Jornal de Negócios - edição #336

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Rafaella Crepaldi, do salão NaBahia, em São Paulo: sustentabilidade incorporada à rotina de trabalho

SALÕES DE BELEZA SUSTENTÁVEIS

Empreendedores do setor estão adotando práticas mais responsáveis e que preservam o meio ambiente, em sintonia com clientes atentos a essas questões Pág. 8

As tendências da alimentação para os próximos anos Pág. 4

Mapeamento mostra startups em SP Pág. 6

Saiba como empreender com produtos usados Pág. 10


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Nas prateleiras do mundo TIRSO MEIRELLES, Presidente do Sebrae‑SP e empreendedor “Que emoção ver compradores experimentando nossos produtos e ficarem encantados. Definitivamente temos valor.” “Aqui vi que vamos trabalhar num formato que nunca tínhamos tentado antes.” Escolhi esses dois depoimentos para ilustrar como foi rica a experiência das pequenas empresas integrantes da missão internacional organizada pelo Sebrae-SP à Gulfood, principal feira de negócios de alimentos e bebidas do Oriente Médio. O evento reúne compradores e visitantes não só da região, como também da Ásia, África e Europa. Os empreendedores da missão participaram da rodada de negócios, realizada em parceria com InvestSP, com 14 potenciais compradores dos quatro cantos do mundo. Foram mais de 50 contatos que devem gerar, nos próximos 12 meses, negócios na ordem de US$ 1,4 milhão. Mais do que negócios gerados e prospectados, todos os integrantes da comitiva que levamos a Dubai relataram a importância de participar de missões para conhecer as tendências e as oportunidades no mercado global e nos nichos de atuação. Queremos levar esses resultados a mais e mais empreendedores e, por isso, decidimos ampliar o programa de Internacionalização das Micro e Pequenas Empresas Paulistas, em total sintonia com InvestSP, Apex e outras agências promotoras do comércio inter-

nacional a fim de capacitar, atualizar tendências e viabilizar o acesso ao mercado externo. Participei ativamente dessa missão e quero compartilhar com vocês o que me chamou mais atenção. São janelas de oportunidades para que empreendedores, devidamente preparados, aproveitem e aprimorem sua jornada rumo à reconstrução do negócio. 1 – Olhar para sustentabilidade com forte ligação aos pilares ESG – ambiental, social e governança, em inglês. Vimos lá que está em alta a questão dos orgânicos, bem como os alimentos plant based, produtos nutracêuticos e tudo que tem ligação com o desperdício zero: reduzir, reciclar e reutilizar. O vencedor do Prêmio de Inovação da Gulfood 2022 foi uma geleia de semente de melancia, que é o exemplo concreto de aproveitamento integral de alimentos. 2 – Glocal – produzir localmente para vender globalmente. Aqui a procura é por produtos e serviços com valor intrínseco, reputação e identidade própria. Ótima oportunidade para os pequenos negócios que estão nos Arranjos Produtivos Locais (APLs) e nos programas de identificação geográfica. 3 – Transparência – consumidores querem saber o que estão consumindo, origem, história daquele produto e da empresa, impacto no meio ambiente etc. Você conta sua história e de seu produto na embalagem, no site, nos marketplaces, nas redes sociais?

4 – Tecnologia a serviço da experiência do cliente – consumidores estão com senso de urgência ativado, querem o novo, comodidade, conveniência e perceber o valor do produto e/ou serviço. Por isso a importância de investir em ferramentas tecnológicas que permitam conhecer os desejos do cliente e viabilizar as soluções para essas necessidades. Visitamos a operação da Talabat, empresa que opera em vários países do Oriente Médio, cujo modelo de negócios é caracterizado pela gestão de cloud kitchens – restaurantes atuam com foco exclusivo no delivery – e entregas de última geração usando frotas de robôs e veículos próprios como bicicleta, scooter e moto. Na Expo Dubai 2020, num pavilhão com dez cozinhas operadas por parceiros, aplicou tecnologia que possibilitou entrega de pedidos por robôs. A meta é, em três anos, fazer entrega em 15 minutos. É o delivery do futuro. Sua empresa está utilizando as ferramentas disponíveis no mercado para se diferenciar da concorrência na velocidade necessária? A equipe do Sebrae-SP está preparada e continua de portas abertas para apoiar seu processo de inovação, que vai garantir o padrão de qualidade, a produtividade e quantidade de produtos que permitam a ocupação do mercado internacional, bem como para reconstruir seu empreendimento em novas bases, conectadas às principais tendências globais, tendências que vieram para ficar.

Destaques Portal do Empreendedor muda acesso aos serviços da plataforma

O

s usuários do Portal do Empreendedor precisam ficar atentos às mudanças que entraram em vigor no mês passado. O governo federal atualizou as regras de segurança e privacidade para os serviços de formalização, alteração cadastral e baixa do MEI. As alterações dizem respeito aos níveis de segurança exigidos de quem acessa a plataforma por meio da conta gov. br, uma verificação segura que comprova, em meios digitais,

a identidade da pessoa que está utilizando o sistema ou serviço. A conta gov.br é gratuita e tem três níveis de segurança: bronze (para acessar serviços digitais menos sensíveis), prata (para acessar muitos serviços digitais) e ouro (que libera o acesso a qualquer serviço digital, sem restrição de acesso). Apenas quem possuir o nível de segurança prata ou ouro consegue acessar os serviços digitais como formalização, alteração cadastral e baixa. Já as contas

com nível bronze só terão acesso ao Certificado da Condição do Microempreendedor Individual (CCMEI). São consideradas de nível bronze as contas cadastradas, exclusivamente, com dados do CPF ou Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) do usuário. O mesmo vale para o registro feito presencialmente nas unidades do INSS ou Denatran. As contas autenticadas por biometria facial da carteira de motorista (CNH), dados bancá-

rios (internet banking ou banco credenciado) ou cadastro Sigepe (servidores públicos) passam a ter nível prata de segurança. Por sua vez as contas validadas pela biometria facial da Justiça Eleitoral ou por certificado digital compatível com ICP-Brasil têm nível ouro de segurança. Quem estiver interessado em mudar de nível de segurança encontra mais informações no Portal do Empreendedor (https:// w w w.gov.br/empresas- e -nego cios/pt-br/empreendedor).


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Entrevista do mês

Exercício de empreender

Médico do Palmeiras, Gustavo Magliocca comanda uma rede de clínicas voltadas à medicina esportiva

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trajetória empreendedora do médico Gustavo Magliocca vai de uma sala de 35 m², montada em 2010 na capital paulista, para a Care Club, rede de clínicas voltadas à medicina esportiva com 11 unidades distribuídas por São Paulo, Rio de Janeiro e Porto Alegre. Magliocca formou-se em medicina por influência do pai oftalmologista, mas o esporte acabou direcionando sua atuação. A Care Club reúne no mesmo espaço atendimento com médicos, fisioterapeutas, nutricionistas, massagistas e treinadores, tanto para iniciantes quanto para atletas profissionais. Vice-presidente da Sociedade Paulista de Medicina do Esporte, Magliocca esteve nas Olimpíadas de Londres, em 2012, e do Rio, em 2016, como médico da Confederação Brasileira de Desportos Aquáticos. Em 2013, foi convidado pela Rede Globo para participar do programa Bem Estar como consultor, onde ficou até 2020. Também em 2013, passou a chefiar o departamento médico do Botafogo, mas as idas e vindas na ponte aérea não eram compatíveis com o crescimento da Care Club. Ele se desligou seis meses depois para em seguida ser contratado pelo Palmeiras, seu time de coração, onde chefia o departamento médico. A seguir, ele fala sobre empreendedorismo na área de medicina esportiva. Como surgiu a ideia de empreender na área de medicina do esporte? Empreender não é uma ideia. Empreender é uma postura. Antes de ser médico, sou empreendedor nato. Desde muito novo sempre gostei de empreender. Não foi muito diferente quando me formei. Logo já saí empreendendo. Um dos empreendimentos foi a Care Club, com pessoas que acreditavam nesse meu sonho. Como foi passar de uma sala de 35m² para uma empresa com 11 unidades?

