz Menezes / Thiago Marthendal / Gisele Vizzotto / Janaína Mônego / Andréia Oliveira

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Projetos

“A água nossa de cada dia” Leneza Della Krás

Na etapa escolar da Conferência, os estudantes se reuniram para a eleição do delegado e da suplente com a missão de representar a escola nas demais etapas Por Leneza Della Krás - ADR de Araranguá

A

nalisar e refletir sobre a qualidade da água consumida pela comunidade de Morro dos Conventos, no município de Araranguá, é o principal objetivo do projeto A água nossa de cada dia, desenvolvido na Escola de Ensino Fundamental Padre Antônio Luiz Dias, com 150 alunos. O tema da CNIJMA, Vamos cuidar do Brasil, cuidando das águas, envolve escolas de todo o Brasil, do 6º ao 9º ano do ensino fundamental. Segundo a professora de História e incentivadora do projeto, Maria Cecília Coelho, a unidade está localizada em uma região geográfica de extremo valor, devido à presença de falésias, dunas, nascentes de água, incluindo a barra do Rio Araranguá, além da vegetação de mata

Guilherme Plentz Viegas 11 anos - delegado

Sobre a CNIJMA Cada escola criou a Comissão de Meio Ambiente e Qualidade de Vida na Escola - COM-VIDA que tem a função de organizar a Conferência envolvendo a comunidade. Na primeira etapa, a unidade elabora um projeto de ação, de acordo com os conhecimentos adquiridos no cotidiano escolar e nos materiais pesquisados; divulga o projeto; elege um delegado ou delegada (e suplente) e compartilha o resultado do trabalho coletivo com outras escolas e com a comunidade, na etapa regional da Conferência.

Interação e atividades práticas

Leneza Della Krás

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A água é essencial para a vida e temos que ter a consciência, desde cedo, de que não podemos poluir os rios e gastar desnecessariamente. Temos que cuidar e preservar o que ainda existe”

O delegado Guilherme e a suplente Nicole Cruz com a equipe pedagógica no Samae para verificar as amostras de água coletadas

Amostras de água das comunidades Uma das atividades que os estudantes gostaram foi a verificação da qualidade da água consumida pela comunidade, a partir da análise fisioquímica de amostras de água de ponteira, que foram coletadas nas comunidades de Manhoso, Canjiquinha e Morro dos Conventos, em parceria com o Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). “Com esta iniciativa buscamos reforçar a importância do saneamento básico para a garantia das propriedades da água potável”, explica a professora. A diretora da unidade, Nancy Antunes Siqueira destaca que uma das maiores preocupações da humanidade é em relação à água, principalmente, quanto à escassez desse bem indispensável à vida. “Sabemos que grande parte do planeta é coberta de água e, no entanto, apenas uma mínima parcela está disponível para a população, o que se agrava com o desperdício e a poluição, causados pelas ações humanas”, diz.

Atlântica. “O ambiente natural é muito rico como campo de estudo. Por isso, obter mais conhecimento sobre a qualidade da água consumida pela população é indispensável, para que nossos alunos ajudem na preservação do meio ambiente”, afirma. De acordo com Maria, o projeto busca fortalecer a educação ambiental, propiciando atitudes responsáveis e comprometidas da comunidade escolar com as questões socioambientais locais e globais. “Nesse contexto, damos ênfase à participação social e aos processos de melhoria da relação ensino-aprendizagem, em uma visão de educação para a diversidade, inclusiva e integral”, ressalta.

Leneza Della Krás

Projeto da Escola Padre Antônio Luiz Dias, de Araranguá, incentiva a preservação ambiental e reforça a importância da água como bem indispensável à vida. O trabalho se destacou na etapa escolar da V Conferência Nacional Infantojuvenil do Meio Ambiente (CNIJMA) que está mobilizando as escolas do país

O teatro foi uma das atividades que mais motivou os alunos

A metodologia de envolver várias disciplinas, de forma a construir o conhecimento de maneira global, garante maior interação entre os alunos, destes com os professores, sem falar na experiência e no convívio grupal. Por isso, a interdisciplinaridade foi o recurso utilizado pelos professores para abordar conteúdos das disciplinas de Matemática, Português, Geografia e Educação Física, além da História. Dentre as atividades propostas, os alunos confeccionaram gráficos do consumo de água da comunidade, por meio das faturas. Escreveram poemas, crônicas e memórias sobre a água. Localizaram as nascentes e pesquisaram a respeito da utilização econômica do Rio Araranguá e da necessidade do consumo diário. Outras ações integraram ainda o projeto, como palestras com representantes do Serviço Municipal de Água e Esgoto, apresentação de teatro, confecção de cartazes e maquetes.

