Informativo da Província - Edição 277 - Junho/Julho/Agosto de 2022

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Órgão da Província Redentorista de São Paulo • Edição N. 277 • Junho, Julho e Agosto de 2022

70 anos da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro Redentoristas na Ucrânia: serviço em condições de guerra p. 5

100 anos da Novena perpétua em louvor à Mãe do Perpétuo Socorro p. 20


Conheça a vida e o legado do

PE. VÍTOR COELHO DE ALMEIDA


Sumário

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PALAVRA DO PROVINCIAL ESPAÇO DO LEITOR

14 a 21

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REFLEXÃO Redentoristas na Ucrânia: serviço em condições de guerra

agosto de 2022 8 ENTREVISTA

Aumento da pobreza no Brasil e o contexto evangelizador da Igreja

ouv ir: 10 14

HISTÓRIA DA PROVÍNCIA Jubileu dos 70 anos da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Jardim Paulistano

A voz d o 17

SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA “Quem vos chamou é fiel, e é ele que vai agir.” (1Ts 5,24) PARTILHA MISSIONÁRIA Missão em Monjolos

S e nhor 20 22

PASTORAL 100 anos da Novena perpétua em louvor à Mãe do Perpétuo Socorro

me

CURIOSIDADES Revitalização da Casa do Potim e a nova Capela de Campos do Jordão

cha m a 25

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ARTE & EVANGELIZAÇÃO PARA MAIS O restauro sacro como preservação daACESSE memória de fé INFORMAÇÕES:

RESENHA REDENTORISTA Afonso de Ligório – O triunfo da benignidade frente ao rigorismo ESPAÇO DIÁLOGO Maria no Ministério de Cristo e da Igreja


Divulgação

EXPEDIENTE INFORMATIVO DA PROVÍNCIA Junho, Julho e Agosto de 2022 Superior Provincial Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R. Editores Pe. Jonas de Pádua, C.Ss.R. Mário Pereira Revisão Luana Galvão Sofia Machado Design e Diagramação Mauricio Pereira e Junior Santos Foto de capa PASCOM Perpétuo Socorro Email: comunica2300@gmail.com

Reprodução

Tiragem: 700 exemplares

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PALAVRA DO PROVINCIAL

D

eus seja louvado, pois já atravessamos mais da metade deste novo ano! É uma grande graça e alegria perceber quanta coisa vai sendo possível realizar e construir com a ajuda de tantas pessoas! Realmente nossa vida é dinâmica, e não podemos ser indiferentes ao tempo e às oportunidades que Deus nos concede. Temos de viver intensamente cada momento e procurando em tudo semear o bem e a paz! Nesse sentido, a Celebração Jubilar de 70 anos de nossa Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, no Jardim Paulistano, tem muito a nos dizer! Primeiramente, é uma oportunidade ímpar para manifestarmos a Deus nossa gratidão por tantas realizações que Ele permitiu acontecer e que marcaram a vida de tantas pessoas que escreveram essa história, tanto os religiosos, como os leigos. Por outro lado, somos provocados a pensar se de fato assumimos os trabalhos paroquiais como um campo missionário e de interação com o mundo urbano, ou seja, com as muitas realidades que convergem dentro da vida paroquial, em uma grande metrópole. De modo que esse marco histórico jubilar deve projetar-nos com ainda mais audácia e coragem para frente. Olhando o passado com gratidão, devemos sonhar com esperança os dias vindouros, desejando, sobretudo, que a história continue e favoreça sempre mais passos corajosos e decididos. Portanto, reconhecemos o precioso legado evangelizador que a Paróquia construiu ao longo dessa caminhada e auguramos que prossiga com a mesma dedicação e o mesmo zelo pastoral das origens. Atualmente, é a paróquia mais antiga que está sob os cuidados da Província de São Paulo. Ademais, nossa vida e missão redentorista são desafiadas pela realidade de missionários na Ucrânia em plena guerra, pelo aumento da pobreza no Brasil e pela experiência pastoral em Monjolos. Jamais podemos deixar de nos questio-

Foto: Thiago Leon

Estimado leitor(a), familiar, confrade, amigo(a):

Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R. Superior Provincial nar sobre esses fatos e essas situações! Contamos com o bonito testemunho de confrades que sempre podem nos inspirar em nossa vida apostólica, como Pe. Vítor Coelho de Almeida, o grande apóstolo de Nossa Senhora Aparecida! Como sabemos, a vida é um constante construir e reconstruir! Daí o cuidado e zelo que devemos ter pelo patrimônio imobiliário da Província, ou seja, nossas casas e igrejas. É um modo responsável de preservar o que é de todos e está a serviço de nossa missão comum. A busca do “belo” é também o desejo recôndito de se aproximar de Deus, pois a arte nos evangeliza e nos remete à experiência do Mistério. E a celebração dos 100 anos da Novena Perpétua diz para todos nós a respeito da proclamação da presença da Mãe do Belo Amor, que sempre nos acompanha, socorre e protege no anúncio que fazemos da Copiosa Redenção. E na esteira de tantas pérolas, podemos ainda desfrutar da resenha de uma obra valiosa de nosso confrade Pe. Marciano Vidal sobre a moral alfonsiana, como igualmente conhecer o resultado da pesquisa sobre a figura de Maria, de um outro confrade. Enfim, vamos direto à fonte e desfrutemos com gosto cada página que segue!

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ESPAÇO DO LEITOR

Março, Abril e Maio de 2022 Edição N. 276

A edição N. 276 (março, abril e maio 2022) da Revista da Província redentorista de São Paulo foi a primeira lida por mim, e as impressões foram as seguintes: (1) A província de São Paulo comunga e procura, como o papa Francisco, uma Igreja que crie formas concretas de viver a sinodalidade; (2) também busca tornar real a reestruturação da congregação para dinamizar a evangelização missionária; (3) os redentoristas de São Paulo valorizam e protegem sua memória histórica, celebrando os dez anos de presença em Sorocaba, os quarenta e cinco anos do seminário São Clemente e refletindo sobre eles; (4) é uma província com sangue jovem e disposta a dar a vida pela abundante redenção, como se deduz, na vida e vocação dos neoprofessos do ano 2022. Em definitivo, o informativo é um espaço fundamental para se conhecer o caminho que a província de São Paulo percorre e como continua sua caminhada em comunidade. Fr. Jovani Cuéllar Peña, C.Ss.R. Juniorista da Província de Bogotá, Colômbia

ENVIE SUA MENSAGEM PARA A REVISTA “INFORMATIVO DA PROVÍNCIA” E-mail: comunica2300@gmail.com Facebook.com/redentoristassaopaulo Whatsapp: (12) 99179-7374

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REFLEXÃO

Redentoristas na Ucrânia: serviço em condições de guerra Breve história Os Redentoristas na Ucrânia foram fundados, em 1913, pelos missionários Redentoristas belgas, como ramo oriental da Congregação dos Redentoristas. Isso significa que estes na Ucrânia servem no rito bizantino da Igreja Greco-Católica Ucraniana. No início da Segunda Guerra Mundial, a jovem Congregação desenvolvia-se com sucesso.