Divulgação

Gustavo Magliocca: “Antes de ser médico, sou empreendedor”

O processo é lento, gradual, movido por sonhos e desafios. Parece tudo clichê, mas a verdade é essa mesmo. Quando você é a salinha de 35m² não faz ideia do tamanho que poderá atingir. Mas você quer um dia poder crescer, mostrar para as pessoas que aquilo que você acredita é o que realmente importa. Foi isso que fizemos. Sempre acreditamos que a atividade física, o exercício e o esporte eram importantes para a construção da saúde das pessoa. Para um médico, quais são os maiores desafios de comandar uma empresa? Um médico não é formado para gerenciar uma empresa. É formado para sanar problemas da saúde. O maior desafio que tive foram os problemas administrativos que o crescimento de uma empresa traz. Principalmente uma empresa que demanda

um plano de ação em outros Estados. Então, meu maior desafio na Care Club, com certeza, foi conseguir estabelecer metas de gerenciar outras unidades fora do meu círculo de ação. Para isso você tem que contar com pessoas com a mesma vontade e o mesmo sonho que você. No meu caso, dentro da diretoria conto com pessoas assim. Na sua visão, existe diferença entre atender um paciente e atender um cliente de outro tipo de serviço? Um paciente ou um cliente são pessoas que estão demandando do seu serviço, do resultado. Gosto da ideia de a pessoa que está conversando comigo ter uma expectativa de resultado daquela conversa, de um retorno, de ação daquela conversa. Atendo todos da mesma forma. Como conciliar o trabalho no Palmeiras e a sua empresa?

O Palmeiras é uma paixão. Paixões são fundamentais e necessárias para que o seu dia a dia seja positivo no final. O Palmeiras é onde descarrego, onde coloco minhas energias positivas e negativas. Se o Palmeiras não existisse na minha vida, talvez, não teria a energia necessária para a Care Club. O Palmeiras é tão parte de mim quanto a Care Club. Qual sua percepção do mercado de medicina esportiva nos próximos anos? Da mesma forma que vejo com o maior entusiasmo um crescimento da medicina do esporte no Brasil – quando digo esporte, digo exercício junto, olho com preocupação médicos que falsamente se intitulam do esporte. Ser médico do esporte não é só falar do exercício. Hoje em dia nós temos uma residência em medicina do esporte. Depois de a pessoa ser médica, ela faz mais três, quatro anos de especialização para poder atuar no mercado da medicina do esporte. E é importante que a gente valorize o médico que busca o máximo da sua formação. Vejo com entusiasmo o crescimento da medicina do esporte e do exercício. Alguma dica para quem ainda não empreende, mas quer montar um negócio? Essa é uma pergunta muito legal. A primeira é acreditar nos sonhos. Parece clichê, mas é a grande verdade. As pessoas estão acomodadas a seguir aqueles bondinhos mais tradicionais, das pessoas que tiveram mais sucesso. E esquecem de fazer aquilo que se propuseram a fazer, aquilo em que acreditam. A medicina do esporte mostrou isso. É uma área nova, que não tinha ninguém “habitando”, e começar a empreender nisso me deu essa certeza. Empreender é da natureza do ser humano. E acreditar nos próprios sonhos faz parte de você ser um profissional cada dia melhor. É isso. Acredite nos seus sonhos e vá atrás, como um objetivo organizado, e faça dele a sua carreira.


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As tendências do

A Gulfood, uma das maiores feiras mundiais do setor, mostrou que produtos

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ais orgânicos, preocupação com a saúde e com o meio ambiente, valorização do produtor e produto local e uso intenso de tecnologia. Essas foram tendências para os negócios ligados à alimentação vistas na Gulfood 2022, uma das maiores feiras do mundo do setor. Realizada anualmente em Dubai, nos Emirados Árabes, o evento recebeu em fevereiro um grupo de 17 empresários em uma missão organizada pelo Sebrae-SP. A equipe técnica do Sebrae-SP guiou os empreendedores também em visitas a lojas, restaurantes, supermercados, entre outros estabelecimentos comerciais, e ainda à Expo Dubai, exposição mundial com mais de 190 países representados. Veja a seguir os destaques para o setor de alimentação.

Plant based

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lant based são alimentos produzidos à base de plantas. O uso de proteína de origem vegetal tem aumentado nos últimos anos, atendendo às demandas do mercado. Como exemplo, os cereais estão em alta, assim como o leite à base de grãos e os diferentes substitutos das carnes.

Orgânicos

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s produtos orgânicos e a respectiva certificação têm conquistado cada vez mais espaço no mercado, incluindo itens in natura e industrializados, feitos com vegetais em processos com uso maior de tecnologia. A origem dos produtos é valorizada pelo consumidor, preocupado com o meio ambiente e com a saúde. A ideia é atender a essa demanda, aproveitando, também, a agricultura familiar. Há a atenção com o bem-estar dos animais, criados de forma livre e mais natural. Como estratégia de mercado, os produtores desse ramo buscam comunicar ao público seu posicionamento; com isso, a categoria dos orgânicos acaba tendo mais evidência do que as marcas isoladamente.

Sustentabilidade

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sustentabilidade se baseia no tripé econômico, ambiental e social. A Gulfood mostrou produtos e iniciativas com esse foco, englobando embalagens recicláveis, da tampa ao rótulo. O destaque é o conceito “zero waste” (desperdício zero, em português). Em Dubai, foi possível observar, por exemplo, uso frequente de talheres de madeira e embalagens produzidas com matérias-primas naturais, como palha, bagaço de cana e outras cascas. Na Expo 2020, uma feira com tamanho equivalente ao território de Mônaco, a produção de lixo foi zero.

Saudáveis

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alimentação consciente chegou aos momentos de lanche e entretenimento. Como exemplo, existem os snacks saudáveis, que usam beterraba, brócolis, couve-flor na composição. Na Gulfood puderam ser vistos sucos obtidos de processos que mantêm as caraterísticas originais dos vegetais, ou seja, sem conservantes ou com conservantes mais naturais. A preocupação com a saúde chegou à mesa do bar. Os produtos sem álcool ou com baixo teor alcoólico também ganharam terreno.

Glocal

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conceito glocal vem de “pense de forma global, atue de forma local”. Os produtos locais têm sido valorizados, contribuindo para o desenvolvimento regional. Empresas globais precisaram adaptar o que fazem às características locais. Os consumidores prestigiam negócios que mostram a origem de seus produtos e tradições envolvidas.


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setor de alimentação

orgânicos, preocupação com a saúde e meio ambiente vão dar o tom dos negócios nessa área

Transparência

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funcionalidade dos produtos é mais importante do que a marca na decisão de compra. O rótulo se caracteriza como um agente de informação não só do produto, mas também da proposta de valor. A comunicação de processos, ingredientes e postura na embalagem serve para mostrar ao consumidor que a empresa está conectada com diferentes questões. As redes sociais têm papel cada vez maior também. Qualquer negócio precisa se mostrar e o ambiente online serve a esse propósito.