secretaria de estado da educação


Inclusão

Acessibilidade promove autonomia Professores com deficiência visual dispõem de nova ferramenta de trabalho por meio da plataforma virtual Professor On-line Andréia Oliveira

O trabalho do professor exige o registro de notas, frequência, conteúdos e a tecnologia auxilia o processo ensino-aprendizagem dos educadores com necessidades especiais Por Andréia Oliveira - ADR de Chapecó

E

u ultrapassei muitos obstáculos e agora comemoro mais uma conquista.Vou poder executar meu trabalho de forma mais eficaz”, diz o professor Luiz Sagas, cego desde o nascimento. Ele foi o primeiro educador a utilizar a nova plataforma do sistema Professor On-line, que em março passou a integrar o conceito de acessibilida-

de. É voltado a todos os professores com deficiência visual que atuam nas escolas da rede estadual. “As pessoas precisam de liberdade de ação e a tecnologia nos proporciona isso”, afirma. A ferramenta é utilizada por 96 profissionais das escolas estaduais que atualmente necessitam do suporte.

O projeto piloto foi implantado pela Secretaria da Educação, na Escola São Francisco, de Chapecó, com o objetivo de proporcionar mais autonomia a esses docentes no acesso à vida do estudante, como notas, frequência e conteúdos curriculares. Sagas, que leciona Geografia no ensino fundamental e médio, expli-

ca que antes precisava da ajuda dos colegas para o repasse de dados ao programa. “Como a pessoa portadora de deficiência não tem visão da tela para acessar o monitor, é necessário que haja um sistema de voz. O trabalho do professor não é somente entrar na sala de aula, exige o preenchimento de dados e registros de conteúdos”, ressalta.

Tecnologia assistiva A novidade, que amplia os processos pedagógicos e permite mais autonomia aos educadores foi apresentada aos diretores, assessores de direção e assistentes de educação, da Gerência Regional de Chapecó. Segundo a coordenadora estadual do sistema, Danielli Burigo, basta que o assistente de educação informe sobre a existência, na unidade, de professor com deficiência visual ou com baixa visão, para que a plataforma seja revertida automaticamente à acessibilidade. O Professor On-line já é utilizado por 98,83% dos profissionais da educação. A ferramenta manteve as principais funcionalidades, mas foi adaptada e ampliada com base de voz e sons, para orientar os profissionais. Neste percurso, a Secretaria da Educação, Gerências Regionais e Núcleos de Tecnologia Educacional (NTEs) trabalharam em conjunto para superar o desafio. A gerente de Educação de Chapecó, Maria de Lurdes Seben, destaca que atualmente apenas um professor necessita do recurso na Regional. “É um orgulho termos contribuído com a implantação do projeto que irá proporcionar a inclusão tecnológica. Certamente vai beneficiar muitos professores em todo o Estado”, analisa. Segundo o diretor de Tecnologia e Inovação, da Secretaria, Francisco Reis Von Hertwig, o projeto segue em constante melhoria e adaptação. Andréia Oliveira

Plataformas de APRENDIZAGEM Com foco nas novas tecnologias educacionais, a Secretaria da Educação lançou em 2015 duas importantes plataformas virtuais para acesso de informações aos professores e estudantes, que foram incorporadas ao Sistema de Registro Escolar de Santa Catarina (Sisgesc). Na plataforma Professor On-line (professoronline.sed.sc.gov.br) constam dados das escolas, das turmas, as

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ações e tarefas aplicadas aos alunos. Tem o Diário Digital, com o registro da frequência, e o Diário de Classe, para registro de conteúdos. Na Estudante On-line (estudanteonline.sed.sc.gov.br), que pode ser acessada pelo estudante e seu responsável, estão disponíveis o boletim, a freqüência, a agenda de atividades e documentos como o histórico escolar, declaração de matrícula e atestado de frequência.

