House Mag 29

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A revista da música eletrônica brasileira

Moda sem direitos autorais Não seria a hora de a música seguir o mesmo caminho?

Do Santos

O sucesso repentino do produtor gaúcho

Sónar

Uma nova realidade para o Brasil

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Paraísos Artificiais Martin Solveig Guia eletrônico de NY Dubshape

A simplicidade da figura mais celebrada da eletrônica



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A revista da música eletrônica brasileira

Direção executiva Jorge Vieira Junior José Luiz Cavichioli Junior Consultor de Marketing e Diretor de Projetos Especiais Geraldo Nilson de Azevedo Editora-chefe Sarah Kern sarahkern@housemag.com.br

assistente editorial João Anzolin joaoanzolin@housemag.com.br

redação e CONTEÚDO ONLINE Carolina Schubert portal@housemag.com.br

direção de arte Ricardo Lin ricardo@housemag.com.br

assistente de Editoração Henivaldo Alves Fotografia: Gus Benke

arte@housemag.com.br

Financeiro Andréia Vilela Gomes financeiro@housemag.com.br

Internet e Tecnologia Commix – www.commix.com.br Publicidade / Comercial

“Esqueça a bossa nova, o Brasil agora é o país da música eletrônica”, anunciou a gigante Forbes em fevereiro. A publicação norte-americana causou burburinho com o artigo, pelo menos por aqui. Tudo bem que o nosso mercado hoje gera muito mais oportunidades – mais eventos e mais dinheiro – do que ontem. Mas nossa cena passa por um momento delicado: temos ótimos DJs, cada vez mais deles, e muitos entregam o trabalho melhor do que os estrangeiros. Ainda assim, a produção musical parece ser a última opção para muitos, algo até mesmo impensável para outros. Opções são individuais, é claro. Mas vale uma análise. A publicitária inglesa Melissa Maouris, que no início deste ano rodou as melhores festas do Brasil, relata nas páginas desta edição seu espanto. Os gringos dominam por aqui! E, sim, precisamos admitir: no geral, os artistas de fora ainda são os que mais vendem ingressos, têm o nome em destaque nos nossos flyers e geram muita publicidade. Mas é claro que há casos à parte. Alguns talentos nacionais conseguiram reverter essa história e nós, da House Mag, gostaríamos de presenciar esses casos com cada vez mais frequência. Queremos ver headliners brasileiros nos nossos grandes eventos, e lá fora também. O primeiro passo, como mostra a Forbes, nossos empreendedores e profissionais do mercado já conseguiram: gerar oportunidades. Já o segundo está num plano muito mais individual – músicas próprias, de qualidade e que sejam páreo para aquelas que tanto admiramos. Um incentivo, portanto, é inevitável. Nesta edição, além do mundialmente aclamado Jamie Jones, tem também a história do gaúcho Do Santos, que entrou em um avião pela primeira vez depois do sucesso de sua primeira faixa; Ale Reis e João Lee, do projeto Dubshape, abrem seu estúdio em São Paulo e falam sobre equipamentos e seu processo criativo; uma seção de reviews renovada, apenas com lançamentos de artistas nacionais, e muito mais. Falar tudo no editorial não tem graça. A revista está aqui para que você mesmo a descubra. sarah kern Editora-chefe

João Freitas cel 48 9614.9002 joao.freitas@housemag.com.br

São Paulo – Marcelo Larini cel 16 7812.9723 id 55*92*53308 tel 16 3331.6036 marcelo@housemag.com.br

Brasília – Carlo Alessandro Benjamin alessandro@housemag.com.br

Jurídico FSN Advogados Associados tel 48 3733.5516 advocacia@fsn.adv.br

Colaboradores Angel Inoue Bruna Calegari Danilo Bencke Fabio Spavieri Felipe Kopanski Gabriela Loschi Gabriel Macarofq Giulliano Hopper Ilan Kriger Isaac Varzim Jade Gola Marcelo Andreguetti Marina Machado Marina Paiva Melissa Maouris Mateus B. Reginaldo Leme

Impressão Gráfica Coan Todo o conteúdo (texto e fotos) apresentado pelos colunistas e colaboradores desta publicação em suas respectivas páginas é de inteira responsabilidade dos mesmos, assim como todo o material cedido pelas assessorias das casas noturnas e eventos (agendas e imagens). A House Mag (ISSN 2176-7009) é uma publicação bimestral da Editora Made in Brazil | Rua Laje de Pedra, 151 – Ed. Spazio Uno, salas 01 e 02 – Itacorubi, Florianópolis/SC | CEP 88034-605 Telefone: 48 3028.4484 www.housemag.com.br


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jamie jones


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colaboradores O interesse de Eliana Vieira pela imagem veio cedo por incentivo da mãe, que sempre registrou os momentos em família. Formada em Publicidade e Propaganda, trabalhou em produtoras de vídeo e na TV e estudou fotografia no Senac de SC e SP. Há seis anos é fotógrafa free lancer e colabora com revistas como Contigo!, Criativa e, agora, com a House Mag. São delas as fotos do nosso editorial de moda.

Isaac Varzim é músico, DJ e produtor e integrante das bandas Superpose e Mapuche. Estudou composição e regência na Escola de Música e Belas Artes do Paraná e fez diversos cursos na área de Musical Business na Berklee College of Music norte-americana, a maior faculdade independente de música do mundo. Na página 34 ele traça parâmetros entre as indústrias da moda e da música, tão diferentes, mas cada vez mais parecidas.

O brasiliense Giulliano Hopper é DJ residente do 5uinto, um dos clubs mais bacanas de Brasília. Sempre na fronteira entre house e techno, ele também lança pela gravadora Crunchy Music como produtor musical. Aqui Hopper fala um pouco sobre a cena eletrônica na capital brasileira que, conhecida há décadas como a Cidade do Rock, agora parece abrir as portas para batidas menos orgânicas.

Nosso mais novo colunista, Reginaldo Leme é o maior ícone do jornalismo automobilístico brasileiro. Foi o criador do anuário AutoMotor, em circulação desde 1992. A carreira do comentarista começou em 1972, e desde então soma coberturas em mais de 450 grandes prêmios da Fórmula 1. Hoje é apresentador do programa Linha de Chegada, do SporTV, e escreve para O Estado de São Paulo. Trabalha na Rede Globo desde 1978. Confira as notícias das pistas de corrida na página 84.

Melissa Maouris é inglesa e diretora da agência de publicidade Maouris. A especialidade da empresa é a promoção de música eletrônica contemporânea e underground em mais de 35 países. Ela cuida da mídia de alguns dos maiores artistas e selos do momento, como Visionquest, Hot Natured, Deniz Kurtel, MANIK, Soul Clap e Nicolas Jaar. Em fevereiro Melissa esteve pela primeira vez no Brasil, e relata para nós o que viu na cena daqui que mais a surpreendeu.

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Pic Schmitz

Ricardo Estrella

música que leva as mãos para o alto na certa?

“Rockerr - Let Your Love Surround Me” sempre funciona muitíssimo bem em qualquer pista que eu toco, com mãozinhas pra cima!

Não tem como fugir de um clássico. Para mim, o remix do Todd Terry para “Missing”, do Everything But The Girl, traz a mesma vibe de quando foi lançada. Sempre que toco vejo muita gente cantar junto.

Tarefa difícil apontar uma, mas nas minhas pistas, um David Guetta acabaria com ela rapidinho.

DJ Anna

Maurício Um

O remix de Kaskade para “Scary Monsters And Nice Sprites”, do Skrillex. Ela é excelente, mas sempre que toquei não funcionou muito. Uma pena!

A música que nunca falha é aquela que remete a bons momentos, seja um super lançamento ou um clássico. No meu set isso sempre acontece quando toco “Love Saves The Day - Kaine Feat Kathy Diamond (Mario Basanov Vocal Remake)”. É aquela muito barulhenta a agressiva, que não tem uma menina que aguente! Tipo “Fjrmo And Morris T - Roadhouse”.

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“Alec Carlsson - Paris Fried Chicken (J Paul Guetto Remix)”. Essa é infalível! “D’Julz - Fofoca (Dub Mix)”. Achei que bombaria, mas não foi nada bem quando toquei.


Hands Up!

E aquela que acaba com a pista?

Não existe uma música que seja padrão para todos os estilos de pista, mas na nossa opinião a música do momento é “Avicii - Levels”.

Junior C

Esse tipo de música procuramos não tocar, mas existem diversas. Cada pista tem uma história diferente e única.

“Sneaker Pimps - Spin Spin Sugar (Armand Van Helden’s Speed Garage Mix)”, sem dúvida! Ainda não tive uma experiência assim tão devastadora com uma música a ponto de acabar com a pista, mas cheguei próximo com “Dual Method – Bong”. A track é boa, mas toquei na hora errada!



ÚLTIMOS SÁBADOS DE 2012 DISPONÍVEIS GARANTA SUA DATA!

Hands Up é atualmente considerado um fenômeno da música eletrônica. Não é à toa que em 2011 conquistou a 12ª posição no Top 50 da House Mag. Foram mais de 180 apresentações e 2 gigs internacionais. O duo passeia pelas vertentes da house music combinadas com as batidas da percussão ao vivo. Booking Juliana Franco 55 41 3016 1716 | 7820-3662 juliana@djcom.com.br

CURTA NOSSA FAN PAGE: facebook.com/pages/Hands-UP-Live/ ou scaneie código e acesse do seu Celular. (Caso não possua o leitor baixe na app store ou em www.i-nigma.com)

/handsupbr

@handsuplive

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what’s up

Imagens: Divulgação

Pop e rock em Ibiza? Life Is A Loop lança álbum e coleção de camisetas Após cerca de um ano trabalhando em estúdio, o trio Life Is A Loop finalizou seu primeiro álbum próprio. A novidade foi lançada no dia 7 de abril, juntamente com a estreia do novo show do grupo (e que foi o primeiro da turnê “Uma Viagem De Dez Anos”) realizado no P12, em Florianópolis. E para comemorar, Fabrício Peçanha e Leozinho e Rodrigo Paciornik assinam uma parceria com a marca de roupas Legend Players. Serão dez peças exclusivas, número que coincide com os anos de vida do trio. As peças poderão ser encontradas em lojas multimarcas de Florianópolis, Balneário Camboriú, Porto Alegre e Recife. O primeiro trabalho autoral do projeto é composto de doze faixas, sendo três delas com vocais femininos e várias com elementos percussivos gravados em estúdio por Rodrigo. Duas músicas do álbum, “Stars” e “Rockit Baby”, foram disponibilizadas para download gratuito na página deles no Facebook. A próxima edição da House Mag vai trazer um editorial de moda exclusivo com o trio.

Reforçando o momento de ascensão da música eletrônica – e a consequente consolidação de alguns de seus estilos mais populares como grandes sub-gêneros da música pop – um dos mais aguardados eventos que serão realizados na temporada de verão em Ibiza atende pelo nome de Ibiza123 Rocktronic Festival. A ideia por trás do festival é reunir, em um só palco, grandes artistas da música pop, do rock e é claro, DJs. Assim, Sting, Lenny Kravitz, David Guetta, Luciano e 2ManyDJs são alguns dos artistas que devem se revezar no mesmo local. O Ibiza123 acontece entre os dias 1 e 3 de julho e ainda não teve todas as suas atrações confirmadas.

One More! Inspirado no livro de Matt Trollope, “One More: The Definitive History Of UK Clubbing” traz depoimentos dos envolvidos, desde o início, com cena dance music do Reino Unido. O documentário retrata todo um período revolucionário (1988-2008) de festas e ecstasy, uma era clubbing que mudou a vida de diversas pessoas. A questão por trás do filme é “Se hoje fosse a última gig de sua vida, qual track escolheria como aquela “mais uma”? Produzido pela Company 4000, “One More” tem entrevistas com Norman Cook, Nicky Holloway, Graeme Park, entre muitos outros. Em formatos DVD e Blue-Ray, pode ser adquirido pelo site oficial (www.1more.com.br) e também em lojas como Amazon e iTunes. O livro está disponível na página online do próprio escritor, Matt Trollope.

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Green Valley é eleito o 2º melhor club do mundo! Se o resultado de 3º melhor club do planeta em 2010 já foi motivo de orgulho para os brasileiros, subir uma posição no pódio dos Top 100 clubs da DJ Mag inglesa é ainda mais inacreditável. A casa dos sócios Eduardo Philipps, Duda Cunha, Ricardo Tolazzi e Ricardo Flores foi citada pela publicação como “um coliseu gigante no meio da floresta” e como tendo iluminação deslumbrante, pirotecnia e efeitos de LED. Para alguns, porém, o club deveria ser o número 1. Os DJs Armin Van Buuren e Axwell fizeram questão de dizer que a casa é a melhor do mundo. Recentemente o Green Valley foi citado na revista norte-americana Forbes, em matéria que dizia “Esqueça a Bossa Nova, o Brasil é o novo país da música eletrônica’. Outros clubs brasileiros também entraram entre os 100, como Sirena, D-Edge, Anzu, Warung e Club Vibe.


news Faixa de brasileiro é eleita a melhor de 2011 por Moby O projeto de electro house Darth & Vader viaja em abril para a sua segunda turnê norte-americana. Após passar por Winnipeg, no Canadá, país onde se apresenta pela primeira vez, ele segue para dez apresentações em sete estados americanos, em grandes cidades como Phoenix, Orlando, San Diego, Dallas, Seattle e Los Angeles, voltando ao Brasil no fim do mês. Hugo Castellan, nome por trás do projeto, teve o seu original mix “Return of the Jedi” escolhida por Moby como a melhor de 2011. No ano passado, foi sucesso nos Estados Unidos e México, estando previstas para 2012 novas tours na Austrália e Nova Zelândia, intercaladas com suas datas nacionais.