Tecnologia

A

tecnologia está no comando dos processos operacionais e de produção de alimentos mais saudáveis e nutricionalmente seguros. A automatização se tornou imprescindível para o crescimento e ampliação dos negócios. A tecnologia é empregada para melhorar a experiência de consumo. Quanto à comunicação, o TikTok se tornou um grande player de influência no food service e demonstrou sua penetração e importância para essa indústria, com casos de produtos e empresas que viralizaram.

Entretenimento

A

Gulfood mostrou ações de entretenimento dentro do food service. O preparo de alimentos expostos nas gôndolas do mercado agregam uma experiência diferenciada para o consumidor. A disposição e apresentação nas vitrines e nas gôndolas são fundamentais para exaltar a diferenciação dos itens, suas categorias, seu conceito e o posicionamento da marca.

Delivery

O

delivery se tornou uma operação dentro da operação com a perspectiva de ser mais rentável. As possibilidades incluem entregas mais rápidas e eficientes, menor precarização da mão de obra, menor impacto ambiental e expansão de modelos de negócios como cloud e dark kitchens. Em Dubai, durante um painel com os principais players do delivery, como o Talabat, empresa do Kwait, foi possível notar o foco em tornar cada vez mais rápidas as entregas: o objetivo é não ultrapassar 15 minutos, e entregas usando veículos próprios como bicicleta, scooter e moto. Na Expo Dubai 2020, a empresa montou dez cozinhas e mostrou o delivery feito por robôs.


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Inovação

Estudo realizado pelo Sebrae-SP e Abstartups faz um raio-X das startups paulistas;

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rês em cada dez startups brasileiras estão instaladas no Estado de São Paulo – e não é só a Capital que atrai essas empresas, baseadas em tecnologia e inovação. O interior paulista também apresenta um cenário bastante frutífero, com condições que permitem o desenvolvimento de negócios inovadores. As cidades de Campinas, Ribeirão Preto e São José dos Campos reúnem, juntas, 19% das startups paulistas, de acordo com o Mapeamento de Comunidades 2021 realizado pelo Sebrae-SP – por meio do Sebrae for Startups – e Associação Brasileira de Startups (Abstartups). No total, o mapeamento captou respostas de 77 cidades do Estado de São Paulo e identificou 924 startups ativas. O estudo é composto por informações de cases de sucesso, destaques, dados, especialistas, diagnóstico e perfil das startups, além das comunidades identificadas em dez regiões paulistas. O levantamento mostra também as oportunidades e tendências de cada região, indicando um caminho para os empreendedores que estão planejando tirar uma ideia do papel. O Estado de São Paulo é considerado hoje um dos ecossistemas mais promissores do mundo e conhecido como o maior celeiro de unicórnios do País – dos 20 unicórnios brasileiros, 14 são paulistas. Unicórnio é o nome dado à startup com avaliação de preço de mercado superior a US$ 1 bilhão. Vários fatores contribuem para esse cenário promissor, mas os principais são: educação, devido à oferta de universidades de ponta, algumas em nível mundial; inovação e tecnologia, já que é o maior polo tecnológico da América Latina; mercado que concentra os negócios mais valiosos e rentáveis da América Latina; desenvolvimento econômico, com um grande mercado

consumidor; e suporte, já que São Paulo é o Estado que mais investe em pesquisa e desenvolvimento no Brasil. “O próximo passo é buscar maior capilaridade no Estado através do programa Comunidade 645 para a formação de pessoas interessadas no desenvolvimento de startups e de ecossistemas”, diz o coordenador de operações do Sebrae for Startups, Guilherme Arradi. “Dessa maneira, será possível potencializar as oportunidades locais e tornar o ambiente da sua cidade e região mais favorável para o empreendedorismo inovador”, completa. O mapeamento completo pode ser acessado aqui: https://abstartups.com.br/mapeamento-sebrae/

Barretos 6 startups mapeadas 2 delas são healthtechs (saúde) e 2 são fintechs (setor financeiro) Considerada a Capital da Pecuária Nacional e conhecida pelos festivais de rodeio e música sertaneja, é a sede do Hospital do Amor, referência internacional em oncologia e polo de inovação em saúde. Comunidade: Bruto Valley

São Carlos 18 startups mapeadas 28% delas são techs (tecnologias digitais) É a 7ª melhor cidade para empreender no Brasil e 10ª no ranking de tecnologia e inovação. Tem universidades de ponta, como USP e UFScar, e o maior número de pesquisadores com doutorado do País. Comunidade: Sanca Hub

Bauru 25 startups mapeadas 30% delas nas áreas tech (tecnologias digitais) e healthtech (saúde) Com oferta de universidades como USP e Unesp, além de faculdades de forte reputação, a cidade é considerada a 18ª melhor do país em capital humano. A cidade tem alto índice de geração de talentos, favorecendo a força de trabalho e a inovação. Comunidade: Sandwych Valley

Sorocaba 26 startups mapeadas 31% delas são edtechs (educação), fintechs (setor financeiro) e proptechs (setor imobiliário) Cidade famosa por suas indústrias, pela mão de obra bastante qualificada e por suas universidades e centros de pesquisa. É também considerada a 4ª melhor cidade das Américas para investimentos. Comunidade: Inova Sorocaba


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mapeada

empresas já podem se inscrever para mais de mil vagas em programas do Sebrae for Startups Ribeirão Preto 43 startups mapeadas 28% delas são healthtechs (saúde) e edtechs (educação) É a cidade que mais cresce entre as 20 maiores do Estado. Destaca-se pelo seu território inovativo, com parque tecnológico Supera Parque e a Supera Incubadora, reconhecida mundialmente. Comunidades: Movimento Empreende Ribeirão (Mover), Ribeirão Valley, SuperCluster Inovação, Agile Practice Center e IxDA Ribeirão Preto.

Piracicaba 9 startups mapeadas 3 delas são agtechs (agronegócio) É a primeira cidade em educação do Brasil e um grande polo de inovação do agronegócio brasileiro. Também conta com grandes empresas e um ambiente de estímulo para empreendedores e soluções inovadoras. Comunidade: Pamonha de Ideias

Campinas 57 startups mapeadas 26% são fintechs (setor financeiro) ou edtechs (educação) É a terceira melhor cidade do País em tecnologia e inovação, sede da Unicamp, de centros de pesquisa de ponta e de empresas de tecnologia, tem também destaque no setor de desenvolvimento sustentável. Comunidade: Campinas Tech

Taubaté 21 startups mapeadas 19% delas são agtechs (agronegócio) Considerada a oitava melhor cidade para se viver do Brasil e a 12ª melhor em educação, tem um forte sistema universitário e é o segundo maior polo comercial e industrial do Vale do Paraíba. Comunidade: Startups do Vale

São José dos Campos

Região do ABC 55 startups 17% delas são techs (tecnologias digitais) Formada por sete cidades, a região apresenta o quarto maior potencial de consumo no País e é o principal centro da indústria automobilística brasileira. Também é sede do maior polo de inovação e sustentabilidade da indústria química do País. Comunidade: ABC Valley