Durante a era soviética de 1939, o regime comunista suprimiu as atividades da Igreja greco-católica nos territórios ocupados da Ucrânia. Em 1946, a Igreja Greco-Católica foi liquidada na União Soviética, e o clero e os fiéis foram forçados à clandestinidade. Nesse período, a Igreja continuou sua atividade, também de forma muito limitada e em condições extremamente difíceis. Com a queda da União Soviética e, com ela, do regime comunista totalitário, nos anos Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 5


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REFLEXÃO

90 do séc. XX, retomou-se a vida pública e eclesial na Ucrânia. A Congregação Redentorista começou a surgir da clandestinidade e prosseguiu o serviço.

Desafios em tempo extremo O tempo extremo põe à prova a flexibilidade de uma pessoa ou de uma instituição e as encoraja a buscar soluções eficazes. De 2014 ao início da guerra híbrida da Federação Russa na Ucrânia, os Redentoristas buscaram servir o povo, fornecer assistência espiritual e humanitária aos imigrantes e aos refugiados. Muitos de nossos confrades sacerdotes, particularmente os jovens – um total de 15 –, ofereceram-se voluntariamente como capelães militares. Visitas aos pontos próximos dos campos de batalha, entrega e escolta de bens humanitários, palestras terapêuticas espirituais, sessões de confissões para civis e militares, serviços em campo: tudo isso é um importante ministério do capelão militar. De 2017 até o início do período contemporâneo de guerra na Ucrânia, nas casas de retiro redentoristas da Província de Lviv, é mantido regularmente curso de reabilitação, tanto para militares feridos quanto para seus parentes e filhos.

Agravamento De 24 de fevereiro de 2022 ao momento da aberta agressão militar russa contra a Ucrânia, nós Redentoristas continuamos a prestar serviços 6 • Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022

nos pontos mais perigosos no Norte, no leste da Ucrânia e na Crimeia. Continuamos a desenvolver o ministério espiritual e social. Onde é possível, temos reforçado a presença de nossos confrades para sustentar os necessitados de maneira mais eficaz e fornecer-lhes cuidado espiritual e humanitário. Com o suporte do Governo Geral da Congregação e de muitos confrades de todo o mundo, podemos ajudar os refugiados e feridos, adultos e crianças, com medicamentos, alimento, roupas etc. Atualmente, nossas casas na Ucrânia oferecem abrigo aos refugiados internos. Aproximadamente 40 pessoas permaneceram abrigadas em nossa casa na cidade de Chernihiv (norte da Ucrânia), por três semanas durante os ataques à cidade. Durante e após os bombardeios, nossos confrades visitaram regularmente as áreas destruídas de Chernihiv, entregando alimento, medicamentos, água potável e outros suprimentos aos residentes atingidos. Com a restauração das ligações rodoviárias com Chernihiv, entregamos bens humanitários para posterior distribuição entre os necessitados da cidade e do entorno. Depois da libertação de Chernihiv e da região dos invasores, as irmãs missionárias redentoristas retornaram à cidade. Com elas, visitamos pessoas com ajudas humanitárias e rezamos juntos. Algumas dessas irmãs servem, com sucesso, como psicoterapeutas, o que é muito importante e necessário depois dos traumas vivenciados nos últimos tempos.


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REFLEXÃO

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Em Berdyansk (leste da Ucrânia), ajudamos as pessoas com a oração e a presença. Infelizmente, a entrada e a saída da cidade ocupada encontram-se fechadas. Rezemos para que aqueles que escolhem voluntariamente estar com as pessoas sejam livrados dos perigos. Nas grandes igrejas dos redentoristas, nas quais muitas se encontram no oeste da Ucrânia, foram instalados refúgios subterrâneos, aonde centenas de pessoas provenientes das redondezas chegam durante os ataques aéreos. Em nossas paróquias foram organizados grupos de leigos voluntários para ajudar as famílias pobres e os refugiados. Os leigos dos templos auxiliam também a encontrar ajudas humanitárias, classificá-las e distribuí-las posteriormente entre os necessitados. Outra atividade comum é confeccionar redes camufladas. Muitos leigos estão envolvidos nesse trabalho voluntário. Junto às irmãs missionárias e às irmãs redentoristas, e com nossos jovens, conduzimos cursos de primeiros socorros. Hoje, recebemos os refugiados nas casas de retiro dos Redentoristas, sendo principalmente mulheres e crianças, em um total de mais ou menos 200 pessoas. Em colaboração com voluntários leigos, nossos confrades distribuem refeições para os refugiados e para os militares, mais ou menos para 400 pessoas por dia. Em quase todas as nossas casas, recebemos e distribuímos ajudas humanitárias – alimentos, medicamentos, roupas – e ajudamos os refugiados a encontrarem abrigos, registrarem-se nos municípios e, em seguida, fazerem os documentos necessários. Agradecemos seu apoio, sua ajuda e recordação nas orações neste momento difícil para todos nós. Que a Senhora do Perpétuo Socorro oriente durante os horrores da guerra e que cesse a violência. Amém. Pe. Andriy Rak, C.Ss.R. Provincial da Província Lviv, Ucrânia

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ENTREVISTA Adobe Stock

Aumento da pobreza no Brasil e o contexto evangelizador da Igreja PasCom Perpétuo Socorro Educandos

A

pandemia do coronavírus, a inflação, o desemprego e outros fatores econômicos levaram o Brasil de volta ao Mapa da Fome das Nações Unidas. Um dos estados mais afetados em território brasileiro foi o Amazonas, com metade da população na linha da pobreza. O símbolo do pior momento da Covid-19 no Brasil foi Manaus, com falta de oxigênio e leitos em hospitais, impulsionando a criação da CPI da Covid, além da abertura de inquéritos contra diversas autoridades. Na capital amazonense desde 2019, Pe. Alfredo Viana Avelar, C.Ss.R, em entrevista à Revista da Província, falou sobre a missão realizada no estado e os desafios encontrados, sobretudo, após o início da pandemia. – Contextualizando sua missão no Amazonas, como os desafios transformaram-se ao longo dos últimos anos, em especial após o início da pandemia de Covid?