Rafa Casagrande no Groovin’You 2012 começou com duas grandes novidades para o Groovin’You. O projeto agora conta com a participação de Rafaela Casagrande ao lado da já integrante Camila Vargas. Além disso, a dupla passa a fazer parte do casting da Hypno Artist Agency. Elas prometem trazer um som groovado e inquieto, com músicas que remetam boas lembranças. O primeiro set promo de Rafa e Camila já está disponível via SoundCloud. Mais informações podem ser acompanhadas através da fan page: facebook.com/groovinyoudjs

Rock In Rio hermano O ano ainda está caminhando, mas o Rock In Rio já anunciou que em outubro de 2013 a Argentina será uma das sedes do festival. Roberto Medina, criador e presidente do evento, esteve reunido em várias ocasiões com o chefe do governo, Mauricio Macri, para fechar o acordo entre a cidade de Buenos Aires e o Rock in Rio. A edição de Buenos Aires será comunicada durante as próximas edições do Rock in Rio Lisboa, Madri e Brasil. A atuação de bandas argentinas em algumas dessas edições também está prevista, dando continuidade ao intercâmbio musical entre os países por onde passa. A produção já adianta que a quarta Cidade do Rock será construída a quinze minutos da capital, no antigo Parque da Cidade. A estrutura vai somar 200 mil m², com capacidade para receber 100 mil pessoas por dia.

Save the name! Clinton é o mais novo projeto do DJ Memê, agora em parceria com o tecladista Henrique Portugal. A ideia é levar a música pop brasileira de volta para os clubs, unindo o gênero com o eletrônico. Com a promessa de fazer uma coisa diferente na pista, eles já avisam: “Save the Name: Clinton”. Por enquanto, uma prévia do que está por vir pode ser conferida através do vídeo promocional veiculado na fan page do duo: facebook.com/clinton.live


RMC chega a Miami O pontapé inicial para os eventos itinerantes que o RMC promoverá ao longo de 2012 será dado em junho, mais especificamente entre os dias 7 e 10 do mês (feriado de Corpus Christi). Este ano, entretanto, a primeira edição fora do Rio de Janeiro após a realização da RMC carioca será também a estreia da conferência em solo internacional. O RMC Miami Beach terá festas, shows e conferências em plena Flórida, mais especificamente no Hotel Fontainebleau. Entre os artistas já divulgadas para esta edição estão Gui Boratto, Rodrigo Vieira, Dubshape, Ask2Quit, Renato Ratier, Michel Saad, Luis Tepedino, Paulo Veloso, Rique e o projeto House Spirit, formado pelo DJ Rafael Nazareth e o músico Rodrigo Sha. Em breve, mais atrações e novidades serão confirmadas. Pacotes promocionais estão sendo comercializados na página oficial da conferência.

Coletânea de estreia “The Singles”, primeira coletânea assinada pela banda britânica Goldfrapp, reúne faixas dos cinco álbuns e ainda traz duas canções escritas especialmente para o release: “Yellow Halo”, synth-pop de construção lenta, e a balada introspectiva e desafiadora “Melancholy Sky”. Uma variedade de estilos é explorada no disco. Entretanto, grande parte das músicas são caracterizadas pelos distintos vocais suaves e sussurrados de Alison Goldfrapp somados aos arranjos de corda e ao som do sintetizador em várias camadas de Will Gregory. A compilação equilibra o eletrônico cativante do álbum de estreia “Felt Mountain” com o dancefloor distorcido de “Black Cherry”, passando pelo glamour de “Supernature”, pelo aclamado eletro-folk de “Seventh Tree” e o retrofuturista “Head First”. Os discos assinados pelo projeto já renderam uma indicação para o prêmio Mercury e duas para o Grammy.

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Massive Attack e Gorillaz juntos? Um boato alimentado por fotos postadas na página do Facebook da banda inglesa Massive Attack movimentou o meio musical nos últimos meses. Trata-se da possibilidade de trabalhos (faixas ou talvez até um álbum) envolvendo a banda em parceria com o Gorillaz. Tudo começou quando Damon Albarn, integrante do Gorillaz e do Blur, se uniu a Richard Russel, dono do selo XL Recordings, para produzir o novo álbum do cantor Bobby Womack. A parceria aparentemente evoluiu bastante, e recentemente foram postadas fotos de ambos trabalhando juntos nos estúdios do Massive Attack. Em poucos dias se espalharam especulações de que até o fim do ano as duas bandas devem lançar trabalhos em conjunto.


Clubes em expansão O mercado brasileiro de clubes segue agitado. Em São Paulo, diversos grupos de entretenimento pretendem expandir suas operações ao longo do ano. O D-Edge já confirmou a abertura de uma filial no Rio de Janeiro e pretende incluir outra cidade brasileira nos seus planos de expansão: Curitiba é a mais cotada. A casa de shows paulistana Na Mata Café deve inaugurar filial em Belo Horizonte, e o grupo responsável pelos clubes Lions, Cine Jóia, Vegas e Yacht deve abrir um novo clube chamado PanAm, no Rio.

Tresor lança documentário em DVD Rodado como uma série de televisão em 2008, “SubBerlin: The Story of Tresor” acaba de ganhar uma nova formatação. Dirigido por Tilmann Künzel, o documentário chega em DVD, com legendas, e ainda traz um CD para completar o lançamento. Lá é contada a história do famoso club berlinense Tresor desde o início dos anos 90 até 2005, quando mudou de local. A casa abriu as portas em meio ao caos geral pós queda do muro de Berlin, sendo considerado um marco sem precedentes na cena techno local e também referência do outro lado do Atlântico, em Detroit. A gravação inclui depoimentos dos renomados Atkins e Sven Väth, além de pessoas que fizeram o Tresor acontecer, como o fundador Dimitri Hegemann.

Hot Chip na área SoundCloud e Ableton unem forças O site de hospedagem de músicas e sets SoundCloud e o Ableton (software de produção musical) desenvolveram uma parceria que visa compartilhar benefícios de ambas ferramentas para os seus usuários. Através da ação, será possível armazenar automaticamente os arquivos produzidos no Ableton Live diretamente no site, sem a necessidade de acessá-lo. De outro lado, o SoundCloud disponibilizará o Ableton 8 para os seus usuários registrados. Para saber mais informações e usufruir dos benefícios da união, basta se registrar no SoundCloud.

Mais um álbum do Hot Chip está prestes a sair do forno. Previsto para 12 de junho, “In Our Heads” é o quinto disco assinado pelo crew britânico. Gravado em Londres e coproduzido pelo engenheiro Mark Ralph, este será o primeiro release dos caras pelo selo independente Domino Records. O Hot Chip tem sido o centro das atenções desde o lançamento do álbum “The Warning”, em 2006, que incluiu o single “Over and Over”. Com Joe Goddard e Alexis Taylor como o núcleo criativo do time formado por cinco integrantes (antes seis), a banda segue com um álbum a cada dois anos desde então. Inclusive, ao longo da carreira, arremataram um Mercury Prize e um Grammy. Agora é aguardar para ver e ouvir o que “In Our Heads” reserva. Até o momento, o Brasil não faz parte dos destinos anunciados.


Aircraft grava vídeoclipe Capitaneado pelo DJ e produtor Rafael de Paulo e a violinista Karla Carvalho, o projeto Aircraft lançou o teaser do vídeoclipe de “Night Away”, single que contou com a participação do cantor norteamericano Jesse Hart – o cara foi descoberto por Lou Perlmann, produtor musical que já lançou artistas como Justin Timberlake. Com imagens feitas num evento em Florianópolis, de frente para o mar, o vídeo reflete o bom astral tanto da dupla como do público. Mas as boas novas não acabam por aí. Mesmo sem ter data de lançamento prevista, a faixa foi escolhida pela produção do Caldeirão do Huck para abrir e fechar o programa no último dia 31 de março. E para presentear os mais de 60 mil fãs do Aircraft na página do Facebook, eles vão sortar 4 iPod Shuffle para aqueles que mais interagirem com as notícias postadas. Os sorteios acontecem nos dias 09/04, 23/04, 07/05 e 21/05.

Nova apresentação vem aí! Depois de caírem no gosto do público com as tracks “This Is The Night”, “I Give Love” e “On Da Dancefloor”, Victor Costa e Caio Andrade entraram 2012 focados em novas canções, dedicando grande parte dos últimos dois meses a um trabalho pesado entre agenda e estúdio. O resultado disso pode ser conferido em sua nova apresentação, que vem totalmente reformulada. Entre lançamentos, os destaques vão para “Hard To Get” e “Saturday Night”. Saiba mais sobre o duo: facebook.com/twicenicemusic

George Israel E o público eletrônico O saxofonista, violinista e compositor do grupo Kid Abelha, George Israel, está em turnê por todo o Brasil com a sua famosa banda de pop rock. Mas é na música eletrônica que ele vem investindo atualmente. Frequentemente se apresenta em club nas cidades por onde o Kid passa, e os tranforma em verdadeiros afterhours dos shows. Depois de fazer parte do projeto Sollar, em parceria com o DJ Memê, o qual se apresentou em grandes festivais, como o cruzeiro eletrônico MOB e o Helvetia Music, e nos principais clubs do Brasil, George promete muitas novidades para 2012. O ano já começou bem para ele, que acaba de ingressar no casting da agência de DJs Groove, dos sócios Gabriel Macarofq e Luiz Sala (DJ Feio).

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Brasil Music Conference está de volta Após três edições entre os anos de 2002 e 2004, o Brasil Music Conference anunciou o seu retorno em 2012. A conferência, que era realizada juntamente com o festival Skol Beats, ainda não divulgou datas nem os detalhes sobre a programação, mas já confirmou que seguirá os moldes de eventos como a WMC e a ADE, ou seja, focando em palestras, debates e workshops. “O momento é propício para o retorno do BMC, pois a cena eletrônica está se profissionalizando e expandindo. A briga agora é para que o dinheiro que é gerado por essa cena alimente toda uma cadeia de profissionais, assim como é no mercado internacional. São Paulo tinha de voltar a sediar o evento, pois é o maior mercado do país e o ditador das tendências”, afirma Daniel Kaplan, um dos responsáveis pela organização da BMC. Agora é esperar para ver.


instamomentos

A vida em dez momentos Livros, fósforos e um caso de amor com a noite. A DJ e designer Mary Olivetti revela, pelo Instagram, do que ela realmente gosta.

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1.”Meu Romance com a Noite”, eis a capa do livro que nunca escreverei! Esta é a legenda para uma das minhas fotos favoritas.

2. Da estrada direto para o mar. Pra energizar!

Depois de uma semana inteira trabalhando em São Paulo, vou direto respirar um pouco de natureza. Isso realmente me renova: o mar.

3. A colecionadora de fogo.

Tenho mania de trazer pedacinhos das minhas viagens, como cartões magnéticos de hotéis, cardápios divertidos e... Fósforos!

4. Me orgulho muito desse click (!)

Num lindo fim de tarde em Ipanema, fotografei despretensiosamente um amigo e deu nisso. Linda, né?

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5. Resuma sua vida em uma só palavra.

A legenda diz tudo. Créditos para a criatividade dos queridos Life is a Loop.

6. Cin Cin, meus amores!

Esse foi só o começo da comemoração especial que fiz com os amigos. Meu disco “Intensity” enfim nascera!

7. Clickin’ Pedrinho Salomão

Sempre tive verdadeira paixão por fotografia. Quando posso, roubo a câmera da amiga Cix pra clicar por aí. Um dia levo isso a sério, prometo.

8. Um passeio pela Travessa pode mudar a sua vida.

Um de meus lugares favoritos, a Livraria da Travessa (RJ). Aqui deixo o tempo passar sem sentir. Essa foto foi background do meu celular por meses.

9. Nem a luz do dia eu vi aqui!

Essa foto deixa clara a nossa rotina tumultuada. Estava embarcando de volta para casa em Ribeirão Preto após tocar em uma cidade vizinha, São Carlos. Isso tudo depois de ter chegado na mesma noite. Correria pouca é bobagem!