O sistema assistivo de voz converte para áudio o texto apresentado na tela

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Janaina Mônego

Pedagógico

A magia do rádio na

aprendizagem

Em meio a inúmeras plataformas de comunicação, analógicas ou digitais, o rádio continua firme na mesa de cabeceira, na cozinha, no carro, e porque não, na escola? A professora apostou no radiojornalismo para instigar o aprenzizado da leitura e da escrita envolvendo os estudantes da Escola Joaquim Nabuco, de Xanxerê Janaina Mônego, ADR de Xanxerê

U

Rádio, leitura e futebol A aproximação desses elementos foi um sucesso. “As crianças tinham uma vontade muito grande de saber a história da Chapecoense. Percebi a curiosidade. Todos gostam muito de futebol e torcem pelo time. Aí estava um ótimo argumento para a aprendizagem”, ressalta. “O trabalho foi muito bom, aprendi a ouvir e selecionar minhas ideias num texto”, conta Bruna Boiarski, do 5º ano. O coleguinha, Gianlucca Oliveira, diz ter aprendido coisas novas, como o ano em que o rádio chegou ao Brasil e depois como ficou famoso. “As aulas da nossa professora são muito legais,

ela faz muitas coisas diferentes e até faz brincadeiras com os conteúdos. Fica tudo mais divertido e fácil de aprender”, afirma.

Multidisciplinaridade A partir do livro, a professora ampliou o projeto, envolvendo as disciplinas de língua portuguesa, matemática, arte, história, ensino religioso, geografia e ciências, buscando agregar a leitura, a escrita, e o prazer de ler, aos conteúdos do currículo. O primeiro passo foi conhecer a biografia do jornalista Rafael Henzel. Em seguida, os alunos trabalharam com o jornalismo impresso e com a história do rádio. Foram Janaina Mônego

m livro e uma história de vida foi o ponto de partida para que a professora Andreia Manzoni Mariani, da Escola Joaquim Nabuco, de Xanxerê, trouxesse o rádio para a sala de aula e envolvesse os alunos do ensino fundamental. A história foi a do radialista Rafael Henzel, um dos sobreviventes do acidente aéreo que envolveu o time da Chapecoense, em 2016, na Colômbia. A leitura da obra escrita por ele, Viva como se estivesse de partida, que culminou com uma atividade pedagógica diferenciada, uniu o rádio, a leitura e o futebol. Andréia explica que o rádio sempre foi a companhia preferida de muita gente. O melhor amigo, o principal canal para receber informações e entretenimento. E hoje, mesmo em meio a inúmeras plataformas de comunicação, ele ainda está presente na vida de muitos cidadãos e continua se fortalecendo. Ao contextualizar a importância do veículo, a professora percebeu que as crianças não tinham muita vontade de ler. “Elas apenas decodificavam a letra. Não compreendiam o que estavam lendo. Então fui buscar outras estratégias”, conta Andréia, que apostou no radiojornalismo como alternativa para instigar o hábito da leitura nos alunos do 2º e 5º ano.

A multidisciplinaridade garante interação e conhecimentos de forma mais ampla

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identificadas as regiões brasileiras onde o veículo é mais forte, e o número de emissoras no Brasil, além de verificarem que 22% da população brasileira tem o hábito de ouvir programas de rádio. Fernanda da Silva, do 2º ano também está entusiasmada com o trabalho. “Eu gostei do projeto porque entendi que ouvir rádio ajuda a aprender, escutar e entender melhor os sons. As aulas da professora são legais, gosto muito, muito, dela”, reforça.

Jornalismo na escola Em português, as crianças conheceram os gêneros textuais, e a partir dos jornais levados para a sala de aula, conheceram os textos jornalísticos. Escolheram reportagens de diferentes cadernos, as quais foram lidas em sala de aula. Cada uma tinha uma preferência: política, esporte, entretenimento ou diversão. Na história, o tema foi o Repórter Esso, noticiário que faz parte da história da radiodifusão no Brasil. “O objetivo foi o de proporcionar que eles conhecessem e compreendessem, não apenas a escrita, mas também a importância da fala, da improvisação”, afirma a professora. Explica que para se expressar bem por meio da fala, é preciso saber ler e escrever, buscar a informação, criar uma bagagem. “Por isso, a importância da leitura e do conhecimento”, enfatiza.