59 startups mapeadas 19% delas são healthtechs (saúde) Um dos maiores polos tecnológicos do País, sede da Embraer e de instituições de ensino de excelência, como o Instituto Tecnológico de Aeronáutica (ITA) e a Unifesp. Reúne condições de pesquisa e de incentivos para um ecossistema inovador. Comunidade: Parahyba Valley

+MIL VAGAS As startups paulistas que estão em busca de reforço para se estruturar, crescer e expandir seu mercado têm à disposição mais de mil vagas em programas do Sebrae For Startups, movimento do Sebrae-SP para o ecossistema de inovação paulista. As oportunidades atendem às mais diversas necessidades dos pequenos negócios inovadores: acesso a capital, aceleração, vendas e internacionalização, entre outros temas. As ações são voltadas para startups em diferentes momentos da jornada, desde iniciantes a avançadas, em fase de tração e escala, e para aquelas que atuam em áreas específicas do mercado (saúde, agro, startups científicas, fintechs etc). Para isso, o Sebrae-SP construiu uma rede com mais de 30 parceiros, como Embrapa, BNDES, IPT, CVM, Fapesp, Finep, Abstartups, Senai, Petrobras, BID e Desenvolve SP. Todas as vagas estarão disponíveis em uma plataforma que pode ser acessada pelo endereço star tups.sebraesp.com. br/1000vagas. As startups poderão se cadastrar, apontar suas necessidades no atual momento e receber a indicação dos programas mais adequados. As inscrições vão até o dia 24 de abril e os programas do Sebrae For Startups terão início a partir de maio.

Fonte: Mapeamento das Comunidades do Estado de São Paulo 2021 (Sebrae-SP e Abstartups)


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BELEZA ATENTA À

Salões adotam novas práticas, mais ecológicas e socialmente mais justas, e ganham espaço Gisele Tamamar

S

er ecologicamente correto, economicamente viável e socialmente justo são os três pontos fundamentais para as empreendedoras e empreendedores do setor de beleza que estão em busca de um salão sustentável. Assim como em outros segmentos, esse é um conceito que está ganhando cada vez mais força diante de um consumidor que valoriza as ações que impactam o mundo e a sociedade. Muitos negócios de beleza já colocaram ações sustentáveis em prática, mas o setor ainda tem muito o que avançar, na avaliação da consultora do Sebrae-SP Maisa Blumenfeld. Segundo a especialista, a maioria dos salões ainda não tem essa preocupação com a sustentabilidade e não perceberam as oportunidades e melhoria dos resultados em seus empreendimentos ao implementarem processos de gestão e boas práticas ambientais. Ainda ocorre, por exemplo, muito desperdício de produtos e insumos por falta de definições de processos e padronizações. “O profissional se forma tecnicamente, aprende como aplicar os produtos, mas não tem a visão do todo, do diagnóstico do fio, expectativa do cliente, quantidade para aquele tipo e tamanho de cabelo, temperatura e clima, estoque, validade”, exemplifica Maisa. Mesmo com esse cenário, a consultora começa a perceber uma mudança do setor de se adequar às necessidades do mercado. Pesquisa realizada pelo Instituto Akatu e a GlobeScan em 31 países mostra que 86% dos brasileiros dizem desejar reduzir seu impacto individual sobre o meio ambiente e a natureza, contra 73% da média mundial. “Quando o consumidor modifica seu comportamento de consumo, isso não fica restrito somente a um determinado setor. Por exemplo, se muda o tipo de alimentação por uma questão de consciência ambiental, a tendên-

Rafaella Crepaldi com a irmã Ruchelle e a mãe Lenir Bregantim, do salão NaBahia: administração sustentável

cia é também alterar a forma com que consome outros serviços e produtos. Nesse sentido, o empresário que está atento às tendências e ao seu público, percebe a oportunidade e a necessidade de adequar seu empreendimento”, destaca Maisa. Pesquisa do Sebrae mostra que 28,6% dos entrevistados incorporaram ou pensam em incorporar o tratamento com produtos orgânicos e veganos no salão de beleza. No salão NaBahia, localizado no Centro de São Paulo, as mudanças começaram a ser implantadas a partir da iniciativa de Ruchelle Crepaldi, sócia do salão com a irmã Rafaella e a mãe e idealizadora do espaço, Lenir Bregantim. Depois de o salão passar por melhorias de gestão com a ajuda do Sebrae e fazer adequações à Lei do Salão Parceiro, Ruchelle se viu desafiada a propor novas ações para o negócio. “Eu olhava para os nossos resíduos e me questionava o tempo todo”, conta.

Para conscientizar a equipe de 50 pessoas sobre a importância da destinação correta dos resíduos, foi realizada uma parceria com uma cooperativa da região onde está instalada. “Eles mostraram um valor mais social do que ambiental em relação ao descarte correto das embalagens. O que antes era lixo para a gente era renda para a equipe da cooperativa”, pontua Ruchelle, que ampliou as ações sustentáveis do salão em parceria com o programa Beleza Verde, da Dinâmica Ambiental, empresa especializada em soluções para coleta, descaracterização e destinação correta de resíduos. Todos os resíduos de manicure, depilação, coloração e até cabelo são coletados. A ideia principal de Ruchelle é utilizar o cabelo para fazer mantas para contenção de petróleo no mar em casos de desastres, mas o projeto segue em estudo. Um dos destinos dos cabelos hoje é para uma linha

de revestimentos. As microfibras do cabelo substituem a fibra sintética de polipropileno comumente usada em revestimentos cimentícios. O NaBahia também conta com uma composteira automatizada e um ponto de entrega voluntária (PEV) para a equipe, empresas do entorno e clientes, que ganham pontos para a troca por serviços. A empresa conquistou a certificação como primeiro salão de beleza lixo zero do Brasil. “Nada é imediato e demora-se anos para atingir um lugar de excelência. Começamos as ações em 2016, mas há dois anos passamos a comunicar que somos um salão sustentável”, reforça Ruchelle, que hoje também tem uma consultoria especializada em gestão de beleza sustentável.

EVOLUÇÃO

O conceito no salão A Naturalista também foi evoluindo ao longo dos anos. O negócio nasceu com a proposta de ser um salão saudável


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SUSTENTABILIDADE

entre consumidores preocupados com os impactos ambientais e econômicos dos serviços dentro do conceito de sustentabilidade, em 2014. “Quando começamos não tinha quase nada no Brasil. Trabalhávamos só com hena e alguns poucos produtos de lavatório, de finalização, que conseguíamos encontrar. Conforme os anos foram passando, surgiram boas marcas, as marcas importadas começaram a chegar também e fomos lapidando esse conceito porque tínhamos mais ferramentas”, diz Simone Pires, idealizadora e hair stylist do salão orgânico. Entre as ações aplicadas no salão, Simone cita o uso de produtos limpos, que não contaminam o meio ambiente. O espaço oferece alisamentos naturais e colorações saudáveis, sem produtos químicos nocivos. Além de reciclagem de materiais, economia de energia e produção mínima de lixo, por exemplo. A idealizadora conta que a procura é constante por novas técnicas, novos contatos e ideias inovadoras. “Estamos sempre pesquisando como fazer mais com o mínimo de desperdício e impacto ambiental. Caso não exista nada saudável, não usamos. Ficamos muito tempo sem ter vários serviços que são amplamente disponibilizados nos salões convencionais porque não conseguia arranjar nenhum produto equivalente que fosse realmente saudável”, relata. Já no caso do Laces, primeiro hair spa do Brasil, o passo inicial para reduzir a produção de lixo foi a substituição de descartáveis por materiais de reuso, como copos e louças de vidro. O segundo passo foi o aumento de matérias-primas naturais com performance profissional. O CEO do Laces, Itamar Cechetto, aponta ainda uma série de iniciativas do ponto de vista da sustentabilidade: compensação de carbono, redução de pegada hídrica, escolha de materiais mais limpos de reuso para construção, matriz energética – energia fotovoltaica e uso de lâmpadas de LED. No campo da arquitetura e decoração, o negócio utiliza tintas