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. Não deixe seu dom adormecer! Desenvolva! Por fim, uma foto que imprime todo o meu prazer em ser DJ. A mensagem é real: seja lá qual for seu dom, não deixe-o passar sem desenvolvê-lo. Meu pai diz que Deus castiga!


música

jade gola

Imagens: Divulgação

O MUNDO VAI ACABAR EM TRANCE Mal adentramos o segundo trimestre e já vemos alguns panoramas da eletrônica em 2012. Um deles, bem marcante, é que o trance voltou com tudo, inspirando as reverberações cósmicas e espiritualidades sonoras do P.L.U.R. (Peace/ Love/Unity/Respect) das saudosas raves dos anos 90. Não que o trance tenha voltado como gênero absoluto, mas sim como substrato de muita música boa feita por artistas da atualidade. Um exemplo? “fIN”, o celebrado LP de estreia do catalão John Talabot, uma piração faroeste em que repetições hipnóticas e transcendentais são elementos essenciais de faixas como “H.O.R.S.E.”, ao lado de climas tropicais baleáricos, house e synth-pop. Essa redescoberta do trance em 2012 (eu não chamaria de revival) não é um apreço espiritual literal, como foi em suas origens. Se uma das faixas essenciais do gênero, “We Came in Peace”, do Dance 2 Trance, trazia uma imagética fractal e tinha temas espaciais, o trance hoje is a feeling, permeando uma memória subconsciente que, na real, representa algo mais importante: a vitória do 4x4. É só reparar como a house music/garage invadiu o dubstep/bass music desde 2010, e como o techno tem sido base de composição para artistas de noise e IDM como Cuticle – o Residente Advisor fez um longo artigo só para falar sobre isso. O trance fecha a trinca 4x4 inspirando artistas do techno-pop e eletrônicos no geral, que além de Talabot tem ainda nomes como

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Blondes, Ital e lançamentos nos últimos meses de The Field, Mike Simonetti e Luke Abbott. Até a bass music durona está se rendendo às marolas tranceiras, caso do próprio Burial e do novato Kyson – não faltam exemplos, consulte esses artistas no YouTube e no SoundCloud e perceba. Mais exemplos? O Caribou aka Daphni acabou de publicar dois remixes 100% trance para o Emerald: busque pelos Daphni Mixes de “Does It Look Like I’m Here?”. E o garimpeiro musical JD Twitch, da dupla escocesa Optimo, fez um mix para reavivar sentimentos tranceiros. “Eu quis recuperar o termo trance de anos de mau uso e de péssimas associações criando um mix que creio ser trance puro”, justificou. Busque no Mixcloud “JD Twitch White Light 54” e voe, voe longe. Esse zeitgeist viajandão pode ser fruto ainda do misticismo implícito de 2012, em que achamos que o mundo vai acabar, contexto que leva a uma busca mais profunda por espiritualidade e transcendência psicológica, algo possível na abstrata música eletrônica. E, olhando para trás, lá se vão simbólicos 20 anos desde 1992, quando a eletrônica começou a conquistar o mundo com o trance barulhento e frito das raves: Jam & Spon com “Stella”, WestBam, The Orb, AFX, Speedy J, Paul Van Dyk e afins tiveram auges em 1992. Se nos anos 90 o trance era uma fusão cibernética de house, poperô e hardcore techno, em 2012

esse post-trance brinca com space disco, low BPMs, neo-synth pop e techno cada vez mais bem feito – repare na euforia com John Talabot. Também é uma boa época para redescobrir o trance, já que “rave” virou algo gigantesco onde toca de tudo, e o próprio psytrance farofeiro foi à bancarrota e libertou o trance da má fama. Mas como sempre na dance music, feelings, revivals e influências são mutações constantes. Não faz muito tempo a gente ouviu neo-trance, foi em 2006, em que o minimalismo do techno alemão clamou por algum espírito e Booka Shade, The MFA, Trentemøller, Nathan Fake e Patrick Chardonnet temperaram o techno com saudades tranceiras. E assim o ciclo da eletrônica 4x4 segue em nossas vidas, sempre com seus beats lineares e envolventes, tão importantes para a dance music como os riffs de guitarra são para o rock. ■

Jade Gola é um jornalista musical em busca de novas formas, sons, ideias, artistas e tecnologias. Da internet para o impresso, do digital para o real. Música eletrônica como parâmetro cultural e visão de mundo. jadegola@gmail.com


Casa eletrônica inspirada nos salões franceses do século XVI, o DUC CLUB que em 2011 recebeu nomes como Michael Canitrot (FRA), Greg Vickers (UK), Sasha Agram (CRO), Grant Nelson (UK), Joey Negro (UK) e Oliver Ingrosso (SUE) promete inserir ainda mais Curitiba no cenário internacional e confirma atrações de peso para o ano de 2012. A casa tem um conceito europeu de nightlife, fruto da combinação de um serviço Super Premium com a moda, a música e a tecnologia. Luzes rápidas e coloridas por entre as peças e lustres clássicos dão o tom do devaneio seiscentista francês que toma forma em plena noite do século XXI. Isso se traduz em uma viagem à Idade Média com nuances contemporâneas.

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/ducclub


bandas do brasil

Fotografia: Divulgação

Conheça as bandas que fazem a diferença por aqui por Marcelo Andreguetti

Banda que teve o privilégio de abrir um dos últimos shows do LCD Soundsystem, a Inky é um projeto de apenas dois anos que experimenta rápida ascensão na frutífera cena de São Paulo. Nessa curta existência, o grupo passou de dupla a quinteto, trocou a fórmula básica laptop e música eletrônica pelo uso de instrumentos convencionais e ainda expandiu a paleta de sons por onde transitam, explorando com autoridade as trilhas deixadas pelo dance-punk nova iorquino e flertando com caminhos mais darkeletrônicos sob influências do trip-hop.

Inky

Recentemente, a Inky faturou o concurso “Obsessed With Sound”, da Philips, competindo com quase 2 mil bandas independentes do mundo todo. O prêmio foi a honra de gravar a faixa vendedora, “No One’s Town”, acompanhados da Metropole Orchestra de Londres e sob a batuta do lendário produtor Steve Lillywhite, uma das mentes por trás dos primeiros discos do U2 e de grandes nomes do post-punk como XTC e Ultravox. O resultado é uma envolvente balada bem diferente do que a banda produzira até então, e abre caminho para o que deve ser lançado nos próximos meses de material novo. As novas músicas prometem mais amadurecimento que as tracks calcadas no dance-punk de seus primeiros lançamentos, e devem refletir a ambição da banda dentro do mercado internacional de agora em diante. soundcloud.com/inkyghost

O nome é irreverente, irônico e engraçadinho, mas o som feito pelos cariocas do Dorgas está longe da zoação e da aleatoriedade abobalhada que o nome da banda (e de algumas das músicas) podem sugerir. Inclusive, pode-se até se falar de um tipo de “pop cerebral” ao se referir ao quarteto, que mistura alguns elementos jazzy e psicodélicos na fórmula experimental de suas composições, algo entre Steely Dan, Tortoise, Wild Beasts e o chillwave. De seu primeiro EP em 2010 pra cá, os garotos da zona sul carioca ganharam as páginas de publicações especializadas em cultura pop – da Rolling Stone à Vogue – como um dos novos exemplos de bandas “cool” a surgir no indie brasileiro. E, com apenas um ano de experiência com shows, os caras já tiveram o privilégio de tocar no Circo Voador antes do Ariel Pink, o “padrinho” do chillwave, subgênero do eletrônico que desconstroi a dance music oitentista e o pop brega de rádio AM com uma abordagem lo-fi, onírica e pós-moderna de reciclagem e pastiche. E esse pode ser exatamente um ponto de partida para entender ainda mais o som da banda. Se a postura jam band de se perder em instrumentais hipnóticos de quase dez minutos fosse uma característica da banda até agora, o primeiro álbum pretende desmitificar essa tônica. O disco deve ter uma pegada mais suave e dançante, se aproximando ainda mais da chillwave e também de grupos de fusion mais comportadinhos, como o Steely Dan. As Dorgas agora virão menos lisérgicas: ”Vai ser um disco pra ouvir com sua mãe do lado”, diz o guitarrista Gabriel Guerra. myspace.com/dorgasdorgasdorgas

Dorgas

Quarteto moderninho de Porto Alegre, a Wannabe Jalva faz rock dançante para sacudir as pistas alternativas com guitarras, batidas disco-punk e efeitos eletrônicos. Na onda de seu primeiro EP, “Welcome to Jalva”, gravado e mixado pelos próprios no ano passado, a banda levou seu som para tocar no Brasil todo. Nessa, além de ganhar o respaldo e amizade de outros comparsas da safra indie/eletrônica brazuca, como Holger e Garotas Suecas, ganhou visibilidade em festivais alternativos tocando ao lado de nomes importantes como Cut Copy, Vampire Weekend e The Rapture.

Wannabe Jalva 26

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Com letras em inglês, melodias dançantes e refrões cheios de energia, fica impossível não perceber logo de cara o alinhamento da banda com o que é produzido lá fora, principalmente em relação ao indie promovido e difundido pelo hype da revista britânica NME. Mas os portoalegrenses têm uma certa vibração diferente em seu trabalho: um mojo que coloca os registros de estúdio bastante próximos das apresentações ao vivo e vice-versa. E essa energia de sobra é o que garante que a Wannabe Jalva seja uma boa pedida para colocar a molecada a bater cabelo na pista de dança. wannabejalva.com


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de volta

Fotografia: Divulgação

1994

O Sónar vira realidade O Festival Internacional de Música Avançada e Arte New Media, criado por Sergio Caballero, Enric Palau e Ricard Robles, da companhia espanhola Advanced Music, nasce com a pretensão de se tornar referência mundial no âmbito da música avançada e na aplicação de novas tecnologias à criação artística. A partir desta primeira edição o festival se torna anual, sendo realizado sempre em Barcelona, mas representando um conceito comum a todos os amantes da cena eletrônica e da experimentação musical.

2002

Consolidado ao redor do mundo Em 2002, após consolidar suas propostas e se transformar em um símbolo da música eletrônica, o Sónar passa a apresentar edições em diferentes metrópoles do mundo, mas sem deixar de lado suas principais características: misturar arte new media e experimentação local com figuras (headliners) já reconhecidas mundialmente. Aqui, o festival começa a ampliar sua internacionalização. Silva é uma das apostas do Sónar São Paulo

Sónar:

uma nova realidade para o Brasil

2004

Uma passagem por São Paulo Sob o título de SónarSound, o festival chega à capital paulista com uma edição que apenas resumia o espírito das realizadas em Barcelona. Com Matthew Dear, Ricardo Villalobos, Jeff Mills e Matthew Herbert, além dos brasileiros Mau Mau, Renato Cohen, Maurício Lopes, entre outros, o SónarSound reuniu cerca de 20 mil pessoas, com atrações que se espalharam pelo Credicard Hall, Instituto Tomie Ohtake e Teatro Abril.

2006

Vamos tentar crescer?

Oito anos depois da primeira edição no país, o festival volta a São Paulo com o intuito de ser o maior já realizado fora de Barcelona. Traçamos a trajetória do evento mais vanguardista da música eletrônica por Felipe Kopanski

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Após realizar a “modesta” primeira edição em São Paulo, que funcionou como uma espécie de módulo itinerante, o Sónar ameaçou retornar à capital paulista com um formato próximo do que temos agora, ou seja, em grandes proporções. No entanto, a produtora CIE Brasil não cumpriu suas promessas de investimento, e o evento acabou não sendo realizado em 2006.


2012

Retorno mais do que esperado Apesar de anunciar que daria preferência às atrações da cena underground da música eletrônica e, por consequência, cortar os gastos em tempos de crise, o Sónar confirmou seu retorno a São Paulo – e o melhor, em grande estilo. Esta será a maior edição já realizada fora de Barcelona desde sua internacionalização, viabilizada através de uma parceria entre a Advanced Music e a Dream Factory, a mesma empresa responsável pelo Rock in Rio. “O Sónar é uma referência mundial no que diz respeito à arte e tecnologia e estava em nosso radar há alguns anos. A oportunidade surgiu depois da realização e enorme sucesso do Rock In Rio em Madri”, explica Camilo Barros, diretor-executivo da Dream Factory. “A Advanced Music buscava um parceiro no Brasil para a realização do evento e encontrou na Dream Factory sua melhor opção, devido a nossa proximidade e presença no mercado europeu, entendendo o modelo de negócios e a cultura empresarial deles. O Sónar veio para ficar no calendário de São Paulo”, completa Camilo, que confirma que serão realizadas, no mínimo, mais quatro edições do Sónar na capital paulista.

Seguindo o mesmo modelo de Barcelona, a edição de São Paulo, que será realizada entre os dias 11 e 12 de maio, no Anhembi, apresentará cinco espaços diferentes: Sónar Club, palco das principais atrações; Sónar Village, epicentro do festival e palco das experimentações; Sónar Hall, um anfiteatro para exibições intimistas e apoiadas em imagens; Sónar Cinema, para os aficionados no audiovisual, e o Sónar Pro, local das palestras e demonstrações de produtos ligados a música, arte e tecnologia. “Dentro deste espaço, destaco a palestra de Scott Snibbe, americano criador dos aplicativos que fazem parte de Biophilia, o novo álbum da cantora Björk, tido como o primeiro ‘app-álbum’ (espécie de aplicativo) da história”, revela Chico Dub, um dos coordenadores artísticos da segunda edição do festival em São Paulo, que completa: “Nossa programação nacional apresenta praticamente os melhores artistas em suas áreas de atuação, mesclando apostas, como Silva e Ricardo Donoso, com nomes em ascensão, como Psilosamples e Gang Do Eletro. Além disso, teremos os grandes DJs, Zegon, Nedu Lopes, Marky e Patife, que apresentarão um inédito duelo, a cena hip-hop com Criolo e Emicida, e a ponta da eletrônica feita no país, com Gui Boratto e The Twelves. Outro ponto que merece ser destacado é o fato do Sónar São Paulo possuir uma programação voltada não só para a pista”, salienta.