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Estou em Manaus desde janeiro de 2019. No primeiro ano, era formador de 24 seminaristas e colaborava como vigário paroquial na paróquia São Lázaro. Mesmo assim, consegui conhecer algumas cidades do interior e perceber os enormes desafios à evangelização: distâncias enormes, escassez de recursos econômicos e humanos, comunidades sem Eucaristia. Em 2020, com a pandemia, nosso estado foi fortemente afetado, sobretudo a capital, como todos puderam acompanhar. Os problemas próprios de uma grande cidade do Brasil agravaram-se, e aumentaram o desemprego, a fome, o número de pessoas vivendo em situação de rua, os roubos. Como se não bastasse tudo isso, a Zona Franca de Manaus vem sendo constantemente ameaçada. A saída de empresas do estado será um golpe muito duro contra a população. – Como você vê a atuação da Igreja no acolhimento às pessoas diretamente impactadas pelo aumento da pobreza?


ENTREVISTA PasCom Perpétuo Socorro Educandos PasCom Perpétuo Socorro Educandos

Vejo uma Igreja atenta à realidade do estado do Amazonas e comprometida na defesa dos mais pobres. Paróquias e Áreas Missionárias vêm sendo pontes para fazer chegar o alimento às famílias em situação de extrema necessidade. As pastorais sociais, ainda que com escassos recursos econômicos e humanos, vêm sendo uma presença profética junto aos mais necessitados. Como a proporção dos problemas gerados pelo aumento da pobreza é enorme, a Igreja não consegue ainda solucioná-los, mas minora o sofrimento dos irmãos em necessidade. – Assim como todo o Brasil, o Amazonas vê a pobreza crescer ano após ano. Dados da FGV, em 2021, mostram que os pobres representam quase a metade da população do estado. Como as pastorais estão acompanhando essa escalada e quais ações estão sendo feitas para amenizar a situação dos mais desamparados?

A Cáritas arquidiocesana de Manaus faz um bonito trabalho para amparar os mais necessitados, por meio da Pastoral do Migrante, atendendo os venezuelanos, cujo número cresce exponencialmente, e também por meio da Pastoral do Povo de Rua, uma vez que essa população cresce a cada dia. As ações são bem emergenciais: alimentação, moradia, documentação, capacitação profissional. – Quais as virtudes e os desafios para um missionário que vive nesse contexto? Penso que ter uma profunda intimidade com Jesus, que leva à sensibilidade diante dos sofrimentos dos pobres; disponibilidade para as coisas mais difíceis; um respeito às muitas culturas que aqui coexistem; uma admiração pelos povos e pela floresta; e um compromisso com sua defesa. Os desafios são muitos, mas talvez o maior seja chegar à vivência da interculturalidade. Mário Pereira, jornalista do A12 Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 9


PASCOM Perpétuo Socorro

HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

Jubileu dos 70 anos da Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro – Jardim Paulistano

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ossa comunidade alegra-se por celebrar os 70 anos de vida no seguimento a Jesus Cristo, nosso Redentor, abençoados e protegidos por Nossa Senhora do Perpétuo Socorro. Tudo começou com a generosidade da família Ferreira da Rosa, que, em 1941, doou o terreno para a Mitra Arquidiocesana de São Paulo, para construir uma Igreja no local. Em 1951, os Padres e Irmãos Redentoristas, a convite do Arcebispo Metropolitano, Dom Carlos de Vasconcelos Motta, assumiram a missão de formar a Comunidade Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e dar início à construção da Igreja. No local, onde hoje temos o salão paroquial, foi construída uma pequena capela, ampliada mais

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tarde, para a realização das primeiras celebrações e reuniões, sempre com a presença dos Missionários Redentoristas. Após a aprovação do projeto do arquiteto Benedito Calixto, com a colaboração de moradores do bairro, deu-se início à construção da Igreja. Em 7 de setembro de 1952, o Arcebispo erigiu por meio de um decreto a nova Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, nomeando como pároco o Padre Alexandre Rodrigues Morais (Padre Moraizinho) e, como vigários paroquiais, os padres Aristides Menezes e Osvaldo Arrighi. Enquanto se trabalhava na construção da Igreja, as celebrações, reuniões e outros eventos comunitários aconteciam na capela improvisada.


HISTÓRIA DA PROVÍNCIA PASCOM Perpétuo Socorro PASCOM Perpétuo Socorro PASCOM Perpétuo Socorro

A sagração do altar se deu no dia 15 de agosto de 1957, pelo Bispo Auxiliar da Arquidiocese de São Paulo, Sua Excia. Revma. Dom Antonio Ferreira de Macedo, C.Ss.R. O Livro das Crônicas da Casa do Jardim Paulistano, casa paroquial, mostra-nos que: “No sepulcro das relíquias, foram postas, juntamente com os três grãos de incenso, as relíquias dos mártires São Letâncio e São Dignacião e as relíquias de Santo Afonso, São Clemente e São Geraldo”. Em seguida, Dom Macedo presidiu a Eucaristia. Ao longo dos anos, além da Igreja, foi levantado o salão paroquial, com o salão de festa, salas para reuniões e palestras, e foram feitas algumas adequações, de acordo com as necessidades da comunidade. Posteriormente, o pintor Sansom Flexor foi convidado para realizar a “Decoração da Igreja”. Após apresentação de seu projeto, em abril de 1958, ele iniciou a pintura “afresco” sobre reboco fresco. A pintura teve seu término em 1964. Nas paredes do corpo da Igreja, estão figuras em fileiras, representando a Igreja Caminhante, de um lado, e do outro lado, estão figuras de santos que representam a Igreja Triunfante. Na parede do lado esquerdo do altar, a pintura retrata o desespero de uma família na 2ª Guerra Mundial, salva pela intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, e do outro lado do altar temos a imagem do Purgatório. No centro da cúpula da Igreja, encontramos a Pintura do ícone de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e as figuras dos Santos Evangelistas e de São João Batista, São José, São Pedro e Santo Afonso. Na entrada da Igreja, encontra-se o Batistério, onde foi retratado o Batismo de Jesus. É uma bela obra de arte!