minerais, que não são sintéticas e que não poluem o meio ambiente, e materiais como barro, taipa e elementos acessíveis que não deixam resíduo – biodegradáveis e de longa duração. “Os salões do Laces têm a menor pegada hídrica de um salão de beleza. Além disso, priorizam a eficiência energética por meio de matriz limpa, contando com energia solar”, conta Cechetto. Outra ação aplicada no salão é o tratamento da água da chuva para lavar os cabelos por meio de uma tecnologia de “osmose reversa”, que tem como objetivo principal separar a água dos sais minerais, purificando-a e tornando-a própria para utilização nos lavatórios. Na sequência, ela é tratada novamente para ser reutilizada nos banheiros e jardim. O CEO aponta ainda o aquecimento da água feito por meio de placas fototérmicas, que trabalham em conjunto com um boiler “inteligente”. Outro destaque é o uso de “roll meches”, uma ferramenta para fazer mechas e reflexo de forma reutilizável, deixando de descartar papel alumínio no meio ambiente. Atualmente o Laces conta com fábrica própria, oito hair spas e marcas de produtos próprios. “O consumo consciente tem elevado a exigência na busca por produtos, serviços e matrizes energéticas que não causam danos ao planeta. O que significa que o consumidor está cada mais vez mais disposto a pagar um pouco mais para receber algo que ele consuma sem culpa”, destaca Cechetto. Ele também ressalta que o consumidor está mais consciente para diferenciar quem está fazendo greenwashing (quando o discurso “verde” da empresa não condiz com suas ações) de quem está realmente dando um uso adequado para a água ou cuidando adequadamente de seus colaboradores e da comunidade ao redor.

Para saber mais, acesse o QR Code:

TENDÊNCIAS SUSTENTÁVEIS Economia circular: busca a construção de modelos de negócio baseados na regeneração dos sistemas naturais, na manutenção de materiais em uso e na eliminação de resíduos e poluição desde o princípio da cadeia de produção. Pegada de carbono: escolher produtos com embalagem recicláveis ou recicladas, priorizar os orgânicos, usar sacolas retornáveis, fazer a compostagem de resíduos, reduzir o consumo, economizar energia e usar equipamentos com eficiência energética são algumas das atitudes que podem fazer a diferença. “Zero waste”: o movimento zero waste, ou lixo zero, tem o objetivo de zerar a quantidade de lixo produzido no mundo. No segmento da beleza, a prática tem se popularizado com a implementação de projetos para a redução ou até a eliminação completa de desperdício. Beleza Verde: é um programa que busca alterar o gerenciamento dos resíduos gerados em salões de beleza e escolas de cabeleireiros. Esse novo modelo de gestão prevê que produtos e serviços incorporem, de forma integrada, aspectos sociais, econômicos e ambientais.

PARA COLOCAR EM PRÁTICA • Avalie a possibilidade de utilizar um espaço específico para fracionamento ou pré-pesagem dos produtos de beleza. • Fique atento para a existência de vazamentos no seu imóvel. • Adote equipamentos e tecnologias economizadores de água. • Sempre que possível, armazene e aproveite a água da chuva para limpeza de espaços internos e externos e para regar jardins. • Gerencie corretamente os seus resíduos, desde a geração até a destinação final. Lembre-se de que nos salões de beleza são utilizados produtos que geram resíduos perigosos (tintas, solventes, esmaltes, alisantes etc.) e perfurantes (bisturis, navalhas, agulhas etc.) • Priorize a compra de produtos (como esmaltes, batons e xampus) que tenham embalagens retornáveis. • Para que as medidas de sustentabilidade tenham resultado, é necessário que toda a equipe esteja envolvida. • Utilize produtos ambientalmente corretos. Procure utilizar produtos de empresas que se preocupam com a sustentabilidade. Fonte: Sebrae


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Mercado de usados em alta Ramo de segunda mão cresceu na pandemia; saiba como explorar esse tipo de negócio

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pandemia de Covid-19 acentuou a atenção das pessoas com o controle financeiro e a preocupação com o consumo consciente. Nesse contexto, o mercado de produtos usados tende a cres-

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cer e representa uma oportunidade de empreendimento. De acordo com levantamento feito pelo Sebrae, com base em dados da Receita Federal, a abertura de estabelecimentos que comercializam pro-

A venda online pode ser feita via site próprio, mas também pode ser por marketplaces (Enjoei, Mercado Livre e OLX, por exemplo), redes sociais (Instagram ou Facebook) ou até mesmo ser complementada por um ponto físico, como quiosques ou lojas colaborativas. No seu plano de negócios, defina se vai se dedicar a usados em geral ou se vai se especializar em algum nicho. Em geral, os empreendedores que trabalham com itens usados costumam focar em um nicho. Essa última opção pode ser boa para explorar itens de colecionadores. Use as ferramentas online disponíveis para mapear as buscas dos consumidores. Vão ajudar a identificar o que eles procuram, assim como suas preferências. Também serão parte da sua estratégia de marketing digital. Decididos o canal e os produtos, o próximo passo será conhecer os hábitos de seus consumidores. Acompanhe os grupos online sobre o tema e participe de eventos do nicho. Vai ajudar não só a conhecer melhor o mercado, como a aproximar de consumidores e criar confiança nos seus produtos ou na sua loja. O preço do usado obviamente deve ser menor do que o item novo, mas não se esqueça de considerar o custo com logística e do preparo para a venda, como lavagem, higienização e reparos. Atente-se também para o valor de itens de coleção, como valor histórico, sentimental ou exclusivo. Esse tipo de produto costuma ter preço mais alto. Para vender bem um item usado, é preciso adquiri-lo por um bom preço para poder formar a margem de lucro. Se o preço do usado estiver muito próximo do novo, o consumidor vai preferir o novo. Conheça o produto que você vende. Assim, você vai saber o valor dele no mercado. Estar por dentro do setor ou segmento possibilita saber se se trata apenas de um item usado ou de algo com valor agregado. Precificar corretamente ajuda a acelerar a venda.

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dutos de segunda mão registrou um crescimento de 48,58%, entre os primeiros semestres de 2020 e 2021. Abaixo, estão dicas sobre como empreender no mercado de usados.

Faça uma boa apresentação do produto. O cliente, quando compra pela internet, compra uma foto, que deve corresponder à realidade. O anúncio deve ter uma descrição detalhada do item (se é único, de edição limitada, se tem alguma característica que precisa ser mencionada como avaria etc.). Caso a descrição não seja realista, o comprador pode se decepcionar e querer devolver. No mercado de usados, o cliente também pode ser seu fornecedor. Hoje ele compra, mas amanhã pode vender itens que sirvam para seu negócio. Fazer a negociação dentro de plataformas que oferecem ferramentas de pagamento torna a operação mais prática e segura.

