Revista Soluções - Edição 15

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Foto: Rodolfo Buhrer/La Imagen Foto: Wilson Vieira/Videographic

Carlos Guedes, empresário

Antonia de Fátima de Oliveira Ferreira, empreendedora

Antonia, a vencedora A vida da ex boia-fria Antonia de Fátima de Oliveira Ferreira, que mora em Jacarezinho, norte do Paraná, nunca foi fácil. De família humilde, com dez filhos, começou a trabalhar muito cedo. Dos 12 aos 43 anos, deu duro na roça. Antonia acordava, todos os dias, às quatro horas da manhã, para cortar cana de açúcar em fazendas vizinhas.

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Não tinha outra opção para ajudar no sustento da família. Assim como Antonia, hoje com 51 anos, muitos perderam a infância e a juventude nos canaviais da divisa do Paraná com São Paulo. As usinas de açúcar eram seu ganha-pão. Há oito anos, Antonia mudou de vida e virou fã de carteirinha do Sebrae. Fez um curso de artesanato, oferecido pela entidade em bairros carentes de Jacarezinho. E ajudou a construir a Comfibra, cooperativa que reúne núcleos de produção de artesanato de primeira linha. Centenas de pessoas foram treinadas como Antonia, para produzir peças com fibras de bananeira, taboa e argila – matérias-primas abundantes na região.

Carlos, o ‘super-herói’ Muitas desistiram no meio do caminho. Antonia, não. Hoje, além de artesã, é presidente da Comfibra. A marca Comfibra, diz ela orgulhosa, é conhecida e reconhecida. As peças, para a decoração de ambientes chiques, são ecologicamente corretas e são comercializadas por gigantes como a Tok&Stok. Antonia – casada e mãe de dois filhos - ganha mais hoje, trabalhando sentada, na sombra, e fazendo o seu próprio horário. A Comfibra foi ainda o primeiro emprego de seu filho. “Aprendemos muito com o Sebrae e com o artesanato e hoje ganhamos dinheiro com isso. Somos cidadãos.”

A história de Carlos Guedes com o Sebrae é intensa. Foi num momento de desespero que Carlos procurou ajuda. Uma dívida com bancos comprometia a saúde financeira da empresa. E a solução seria fechar as portas da pequena loja que comercializava tapetes. Carlos já conhecia o amargo sabor do fim do negócio próprio. Doze anos antes, por volta de 1994, sua oficina mecânica também havia falido. O empresário, hoje com 48 anos, nunca desistiu. Descobriu isso aos 13 anos, quando, para comprar uma chuteira, pediu ao pai para trabalhar como distribuidor de panfletos em São Paulo. O tino para os negócios o acompanhou. Em Curitiba, após fechar a

oficina, Carlos dedicou-se à venda de pontos comerciais. Foi nessa época que conheceu um árabe que o estimulou a entrar no ramo de tapetes. O sonho da primeira loja própria só concretizou em 2002. Carlos não interpretava os sinais e, em 2006, sucumbiu à crise. Sua mulher sugeriu que procurasse o Sebrae. Tinha ouvido falar que o Sebrae apoiava empreendedores. Foi paixão à primeira vista. O empreendedor não parou de fazer cursos do Sebrae. Por meio de gráficos, passou a medir resultados. A empresa de Carlos, a Cia. do Tapete, expandiu. A segunda loja veio em 2008, a terceira em 2009 e a quarta, mais recentemente. Hoje, ainda uma microem-

presa, o empreendimento conta com 28 funcionários, distribuídos nas lojas e também num quinto pequeno ‘braço’ – associado ao negócio - uma oficina de reparos, especializada em tapetes. Para Carlos, ser empreendedor é como ser um ‘super-herói’. “Corremos riscos o tempo todo e temos um ideal.”

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