O investimento total será de R$ 15 milhões, sendo R$ 12 milhões de patrocínio. “Não se pode comparar um festival que é realizado em contextos culturais e geográficos tão distintos. O mais importante é que a edição brasileira mantenha a mesma qualidade artística da apresentada na edição da capital catalã, se destacando no cenário nacional por sua identidade vinculada à inovação e música avançada”, aponta Marcos Boffa, também coordenador artístico. A produção do evento também busca apresentar novos artistas nacionais. “O Maurício Takara, por exemplo, é um dos mais talentosos jovens músicos brasileiros, sua produção sempre busca novas linguagens musicais. Essa qualidade e diversidade musical possibilitaram a ele convites bastante interessantes, como participar da turnê do Prefuse 73 fora do Brasil”, completa. Além de curiosos projetos e uma precisa seleção de artistas nacionais, o Sónar São Paulo contará com uma eclética lista de atrações internacionais. A ideia é agradar gregos e troianos com nomes como Björk, Little Dragon, Justice, Jeff Mills, Alva Noto & Ryuichi Sakamoto, Squarepusher, Mogwai, James Blake, Modeselektor, Four Tet, Seth Troxler, John Talabot, Austra, Skream, Cee Lo Green, Chromeo, Munchi, Super Guachin, Ktl, Flying Lotus, James Holden, Tiger & Woods e outros mais.

Uma das atrações do festival, o brasileiro Maurício Takara busca novas linguagens e diversidade musical. Foto: Caroline Bittencourt

2009

Tem até para a criançada Com a intenção de “estimular e despertar o interesse das crianças pela música eletrônica”, o Sónar Kids, hoje já com três edições na lancheira, foi iniciado em 2009 apresentando o francês Laurent Garnier para moçadinha de 0 a 14 anos. O festival, que reuniu muitos pais e famílias, foi realizado no Centro de Cultura Contemporânea de Barcelona, onde aconteceram as festas do Sónar Day, os eventos diurnos do festival.

2008

Não custa nada Sónar Quatro anos depois da primeira edição, a volta do SónarSound a São Paulo chegou a virar notícia, mas não virou realidade. O suposto retorno ao Brasil deveria acontecer no início de outubro de 2008. Na ocasião, o produtor Coy Freitas chegou anunciar a Kompakt Party – com a dupla Supermayer, Gui Boratto e DJ Koze – como uma das atrações, mas a suposta segunda edição do SónarSound ficou apenas no plano das ideias.

O festival, que neste ano também passará pela Cidade do Cabo e Tóquio, só desembarca em São Paulo no mês de maio, mas já é bom se programar para não ficar de fora! As entradas custam de R$ 230 (inteira para um dia) a R$ 400 (inteira para os dois), mas na hora serão R$ 250 e R$ 450, respectivamente.

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fazendo acontecer

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Idealizador do projeto, Allen Rosa ressalta: “A ideia toda por trás do Sounds in da City é o futuro, abrir novos caminhos através do incentivo à cultura. Mostrar que o ambiente público pode se tornar um lugar mais agradável.”

SOUNDS IN DA CITY Idealizadores visionários, música boa e público inteligente. Parece difícil encontrar algo assim? A House Mag iniciou uma viagem para descobrir os projetos e coletivos mais bacanas do Brasil De tão simples e eficaz no seu propósito, o Sounds in da City arranca pensamentos dos mais diversos. Mas um deles é comum a todos que o conhecem: “Como ninguém pensou nisso antes?”. Sob o slogan “música livre ao ar livre”, o projeto acontece aos domingos, das 15h às 22h, na Avenida Beira-Mar Norte, em Florianópolis. As tardes foram transformadas em momentos de confraternização com a música e a arte, reunindo artistas das mais variadas vertentes sonoras como house, funk, nu funk, nu jazz, dub, dubstep e o ritmado drum and bass. Não é necessário convite de entrada, já que a ideia é proporcionar música gratuitamente a todos os interessados. Basta chegar lá e se acomodar. O ambiente é confortável e aconchegante, com sofás, mesinhas e um gramado que, por ficarem ao ar livre, proporcionam um clima intimista ao quiosque da Beira-Mar, espaço que já virou ponto de encontro dominical. Cada um ao seu estilo, apresentam-se lá com frequência DJs como Aninha, Davis, Schasko,

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Gustavo Pamplona, Renee Mussi, Alejandro Ahmed, Fernando Lima, Ricardo Lin e o próprio idealizador do projeto, Allen Rosa. “A arte deve ser livre. E prefiro que as pessoas tenham acesso gratuito para desinibir a sua aproximação, mostrar para à sociedade que o desconhecido não é nenhum monstro e pode ser uma experiência positiva”, avalia. Allen já tocou nos mais diversos lugares, de clubs mainstream a espaços alternativos, mas foi depois de vivenciar as culturas de outros países que conseguiu o que realmente queria: democratizar a música, valorizar espaços esquecidos e dar ao público acesso à cultura, tudo isso em sua cidade natal. O Sounds in da City é o núcleo de outros projetos e ações, como o Urban Lab – happy hour que acontece uma vez ao mês na Fundação Cultural Badesc, também em Floripa – e o Sounds in da Beach, versão praiana do evento, como o nome sugere. Saiba mais: www.soundsindacity.org


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do outro lado

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RELATO DE UMA BALADEIRA É bem verdade que sem a pista, não haveria festa. São advogados, publicitários, estudantes, pessoas que não trabalham com música eletrônica, mas se unem por motivos em comum para formar a pista de dança. E como ela é, na verdade, a dona da noite, convidamos os próprios baladeiros para deixarem suas impressões sobre alguma festa. A médica Marina Paiva é a convocada da vez, e comenta apresentação dos projetos Soul Clap e Wolf+Lamb – capa da nossa edição #28 – na última noite de carnaval do Warung, que rolou dia 20 de fevereiro. por Marina Paiva

Eu sempre acreditei que a mais perfeita das tracklists está no meu iPod: ela inclui exatamente todos os gêneros musicais que eu gosto, me remete a tudo o que eu sou e a tudo que vivi. Ali existe, de fato, uma história a ser contada. Além disso tudo, ainda é possível coordená-la de acordo com meu humor e até com o lugar no qual estou. Depois de infindáveis dias preparando meus ouvidos para o que alguns chamavam de batalha – Soul Clap vs. Wolf + Lamb –, e no final para mim foi pura sintonia, concluí após o DJ set construído, no Garden do Warung Beach Club, que os dois projetos são a exata definição disso tudo que acabei de escrever: de algum modo eles dão um jeito de editar uma música daqui, pegar um sample dali, remixar se necessário uma faixa e no fim mixar toda essa TL pessoal, encaixando no molde perfeito do som deles e para o ambiente em que se encontram. E é exatamente daí que nasce a versatilidade – uma capacidade ímpar de agradar desde um público numa pool-party a uma pista de um clube underground, ou até um after-hours no Garden do Warung em uma noite carnavalesca – e atemporalidade que lhes são tão peculiares. A primeira música que peguei foi

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“Something We All Adore”, coincidentemente ou não, produzida pelo headliner da pista principal daquele noite (Solomun) e que carrega um forte vocal do célebre rapper 2pac. Tocaram uma das mais influentes, ainda hoje, obras para os dancefloors da década de 70: “I Feel Love”, interpretada por Donna Summer; emocionaram a pista com um edit da Whitney Houston de “I Wanna Dance With Somebody”; e, ainda, resgataram várias tracks incríveis da década de 90. No mais, o set seguiu com o mais fino house, combinando soul music, hip-hop e funk. Embora a música dessas duplas seja celebrada como o que há de mais fresh e moderno na atual cena eletrônica, ficou claro para mim que não existe de fato um objetivo evolutivo no âmago da arte deles: eles tocam simplesmente o que eles sempre foram, o que eles são e sempre serão. Como diria Pablo Picasso: “Na arte, não existe nem passado nem futuro. A arte que não é do presente não é de tempo algum. Não é arte”. O que ouvimos no dia 20 de fevereiro no Garden, podem ter certeza, foi muito mais que um DJ set, foi uma história contada por quatro DJs através

de músicas que reverenciam suas histórias de vida, foi arte sem prazo de validade – coisa rara em meio a uma cenário musical tão volúvel. Vale lembrar que o line-up da data mais aguardada do carnaval 2012 do club fora integrado por outros incríveis DJs. A minha noite começou com o impecável warm-up do Ricardo Albuquerque, levada house com muitos vocais. Quando cheguei estava rolando alguma versão de “Right Here, Right Now” do Fatboy Slim; mas meus ouvidos foram arrebatados com um belíssimo edit do Daniel Bortz de “Somebody That I Used To Know”, do cantor belga-australiano Gotye. Subi um pouco para ouvir o live do Âme, que estava tocando seu massivo remix de “Insomnia”, de Rodamaal feat. Claudia Franco – o som seguiu na mesma intensidade agradando muitos ouvintes na pista principal. A ansiedade para a grande atração do Garden não permitiu que eu assistisse à apresentação até o fim. A noite ainda contou com Solomun e o projeto Dubshape, mas vamos combinar que eu precisaria pelo menos de mais uma noite para dar conta de um line-up tão estelar! ■


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copyright

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A cópia faz girar o mundo da moda Democratização da moda Principalmente por causa do fenômeno das fastfashion, nunca se teve tanto acesso aos mais variados objetos de moda quanto hoje. Originais, cópias, falsificações... Não importa! De uma forma ou de outra, essa indústria mostra como cada vez mais pessoas têm acesso e poder de escolha/compra. Tendências mundias criadas mais rapidamente Justamente por esse fácil acesso e poder de escolha, as tendências mundiais se estabelecem cada vez mais rapidamente. Isso é muito bom para toda a indústria. Obsolescência induzida Enquanto a grande maioria entra na C&A para parcelar suas compras, os fashionistas (uma palavrinha bastante maltratada) constantemente abandonam tendências antigas para criar novas, e assim se diferenciam da maioria. Dessa forma, impulsionam o mercado de tendências. Aceleração do processo criativo Ao contrário das bandas, que esperam dois ou três anos para gravar um novo disco, a cada seis meses a indústria da moda tem um repertório completamente novo nas ruas. A pressa faz parte do ramo, o que é bom para os profissionais do meio. Produtos sendo copiados, em primeiro lugar, servem para que os estilistas sempre estejam atrás de novas soluções que os tornem únicos. Conta-se o que grande jazzista Charlie Parker afirmou que o principal motivo para ter criado o bepop (gênero musical proveniente do jazz) foi por ter certeza de que músicos brancos nunca o conseguiriam reproduzir. Incrível! Estavam copiando? Ao invés de chorar para as gravadoras, ele simplesmente criou algo que acreditava ser incopiável. Na moda, é possível perceber claramente esse comportamento, com designers se esforçando como podem para criar seu estilo próprio, e assim deixar claro quem imitou quem na hora em que algo parecido surgir.

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Como pensar os direitos autorais hoje? No mundo da moda, quem ganha com a venda de cópias – de bolsas Louis Vuitton a tênis Nike – são as próprias marcas. É desta forma que elas se tornam conhecidas ao redor do mundo. A verdade é que com a Internet tudo parece ser de todos, com bootlegs, edits e samples se tornando termos cada vez mais comuns. Não seria o momento para mudar as leis de direitos autorais na música? por Isaac Varzim

As leis de copyright já começaram estranhas logo em sua origem. Foram criadas cerca de trezentos anos atrás para proteger casas publicadoras de livros, as famosas editoras. Era mais ou menos assim: se você fosse um escritor, e a casa publicadora quisesse investir em você, ela precisaria garantir que outras cinco editoras não lançariam o mesmo livro. Ou seja, já na sua origem a lei focava na proteção da indústria e não do dono da ideia. Logo essas leis passam a valer para quase todo mercado de cunho intelectual, como literatura, cinema, fotografia, teatro e... Música. Desde então, pouca coisa mudou. O copyright foi criado para definir os preços totais dos materiais impressos, para custear tanto a produção quanto a distribuição dos livros. Cada impressão requeria uma certa quantidade de papel, tinta, armazenamento e transporte para sua produção e venda. Por outro lado, com a Internet, hoje todas essas despesas são praticamente eliminadas – o custo para que dez pessoas tenham acesso a uma música é o mesmo para que dez mil pessoas o tenham.