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HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

Mário Pereira

Mário Pereira

PASCOM Perpétuo Socorro

A Igreja existe graças a todos os filhos de Deus que deram seu sim para participar e ajudar em seu crescimento. Muitos desses irmãos que estiveram conosco no início da comunidade já partiram para Deus, outros permanecem em nosso meio, outros chegaram depois, dando continuidade à vida e missão paroquial, e outros virão com a graça de Deus. Além dos Sacramentos realizados em nossa Igreja, muitas pastorais, muitos movimentos e grupos se organizaram ao longo desses anos, alguns nem existem mais, outros surgiram e outros poderão surgir. Nosso obrigado a todos pelo amor e pela dedicação a serviço da Missão em nossa Paróquia. Que Nossa Senhora do Perpétuo Socorro abençoe a todos. No dia 27 de junho de 2021, dia da Solenidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, demos início às celebrações do Ano Jubilar em nossa paróquia. Dom Odilo Pedro Scherer, Arcebispo de São Paulo, presidiu a Missa de abertura do Jubileu. No mês de julho, contamos com a presença de Dom Carlos Lema Garcia, Vigário Episcopal da Região Sé, e nos outros domingos, perto do dia 27, celebramos solenemente a vida de nossa Paróquia. Em cada

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Mário Pereira

PASCOM Perpétuo Socorro

HISTÓRIA DA PROVÍNCIA

domingo festivo, contamos com a presença e participação de párocos e vigários paroquiais que nesta paróquia trabalharam e das diversas pastorais, dos grupos e movimentos da paróquia. No dia 26 de junho de 2022, com a Solenidade de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, encerramos as Celebrações do Ano Jubilar com a Missa presidida, às 12h, pelo Pe. Marlos Aurélio da Silva, C.Ss.R., Provincial Redentorista da Província de São Paulo, e concelebrada por muitos confrades redentoristas. Após a missa, tivemos uma fervorosa procissão, em torno da praça em frente à igreja, com o andor do ícone de nossa padroeira; todos os presentes tiveram a oportunidade de “brindar” com muita alegria o Jubileu dos 70 anos da Paróquia, no salão paroquial. Na celebração da noite, o novo Bispo da Região Sé, Dom Rogério Augusto das Neves, presidiu a Santa Missa e visitou os confrades da Comunidade Redentorista Nossa

Senhora do Perpétuo Socorro, do Jardim Paulistano, no convento construído ao lado da igreja. Com as Bênçãos de Deus e a intercessão de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, Santo Afonso e todos os Santos e Beatos Redentoristas, queremos dar continuidade ao anúncio da Boa-nova de Jesus nesse lugar, em unidade com toda a Congregação do Santíssimo Redentor, com o Plano Pastoral e a Evangelização da Arquidiocese de São Paulo, e com o Papa Francisco, sempre com a mente e coração abertos para enfrentar os desafios apresentados pela sociedade. Louvado seja Deus por tantas bênçãos derramadas sobre esse pedaço de chão ao longo desses 70 anos e agradecemos a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro sua proteção e intercessão a todos nós. Pe. Geraldo de Paula Souza, C.Ss.R.

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Arquivo pessoal

SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA

“Quem vos chamou é fiel, e é ele que vai agir.” (1Ts 5,24)

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oi padre – sonhou – e amou na vida! Parafraseando Álvares de Azevedo, em “Lembranças de Morrer”, é uma indicação para a campa fria à espera da ressurreição. Eis que em 2022 fui oficialmente aposentado, agora pelo INSS. Pela segunda vez, resido na comunidade das pesquisas religiosas, no Ipiranga. Sou o curador da biblioteca provincial. Estou às voltas com a pesquisa e redação sobre a história da Província Redentorista de Goiás. Neste quadriênio, escalado para a produção de textos históricos sobre os Redentoristas, tenho me dedicado a escrever sobre as fundações redentoristas que não aconteceram no Brasil: alemãs, austríacas e polonesas.

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Em 2018, o provincial da época não sabia se me transferiria para Porto Alegre (RS) ou para o Potim (SP). Publicou-se a minha transferência para o Potim, onde não apareci. Fui para Campo Belo (MG), para escrever a história dos 200 anos da paróquia em que fui batizado, crismado e ordenado padre. No triênio de 2015/17, fiquei responsável pela Comissão do Patrimônio Histórico/arquivo provincial e escrevi a história da Vice-Província de Manaus. No triênio de 2012/14, estive redigindo a biografia de Padre Vítor Coelho e também, além da vida e obra, escrevendo “Rezar 15 dias com Padre Vítor”. Em 2011, fui vigário na Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, em São João da Boa Vista. A pedi-


Arquivo pessoal

do do superior, iniciamos um galinheiro no quintal, obra que permanece. Em 2010, morei em Fortaleza (CE), onde lecionei na Faculdade Católica e escrevi a história da Vice-Província de Fortaleza. No ano de 2009, passei na comunidade Padre Gebardo, em Aparecida, em ano de ressaca acadêmica. Havia sido demitido do Itesp, em São Paulo, onde lecionei nove anos. Entrei lecionando, sai lesionado. Lesa-ecclesia! De 2000/08, estive a primeira vez na comunidade das pesquisas religiosas, outrora casa dos professores. Lecionei no Itesp, Pio XI e em uma faculdade católica em Pouso Alegre (MG). Em 2004 voltei a Roma para cursar um semestre para os créditos para o doutorado. Optei por escrever a tese no Brasil, encontrando resistência em Roma e aqui, pois ficar em Roma interessa para as instituições envolvidas. No começo de 2006 defendi, na Pontifícia Universidade Gregoriana, a tese sobre a fundação redentorista bávara no Brasil, em São Paulo e Goiás. De 1997/99, vivi em Roma, para o mestrado em História da Igreja. Escrevi a dissertação sobre o processo de romanização da Igreja no Brasil, em meados do século XIX. Morar fora do país vale por uma faculdade. Ainda que tivesse toda a infraestrutura da Congregação, é desafiante, em vários sentidos, respirar o ar com outra linguagem. Em meados de 1994/97, morei em Goiânia. Estive diretor no Instituto de Filosofia e Teologia de Goiás e na formação de redentoristas. Antes, já havia trabalhado na formação, de 1991/94, no Seminário Santo Afonso, em Aparecida. Recém-saído dos estudos teológicos na capital, com 26 anos de idade, fui trabalhar no seminário: repeti, de maneira cega e surda, tudo de dificuldade que eu havia passado no final de meu período de formando. No curso de teologia, 1987/90 – que maravilha vivida –, ao final, fui colocado no gancho. Depois de dez anos como formando, recebi a notícia de que eu era inapto para continuar. No final de 1990, mudou tudo: diretor, provincial, triênio... eu já havia decidido deixar a Congregação, aliás, conformado com a dispensa. Eis que o novo provincial inverteu tudo. Transferência, votos perpétuos, diaconato e presbiterato... tudo, em apenas oito meses. O mundo não gira, ca-

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SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA

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SUA HISTÓRIA, NOSSA HISTÓRIA pota! Respondi ao provincial: “Você terá problema com o formador por esta decisão. Mas, não irei decepcioná-lo. Eu fiquei dez anos como formando e, nos dez próximos anos, como padre, eu me garanto”. Bem ou mal, passaram-se 32 anos... Retrato da dura realidade em conjugar instituído e instituição. Aquele tem vontade, desejos, gratidão, dor, alegria... esta só quer o instituído, sem vontade, sem desejos... quase anjo. Ingressar na Vida Religiosa não nos isenta da volatilidade nos relacionamentos, dos jogos interesseiros, das disputas por cargos, dos enca(rre)gados em postos altos com sobra$ de campanha, do clericalismo/carreirismo doentios... enfim, padecemos das mesmas mazelas palacianas e planaltinas. Fiquei padre em 3 de agosto de 1991, por Dom Luciano Mendes, SI. Diácono, em 14 de abril de 1991, por Dom Lelis Lara, C.Ss.R. A primeira profissão foi em 1º de fevereiro de 1987, na basílica nova de Aparecida. Eu ficara encarregado pelos noviços de convidar o Padre Vítor Coelho para a missa de profissão. Para nossa alegria e a de nossos familiares, ele se fez presente. Alguns meses depois ele faleceu. Nunca imaginaria que seria seu biógrafo. O noviciado foi em Tietê, 1986; filosofia, em Campinas, 1983/85; e fiquei dois anos em Sacramento (MG), 1981/1982. Enfim, nasci em 15 de janeiro de 1964, em Campo Belo (MG). O tempo cura até queijo, ainda mais se for mineiro. Na teia da vida e no emaranhado socioeclesial, ao chegar à idade de síntese, percebemos a relatividade do caminhar sem perder a objetividade da Opção Fundamental: amar! O amor cura! O Absoluto é somente Deus, a dor e a fome! Instituições, congregações, títulos, cargos, CPF, RG, provinciais, superiores, curriculum vitae, ficha pessoal... como o tempo cronológico: está passando, fica vencido! O tempo kairótico é graça. Gratidão! Antes do epitáfio, a graça divina da Redenção nos permite dizer a tudo e a todos, envolvidos na tessitura existencial: Obrigado! Desculpa! Deus lhes pague! Pe. Gilberto Paiva, C.Ss.R.

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PARTILHA MISSIONÁRIA

Missão em Monjolos

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termina nela. A estrada para além de Monjolos é empoeirada na seca e barrenta nas águas. Trata-se de um povo de pele bem morena com traços muito acentuados da raça negra. É alegre, solidário, acolhedor, festeiro e religioso. Embora a internet atinja toda a extensão do município e as pessoas façam uso dela a todo tempo, principalmente das Redes Sociais, a população de Monjolos tem como principal hobby uma tradição milenar originária da era medieval, a “Corrida de Argolinha”. Todas as cidades da região e quase todas as comunidades rurais têm uma pista e seus times de corredores. Também é muito apreciada a “cavalgada”. Arquivo pessoal

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m setembro de 2021, uma equipe composta de 4 Missionários Redentoristas (Sebastião Fernandes, Denis Francisco, Alessandro Ferreira e Domingos Vasconcelos), a pedido de Dom Darci José, Arcebispo de Diamantina, MG, assumiu o serviço pastoral em duas pequenas paróquias (Santo Hipólito e Monjolos) da Diocese. Em janeiro de 2022, iniciei minha vida missionária nesta terra. Monjolos é um município com aproximadamente 2.400 habitantes, situado na Bacia do Rio das Velhas em um vale da Serra do Cabral, e tem como principal atividade econômica a pecuária de corte e de leite. É uma cidade “fim de linha” já que o asfalto da MG-135

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A maioria dos monjolenses se declara católica. A Paróquia tem como padroeira Nossa Senhora da Conceição e é composta da igreja matriz na cidade e 8 comunidades rurais. Diferentemente de outras regiões do estado mineiro, as igrejas em Monjolos são pobres em arte, tanto na construção dos templos quanto nas imagens, alfaias, nos objetos litúrgicos, etc. A maioria das comunidades católicas tem suas “barraquinhas” de festa, que geralmente são grandes e muito frequentadas pelo povo. Por outro lado, as igrejas só enchem nas celebrações de Missas de Sétimo Dia, Casamentos e outros motivos sociais. O que nos leva a dizer que o povo tem um espírito religioso e solidário, mas não se sente “obrigado” a uma prática religiosa/litúrgica. Aí está o grande desafio dos Redentoristas nessa ação missionária.

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PARTILHA MISSIONÁRIA


Arquivo pessoal

PARTILHA MISSIONÁRIA Estamos acostumados a convocar o povo para a celebração dos sacramentos e das práticas piedosas; geralmente tocamos o sino e esperamos o povo nos templos. Em Monjolos essa estratégia não está surtindo efeito, principalmente na matriz. Querendo encontrar o povo, celebramos nas casas e realizamos visitas residenciais, tentando ser “uma igreja em saída”; montamos a Web Rádio www.vozdacomunidademissionária, com programação 24 horas, na qual veiculamos catequese, estudo bíblico, palavra do bispo, músicas, mensagens etc.; iniciamos encontros de formação e, nas festas dos padroeiros, ficamos nas comunidades rurais por pelo menos 4 dias, com o objetivo de ser presença missionária. Contudo o maior desafio dos Redentoristas aqui é encarnar na vida e na história desse povo, é entender a linguagem para anunciar explicitamente a Boa Notícia. Nossa presença em Monjolos pode ser um renascimento do Projeto Missionário iniciado por Santo Afonso; talvez esta terra seja nossa manjedoura, e os monjolenses os pastores/vaqueiros abandonados no meio do cerradão mineiro. Pe. João Batista de Almeida, C.Ss.R. Arquivo pessoal

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PASTORAL

Arquivo pessoal

100 anos da Novena perpétua em louvor à Mãe do Perpétuo Socorro

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mas das formas mais conhecidas de manifestar a devoção à Mãe do Perpétuo Socorro é a novena perpétua, que semanalmente é celebrada nas igrejas onde nós, missionários redentoristas, atuamos pastoralmente. Seja às terças ou quartas-feiras, em todo o mundo, multidões de fiéis acorrem a nossos santuários, nossas paróquias, comunidades, igrejas conventuais para, com fé e devoção, pedir e agradecer tudo o que Deus lhes concede por intermédio da Mãe do Perpétuo Socorro. Neste ano a Novena perpétua completa 100 anos de existência, e a pergunta que

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muitos fazem é: onde e quando surgiu essa prática devocional que semanalmente rezamos? A novena perpétua nasceu na igreja de Santo Afonso, na cidade de Saint Louis, estado de Missouri nos Estados Unidos, região pertencente à antiga província de Saint Louis (atual província de Denver). Desde o ano de 1913, em todo terceiro domingo de cada mês, realizava-se uma reza na igreja de Santo Afonso, guiada pela Arquiconfraria do Perpétuo Socorro. O missionário redentorista Pe. André Browne, C.Ss.R., logo sentiu a necessidade de algo que pudesse satisfazer ainda mais a devoção


Ir. Orlando Augusto, C.Ss.R.