AÇÕES EM ANDAMENTO Após os conhecimentos teóricos, as crianças partiram para atividades práticas. Cada uma construiu seu próprio rádio, representando as formas geométricas estudadas em matemática. “Na confecção, foram utilizados materiais recicláveis e muita criatividade”, conta Andreia. Eles fizeram várias reproduções usando caixinhas de leite e tampinhas de garrafas recicláveis. Esta é a segunda edição do projeto. O próximo passo são as entrevistas com os pais, para que escrevam pequenas reportagens. Cada aluno escolheu uma temática, elaborou as perguntas para depois gravar entrevistas. Uma das temáticas foi o texto da área de Ciências, ‘O cérebro no mundo digital’. Para o diretor, Giovane Vargas, o jornalismo, o rádio, o impresso, a internet e o grande número de informações estão muito presentes na vida dos alunos e da família. “A escola incentiva projetos inovadores e a direção acompanha junto com os demais professores. O resultado é sempre positivo”, conclui.

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Vitrine

O valor da experiência Curiosidade, aventura, o prazer da descoberta e o aprendizado de experiência encanta os alunos de Anita Garibaldi, que descobrem o potencial econômico do município visitando as vinícolas e os sítios arqueológicos da Região Serrana Por Beatriz Menezes dos Santos Fotos Henrique Vieira / Eduarda Amorim

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projeto, História & Vitivinicultura, desenvolvido desde 2015, na Escola Padre Antônio Vieira, de Anita Garibaldi, já percorreu 1.400 quilômetros na Região Serrana e continua fascinando os estudantes que participam das saídas de campo. Este ano, para o primeiro semestre, foram convidados os alunos do 6º ano matutino, que conferiram de perto a produção dos vinhos finos de altitude da Vinícola Abreu Garcia e conheceram os dois sítios arqueológicos localizados na área da empresa. Segundo o professor de História e idealizador do projeto, Gil Karlos Ferri, essas saídas servem para que os estudantes ampliem os horizontes do saber e realizem um aprendizado por meio de experiências. O trabalho tornou-se referência no ensino de História, articulando uma parceria inovadora entre o ensino público e os empresários do setor vitivinícola da Serra. “Consiste em apresentar aos estudantes a importância das vinícolas, em aspectos como geração de renda, turismo e desenvolvimento econômico”, afirma Ferri.

O campo ensina Para o jovem Thiago Mateus Oliveira, foi uma aula diferente, ao ar livre, que proporcionou conhecimentos importantes. “A empresa é grande, imagina daqui a 8 anos, quando terei idade de trabalhar. Se não fosse o projeto, muitos alunos nunca teriam a oportunidade de visitá-la”, explica. Acompanharam os alunos e o professor , o enólogo da Vinícola Abreu Garcia, Leonardo Ferrari, a professora Marilei Oliveira, a administradora Luciane Gracietti e o secretário de Educação do Município, Miguel Dutra. Participaram também alguns estudantes do ensino médio, que em anos anteriores acompanharam o projeto e agora realizam a cobertura fotográfica, como Eduarda Amorim, Henrique Vieira, Jonathan Souza e Kaue Coussou. “Nós aprendemos a relação do cultivo das parreiras, a produção do vinho e a importância dessa cultura para a nossa economia. Desperta nos estudantes a vontade de ingressar no mercado de trabalho, no ramo da vitivinicultura”, afirma Eduarda.

Desde 2015 foram realizadas uma saída de campo por bimestre, somando mais de 12 visitas, envolvendo cerca de 300 alunos de diversas turmas da educação básica

PARCEIROS DO PROJETO Abreu Garcia - Campo Belo do Sul Villaggio Grando -Água Doce Villa Francioni e Villaggio Bassetti - São Joaquim Vinícola Thera - Bom Retiro Curso de Enologia do IFSC- Urupema

Arqueologia e vitivinicultura andam juntas O professor de História explica que após cada visita, que dura mais ou menos uma tarde, os alunos produzem um relatório, no qual apresentam suas observações e o aprendizado adquirido durante a atividade. “Contextualizamos a produção do vinho em diferentes sociedades e períodos históricos, bem como a história do local onde o empreendimento está inserido”, O trabalho envolve o sítio arqueológico que fica próximo aos vinhedos. Além do estudo da produção do vinho, tema trabalhado em sala, os estudantes conhecem detalhes sobre a arqueologia, as etapas da escavação, o que é, e o que busca um arqueólogo. De acordo com Ferri, a História, por excelência, é uma disciplina dinâmica e envolvente; “logo, seu ensino precisa estar em sintonia com o que há de mais atrativo e significativo, do ponto de vista pedagógico e cidadão”, conclui.