Assista à live sobre o mercado de usados acessando o QR Code:


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Divulgação

O preço do seu sonho GERSON CROCIATI Consultor do Sebrae-SP

Como calcular o valor da empresa? O valor de uma empresa é definido a partir de três pontos principais: a situação patrimonial; o potencial para gerar lucro e caixa e os gastos realizados antes do início das operações A situação patrimonial é determinada pelos bens e direitos que ela possui e as obrigações financeiras a pagar com terceiros em um determinado momento. O valor total dos bens e direitos representa o patrimônio positivo; o valor total das obrigações financeiras a pagar representa o patrimônio negativo. Patrimônio líquido é a diferença entre eles. Os bens e direitos são representados pelos saldos em caixa, contas bancárias, aplicações financeiras, contas a receber, estoques e os valores atuais dos mobiliários, máquinas, equipamentos, veículos, ferramentas e outros bens, no estado em que se encontram. As obrigações financeiras são representadas pelos saldos a pagar por salários, encargos e benefícios salariais, fornecedores, impostos, comissões, despesas fixas operacionais, empréstimos e financiamentos. Também precisamos considerar fatores de difícil mensuração como nome e marca, tempo de existência, fatia de participação de mercado, carteira

de clientes, conhecimento, capital humano. Esses fatores são representados pela capacidade da empresa em gerar lucro/caixa a cada ano. Essa capacidade deve ser calculada a partir da projeção de vendas e de gastos (custos, despesas e investimentos) para os próximos cinco anos, considerando um possível crescimento, estabilização ou retração no mercado em que a empresa atua. Após o quinto ano projetado, precisamos considerar que a empresa teria a possibilidade em gerar lucro/caixa ao longo do tempo e, para tanto, devemos incorporar o conceito de perpetuidade advindo da matemática financeira. Essa projeção de valores de lucro/caixa gerados no futuro deverá ser trazida para valor presente, em função de uma taxa de desconto que expresse o risco operacional da empresa. Assim, o valor da empresa seria dado pelo valor da projeção de lucros/caixa gerados no futuro, adicionando-se o valor do patrimônio positivo, deduzindo-se o valor do patrimônio negativo e adicionando-se os gastos pré-operacionais (trazidos a valores atuais), gerando assim, um valor de referência para a empresa.

Costumo dizer que o preço para sonhar grande ou pequeno é o mesmo. Não há diferença em imaginar seu produto no mercadinho da esquina ou em um hipermercado fora do Brasil. Falo isso porque, em fevereiro, o Sebrae-SP organizou uma missão para Dubai, nos Emirados Árabes. Os 17 empresários participantes da viagem e a nossa equipe visitaram a Gulfood, uma das maiores feiras de alimentação do mundo. O evento é uma enorme vitrine do que está sendo feito no setor e suas tendências (leia nesta edição). Também permitiu conferir modelos de negócio e inovações que podem ser aplicadas e adaptadas para a realidade brasileira. Lá, eles constataram que existem muitas oportunidades a ser exploradas pelos brasileiros. A internacionalização é possível, basta direcionar o trabalho para isso (olha o sonho grande de que falei). Um dos empresários do grupo, que é do Vale do Ribeira, ficou entusiasmado ao constatar que a agricultura familiar tem espaço no mercado internacional. Outro empreendedor, do segmento de chocolates que trabalha bean to bar (fabricante de chocolate com controle da produção a partir do cacau) também se animou com a possibilidade de ver seus produtos saírem da capital paulista para gôndolas estrangeiras. A Gulfood foi a oportu-

nidade de fazer contatos para alcançar o mercado internacional, tendo em conta que os Emirados Árabes exercem um importante papel logístico no comércio com países da Europa e Oriente Médio, entre outros. Nesse processo todo, como não poderia ser diferente, o Sebrae-SP está ao lado do empreendedor dando todo o suporte para quem quer começar a vender para fora, ou já exporta e quer expandir e melhorar sua operação. São cursos dentro do programa Sebrae Trade que ensinam sobre esse tipo de negociação, marketing para um novo público, definição do mercado, formação de preço, processo de logística e contratos internacionais. Resumindo: capacitação técnica, inovação e geração de negócios. Vender para outros países é uma forma de diversificar seu leque de consumidores, dar um salto de competitividade e colocar o sonho, aquele que não custa nada e não tem limites, em prática. Que tal pensar no assunto?

WILSON POIT, diretor­‑superintendente do Sebrae­‑SP

O Sebrae Responde é um serviço para tirar dúvidas de empreendedores sobre a abertura de novos negócios e questões relacionadas à gestão de empresas já em atividade.

Acompanhe o Sebrae­‑SP no ambiente digital, em www.sebraesp.com.br, e nas redes sociais: twitter.com/sebraesp facebook.com/sebraesp instagram.com/sebraesp flickr.com/sebraesp issuu.com/sebraesp soundcloud.com/sebraesp sebraeseunegocio.com.br youtube.com/sebraesaopaulo

ELOGIE. SUGIRA. CRITIQUE. RECLAME. Queremos ouvi­‑lo: 0800 570 0800 ouvidoria@sebraesp.com.br


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Para anunciar

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o sebrae­‑sp não se responsabiliza pelas informações disponibilizadas neste espaço publicitário. o anunciante assume responsabilidade total por sua publicidade.

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cação mais acessível ao cliente com deficiên‑ cia auditiva, o Sebrae­‑SP disponibiliza o serviço de

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intérprete de Libras em seus eventos presenciais. A solicitação do serviço deverá ser comunicada no ato da inscrição e com antecedência de 5 (cinco) dias úteis à data de reali‑ zação do evento. O clien‑ te ou seu representante poderá se inscrever pes‑ soalmente tórios

nos

Regionais,

Escri‑ pelo

portal do Sebrae­ ‑SP ou pelo 0800 570 0800.

TUDO O QUE O EMPREENDEDOR PRECISA EM UM SÓ LUGAR

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Da CLT ao CNPJ

Isabel Rego deu a volta por cima fazendo da demissão a oportunidade para empreender

Isabel Rego, da Casa 221 Marmitas Saudáveis: Empretec fez toda a diferença no seu empreendimento

Rogério Lagos

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edagoga de formação trabalhando há 30 anos com desenvolvimento de projetos na área de responsabilidade social e sustentabilidade de grandes empresas em São Paulo, Isabel Rego foi pega de surpresa com sua demissão em março de 2021. Sem desanimar, decidiu guardar a carteira de trabalho na gaveta e aproveitou a oportunidade para unir paixão e sonho: aprender e empreender. “Amo estudar, estou fazendo minha segunda pós-graduação. Aproveitei o tempo livre para me capacitar. Fiz muitos cursos no Sebrae-SP e abri minha empresa no último mês de dezembro”, comenta. A empreendedora deu vida à Casa 221 Marmitas Saudáveis, em Ilha Comprida, no Vale do Ribeira. Ela conta que sempre gostou de cozinhar e, por causa

de um câncer de mama, se especializou há dez anos em comidas saudáveis por perceber a importância para a saúde. “Aqui na região existem muitos jovens com sobrepeso, se alimentando mal. Então ainda conseguimos encontrar esse nicho de mercado para atuar com esse propósito que é muito forte para nós”, explica. Prestes a completar 60 anos, a empreendedora afirma que não sente o peso da idade, tampouco pensa em se aposentar. Durante o Empretec, curso ministrado pelo Sebrae-SP com metodologia da ONU, descobriu que o empreendedorismo seria uma realidade na sua vida. “Amei o Empretec. Dá uma chacoalhada na gente, sabe? É como se você estivesse na beira da piscina pensando em pular. Pulo