Mário Pereira

dos fiéis. Foi então que teve a ideia de introduzir esse piedoso exercício de oração de modo semanal. Para isso, escolheu a quarta-feira por ser considerada um dia mais livre. A primeira novena perpétua foi rezada na igreja de Santo Afonso, no dia 11 de julho de 1922, e tinha um esquema bastante parecido com o que era feito pela Arquiconfraria, isto é, um roteiro com leitura de pedidos e agradecimentos, cânticos, pregação, oração a Nossa Senhora do Perpétuo Socorro e uma prece com atenção especial aos doentes. Com o tempo a nova prática devocional foi ganhando cada vez mais força. Após ganhar notoriedade nos Estados Unidos, a novena perpétua foi difundida inicialmente nos países de língua inglesa e, no decorrer do tempo, foi rapidamente se espalhando por todo o mundo. Em nossa província, a novena chegou no ano de 1952, inicialmente, às cidades de São Paulo e Araraquara-SP. Atualmente, destacamos o Santuário dedicado à Mãe do Perpétuo Socorro, em São João da Boa Vista-SP. Por lá, as novenas contam com uma grande participação de fiéis, tanto pela própria celebração, quanto pela busca do auxílio espiritual, por meio do atendimento das confissões e dos aconselhamentos que acontecem durante as novenas. Na paróquia do Jardim Paulistano, também dedicada à Mãe do Perpétuo Socorro, localizada na capital paulista, semanalmente um número razoável de pessoas participa ativamente das novenas celebradas. A igreja de Santa Cruz, em Araraquara-SP, acolhe, às quartas-feiras, cerca de 4.000 pessoas, que semanalmente participam das novenas, que são celebradas em vários horários durante o dia. Além de ser um momento de manifestar a devoção à Mãe do Perpétuo Socorro, a Novena Perpétua é uma importante ação pastoral de evangelização do povo de Deus que fervorosamente busca o auxílio espiritual. Que a Mãe do Perpétuo Socorro interceda sempre por todos nós e nos guie sempre em nossa missão pelas estradas da vida rumo ao Céu.

Arquivo pessoal

PASTORAL

OUÇA AQUI: Padres redentoristas compõem músicas sobre o centenário da novena perpétua

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Gustavo Cabral

CURIOSIDADES

Revitalização da Casa do Potim e a nova Capela de Campos do Jordão

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Comissão para o Patrimônio Histórico-C.Ss.R.

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as nossas muitas obras, podemos destacar a revitalização da Casa do Potim, conhecida hoje como Casa Comunidade Irmão Bento. Sabemos que tudo aquilo que é concreto, que é material, com o tempo, exposto ao vento, à chuva e às outras intempéries da natureza, vai se desgastando, vai se decompondo e é preciso fazer a manutenção. Quando é dada uma manutenção periódica, então preventiva, ela se mantém por mais tempo e com menos despesa. Quando não se faz isso, chega um momento em que tem de se fazer uma intervenção corretiva, uma reforma talvez de maior envergadura; e isso demanda tempo. A Casa do Irmão Bento, no Potim, já estava precisando de reforma, uma vez que é bastante antiga, feita há mais de 60 anos, e que lhe foi dada, a partir do próximo ano, outra finalidade. O local

Obras da Casa Irmão Bento, em julho de 2022.

Imagem de arquivo da Casa do Potim.


CURIOSIDADES na Serra da Mantiqueira, é a construção de uma capela. Muito frequentada e lugar fantástico para descanso, retiros, encontros e reuniões, a casa não tinha um espaço adequado para uma capela. Gustavo Cabral

Piscina é uma das novidades da Casa do Potim. Arquivo pessoal

vai passar a acolher confrades, padres e irmãos que já estão doentes, debilitados, que precisam de um espaço mais tranquilo, com um pouco mais de silêncio e com um amplo espaço externo, para momentos de convívio, recreação e integração. Essa revitalização acontece dentro das normas de segurança da AVBC, tendo, a partir de sua inauguração, ambulatório, enfermaria, quartos especiais de PNE, além de piscina e sala de fisioterapia. Tudo para dar mais conforto e respeito a nossos confrades de mais idade, que tanto trabalharam pela Congregação. Em Campos do Jordão, a casa, propriamente dita, foi substanciosamente reformada, durante um período não muito longo, em um tempo recente. A novidade agora,

Construção da capela em Campos do Jordão, em junho de 2022. Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 23


CURIOSIDADES

Gustavo Cabral

Os momentos de oração eram sempre realizados na sala, na copa, por isso estamos construindo esse espaço de oração. A capela irá combinar com o espaço da natureza, com vidros, com uma visão de dentro para fora.

Entrega das reformas

que. Essa obra deve ser concluída no fim de 2022, para início da mobília. A expectativa de inauguração desse espaço tão significativo para a Província de São Paulo é para janeiro de 2023. Pe. José Vilas Boas, C.Ss.R. Gustavo Cabral

O prazo de entrega para a capela da casa de Campos do Jordão está previsto para o fim do mês de julho. Após a inauguração, o espaço estará liberado para os confrades visitarem, celebrarem missa, rezarem e passarem um dia agradável por lá. A reforma da Casa Irmão Bento, no Potim, irá demandar um pouco mais de tempo, por causa de suas condições, seu tamanho e do que está também em torno, assim como a revitalização de nosso bos-

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ARTE & EVANGELIZAÇÃO

Gilberto Labriola

O restauro sacro como preservação da memória de fé

Toda arte é condicionada por seu tempo e representa a humanidade em consonância com ideias e aspirações, necessidades e esperanças de uma situação histórica particular. Mas, ao mesmo tempo, a arte supera essa limitação e, dentro do momento histórico, cria também um momento de humanidade que promete constância no desenvolvimento.

