UFMT Ciência nº 1

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Dossiê

Rumo ao Futuro Sem bola de cristal, tarô ou búzios. Veja como a física ambiental modela o futuro da Amazônia: 1 – Em meio à floresta, uma torre equipada com sensores high tech foi levantada para capturar informações sobre umidade, velocidade do vento e gazes e toda a condição climática sobre a mata. 2 – Lá embaixo, 20 caixas são distribuídas em uma área de 1 hectare. Algumas ficavam suspensas para coletar o litter fall, aquela serrapilheira que não teve contato com os microorganismos do solo. Outras, sem o fundo, foram colocadas no chão para coletar o litter pool, o material que iniciou o processo de decomposição. 3 – A coleta era realizada a cada 15 dias. Na floresta media-se a altura da serrapilheira e, em Cuiabá, o material ia para uma estufa, onde se analisava a massa, os componentes químicos, a água e as taxas de decomposição. 4 – Os dados eram compilados e, junto com as informações da torre, revelavam o comportamento daquela área de floresta e como ela pode ser se alguns fatores forem alterados. 5 – Empurrada por fortes ventos, a torre caiu, mas os dados coletados eram tantos que são utilizados para modelagens matemáticas. Pesquisadores da UFMT buscam financiamentos para reerguer a torre.

O Comportamento da Floresta de Transição

Bromelia (Aechmea nudicaulis var. aqualis)

A Agência Espacial Americana (NASA) está de olho na produção científica da Universidade Federal de Mato Grosso. Mais especificamente nos resultados do Programa de Pós-graduação em Física Ambiental, que tenta entender o comportamento da Floresta de Transição – aquela entre o Cerrado e a Floresta Amazônica – para saber como será a Amazônia no futuro. Além de americanos e europeus, fundações de amparo a pesquisas brasileiras também investem pesado para estudar como a mudança climática poderá interferir na dinâmica da floresta. Diariamente, na UFMT, geógrafos, químicos, físicos, engenheiros, biólogos e outros especialistas voltam seus olhares para a Floresta de Transição para conhecer o passado, avaliar o presente e modelar o futuro. Na linha de pesquisa Interação Biosfera – Atmosfera, a engenheira sanitarista e pós-doutora em física ambiental Luciana Sanches se dedica desde 1999 a padronizar o comportamento de uma área de floresta de transição localizada no município e Cláudia (a 606 km de

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Cuiabá). Trata-se de uma floresta in natura, com características amazônicas, que sofre influência do pasto que avança no arco do desmatamento, interferindo no clima, na densidade e na umidade da floresta. “Há 10 anos estudamos o comportamento dessa região para tentar saber como ela será em diferentes cenários. Se hoje a temperatura é 25ºC, se fosse 23ºC, se fosse 21ºC, se fosse 30ºC. A ideia é que com o aquecimento global essa temperatura mude, então como essa floresta poderá se comportar?”. Nessa área de floresta intocável, de 1999 a 2008, pesquisadores da UFMT, entre eles Luciana, coletaram informações sobre a temperatura dentro e fora da floresta, a umidade relativa do ar, a radiação global solar (o que está chegando do sol e o que está sendo refletido novamente para a atmosfera), a velocidade e a direção do vento, o fluxo de energia e de carbono e demais fatores componentes do clima. Tudo graças a uma torre de 42 metros de altura equipada com aparelhos de última geração. Paralelo a essas observações, durante sete anos, Luciana se dedicou ao estudo do dossel (folhagens das árvores muito acima do chão) na tentativa de


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