Turismo arqueológico Pelo projeto, os estudantes identificaram a civilização que esteve aqui há mais de 800 anos, com achados de até 1.000 anos atrás. Em anexo ao sítio, conheceram também um danceiro indígena, de funções festivas, que é patrimônio nacional. No centro deste espaço foram encontradas quase 20 ossadas de nossos antepassados, das quais, nove já foram datadas, com idades entre 1.200 e 1.650 dc. “Não sou da Região, mas abracei a causa junto com o professor Ferri, diz o enólogo da Abreu Garcia, Leonardo Ferrari. Ele destaca que o Município de Anita Garibaldi está dentre os menores Índices de Desenvolvimento Humano (IDH) do Estado, e é uma região caracterizada por grande concentração de renda. “Por isso, a importância de as novas gerações aprenderem conceitos de economia agrícola e turismo, setores tradicionais e com alto potencial no Estado”, informa. Ferrari diz que no último estudo de mapeamento dos possíveis sítios arqueológicos, foram descobertas mais de 70 novas localidades. “Talvez esta seja futuramente a maior rota de turismo arqueológico de Santa Catarina”, informa. Acredito que essas aulas a sejam um grande legado. As crianças ficam encantadas e propagam as informações para os pais e outros familiares, finaliza.

Na Vinícola Abreu Garcia os alunos conhecem o danceiro indígena além do processo de fabricação do vinho

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Notícias da SED

Mobilização das escolas pelo meio ambiente

SIMONE SCHRAMM ASSUME A EDUCAÇÃO

Conferência Estadual Infantojuvenil pelo Meio Ambiente seleciona projetos escolares que irão representar Santa Catarina na última etapa Thiago Marthendal

P

ara comemorar o meio ambiente, festejado dia 5 de junho, levando o debate sobre as questões socioambientais às escolas e às comunidades, professores e alunos de todo o Estado estão participando da etapa estadual da V Conferência Nacional Infantojuvenil pelo Meio Ambiente (CNIJMA), em Laguna, no Sul do Estado. O tema Vamos cuidar do Brasil Cuidando das Águas, norteou os projetos nesta 5ª edição. Os trabalhos dos estudantes selecionados para a etapa estadual irão

participar, de 15 a 19 de Junho, da Conferência Nacional, em Brasília. Nessa data, aproximadamente 460 jovens de todo o país, entre 11 e 14 anos, os delegados ou delegadas, irão aprofundar a temática, socializar projetos, participar de oficinas e atividades culturais sobre o tema. A coordenadora da etapa Regional da Grande Florianópolis, Amanda Cassiana Pereira, explica que Conferência envolve escolas, de todas as redes, trabalhando em conjunto para que a sociedade dialogue de forma

participativa sobre os problemas socioambientais locais. “O nosso foco é que este trabalho de divulgação seja realizado de jovem para jovem, fixando e multiplicando os conhecimentos com a própria linguagem e mentalidade deles”, destaca. A iniciativa é do Ministério da Educação em conjunto com o Ministério do Meio Ambiente. O evento coloca os alunos como protagonistas no desenvolvimento, apresentação e julgamento de trabalhos de conscientização ambiental voltados, este ano, à água.

Thiago Marthendal

Transporte escolar A Secretaria da Educação e a Federação Catarinense de Municípios (Fecam) acordaram em 2018 um aumento de quase R$ 5,8 milhões de repasse do Governo do Estado para os municípios catarinenses custearem o transporte dos alunos da rede estadual. O montante passará de R$ 81,8 milhões em 2017 para R$ 87,6 milhões em 2018. O valor corresponde a um aumento de 7,5% sobre cada aluno transportado a uma distância acima de 24 km; 7,5% para alunos transportados a uma distância entre 12 e 24 km; e 9% para o transporte de a distâncias compreendidas entre 6 e 12km.