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esde os primórdios da Igreja Primitiva, os cristãos utilizavam a arte, para se comunicarem com o Sagrado, extraindo-a do imaginário da fé e do que observavam – elementos, formas e cores – para se expressarem. Passando por vários períodos, a arte sacra, seja em sua função

iconográfica, arquitetônica, em seus ritos e em seus escritos, cumpre um papel fundamental na educação e comunicação com o Sagrado. Em cada tempo, a expressão artística ocupou-se em responder ao momento cultural e histórico da fé. Ao criar, o artista sacro lê e interpreta os sinais Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 25


sagrados do lugar em que se está inserido. Por isso são tão importantes o cuidado e a preservação, uma vez que eles guardam não somente a oração, mas também a memória da fé de um tempo. Nesse sentido, vale ressaltar a importância que esses sinais sacros têm para a história da Igreja, sobretudo para a fé e a comunicação com o Sagrado, feitas há mais de dois mil anos. Infelizmente, devido à deterioração do próprio percurso do tempo, da falta de manutenção, de recursos e de consciência, muitos elementos da história da arte sacra foram perdidos. Alguns estão em estado de má conservação, outros sofreram intervenções irreparáveis. Como Missionário Redentorista, pude, desde o seminário menor, cultivar algo que trouxe de minha experiência familiar, em um caráter mais simples e sem muitas técnicas: o gosto pela arte sacra. Hoje, estando à frente do Santuário do Senhor Bom Jesus de Pirapora, posso perceber, de maneira mais estruturada e técnica, a importância de cuidar e fazer a manutenção do patrimônio e da história. Ressalto isso, pois, em 2025, celebraremos os 300 anos do encontro da Imagem Milagrosa do Senhor Bom Jesus. Uma história que começou em 1725, quando, às margens do Rio Anhembi – atual Rio Tietê –, encontraram a Imagem do Senhor Bom Jesus. Desde então inúmeros são os sinais de Deus realizados nessas terras de Pirapora. O edifício que hoje abriga a Imagem Milagrosa foi sagrado como santuário em 1887 e guarda em suas paredes vitrais, pinturas e arquitetura toda essa história. Em 2018, quando os Missionários Redentoristas 26 • Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022

Gilberto Labriola

Comissão para o Patrimônio Histórico-C.Ss.R.

ARTE & EVANGELIZAÇÃO

assumiram a administração do Santuário, iniciou-se, depois de uma avaliação técnica e especializada, a preparação de um projeto para o restauro de todo o patrimônio. Nesse sentido, buscou-se uma empresa que atendesse toda a realidade e complexidade do Santuário, levando em consideração toda a sua história e sua importância cultural e religiosa. Desse modo, depois de uma criteriosa pesquisa e avaliação, a empresa Cantaria iniciou, em 2018, o levantamento histórico, a identificação e o conhecimento do bem, o diagnóstico, a proposta de intervenção e os projetos complementares. Esses são alguns dos caminhos realizados para o cuidado e a manutenção de um patrimônio histórico e artístico. São necessárias muitas pesquisas e buscas de referências que aproximem da originalidade. Todo esse trabalho deve ser alinhado e aprovado com os órgãos públicos, uma vez que o Santuário é um patrimônio histórico. Desse modo, para obter uma maior coerência entre a história e as necessidades atuais, entre a possibilidade e a realidade de restauração, são


Gilberto Labriola

Gilberto Labriola

Gilberto Labriola

ARTE & EVANGELIZAÇÃO

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realizadas as prospecções – identificação de toda a arte contida e análise do material encontrado. Nessa fase, com ajuda do levantamento fotográfico e dos registros históricos, é possível chegar ao estilo de arte, de seus autores, suas técnicas, seus materiais, estilos etc. As prospecções possibilitam compreender, em um processo de restauração, até que ponto o restauro será viável e possível, uma vez que as técnicas eram manuais e todo o material tinha por base elementos e composições para pigmentação natural. Em paralelo a esse estudo de referência e originalidade, é realizada uma catalogação de tudo o que existe e participa da função pastoral e litúrgica do espaço. Ou seja, o espaço de culto, quando restaurado, deve ser levado em conta. Ele não é nem vai tornar-se um museu, continuando a serviço de uma comunidade de fé. O santuário acolhe, todos os fins de semana, peregrinos de vários lugares. Encontram no Santuário seu lugar de rezar e falar com Deus. Mesmo o espaço sendo antigo, de outro período histórico e artístico, em seu processo de restauro, deve ser levada em conta a questão litúrgica atual. Ou seja, é preciso bastante cuidado para que a função primeira do espaço, a ação litúrgica, corresponda à realidade atual. Assim, o templo, igreja visível, deve manifestar a Igreja viva, que somos nós. Sua adaptação não deve ser uma cópia do passado, 28 • Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022

Gilberto Labriola

Gilberto Labriola

Gilberto Labriola

ARTE & EVANGELIZAÇÃO

mas adequada para o modo que se celebra e vive a liturgia hoje, ou seja, de acordo com a renovação do Concílio Vaticano II. Ao se aproximar da arte, o indivíduo conecta-se com os elementos singulares do Criador. Contudo a beleza da obra, da pintura, da arquitetura, do rito não vem da harmonia das proporções, da combinação das cores ou da emoção, mas de uma profunda experiência mística, nascida de dois encontros: da criação – homem – e da descida do Criador – Deus – na vida das pessoas. Pois é Ele mesmo que, em seu livre agir, toca nosso intelecto para nosso relacionar, de modo que cada um possa imprimir em si mesmo algo de Deus para representar. Pe. Marcelo Magalhães, C.Ss.R.


Arquivo C.Ss.R.

RESENHA REDENTORISTA

Afonso de Ligório O triunfo da benignidade frente ao rigorismo

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m 2012, o redentorista Marciano Vidal apresentou sua História da Teologia Moral, obra saudada como extremamente importante e necessária. Porém, quando o editor da revista Theological Studies soube tratar-se de um projeto maior, com previsão de 10 volumes, do Gênesis ao Vaticano II e além, desacreditou da possibilidade física de sua concretização. Felizmente, hoje, dez

anos depois, e com 7.200 páginas já publicadas, na iminência do lançamento do 9º volume, o coro dos incrédulos diminuiu e a obra vai se tornando uma grata realidade também no Brasil. De fato, é dessa coleção que saem agora (Santuário/Scala) os dois primeiros, de quatro volumes (2.000 páginas), da parte dedicada ao patrono dos confessores e moralistas: Afonso de Ligório, Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 29


RESENHA REDENTORISTA o triunfo da benignidade frente ao rigorismo. São 26 seções, divididas em 6 grandes grupos: a) a paisagem; b) a figura; c) a mensagem; d) a moral afonsiana; e) a espiritualidade afonsiana; f) visão de conjunto sobre Afonso de Ligório. Como o próprio autor declara na introdução, seu objetivo é oferecer um balanço, o mais completo possível, do significado histórico de Afonso de Ligório, prometendo ao leitor que, ao final: 1) conhecerá o conteúdo de todas as obras de Afonso; 2) entrará em contato com (quase) toda a produção bibliográfica de temática afonsiana; 3) contará com uma biografia completa da obra principal de Afonso, sua Theologia Moralis, analisada com o método original que o autor denomina método sociobiográfico; 4) encontrará, em poucas obras, análise tão minuciosa sobre o pensamento moral de Afonso e história tão detalhada de sua recepção, sentindo-se feliz o autor por ter cunhado neologismos de ampla recepção: liguorização da moral católica e benignidade pastoral; 5) sentir-se-á mais satisfeito com determinados conjuntos temáticos: a ampla exposição sobre a espiritualidade afonsiana, a análise da experiência familiar de Afonso, a apresentação de sua formação civil e eclesiástica ou a descrição da trajetória biográfica do santo napolitano, em que será apresentado o Afonso escritor.

