Axismed - Portal Lank - junho 2016

Page 1

28/12/2016

Mal silencioso, esgotamento profissional impacta nas organizações de saúde | Portal länk

Mal silencioso, esgotamento profissional impacta nas organizações de saúde

Redação Portal länk Curtir

23

Crise política e econômica, violência e outros problemas do dia a dia. Neste cenário em que a maioria dos brasileiros vive hoje, também há o desafio das epidemias de dengue, zika e chikungunya e, em algumas localidades, um surto do vírus H1N1. Não anda fácil para os brasileiros sobreviverem ao momento adverso. E o fardo pode se tornar ainda mais pesado para os trabalhadores mais expostos à síndrome de burnout ou síndrome do esgotamento profissional, classificada como um tipo de estresse laboral, totalmente vinculada à atividade e rotina de trabalho. Profissionais de saúde, policiais, professores, jornalistas e equipes de emergência são os trabalhadores mais propensos ao problema. Em comum, essas atividades têm a intensa relação com o ser humano, exigência em decisões que impactarão a vida de outras pessoas e a consciência e responsabilidade que a vida do outro depende, muitas vezes, do êxito do trabalho realizado. “O grande diferencial do diagnóstico é que ele vem desses ambientes, ou seja, esses grupos [profissionais da saúde, policiais] têm maior risco de desenvolvê-la”, afirma Ricardo Werner Sebastiani, psicólogo e diretor do Nêmenton – Centro de Estudos e Pesquisas em Psicologia e Saúde. A síndrome é constituída por três dimensões: o esgotamento emocional, a despersonalização e a falta de realização profissional. Entre os seus sintomas e indicadores estão a enxaqueca, ansiedade, insônia, isolamento, falta de motivação no trabalho, conflito com colegas e insensibilidade com o outro, insegurança e absenteísmo. “Outro dado é que a síndrome tende a atingir quem está há mais tempo na ‘estrada’ e aqueles que são mais dedicados estão mais vulneráveis”, explica Sebastiani, que também é mestre em saúde pública e professor. No caso dos profissionais de saúde, a rotina pesada pode contribuir para o aparecimento do burnout. São jornadas extenuantes, a maioria das vezes em mais de um emprego, com pouco tempo para descanso. “Alguns desses profissionais têm jornada 12 x 36 (em que o profissional trabalha 12 horas e descansa 36 horas), mas, para ganhar o suficiente possuem quatro ou cinco vínculos empregatícios”, comenta Sebastiani. Outra face do estresse que pode acometer o profissional deste e de outros segmentos mas de uma maneira geral é o causado pelas incertezas da crise econômica como o desemprego, inflação alta e o medo do endividamento. Cátia Motta, responsável técnica da Axismed – consultoria de gestão de saúde populacional- conta que de 2014 até hoje, cerca de 40% da carteira gerida pela empresa foi afastada por problemas decorrentes da saúde mental – o que engloba depressões e também a síndrome de burnout. Sebastiani acrescenta outro tipo de cenário enfrentado pelo trabalhador da saúde atualmente. “Há neste momento uma crise sanitária com o vírus do H1N1, zika, dengue, chikungunya e um surto de caxumba que ainda não chegou aqui [São Paulo], mas já acontece no Rio Grande do Sul. Tudo isso somado ao dia a dia vira um caldeirão explosivo”. Redução de danos No último mês de abril, um tiroteio em frente ao Hospital Cristo Redentor em Porto Alegre (RS) deixou quatro mortos. Poucos dias depois, um grupo de funcionários do hospital protestou em frente à instituição pedindo por mais segurança. A violência e a falta de segurança a qual se expõem os trabalhadores têm gerado não só protestos, mas também danos à saúde mental dos funcionários do Grupo Hospitalar Conceição (GHC), instituição pública da qual faz parte o Hospital Cristo Redentor e mais três hospitais, 12 postos de saúde, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) e três Centro de Atenção Psicossocial (CAPS) – totalizando em 9500 funcionários. “Entre os profissionais de saúde, as doenças mais frequentes são as osteomusculares e as mentais – estas pelo próprio objeto de trabalho que é cuidar do adoecimento e da dor do outro. Mas agora, nós também enfrentamos o cenário de violência”, conta Clori Pinheiro, terapeuta ocupacional e assistente de coordenação da saúde do trabalhador do GHC. Segundo ela, a constante

http://www.portallank.com.br/sustentabilidade­e­saude/desafios­do­setor/mal­silencioso­sindrome­de­burnout­impacta­no­desempenho­de­hospitais­e­in…

1/4


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.
Axismed - Portal Lank - junho 2016 by Scritta-Resultados - Issuu