Copyright e a moda As grandes gravadoras têm se agarrado a essas antigas leis para não se deixar afogar, com toda sua trupe, pelo mar digital que inunda a nossa geração. Contudo, o bem-sucedido ramo da moda continua sendo uma exceção quando o assunto são direitos autorais. Conta-se que certa vez a designer italiana de moda Miuccia Prada entrou num brechó em Paris com algumas amigas, encontrou uma jaqueta Balenciaga e apaixonou-se pela peça. Virou, revirou, percebeu as costuras e técnicas utilizadas na confecção. Suas amigas, já impacientes, reclamaram: “Por que você não compra de uma vez?”. E ela respondeu: “Sim, vou comprar, mas também vou copiá-la!”. Para a maioria dos músicos, principalmente os burocratas, a decisão da estilista foi sem dúvidas um plágio. Mas para os profissionais do fashion business a mesma atitude reflete a genialidade de Prada, o poder de olhar para a história da moda e escolher exatamente aquele modelo de jaqueta que, entre


tantos outros, permancia atual. A ideia é muito bonita, mas você deve estar se perguntando se isso é proibido. Na verdade, não é. Há muitos poucos direitos de propriedade intelectual na moda – copyright e direitos de patente simplesmente não existem. O único direito possível é o de proteção da marca (a marca registrada), ou seja: qualquer um pode copiar qualquer roupa que ver em um desfile, loja ou Internet, e vender como se fosse sua. Só não é permitido copiar a marca ou logo da peça. É por esse motivo que produtos de marcas como Dolce & Gabbana, Louis Vuitton e Gucci têm logos espalhados por todos os cantos (as bolsas são o exemplo mais emblemático) para, de alguma forma, protegerem a autenticidade de suas peças. É claro que em um breve passeio pela Rua 25 de Março, em São Paulo, você encontra muitos tênis Like, camisas Adidos e telefones celulares Nokla, mas isso é outra história.

Por que a indústria da moda não tem copyright? Muito tempo atrás a lei percebeu que peças de moda eram produtos utilitários demais para serem protegidos por leis de propriedade intelectual. Caso não fosse assim, em pouco tempo ninguém poderia usar uma manga feita deste jeito, ou um colarinho daquele outro, porque essas ideias pertenceriam ao Zé da Alfaiataria (ou pior, todos teriam que pagar royalties toda vez que usassem). Mas espere aí. Será que moda é realmente um produto “utilitário demais”? E quanto às bizarrices que você vê nas semanas de moda da Europa? Aqui entra uma lógica que está por trás das leis de copyright: sem incentivo, não há motivos para inovar! Justamente pelo fato de não haver leis de proteção intelectual, os designers conseguiram transformar meros objetos utilitários (artefatos feitos de tecido para cobrir nosso corpo nu) em peças que consideramos objetos de arte. E justamente pelo fato de não haver copyrights, designers de moda têm o direito de “samplear” ideias de qualquer criação, feita em qualquer lugar ou época, juntar essas referências e transformar em algo que passa a ser seu. Nessa “cultura da livre cópia”, passa-se a ter algo ainda mais incrível, que é o estabelecimento de tendências (trends). Muitos acreditam que, assim como na indústria musical, as tendências são criadas pelos mais fortes na cadeia alimentar do mercado, mas tanto na moda como na música os especialistas afirmam que as tendências vêm das ruas, que é onde as pessoas mixam, remixam, misturam e criam seus próprios estilos. Logicamente, quem sai lucrando muito dessa história são as fast fashion (leia-se aqui Zara, H&M, Topshop, C&A), que pegam sapatos da

Gucci, que custa originalmente por volta de US$1.000, e vendem sua cópia por aliviantes US$100. Num primeiro momento, você pode pensar que este processo traz uma enorme desvantagem para a Gucci. Mas será? Tom Ford, o estilista responsável pela revitalização da marca, disse em um seminário das conferências TED: “Depois de uma breve pesquisa, descobrimos que o consumidor que compra o produto copiado não é o nosso consumidor!”. As pessoas que compram na Rua 25 de Março, em São Paulo, definitivamente não são as mesmas que compram numa requintada loja da Gucci. Parece óbvio, não é mesmo? Afinal, a mulher que gasta R$100 num sapato da Zara só está reafirmando seu desejo mais profundo de fazer parte daquele seleto grupo que gasta R$1.000 no original. Ou seja, a própria cópia, que num primeiro momento parece ser um grande prejuízo para o criador, na verdade acaba agregando ainda mais valor ao seu produto. Há também outros mercados nos quais não existe proteção de direitos autorais: móveis, comida (receitas, técnicas de produção), design de carros, cortes de cabelo, tatuagens, perfumes, entre muitos outros (praticamente todos eles entram no mesmo perfil de “serviços utilitários”). Tudo isso pode parecer não ter relação alguma com o mundo da música ou das artes. É natural imaginar que a indústria musical precisa proteger suas ideias para pagar as contas. Porém, o faturamento anual das indústrias de pouca proteção intelectual (moda, comida, móveis) nos EUA estão muito à frente em faturamento em relação às que incorporam essa proteção, como música, literatura e cinema. A indústria da moda, com sua cultura da livre cópia, aquece um mercado bilionário que fatura dezenas de vezes mais do que a música, com todas suas proteções de ideias. Enquanto as grandes gravadoras estão cada vez mais tentando fechar as portas do livre compartilhamento, processando seus melhores clientes (os compartilhadores de arquivos), financiando leis de repressão à “pirataria” (como eles costumam chamar) e fingindo que ainda estamos interessados no domínio da Billboard, o mercado da música perde dinheiro ano após ano. Por outro lado, outras indústrias, como a da moda, encontram soluções extremamente inovadoras para ganhar cada vez mais dinheiro com o seu produto. O futuro do mercado musical passa por questões como essas. Enquanto não pecebermos que o compartilhamento é o mantra desta geração, vamos continuar tropeçando em uma indústria em resfriamento constante. Idéias são livres. E como compartilhamento não é pirataria, aqui vai a honra a quem merece: grande parte das informações aqui expostas fazem parte das palestras dadas por Johanna Blakley sobre o assunto. ■


clubland

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FOSFOBOX Clubinho movimenta a cena do Rio por João Anzolin

Reduto tradicional de ritmos brasileiros por excelência como o samba e a MPB, o Rio de Janeiro, como metrópole que é, também possui boas opções para os fãs da música eletrônica. E se a cidade maravilhosa não conta com um circuito tão grande de clubes se comparada a outras capitais como São Paulo, as poucas casas que se dedicam ao estilo na cidade cumprem muito bem o seu papel. Dentro deste pequeno grupo, o Fosfobox é referencial quando se pensa em música eletrônica de qualidade no Rio. Inaugurado em 2004 pelo empresário Cabbet Araújo no andar térreo de um edifício no meio de Copacabana e rodeado por bares tradicionais da boemia local, desde o princípio o clube se posicionou como um legítimo reduto dos admiradores da cultura underground. O espaço disponibiliza uma interação única entre as mais variadas tribos que compõem o mosaico humano tão característico do Rio de Janeiro: além de clube, também recebe performances, exposições, teatro e diversas manifestações culturais. Se os bares que circundam o Fosfobox fazem às vezes de perfeitos espaços para o chillin do público, dentro de suas dependências o clube carioca possui opções variadas de espaços. O andar térreo possui uma pequena pista com amplo pé-direito (a cabine do DJ fica no alto e um jogo de espelhos faz uma espécie de brincadeira de imagens) e um bar. O agito, no entanto, fica por conta da pista situada no sub-solo: através de uma escada cercada por grades se chega à pista principal do clube. Remetendo aos melhores espaços undergrounds do mundo, a pista ferve nos fins de semana! O clube comemora seu aniversário de oito anos com três festas em um mesmo fim de semana de abril: entre os dias 20 e 22 mais de quarenta DJs irão se revezar no comando dos mixers. Para o mês de maio, Pedro Piu (dia 3), Seth Troxler e Flow & Zeo (dia 10) e a comemoração de um ano do projeto de Dubstep local Wobble movimentam o Fosfobox! ■

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Ficha técnica Nome: Fosfobox Endereço: Rua Siqueira Campos, 143, Copacabana, Rio de Janeiro Capacidade: 350 pessoas


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aconteceu

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O carnaval da música eletrônica

Saiba o que rolou nos workshops e palestras da 4ª edição do Rio Music Conference por Danilo Bencke

Enquanto o mercado da música eletrônica movimenta R$2,5 bilhões ao ano no Brasil, o Rio Music Conference se estabeleceu como o maior encontro do Hemisfério Sul voltado para o gênero. O evento aconteceu de 14 a 25 de fevereiro, na Marina da Glória, Rio de Janeiro.

PRÊMIO RMC Com um total de 16 categorias, o Prêmio RMC teve como objetivo reconhecer o mérito dos profissionais da indústria. A eleição não teve o voto do público, mas dos próprios profissionais, os embaixadores do evento. Mau Mau ganhou como melhor DJ, Gui Boratto foi o melhor produtor e Renato Ratier a personalidade do ano. Confira a lista completa dos vencedores em www. riomusicconference.com.br.

PAINÉIS, PALESTRAS E WORKSHOPS Era possível caminhar com tranquilidade pelos corredores – a House Mag também esteve presente com um stand e distribuindo revistas para os participantes. As palestras e workshops foram ministrados em auditórios intitulados com os nomes de dois DJs pioneiros no Brasil: Big

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Boy – o apelido de Newton Alvarenga Duarte, o mais importante locutor e disc jockey do rádio brasileiro nos anos 60/70 – e Ricardo Lamounier, responsável pela revolução da profissão. No espaço Big Boy, o vice-presidente do Sindecs (Sindicato dos DJs e Profissionais de Cabine de Som do Estado de São Paulo) Tibor Yuzo, falou sobre o projeto de lei aprovado no Senado, que trata da regulamentação da profissão DJ, o papel dos sindicatos, os milhões de dólares da música eletrônica na Europa e como o ECAD tem a ver com isso. Teve também a presença de Gui Boratto e Lennox e Daniel El Solto, do Glocal, trocando ideias sobre técnicas, equipamentos, inspirações e tecnologia de produção musical. Também no Big Boy, o diretor Marcos Prado apresentou um teaser do filme Paraísos Artificiais, que estreia em abril deste ano. Já no auditório Ricardo Lamounier, Sany Pitbull falou sobre o programa especial da Red Bull, o Red Bull Music Academy. As DJanes Ellen Allien, Mary Olivetti, Marian Flow e Marie Bouret bateram um papo sobre o lado feminino da profissão: como as mulheres veem a cena eletrônica? Ainda existe preconceito com as DJs? Quais os cuidados e detalhes que o lado feminino leva ao dancefloor?

A Academia Internacional de Música Eletrônica (AIMEC), vencedora do prêmio RMC 2011, também estave presente com seu stand. Mateus B fez as honras da casa, mostrando um pouco de suas conhecidas técnicas com loops. Ilan Kriger ministrou um workshop sobre mash-ups, com o objetivo de ensinar os presentes, que levaram seus próprios computadores, a fazer re-edits e mash-ups utilizando o Ableton Live. O carioca Roger Lyra marcou presença mais uma vez, apresentando técnicas avançadas nos CDJ1000 & 2000 e mixers DJM 2000, 900 NEXUS e 800. No ano passado, seu stand apresentou o que havia de mais novo na tecnologia de DJs, mas neste ano, devido às restrições de som e volume (o que resultou num evento muito mais organizado e sem poluição sonora), Lyra optou por um stand com mais visuais, implementando telões e LEDs. Em suma, se você procura se inserir no mercado ou simplesmente quer ser visto, o RMC é o ambiente ideal para seus investimentos. E não se preocupe se você é novo ou se tem uma empresa pequena, lá você encontra a oportunidade para divulgar sua marca e obter um feedback direto dos artistas e profissionais mais conceituados do ramo. ■


roteiro

Imagens: Divulgação

A festa Verboten Disasters em 2011: público mais maduro em coberturas no centro de Manhattan.

BEATS EM NOVA YORK Fala-se da Big Apple em todos os lugares. Mas já pensou em fazer um roteiro eletrônico da cidade? Preparamos um guia com os melhores clubs e festas nova-iorquinos por Gabriela Loschi, de NY

Ela não tem uma cara, tem várias, assim como a infinidade de sons que se desenvolvem em seus roofs e guetos, e as milhares de nacionalidades que a compõem. Como a música eletrônica hoje cresce nos Estados Unidos, Nova York está voltando a ser um pólo. “É impressionante ver a cidade se movendo tão rápido com a dance music, como há muito tempo não víamos!”,

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comemora Victor Calderone, DJ forte do cenário nova-iorquino. A cena é dinâmica e complexa, como a própria cidade, por isso guarda alguns segredos a sete chaves. “É a capital do mundo! Tenho saído todas as noites desde que cheguei aqui”, comentou o gerente francês Vincent Marino sobre a vinda do L’Experimental Cocktail Club à cidade. Intensa, Nova York já influenciou a cena europeia, lançou tendências – com clubes como Paradise Garage e Vinyl – e hoje, mais aberta do que nunca aos sons do velho continente e de todo o mundo, não é mais uma referência em clubes super cool. Isso aconteceu, em partes, pela política conservadora da era Giuliani vigente nos 90, que destruiu a vida noturna, e também porque o hip-hop e a música pop ainda dominam na cidade. Mas novos ares vêm por aí, com mudanças de conceito musical e comportamental não vistos desde a era disco ou da explosão do hip-hop. Os eventos secretos e aparições repentinas de artistas continuam comuns. Portanto, mantenha um olho no peixe outro no gato. A energia da Big Apple é contagiante.