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6) poderá, em poucas obras gerais, dispor de tantos conhecimentos necessários para avaliar a contribuição de Afonso aos vários campos do saber teológico: teologia bíblica, teologia da história, teologia dogmática e apologética. Se o inteligente leitor já conhecer outros escritos meus, diz Vidal, saberá que me agradam a clareza e a simplicidade – quem sabe, sejam a mesma coisa – no plano da obra. Como se vê, Marciano Vidal não usa a palavra, mas bem poderíamos chamá-la enciclopédia de Santo Afonso: pastoral, na medida em que oferece material da melhor qualidade para a reflexão atual; e formativa, guiando, da melhor maneira possível, os que começam a adentrar na mina de ouro que é o pensamento do santo napolitano. De fato, o fazer moral de Santo Afonso já foi comparado com um canteiro de obras. Hoje, bem poderíamos compará-lo com uma mina. Muito ouro já saiu dela, mas muito ainda esperam os exploradores bem equipados. Um imperito enxergará barro e pedras. Um afoito não saberá distinguir a pirita. Um desavisado correrá o risco de cavar no lugar errado e acabar soterrando tudo, a si mesmo, inclusive. Marciano Vidal, com a experiência de décadas – e tanta riqueza já disponibilizada, agora reunida em uma só obra – oferece o mapa preciso para a contínua redescoberta de Afonso e sua mensagem para o século XXI. Pe. Claudiberto Fagundes, C.Ss.R.

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ESPAÇO DIÁLOGO

Maria no Mistério de Cristo e da Igreja Capítulo VIII da Constituição Dogmática Lumen Gentium

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Concílio Ecumênico Vaticano II (19621965), convocado pelo papa João XXIII, foi um evento eclesial que deu novos rumos à caminhada da Igreja Católica, abrindo um novo horizonte teológico, eclesial e mariológico. Após um longo debate sobre o papel de Maria na Igreja, o Papa Paulo VI, em nome dos padres conciliares, destacou que Maria não é apenas Mãe da Igreja,

Madonna del Libro - Sandro Botticelli

ela é também filha da Igreja, ela é membro da Igreja, pois em sua liberdade quis associar-se a seu Filho Jesus e assim também associar-se à Igreja de Jesus Cristo. Com o título “Mater Ecclesiae”, Maria é consagrada “como membro supereminente e de todo singular da Igreja”. Daí emana toda relação entre Maria e a Igreja, que culminou na publicação do Capítulo VIII da Constituição Dogmática Lumen Gentium. Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022 • 31


ESPAÇO DIÁLOGO Com a cooperação de Maria, o Mistério da encarnação rompeu o silêncio dos tempos antigos e tornou-se revelado na pessoa de Jesus Cristo. A inserção de Maria nesse mistério como fundamento da economia da salvação foi inicialmente refletida em diversos Tratados de Teologia Sistemática, à luz das Escrituras e da Tradição. Não se pode negar que foram diversos os Santos Padres que se debruçaram sobre esse assunto. Ao longo dos séculos, o Magistério proferiu consideração sobre a significativa presença de Maria na caminhada da Igreja. Portanto, Maria não pode ser tomada como um ornamento decorativo, ou mesmo, um verniz superficial. Há uma relevância teológica na associação de Maria no Mistério de Cristo e da Igreja. Recomenda-nos o Concílio: “venerar a memória em primeiro lugar da gloriosa sempre Virgem Maria, Mãe do nosso Deus e Senhor Jesus Cristo”. O culto a Maria está presente na Igreja desde seus primórdios, e diversas orações foram compostas já nos primeiros séculos. Maria foi associada à obra de seu Filho, a Igreja, por isso “é reconhecida e honrada como verdadeira Mãe de Deus Redentor”. Ela “foi enriquecida com a excelsa missão e dignidade de Mãe de Deus Filho” e, por causa disso, é “saudada como membro eminente e inteiramente singular da Igreja, seu tipo e exemplar perfeitíssimo na fé e na caridade”. Deseja o Concílio expressar que, com a maternidade divina, Maria se tornou um arquétipo da Igreja, imagem da Igreja como aquela que está unida a Cristo de modo indelével, que está associada a Ele pela fidelidade com a qual se compromete. De forma alguma, Maria supera a Igreja, ela a compõe, é membro. É membro de destaque por sua adesão, fidelidade e seu comprometimento. Maria “foi na terra a nobre Mãe do divino Redentor, sua mais generosa cooperadora e a escrava humilde do Senhor”. Maria cooperou na obra de seu Filho, associando-se a Ele e a sua Igreja, tornando-se “por essa razão nossa mãe na 32 • Informativo da Província • Junho, Julho e Agosto de 2022

Madonna della Seggiola - Rafael Sanzio

ordem da graça”. Ela exerce sobre os membros da Igreja uma maternidade que pertence à ordem da graça, por associação à obra de seu Filho. Essa maternidade vai além do episódio aos pés da Cruz (Jo 19,26-27). Como mãe da Igreja, é sua missão acompanhá-la de perto, a ela dispensar determinado cuidado e zelar por ela, com carinho, pois a Igreja pertence a seu Filho. “Maria, que entrou intimamente na história da salvação e, por assim dizer, reúne em si e reflete os imperativos mais altos de nossa fé, ao ser exaltada e venerada, atrai os fiéis ao Filho, ao seu sacrifício e ao amor do Pai.” Em contrapartida acrescenta que “por sua parte, a Igreja, procurando a glória de Cristo, torna-se mais semelhante àquela que é seu tipo e sublime figura, progredindo continuamente na fé, na esperança e na caridade, buscando e fazendo em tudo a vontade divina”. Maria e a Igreja se unem para revelar Cristo e seu Mistério de amor. Ir. Carlos Cunha, C.Ss.R.


14 a 21

agosto de 2022

ouv ir: A voz d o

S e nh o r me

ch a m a

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