ou não pulo? O Empretec te joga!”, brinca Isabel. Durante o Empretec, o participante é desafiado em atividades práticas tendo como base as dez características do comportamento empreendedor: busca de oportunidades e iniciativa; persistência; correr riscos calculados; exigência de qualidade e eficiência; comprometimento; busca de informações; estabelecimento de metas; planejamento e monitoramento sistemáticos; persuasão e rede de contatos; independência e autoconfiança. “A Isabel é extremamente profissional, trabalha sempre preocupada em buscar qualidade, escolhe utilizar ingredientes locais e dá importância para a valorização do território, obedece aos rígidos padrões de higiene e manuseio da produção. Por ter sido nascida e criada

em São Paulo, carrega os critérios de excelência exigidos pelos grandes centros no que faz”, comenta a analista de negócios do Sebrae-SP no Vale do Ribeira Regiane Rabelo. Em cerca de quatro meses de atuação, a Casa 221 Marmitas Saudáveis passou a trabalhar também com caldos e sorvetes veganos, tudo com ingredientes locais e naturais que valorizam a cultura e os pequenos negócios do Vale do Ribeira. A empresa vem crescendo, em média, 30% ao mês e já se organiza para atuar em outros pontos de vendas, como empórios, hortifrutis e academias, além de estar elaborando um projeto escalável para atrair investidores-anjos. “Quero o Sebrae-SP direto comigo, de mãos dadas. Tem me ajudado muito, já que possui profissionais de muita qualidade, capacitados e antenados às novidades. Nunca largarei o Sebrae-SP e espero que o Sebrae-SP nunca me largue”, finaliza Isabel.

CONHECE O EMPRETEC? Assim como a Isabel, você também pode receber essa “chacoalhada” que o Empretec proporciona a quem pensa em empreender. Procure o escritório do Sebrae mais próximo e pergunte sobre as próximas turmas do curso. Para mais informações, ligue gratuitamente para o Sebrae no 0800 570 0800.

EXPEDIENTE Publicação mensal do Sebrae­‑SP Edição impressa

DIRETORIA EXECUTIVA Diretor­‑superintendente: Wilson Poit Diretor técnico: Ivan Hussni Diretor de administração e finanças: Guilherme Campos

Imagens: www.gettyimages.com. Diagramação: Bruna Santos.Fotos: Ricardo Yoithi Matsukawa – ME e Carlos Raphael do Valle – ME para o Sebrae­‑SP. Apoio comercial: Unidade Relacionamento: (11) 3177­‑4784

CONSELHO DELIBERATIVO Presidente: Tirso Meirelles ACSP, ANPEI, Banco do Brasil, Faesp, FecomercioSP, Fiesp, Fundação ParqTec, IPT, Desenvolve SP, SEBRAE, Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia, Sindibancos­‑SP, Superintendência Estadual da Caixa Econômica Federal.

JORNAL DE NEGÓCIOS Unidade Marketing e Comunicação Gerente: Mariana Ribas Coordenadora de Imprensa e Conteúdo: Marcelle Carvalho Editores responsáveis e redatores: Gabriel Jareta (MTB 34769) e Roberto Capisano Filho (MTB 46219). Assessores de imprensa: Gisele Tamamar, Patricia Gonzalez e Rogério Lagos.

SEBRAE­‑SP Rua Vergueiro, 1.117, Paraíso São Paulo­‑SP. CEP: 01504­‑ 001 PARA ANUNCIAR sp-jn@sebraesp.com.br

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LIVROS A FÓRMULA DO LANÇAMENTO (Best Business) Como vender online e criar um negócio de sucesso. Foi isso que Jeff Walker, autor deste livro e criador da Product Launch Formula, desenvolveu. A Product Launch Formula é um método de lançamento de produtos online que abrange as mais diversas áreas de negócios e marketing. Walker indica como planejar o lançamento de forma eficaz, atraindo o público-alvo para seu produto. CRIATIVIDADE, INOVAÇÃO E EMPREENDEDORISMO: STARTUPS E EMPRESAS DIGITAIS NA ECONOMIA CRIATIVA (Phorte) O livro explica, de forma sintética e clara, em que consistem a criatividade, a inovação e o empreendedorismo na era digital, discutindo conceitos e ferramentas atuais, como as rotinas criativas, a gestão da inovação, a economia criativa e o empreendedorismo social e verde. O objetivo da publicação é ajudar a colocar em prática suas ideias e seu plano de negócio; montar equipe e negócio na internet e fora dela; atrair clientes, investidores, patrocinadores e network certos; gerenciar sua criatividade na web e fora dela para ter melhores resultados e crescer mais; aprender os novos modelos de negócio com campeões da criatividade.

ORGANIZAÇÕES INFINITAS: O SEGREDO POR TRÁS DAS EMPRESAS QUE VIVEM PARA SEMPRE (Gente) Em um mundo em constante mudança, o surgimento de novas tecnologias e soluções é capaz de reinventar mercados e transformar, do dia para a noite, negócios estabelecidos em obsoletos. A maior preocupação das organizações, hoje, é a obsolescência. Após se debruçar sobre os elementos necessários para desenvolver e otimizar as organizações, agora é preciso descobrir também como torná-las infinitas e criar novos ciclos de perpetuidade que permitem manter a relevância no mercado e alcançar uma posição de destaque frente aos concorrentes. As organizações infinitas são aquelas que conseguem se renovar continuamente, manter seu propósito, satisfazer seus clientes e conquistar espaço, independente da forma; entendem o passado, estão atentas ao futuro, mas seu foco é o presente, o agora.

TEC & COMÉRCIO DE ROUPAS É A ATIVIDADE QUE MAIS FORMALIZOU MEI DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA Apesar dos fortes impactos da pandemia da Covid-19 sobre a economia brasileira, o número de Microempreendedores Individuais (MEIs) continuou a crescer e tem batido recordes de formalizações. Somente em 2020 e 2021, foram criados 5,7 milhões de MEIs, sendo que a atividade que mais apresentou adesões foi a de comércio varejista de artigos de vestuário e acessórios, com cerca de 380 mil formalizações. As informações são de levantamento do Sebrae, com base em dados da Receita Federal 2018 e 2021.

FACEBOOK ADOTA NOVAS FUNÇÕES INSPIRADAS NO TIKTOK O Facebook colocou à disposição mais recursos para os reels, plataforma de vídeo curtos inspirados no TikTok e já utilizada no Instagram. Com isso, novas formas de monetização estão sendo lançadas para criadores de conteúdo. Agora é possível fazer “remixes” com outros vídeos publicados, podendo assim reproduzir conteúdos modificados de outros usuários. Os reels podem ter até 60 segundos, já que quanto mais longos, maiores as chances de monetização. O usuário também pode salvar vídeos como rascunhos antes de publicar, armazenando o material na própria conta. Os reels podem ser assistidos e compartilhados nos Stories, na aba Assistir, no topo do feed de notícias.

INSTAGRAM LANÇA FERRAMENTA DE LEGENDAS AUTOMÁTICAS NOS VÍDEOS O Instagram lançou uma ferramenta de legendas automáticas nos vídeos da plataforma — incluindo conteúdos no feed e nos reels. A função vai permitir que usuários não precisem colocar a transcrição do vídeo manualmente na publicação ou utilizar aplicativos terceiros para incluir a legenda no vídeo. Para usar a ferramenta, é preciso instalar no celular a versão mais recente do app — disponível para Android e iOS. Com a atualização, basta acessar o menu "configurações avançadas", na tela de publicação do vídeo. Em seguida, é preciso clicar em "mostrar legenda", na aba de acessibilidade do app. Um aviso de que o recurso está disponível também vai aparecer na hora do compartilhamento do conteúdo.