A festa Blckmarket Membership, em um prédio ainda em construção.

Fotografia: Gabriela Loschi

CLUBES, BARES E LOUNGES Cielo

Voltado para house e techno, com eventuais festas de deep ou dub. O clube possui um dos soundsystems mais poderosos da cidade, o Funktion One. “2011 foi nosso ano mais prolífero”, conta o pessoal da casa. Pagou, entrou, sem frescuras.

Greenhouse

“Lá toco sets de house clássico, dos anos 80, 90, com groove e vocal. Mas o pessoal não entende de música ou prefere hip-hop. É difícil”, comenta o DJ e produtor brasileiro Charles Lima, da Made in Brazil. Rola aos domingos, como a Bubu Lounge, em São Paulo. A entrada é vigiada, ou seja, mesmo uma roupa arrumada por ser pouco!

Pacha NYC

Primeiro nome a ser lembrado – ao menos no circuito mainstream de Manhattan – quando o assunto é música eletrônica e after-hours. Às vezes funciona até às 8h (mas sem vender álcool após às 4h), aceita menores de 21 (maiores de 18) e leva top DJs em peso.

Lavo

Um dia antes de assoprar velinhas, Tiësto decidiu: “Quero comemorar em NY!”. Em 24h tudo estava montado no Lavo, que já foi chamado de Studio 54 do século XXI, para receber o holandês e aqueles que souberam de última hora. O traje New York chic é obrigatório, mas a entrada é não garantida – depende do porteiro. Noites e garrafas variam de US$30 a US$3.000.

District 36

Com soundsystem poderoso (Gary Stewart Audio), o clube leva ao centro de Manhattan techno e house, com artistas como Steve Lawler e Dubfire. Dá para entrar até de tênis e boné.

Le Baron

Recém-inaugurada em Chinatown, leva um toque francês aos amantes de música nova, arte e moda. Aqueles que ficam atentos à pagina do Facebook têm acesso a senhas de entrada e festas especiais. “É uma inversão de valores o que infelizmente se transformou a noite novaiorquina. Você não pode apenas comprar o seu espaço na balada, mas também tem a ver com você ser cool ou não, por isso mais vale com quem você anda do que o que você tem”, comenta o designer Serge Becker.

The Marcy Hotel

Estúdio e casa da família Wolf+Lamb, no Brooklyn, abriga festas legendárias underground e esporádicas. Atualmente comandadas por Greg Paulus (No Regular Play) e Brandon Wolcott (Smirk), não são divulgadas nem na página do Facebook. “Se o turista quer ter essa experiência, hoje em dia é quase impossível”, conta Zev Eisenberg, do Wolf+Lamb. Só conhecendo as pessoas certas para saber as datas.

Le Bain

É o rooftop lounge e clube do Standard Hotel, distrito de Meatpacking, com vista paradisíaca e piscina aberta no verão. Traz de Benoit & Sergio ao disco de Midnight Magic. Foi o local escolhido por Madonna para comemorar o último aniversário. Para entrar, diga o nome do DJ da noite (divulgado no Facebook), ou dê meia volta. É pela música! A fila é grande, o estilo casual, a portaria custa zero dólar.

Sankeys

O famoso clube inglês já eleito número 1 do mundo chega a Nova York após um longo período de negociações, como quem diz: “Chegou a hora, somos parte da nova era!”. Desta vez, tudo indica que a inauguração será mesmo no meio do ano.

Sullivan Room

O museu de arte contemporânea em Long Island City recebe day parties aos domingos, durante o verão, e apresentações experimentais esporádicas no inverno, de artistas como Nicolas Jaar.

O dono Sergei Sklyarenko relembra quando Madonna levou Jesus Luz: “Ela chegou do nada, com o menino brasileiro. Foi um tumulto, mas eles se divertiram horas na pista”. É referência por estar aberto há mais de uma década e manter uma atmosfera underground e descontraída em West Village (Manhattan).

Public Assembly (Bunker)

Webster Hall

MoMA PS1

No coração de Williamsburg, a fábrica reformada tem de indie rock até techno e drum’n’bass. É o local onde você veria Goldie, por exemplo, ou Marcell Dettmann, Ben Klock, Sandwell District e Claude Young.

O clube mais antigo da cidade atrai menores de idade e um público eclético por possuir quatro pistas com direfentes estilos, entre pop, hip-hop, eletrônica e até reggae. Traz nomes como Boys Noize, Trentemøller e Miss Kittin. www.housemag.com.br

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A pista ultracolorida do District 36

Metrôs (subways) são 24h e seguros. Os táxis são acessíveis, só não esqueça da gorjeta. A idade mínima para beber e entrar na maioria dos clubes e bares é 21. E a noite, por lei, vai até às 4h da manhã, salvas exceções underground e alguns clubes com licença especial.

Público no Le Bain

Day party no museu de arte contemporânea MoMA PS1

All Day I Dream

Uma experiência visual, sonora e sentimental, explorando a beleza, melancolia e magnitude da house music. Considerada uma das melhores festas de Nova York do verão passado, traz a produção de Lee Burridge e Matthew Dekay, e mostrou que veio pra ficar.

Blckmarket Membership e ReSolute

Com line-ups poderosos (Laurent Garnier, Marco Carola, Carl Craig, Maya Jane Coles, Tale of Us), anunciam a localização horas antes – tickets de US$20 a US$40 pelo Resident Advisor. “Encontrar o local adequado para cada edição é trabalhoso, mas nas nossas festas as pessoas são totalmente livres para se expressar como querem, coisa que não podem em um clube”, aponta Fahad Haider, sócio da Blckmarket. Nunca terminam antes das 9h e vendem bebida até o fim.

Darkroom

Típica festa underground de dubstep novaiorquina, uma vez por mês no Brooklyn.

Green Apples

Festa underground com produção nova-iorquina, que leva o psytrance para o Brooklyn. É uma agulha no palheiro, já que esse estilo nunca foi popular na costa leste americana.

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Mr. Saturday Night e Mr. Sunday

Festa GLS que leva house, techno e electro aos sábados noturnos. No verão, rola aos domingos durante o dia em um sítio no Brooklyn.

Procure também: Body & Soul, 718 Sessions, All Night Rong: DJ Harvey, Susanne Bartsch’s parties, Dig Deepes, La Zarza, Le Poisson Rouge, Santos Party House, Bar 13.

Fotografia: Jason Howard

FESTAS

Part

Mistuta deep, tech e house com a arte do ballet e outras danças, em locais variados de Manhattan. As maiores trazem Brandt Brauer Frick e Matthew Dear, e as mais “privates” são dominadas por locais, como o próprio Nash Petrovic, que a organiza: “A vibe é importante, por isso o boca a boca e convites em redes sociais para amigos de amigos funcionam melhor.”

Verboten

Atrai um público mais maduro que cansou (ou nunca gostou) da euforia hyper-elite dance music explosiva. Traz artistas como Hot Natured, Seth Troxler, Damian Lazarus, Maceo Plex e Soul Clap, e sofre por um espaço definitivo. “Falta um local adequado para abrigar festas underground! Mas sei que isso está perto de acontecer”, pondera o produtor Johnny Flawless, que nos domigos de verão organiza as Verboten Disasters em coberturas no centro de Manhattan. Som sempre de qualidade.

Erick Morillo, um dos donos da Pacha NYC, tocando no club.


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volta no tempo

Nasce um inferninho Voltamos no tempo para resgatar os melhores momentos da música eletrônica no Brasil. Mais do que merecidas, as honras vão para o Hell’s Club, ícone da história clubber brasileira nos anos 90 por Bruna Calegari

Ao sintetizar o ritmo e a cara de uma geração, a escolhida para soltar a voz na abertura da Copa do Mundo, cuja taça fora erguida pela seleção canarinho, foi Whitney Houston. A diva, havia pouco tempo, havia feito milhares de pessoas se debulharem em lágrimas assistindo à fita-cassete do filme “O GuardaCostas” em Semp Toshibas autolimpantes. No mesmo período, a revista Time estampava na capa o mistério de um novo mundo que se aproximava: a Internet. Tudo isso era visto em enormes televisões-caixote por pessoas usando tênis Rainha brancos que memorizavam frases do último lançamento cult, “Pulp Fiction”. Ao mesmo tempo, nascia no Brasil um reflexo do verão do amor, uma geração colorida, fascinada pela inebriante noite urbana, que descobria os encantos de drogas sintéticas e as batidas pesadas de uma música industrial com groove pulsante. O ano era 1994 e com ele surgia o primeiro

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after-hour do Brasil, ícone absoluto da noite paulistana e fundamental para o advento do techno no país. Ele se chamava Hell’s. Talvez pelo fato das coisas moverem-se com uma velocidade desconcertante hoje, ou pela própria música eletrônica ter sofrido tantas mudanças, o que acontecia na primeira época do Hell’s parece estar longe e, ao mesmo tempo, muito perto. Longe por remeter a um tempo quando São Paulo era praticamente o único elo brasileiro com o mundo da música eletrônica. E perto pelo que permanece dentro de cada fã, seja de techno, house, dubstep ou trance: a vontade de que a noite não acabe nunca, a magia que acontece na pista de dança, a sedução que a música exerce sobre o espírito, inundando-o de energia e fascínio. Certas coisas nunca mudam.


O Hell’s surge na história Nos anos 90 o mercado do entretenimento noturno apenas engatinhava, e apesar de o Brasil já ter danceterias de norte a sul, a música eletrônica e, principalmente, um after-hours representavam iniciativas completamente novas. Idealizado pelo então promoter Pil Marques, o Hell’s era realizado todos os sábados a partir das 4h30 da manhã no extinto clube Columbia, localizado na esquina da rua Estados Unidos com a eterna referência underground da capital paulista, a Augusta. De início, Pil precisava reformular a festa, que se chamava Velvet Underground, e convidou um músico excepcional para assinar a identidade acústica do recém-fundado Hell’s: era Mau Mau, que acabaria por tornar-se um dos maiores nomes do entretenimento noturno do Brasil. Impressionado positivamente com o que havia experienciado nas noites de Londres, Mau Mau decidiu que no clube iria privilegiar as vertentes do techno – do minimalismo ao acid. O som era pesado como o público, ávido por agito após as 5h da manhã, queria. A atmosfera no Hell’s era única. Todo tipo de gente, de todos os estilos, tribos e idades, compareciam ao inferninho. Todos faziam parte de um organismo flúor, dançante e cuja identidade consistia na mistura de identidades tão distintas quanto os trajetos que levavam ao Hell’s. Pil Marques fez questão que a marca registrada do Hell’s fosse uma só, a música. E foi assim que a música eletrônica, mais especificamente o techno, começou a desenvolver-se em São Paulo: de forma independente, apaixonante e autêntica. Mau Mau era o único residente semanal do after-hour. Entre alguns residentes mensais, o Hell’s apresentou nomes como Paula Chalup, Julião, David, da dupla Pet Duo, e Renato Cohnen, dono de um dos maiores hits que o techno brasileiro já produziu – quem não se lembra de “Pontapé”? Em relação à produção nacional, foi somente em 1996, após a criação do conglomerado artístico que era o Hell’s, que a primeira música de techno 100% brasileira veio à tona: Acid Cake, do projeto assinado por Mau Mau, Space Cake. Em 1998 o Hell’s passou por um momento de transição bastante preocupante: o Columbia não podia mais oferecer sua estrutura à festa, deixando-a sem uma casa fixa, e centenas de fãs apreensivos com o destino de sua noite favorita. O local escolhido para abrigar o novo Hell’s foi o Vegas, clube de Facundo Guerra que existe até os dias atuais e localiza-se também na rua Augusta. Apesar de muitos acreditarem que a fase de ouro do after-hour tenha acontecido entre 95 e 97 sob a tutela do Columbia, o Hell’s no Vegas teve duração de mais de dez anos, até ser transferido para o Beat Club – localizado igualmente na fatídica rua Augusta. Hoje, Pil Marques continua no comando do after do Hell’s todos os sábados, recebendo convidados ilustres a partir das 4h da manhã. A festa não tem mais a responsabilidade de ser uma precursora no âmbito musical brasileiro, mas não deixa de investir no que sempre foi sua marca registrada, a boa música eletrônica. ■ www.housemag.com.br

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cinefilia

PARAÍSOS ARTIFICIAIS

Com o intuito de fazer pensar e sem pretensão de dar respostas prontas, o novo filme de Marcos Prado, produtor de Tropa de Elite I e II, leva o cenário rave para dentro das telonas e questiona o prazer artificial das drogas por Carolina Schubert