A professora Simone Schramm foi anunciada pelo Governo do Estado ao cargo de secretária de Estado da Educação, substituindo Eduardo Deschamps, que há sete anos estava a frente da pasta. Simone, que foi secretária executiva da Agência de Desenvolvimento Regional (ADR) de Joinville, assumiu oficialmente o cargo dia 02 de maio. Na ADR fez muito pela educação. “Com a equipe da ADR e da Gerência Regional de Joinville conseguimos avançar muito na qualidade do ensino e na infraestrutura das nossas escolas. Acredito que poderemos atingir as mesmas metas em toda Santa Catarina, e parte disso será a com equipe qualificada da Secretaria. Espero ainda poder contar mais com a presença da família em nossas escolas”, destaca. Simone começou a lecionar aos 14 anos em uma escola de Garuva e com 20 anos foi para Joinville. Aos 28 anos assumiu a Gerência Regional de Educação, na região Norte. Fez carreira no ensino tendo formação superior em Administração Escolar e Pedagogia. Em 1999 assumiu, como adjunta, a Secretaria de Estado da Educação. Dois anos depois, tornou-se a secretária.

Despedida O clima foi de despedida na Secretaria da Educação, na segunda-feira, 30 de abril. Após seis anos comandando a instituição, e mais um como secretário-adjunto, Eduardo Deschamps encerra um ciclo de muito trabalho em prol da educação catarinense. Deschamps vai se dedicar à presidência do Conselho Nacional de Educação (CNE) e a projetos como a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e a reforma do ensino médio. Permanece no Conselho Estadual de Educação (CEE), onde é conselheiro. “Foram sete anos de muito trabalho, conquistas e avanços na Secretaria, estou fechando um ciclo de muito sucesso. Só tenho a agradecer pela parceria e apoio de todos da SED, das Gereds e escolas”, disse. A secretária-adjunta, Elza Marina Moretto, também se despede e fala do trabalho realizado de forma colegiada e com o suporte de toda equipe da Educação. “Foi uma honra fazer parte da equipe, com toda a experiência que tenho ao longo de minha vida na área”, comenta. Além de secretária adjunta, Elza atuou como coordenadora do Fórum Estadual de Educação (FEE) entre os anos de 2012 e 2016, realizando com maestria e destaque a Conferência Nacional de Educação, etapa Estadual em 2013. Também é membro do Conselho Estadual de Educação (CEE).

fique sabendo PRÊMIO EDUCADOR NOTA 10

O JEITO CERTO DE FAZER AS COISAS

Estão abertas as inscrições para a 21ª edição do Prêmio Educador Nota 10, promovido pela Fundação Victor Civita, com o apoio do Consed e Undime, dentre outras entidades educacionais. As inscrições devem ser feitas até 27 de maio, exclusivamente via plataforma online: http:// premioeducadornotadez.com.br Podem se inscrever os professores que atuam na educação infantil, ensino fundamental e médio, mais coordenadores pedagógicos e gestores de escolas públicas e privadas de todo o país. Dentre os

Para motivar toda a sociedade a tomar atitudes positivas que visem o bem-estar coletivo é que a campanha “Jeito Catarinense - Jeito certo de fazer as coisas” foi lançada no final de abril em Chapecó, com a presença do governador Eduardo Pinho Moreira e do então secretário da Educação, Eduardo Deschamps. A campanha, criada pela Associação Catarinense de Emissoras de Rádio e Televisão (Acaert) em parceria com a Secretaria da Educação, envolve

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quase 120 mil alunos do ensino fundamental. Cada um vai receber cartões vermelhos e verdes que serão usados para demonstrar indignação

com ações negativas ou o reconhecimento para as ações positivas, indicando o jeito certo de fazer as coisas. Também serão distribuídas 10 mil cartilhas às escolas, com um conteúdo que foi analisado e aprovado por pedagogos e educadores catarinenses, com o apoio da Educação. No documento são apresentados alguns exemplos do jeito correto de tratar as pessoas, de tratar a natureza, de andar no trânsito e de cuidados com a saúde.

Jaqueline Noceti

50 finalistas escolhidos, dez receberão o certificado de Educadores nota 10, e dentre esses, sairá o Educador do ano. O concurso busca o incentivo ao desenvolvimento de projetos pedagógicos em escolas da rede pública brasileira, mostrando a importância da aprendizagem de crianças e jovens. Uma comissão selecionadora, composta por profissionais da educação e especialistas nas diversas disciplinas, analisará os trabalhos recebidos.Mais informações no site: https://fvc.org.br

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