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IDEIAS

PERGUNTE A QUEM ENTENDE

Por que é tão importante ouvir o cliente?

Divulgação

Por Ivan Preti, principal technical account manager na Zendesk

PODCAST

TED TALKS NEGÓCIOS Os vídeos do TED já são bem conhecidos por quem consome conteúdos sobre empreendedorismo. São diversos temas que envolvem comportamento empreendedor, gestão de equipes, inteligência emocional, entre outros. Para acessar: https://player.fm/series/tedtalks-negocios

FILMES

STEVE JOBS: O HOMEM E A MÁQUINA O documentário examina a vida e o legado de Steve Jobs, reverenciado por muitos como um gênio ou como tirano. Usando entrevistas com pessoas próximas a ele em diferentes fases da vida, há uma busca por capturar a essência de Steve Jobs e os valores dele que moldaram a cultura do Vale do Silício. Disponível em YouTube, Globo Play e Telecine

VÍDEO

POR DENTRO DA DRE Você sabe utilizar a DRE (Demonstração do Resultado do Exercício) para analisar os resultados da sua empresa? A DRE resume todas as operações financeiras e ajuda a entender se você teve lucro ou prejuízo e quais os aspectos da gestão precisam de melhorias.

Assista em:

https://bit.ly/35TUbAc

Diversas empresas estão mirando seus investimentos de curto prazo em experiência do cliente (em inglês, customer experience ou CX). Isso porque é a qualidade, e não a quantidade, o que mais importa. O estudo CX Trends 2022 mostrou que a pandemia tornou os consumidores mais exigentes em relação à qualidade do serviço. No Brasil, a pesquisa revelou que 75% deles abandonam uma marca depois de uma experiência ruim. Os clientes buscam interações mais empáticas e convenientes. Como mostrou levantamento de 2020 da pesquisadora sobre hábitos de consumo Hibou, 97% dos consumidores disseram que um bom atendimento está em ser ouvido. Ainda hoje existe um gap entre a percepção do cliente e a da empresa sobre o serviço prestado. Enquanto 65,6% das marcas afirmam proporcionar um bom atendimento, 43% dos consumidores sentem que o serviço que prestam ainda é uma questão secundária para elas. Os consumidores querem que seus problemas sejam resolvidos o mais rápido possível. Para atingir essa satisfação e criar experiências de alta qualidade é preciso ir além do suporte básico. A maneira mais eficaz de conseguir não é com promoções e descontos, mas tornando fácil e simples para os clientes encontrarem a marca no momento em que precisam. Isso significa estar disponível em diversos canais, como WhatsApp, redes sociais, chat, telefone, e garantir que todos eles entreguem o mesmo nível de atenção e agilidade ao cliente. Inclusive, que estejam integrados entre si, oferecendo a possibilidade de começar a conversa em um e continuar em outro. É a personalização, parte importante da estratégia de humanização do atendimento e que, segundo o CX Trends 2022, levaria 99% dos brasileiros a comprarem mais de uma marca. As empresas precisam equipar seus times de suporte com tecnologias de inteligência do cliente, com softwares capazes de dizer quem são essas pessoas, de onde vieram e seus possíveis problemas. Quando uma empresa percebe que não é a quantidade de tíquetes, mas a qualidade e personalização entregue em cada um deles que faz a diferença para o cliente, ela muda sua forma de pensar o serviço de atendimento.

Tem alguma dúvida sobre como a tecnologia pode ajudar o seu negócio? Pergunte a quem entende! Mande um e­‑mail para imprensa@sebraesp.com.br.


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Com o foco ajustado

Flavio Kameda decolou nos negócios quando passou a vender câmeras fotográficas pelo Instagram Depoimento a Patricia Gonzalez

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omecei o meu negócio em agosto de 1996 em Piracicaba. Estou na área de manutenção de câmeras fotográficas desde os 11 anos. Hoje tenho 45. Quando abri a loja, estava focado nesse mercado, um ofício de família. Na época, consertava câmeras de filme e peguei a transição para a câmera digital. Em 2014, iniciei também na área fotográfica. Na manutenção eu trabalhava com a dor do cliente, a coisa negativa. Com a fotografia eu comecei a trabalhar com momentos positivos. O Sebrae fez parte de toda a minha trajetória. Em 2018, eu fiz o curso Empreenda e, em 2019, o Canvas. Também idealizei ensaios fotográficos com mulheres, graças à visita do agente local de inovação (ALI). Tive o meu produto construído pela visão da cliente e não pela minha. Fui aprimorando meu negócio em um mercado que era novo para mim e muito competitivo. Em 2019, havia decidido passar a parte de manutenção para o meu irmão e eu apenas cuidaria de eventos no ano seguinte. Começamos aquele ano batendo as metas que queríamos e aí veio a pandemia. Toda aquela situação deu uma freada brusca no meu negócio, pois tivemos que parar de fazer eventos em março. Estávamos com equipe de seis funcionários e tínhamos um espaço de quase 300 metros quadrados. Com a pandemia, entreguei o ponto, colocamos a maior parte da equipe em home office, mudamos para um espaço menor. Naquele momento, eu tinha um museu de câmeras acumuladas ao longo de mais de 30 anos de carreira. Não era uma coleção que eu

Flavio Kameda remodelou seus negócios na pandemia e hoje tem fila de clientes

cuidava; eram mais de mil câmeras guardadas. Comecei a vender alguns equipamentos por conta de espaço, já que o novo tinha 25 metros quadrados. Minha filha e minha esposa trabalhavam comigo. Disse para elas que tínhamos um novo nicho de mercado. Acreditei que vender os equipamentos poderia salvar a gente nos próximos meses. Eu investi meu tempo na restauração, mas não tinha como fazer o trabalho online. Aí criamos a Puxando Filme em maio de 2020 no Instagram, e começamos a anunciar e vender. Postávamos e vendíamos muito rápido, em cerca de dois minutos. E, às vezes, havia fila de espera de cinco ou seis pessoas.

Em julho de 2020, comecei o Sebraetec focado em presença digital e fizemos também o Programa Brasil Mais voltado para esse novo negócio. Foi um divisor de águas para nós. Começamos o nosso Instagram muito bem e conseguimos turbiná-lo. Os cursos nos deram orientações sobre o que fazer. Na Black Friday de 2020, vendemos 50 câmeras de filme em um dia. Nunca tínhamos vendido uma quantidade tão expressiva em um dia. E tudo isso apenas pelo Instagram. Viramos a madrugada vendendo, tivemos de fazer turnos para ficar até a meia-noite do dia seguinte. Com isso, começamos 2021 estudando, porque não tínha-

mos mais como vender só pelo Instagram. Trabalhávamos sexta, sábado e domingo sem parar porque eram os dias de preferência do nosso público. Em junho de 2021, conseguimos abrir o nosso e-commerce. De lá pra cá, temos um app que faz um barulhinho toda vez que realizamos uma venda. Brinco com a minha esposa que é a máquina registradora. Para este ano, temos a meta de lançar um curso de conserto de câmeras analógicas. Temos uma demanda muito alta por consertos e eu não consigo atender. O Brasil inteiro quer mandar para mim. Tem equipamento que eu peço até seis meses pra consertar e os donos esperam.”


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