Em pleno boom da música eletrônica no Brasil, nasce uma história de amor e superação: “Paraísos Artificiais”. O filme brasileiro traz como pano de fundo um enorme festival de arte e cultura alternativa na paradisíaca Praia do Paiva, chamado Festival Shangri-la. Protagonizado pela DJ Érica (Nathalia Dill), sua melhor amiga Lara (Lívia de Bueno) e Nando (Luca Bianchi), o longa retrata o envolvimento de jovens de classe média com o tráfico internacional de entorpecentes, intensas celebrações, conflitos e destinos cruzados pelo tempo. Esta não é a primeira vez que a indústria cinematográfica se baseia, de certa forma, na cena eletrônica. Quem não se recorda do lendário “Studio 54”? A famosa discoteca localizada no fervo da Broadway, que agitou o final dos anos 70 e o inicio dos 80, foi protagonista do filme de

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mesmo nome. Lançado em 1998 e dirigido por Mark Christopher, “Studio 54” retratou a história de um jovem que, cansado da vida em Jersey, rumou a Nova York. Como barman, acompanhou os tempos áureos e a decadência da casa noturna que não tinha regras e abrigava um mundo regado a ecstasy, sexo e dance music. Nomes como com Ryan Philippe, Salma Hayek, Mike Myers, Neve Campbell e Heather Matarazo fizeram parte do elenco que contou tal história baseada em fatos reais. Outra gravação que vem causando muito burburinho é “Irvine Welsh’s Ecstasy”, do livro “Escatasy”, de Irvine Welsh, como o próprio título sugere. Associado aos nomes do diretor e roteirista Rob Heyton, do produtor Adam Sinclair e da atriz Kristin Kreuk, o filme deve apresentar um roteiro parecido com o da literatura, composta

por três contos diferentes. Também previsto para o mês de abril, “Ecstasy” conta com um trailer no YouTube, além de Facebook, Twitter e site oficial (www.ecstasymovie.com). A propósito, outros dois clássicos de Irvine Welsh também fazem parte da prateleira de vídeos com um enredo recheado de e-music e drogas. São eles: “Trainspotting” (1996), que retrata o movimento clubber britânico e “The Acid House” (1998). Mas vamos à estreia em questão, que aconteceu no último dia 27 de abril. Nas mãos de brasileiros, “Paraísos Artificiais” retrata um novo momento da música eletrônica. Rodada em Amsterdã, Recife e Rio de Janeiro, a narrativa não é baseada em uma história real, mas traz fatos da realidade “rave nacional” pra dentro da película. Do produtor de Tropa de Elite I e II, “Paraísos Artificiais” é um filme de Marcos Prado, premiado diretor do documentário Estamira, que conversou com a House Mag e avisa: “Prepare-se para vivenciar um filme único, sensorial, algo muito novo. E venha sem preconceitos, não traga valores moralistas para dentro da sala de cinema”. Como surgiu a ideia de gravar “Paraísos Artificiais”? Quem me chamou a atenção para a temática do filme foi o ator Bernardo Melo Barreto, que integra o elenco principal. Isso foi há cinco anos, num contexto de recorrentes prisões de garotos de classe média por tráfico de drogas sintéticas no Rio de Janeiro e em outros estados do Brasil. Há tempos tenho uma preocupação com certos tipos de excessos, aos quais a juventude contemporânea está exposta nos ritos de passagem para a vida adulta. Dei-me conta de que meu filho, na época com 15 anos, conviveria com tudo isso e pensei que, se fizesse um filme sobre o tema das drogas sintéticas, poderia de alguma forma alertá-lo. Mas conforme fui me aprofundando na pesquisa, que durou mais de dois anos, muitas perguntas sem respostas


gente retrógrada e preconceituosa. E é também por isso que acredito que o filme pode ser uma boa oportunidade para se discutir profunda e abertamente a questão das drogas. Quebrar os tabus e paradigmas é o primeiro passo para descriminalização e redução de danos. Temos que fomentar uma ampla discussão entre o governo e a população, a possibilidade de legalização precisa ser pensada em conjunto, em debate franco e claro.

surgiram: por que jovens com oportunidade se envolvem com a criminalidade? O prazer artificial das drogas anestesia ou aproxima os jovens? As festas refletem um vazio existencial coletivo ou uma comemoração à extrema liberdade? Como encontrar a própria identidade em meio à superficialidade, agitação e excessos do mundo imediatista? Os relacionamentos estão sem profundidade ou mais soltos e sinceros? A juventude está em um abismo ou em um divisor de águas? O filme não responde a nenhuma dessas perguntas, mas abre portas para o debate. Você já esteve no Universo Paralello, é isso mesmo? Gosta de raves e clubs de música eletrônica? Costuma frequentar ou foi mais um laboratório para dirigir “Paraísos Artificiais”? Sempre gostei de música eletrônica e tenho alguns amigos DJs. Frequentei festas private entre 1999 e 2002. Naquela época, tive a oportunidade de conhecer as lendárias raves de Vargem Grande, mas a seleção natural me tirou dali e me distanciei um pouco da cena. Quando resolvi mergulhar de cabeça na pesquisa para “Paraísos Artificiais”, fui a muitas festas grandes, como XXXperience, Chemical, Tribe e Orbital, e visitei duas edições do festival de arte e cultura alternativa Universo Paralello. Fui também ao Burning Man [EUA] pouco antes de rodar o filme. Hoje em dia, como gosto de dançar, frequento alguns clubs no eixo Rio-São Paulo. A trilha sonora do filme conta com uma faixa do Gui Boratto, certo? Como conheceu o trabalho do Gui e por que o nome dele foi o escolhido? Existe mais algum produtor de música eletrônica engajado em Paraísos Artificiais? A trilha sonora original foi composta pelo Rodrigo Coelho e produzida pelo Gustavo MM. O Gui Boratto compôs a música-tema do filme, “Paraísos Artificiais”. Sou fã do som do Gui há muito tempo. Ele é muito talentoso e consegue dar um clima cinematográfico a todas as suas composições.

Há também outros DJs e produtores renomados com músicas selecionadas para a trilha, como Deadmou5, que é autor do tema de abertura e de término do longa, além do Renato Cohen, Flow & Zeo, Froga Cult e Magnetrix. Trabalhei com o excelente consultor musical Franklin Costa, que me ajudou muito na seleção dos fonogramas. Alguma possibilidade de sair um CD com a trilha do filme? Infelizmente, acho que não. Como não tínhamos muito dinheiro para comprar tantos fonogramas, adquirimos só os direitos para usá-los no filme. Mas se “Paraísos” virar um grande sucesso, quem sabe... Nossas chances de produzir um CD aumentariam muito. Você ouve e aprecia música eletrônica? Que produtores e DJs apontaria como seus preferidos? Adoro música eletrônica, e tenho um gosto bem eclético. Gosto de Mogwai, Four Tet, Kid Loco, Groove Armada... E quando é para dançar, curto house e deep house, como Greg Wilson, Frank Knuckles, Soul Clap, Art Department, Sven Väth, Mary Zander, Flow & Zeo, Gui Boratto, Pedro Zopelar. O filme conta uma história de amor que envolve música eletrônica e drogas, certo? Você acredita que o roteiro pode levar o público a entender que música eletrônica e drogas necessariamente andam juntas? Entendo que o meu filme preocupe as pessoas ligadas à cena eletrônica, mas acho também que não devemos subestimar a inteligência do público. Todo mundo sabe, ou deveria saber, que as drogas são consumidas em qualquer lugar, em qualquer celebração, nas micaretas, no Carnaval, nos bailes funk, nas boates, nos casamentos. E, sim, também nas festas de música eletrônica. Mas não se trata de estigmatizar a cena. Até porque, infelizmente, ela já está estigmatizada. Há muita

É um filme polêmico ou um romance intenso? Qual a real intenção de “Paraísos Artificiais”? Meu filme é uma história de amor, de paixão, sobretudo de relações humanas. Ele é repleto de polêmicas, sensualidade e sinestesia. Não é moralista, mas também não faz apologia às drogas. É um filme sério para jovens e não tão jovens assim. Como documentarista, quis retratar um pouco de tudo que absorvi ao longo da minha extensa pesquisa. Foram inúmeras viagens, festas e entrevistas. Conversei com muita gente como sociólogos, psicanalistas, jornalistas, traficantes, viciados, pais de garotos encarcerados, DJs, produtores. Isso para tentar entender quem é esse jovem multifacetado que vive nesse mundo conturbado de hoje, que valores, ideologias e bandeiras ele abraça para não sucumbir à corrida desenfreada do consumo, à superficialidade dos relacionamentos e à necessidade de se viver o momento intensamente e sem limites, como se não houvesse o amanhã. Na verdade, o filme não traz respostas às minhas questões, mas deixa a porta aberta para discussão e reflexão. “Paraísos Artificiais” vai tentar mostrar os dilemas de uma juventude livre para amar, escolher, experimentar, criar e reinventar a própria vida em busca de identidade, além dos contraditórios caminhos traçados pelo destino. ■

“O prazer artificial das drogas anestesia ou aproxima os jovens? Os relacionamentos estão sem profundidade ou mais soltos e sinceros?”, questiona Marcos

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opinião

Imagem: Divulgação

Desconstruindo a

profissão

Não basta ser DJ, é necessário antes saber o que isso significa por Gabriel Macarofq

Em tempos de extrema banalização da profissão DJ, acredito que seja válido levantar alguns pontos que realmente podem jogar uma nova luz na mente de muitos de nós, profissionais da cena eletrônica que se indignam cada vez mais com a leva de figuras bizarras que têm se autoproclamado DJs nos últimos tempos. Antes de mais nada, vamos desconstruir o significado da profissão DJ. O significado de uma palavra é algo que cada pessoa constrói a partir de suas experiências de vida. Certamente, se pedirmos para 10 pessoas escreverem uma relação de palavras que associam à profissão DJ, teremos listas talvez parecidas, mas provavelmente bem diferentes. Alguns escreverão “produção”, “pesquisa” e “premiações”, outros “celebridade”, “fama” e “glamour”. E é a partir daí que podemos afirmar que cada pista tem o DJ que merece. Por que atualmente todo mundo quer ser DJ? Certamente porque para quem sempre está na pista e nunca entrou em uma cabine, a sensação de poder tocar as músicas que gosta e ainda ser exaltado pelo público em geral parece ser fantástica. Mas, realmente, qual a utilidade de um “DJ” que acha que pode tocar qualquer coisa, em qualquer lugar, a qualquer hora? Na verdade, ele não é um DJ, e sim um jukebox, e dos ruins,

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pois não podemos nem sequer escolher a música depois de depositar a moeda, ou, em outras palavras, pagar o seu cachê. E na verdade, a última coisa que precisamos fazer com um DJ profissional é orientá-lo quanto às músicas que necessitam ser tocadas. Os DJs jukebox são facilmente encontrados em diversos clubs: são aqueles, por exemplo, que acham que fazer um warm-up para a atração principal significa tocar as dez mais da rádio, queimando a largada e tirando toda a consistência do line-up da noite. Além desta categoria, temos os DJs pagação, que acham suficiente fingir que tocam, mexendo desordenadamente no mixer e nas CDJs, fazendo pose, colando as músicas, tocando um set prémixado com o outro CDJ parado (ou então com alguém abaixado na cabine, mixando para ele, como aconteceu com nossa querida Luíza que voltou do Canadá). Posso tranquilamente afirmar que isso não é um DJ, e sim uma presença VIP, que já existe há muito tempo nas festas e a única diferença é que agora invadiu as cabines. Sinceramente, eu não me coloco na mesma classe desses “artistas”, os quais realmente não me incomodam em nada. Convido todos a revisitarem uma das leis mais antigas do universo: a da ação e reação. Se ninguém demandasse este tipo de “DJ”, eles existiriam? Claro que não, e sem

dúvida os clubs que contratam estes pseudoartistas querem exatamente o que eles têm para oferecer: fotos para que a casa faça parte da coluna social do jornal no dia seguinte. Você, DJ que se esforça arduamente para produzir novas faixas de qualidade, investe em equipamentos, sabe tocar o que é melhor para o club e não para o seu ego, quer tocar em clubs como esse? Tenho certeza que não. Então, não se preocupem com os fake DJs. Não há espaço para eles nos clubs realmente dedicados à música eletrônica de qualidade, preocupados em oferecer para o seu público atrações de respeito. E antes de finalizar aqui, faço questão de ressaltar também que o preconceito injustificado contra um nicho social qualquer é uma atitude completamente equivocada. O simples fato de alguém já ter sido ator, modelo, apresentador ou algo parecido não significa que se esta pessoa decidir se tornar DJ, será um profissional ruim. Já temos exemplos práticos neste caso e é desnecessário citar nomes. Como tudo na vida, o que importa ao longo do tempo é a sua garra, determinação e seriedade para fazer algo bem feito, seja atuar, desfilar ou tocar. Pois como Abraham Lincoln já disse: “pode-se enganar a todos por algum tempo, alguns por todo o tempo, mas não a todos todo o tempo”. ■


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supernova Fotografia: Luiz Fernando Leite

Fotografia: Divulgação

Marie Bouret Com passagem pelas melhores festas e clubs ao redor do país, Marie Bouret é a única DJ mulher apontada entre os finalistas do Prêmio RMC 2011, na categoria DJ Revelação. Com uma surpreendente bagagem, ela já esteve presente nos line-ups do próprio Rio Music Conference, XXXperience (edição do Rio de Janeiro), Camarote Salvador e também do Circuito Halls, em Minas Gerais. Marie também rompeu fronteiras quando, em 2009, realizou uma tour na Índia e no ano seguinte foi para Portugal e Rússia. Ao longo da carreira, ela já dividiu a cabine com Phonique, Kaskade, Redanka, Gui Boratto, entre outros. mariebouret.podomatic.com

Gui Reif Gui Reif acumula passagens por alguns dos mais conceituados clubs paulistanos, como Museum, Pink Elephant, A.F.A.I.R, Kiss & Fly, Mokai, Buddha Bar, Disco, além de já ter comandado big rooms como Pacha, Sirena, Anzu e Clash. Com sets que passeiam por vertentes variadas da house music, ele já abriu para nomes do peso de Bob Sinclar, Steven Lee, Thomas Gold e Harry Cho Cho Romero. Residências no Royal Club e Josephine também fazem parte de sua currículo. Em 2011 realizou a primeira turnê internacional, em Nova York, onde tocou no rooftop jet-setter Skyroom. Parte do casting da Groove DJ Agency, Gui atualmente mantém residêndcia na SET São Paulo, filial da concorrida casa de Miami Beach. soundcloud.com/guireif

Ander Oliveira Catarinense radicado no Rio Grande do Sul, Ander Oliveira sempre foi muito curioso, provando um pouco de diferentes estilos musicais. Há três anos, ele iniciou seu envolvimento com a música eletrônica ao produzir festas. Mas logo partiu para a discotecagem. Junto a isso, passou a organizar a E-Friday – festa underground que acontece uma vez por mês no Curinga Bar, em Caxias do Sul. Passeando do deep ao tech house, Ander embala as pistas da Matinê Sunset, nova day party inspirada nos sunsets europeus que também agita a cidade serrana de Caxias. Ele ainda faz parte do crew da já consagrada Colours, a maior festa de música eletrônica da serra gaúcha. soundcloud.com/anderoliveira

Gromma

ss

Fotografia: Moema Pires

Integrante do casting da agência D-Edge Agency, Gromma surpreende pela técnica apurada e singular ousadia estilística. Não é para menos que a residência no Club Vibe o consolidou rapidamente como um fenômeno local, atraindo ávidos amantes da boa música. Com apenas cinco anos de estrada, o curitibano já carrega um currículo de peso – entre as apresentações de destaque, estão passagens pelo D-Edge, Warung e Deputamadre, dividindo a cabine com Wolf + Lamb, Guillaume & The Coutu Dumonts, Motor City Drum Ensemble, Dixon e Âme. Recentemente, Gromma foi um dos indicados ao prêmio Rio Music Conference na categoria DJ Reveleção 2011. soundcloud.com/gromma

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Ricardo Lin Natural de São Bernardo do Campo, São Paulo, Ricardo Lin sempre esteve em contato com a música. Filho de DJ, durante os anos 90 encontrou, por acaso, um CD com músicas do DJ Julião. A partir de então passou a ser baladeiro profissional, mas vontade de discotecar surgiu apenas em 2008, quando já tinha referências enraizadas no techno – atualmente, porém, o jovem talento foca no deep house. Hoje parte do casting da Gate One Produções, Ricardo já passou por clubs e festas como P12, Porn Party, Kokoon Beach Club, Matahari, Moon, Célula Showcase e Jivago Lounge. Além de residente dos projetos Slow Dance Socitey e Sounds in da City, ele recentemente fez sua primeira apresentação internacional, o After Yacht Party, em Buenos Aires, festa realizada durante a Creamfields BA 2011, pela Gate Produções. soundcloud.com/ricardolin



dj interview

Sucesso repentino

Apenas duas semanas depois de lançar a primeira track de sua carreira – “Menina” foi classificada por Richie Hawtin como a melhor faixa de 2009 –, Do Santos tinha uma turnê de 14 datas fora do país. Foi a primeira vez que entrou em um avião por João Anzolin

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Fotografia: Ana Paula Zago

Se hoje é um consenso que para um DJ se destacar no cada vez maior universo da música eletrônica é imprescindível não apenas tocar, mas principalmente produzir, o gaúcho Do Santos simboliza como poucas figuras a veracidade dessa afirmação. Nascido em Uruguaiana, o jovem talento brasileiro descobriu o universo das pistas de dança há poucos anos, e tão logo começou a tocar, passou a se dedicar às suas próprias músicas. Autodidata e extremamente determinado, ele conseguiu um feito que pode ser considerado inédito não apenas no Brasil: sua primeira faixa própria, “Menina”, lançada em 2008, figurou no Top 3 do site de vendas


As coisas aconteceram numa velocidade muito rápida no início da sua carreira. Conte um pouco sobre esse começo. Quando eu tinha cerca de 11 anos, gostava de ouvir algumas bandas e sons relacionados à música eletrônica, como Depeche Mode, por exemplo. Como era muito novo para sair, ia até um clube em Uruguaiana, de tarde mesmo, ver os DJs fazendo passagem de som. Me lembro muito bem de ter acompanhado o Alec Araújo em algumas dessas ocasiões. Fui crescendo e minha prioridade era me tornar jogador de futebol, o que me levou a Córdoba, na Argentina. Acabei machucando o joelho e fui obrigado a desistir daquele sonho, o que fez com que eu mudasse o foco e me dedicasse à música ainda vivendo na Argentina. Comecei a tocar e brincar com produções e mostrei minha primeira faixa, “Menina”, a um amigo em Córdoba. Ele mostrou para outras pessoas e me ofereceram a oportunidade de lançar por um selo espanhol chamado Acktivism.

que em toda a minha vida. Consegui retomar as produções e já consegui emplacar a faixa “Noti Verisi” em primeiro lugar no topo do Beatport e “No Comprendo” entre as catorze mais neste período, ambas lançadas pelo selo Hotfingers, do Alex Kenji e Manuel De La Mare. Então acho que tomei a decisão correta. Mesmo com o sucesso nas produções, você não se apresenta em formato live e tem uma agenda concorrida como DJ. Você se considera um DJ que gosta de produzir ou um produtor que gosta de tocar? Esta é uma boa pergunta [risos]. Eu adoro produzir no estúdio de segunda a quarta, e na quinta começar o pegar avião pra fazer gigs tocando como DJ! Acho que uma coisa deve complementar a outra. Ser um DJ hoje não é suficiente para se manter em destaque, as produções são indispensáveis, então tocar é quase uma necessidade. Eu amo a música eletrônica e amo mais ainda tocar, me arrepio só de pensar nas pistas de dança emocionadas com o meu som.

“Talvez alguns produtores estejam muito atentos à técnica, quando o que eles precisam é apenas sentir tesão pela música!”

de músicas Beatport. O sucesso da foi tão grande que Richie Hawtin qualificou a faixa como a melhor daquele ano.

Sendo inexperiente no ramo, você encontrou muitas dificuldades? Com certeza, eu não fazia ideia de como fazer um contrato de lançamento de uma música, por exemplo, e nunca tinha viajado de avião na vida! Era muito novo também, não tinha sequer uma agência e era uma pessoa muito inexperiente. Morar em Córdoba me ajudou muito porque é uma cidade que possui uma tradição muito grande na música eletrônica, as pessoas têm a cabeça aberta, conheci muita gente e acho que é um pólo fantástico. Entretanto, pelo fato de eu não estar preparado, acredito que perdi algumas oportunidades de manter o crescimento que tive no início da carreira.

Seria apenas um golpe de sorte de novato? A resposta veio com o segundo trabalho: “Osi” esteve entre as vinte músicas mais baixadas de 2009 pelo mesmo site. O resultado foi uma verdadeira revolução na vida do brasileiro: de desconhecido a um dos grandes nomes nacionais no ramo das produções, Do Santos viu sua carreira explodir em pouquíssimo tempo. O desafio de lidar com o sucesso repentino é um dos temas abordados na entrevista a seguir.

E o que você fez para não perder o foco e se manter em destaque? Eu estava bem em Córdoba, tocava bastante, mas como disse, estava estagnado se comparado ao meu início e sentia que não tinha condições de crescer mais ainda por lá. Tenho amigos que me incentivam muito em Porto Alegre e senti que era hora de vir para o Brasil. Me mudei há quatro meses para a cidade e neste período sinto que fiz mais coisas pela minha carreira do

Você alcançou uma posição que pouquíssimos artistas atingem em tão pouco tempo. Qual é o seu próximo passo e o que você diria para os produtores que estão começando suas primeiras músicas? Hoje o que eu mais preciso é de tempo e organização. Lancei minha primeira track e duas semanas depois tinha uma turnê de 14 datas fora do país sem nunca ter entrado num avião, o que me gerou uma quantidade enorme de problemas e imprevistos. Sou ciente da minha responsabilidade, mas preciso ter cuidado para seguir crescendo. O que eu diria para alguém que está começando agora é sentir, em primeiro lugar. Estudar e adquirir equipamentos é importantíssimo, mas o mais importante ao fazer músicas é sentir. Eu sento no estúdio e penso nos sons que eu gosto e que uma pista iria gostar também. Talvez alguns produtores estejam muito atentos à técnica, quando o que eles precisam é apenas sentir tesão pela música! ■

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A sua alegria fez esse espetĂĄculo acontecer!

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Em 2013, um sonho ainda maior os esperam.


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Fotografia: Divulgação

“Muitas pessoas querem coisas diferentes, mas francamente, se compraram um ingresso para me ver tocar, elas já sabem o que vão ouvir, não?”

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Hello to Martin Solveig! Convidado por Madonna para produzir seis faixas do álbum “MDNA”, o DJ e produtor francês acaba de dar uma guinada na carreira por Carolina Schubert

Depois das parcerias feitas pelo francês David Guetta com os maiores nomes da música pop, e agora do seu conterrâneo, Martin Solveig, com a própria rainha do pop, a música eletrônica made in france parece mesmo ter dominado o mundo. Solveig ficou conhecido por hits como “Hello”, produzido ao lado do canadense Dragonette. Lançada em 2011, a faixa que faz parte do álbum “Smash”, quinto da carreira do produtor, continua sendo um boom nas pistas de dança, em rádios e por onde toca. “Ready 2 Go”, também parte do álbum, entrou recentemente para a coletânea “Running Trax”, da Ministry of Sound. Foram trabalhos como esses que levaram o nome de Solveig a ouvidos tanto anônimos como famosos. Convidado por Madonna para produzir seis das onze faixas do seu mais recente álbum, “MDNA”, lançado no último dia 26 de março, ele parece ter dado a guinada da sua vida na carreira. Dono de forte personalidade e bom humor, Martin conversou com a House Mag após sua última turnê pelo Brasil. Produzir faixas para Madonna, como se sabe, não é para qualquer um. Como isso tudo aconteceu? Você já conhecia a conhecia? Provavelmente foi devido ao sucesso de “Hello”. Meu som e minha música foram abertos pra uma audiência mundial e acho que a Madonna e sua equipe eram parte dessa audiência. A introdução foi feita, e seguida de algumas sessões marcadas de estúdio, primeiro em Londres e depois em Nova York. O resto, como se diz, é história. E o álbum em si, como você se sentiu produzindo para a rainha do pop? Sentiu algum tipo de pressão? Eu fui parte de uma forte equipe de produção, todos contribuímos para o projeto e ela sempre esteve disposta a ajudar. Foi uma verdadeira

experiência de trabalho com uma pessoa que eu chamaria de totalmente profissional. Ela é uma mulher que sabe o que quer em relação à construção da música e todo seu processo foi educacional, inspirador e aproveitador. Quanto à pressão... Se você tirar fora o fato de que ela é a mais bem-sucedida artista mulher gravando, e tratar ela como ela é, um ser humano, então não tem pressão. Acho que as pessoas focam muito no fato de ela ser uma superstar. A pressão era como se eu estivesse gravando com qualquer outro artista. Nós estamos todos felizes com o trabalho que fizemos juntos. No início da sua carreira, você tinha um projeto chamado Africanism, ao lado de Bob Sinclar e do DJ Gregory. Tanto o projeto como o selo de house francês seguiam uma linha mais tribal bem diferente de suas produções atuais. Seu estilo mudou por uma escolha pessoal ou estão seguindo tendências ditadas pelo mercado? Esse foi um projeto como qualquer outro, ele faz parte da minha história e me orgulho disso. “Smash” é outro projeto que imagino que também deve acabar no final deste ano. Quanto ao meu som, sim, ele está bem desenvolvido, mas tudo está se desenvolvendo, não é? Alguns DJs deixam para pensar nas músicas que vão tocar apenas na hora da apresentação, de acordo com o feeling da pista, já outros preferem defini-las antes. Como você pensa a construção dos seus sets? Sempre procuro construir meus sets antes de tocar, mas ter um backup na hora é essencial. Muitas pessoas querem coisas diferentes, mas francamente, se compraram um ingresso para me ver tocar, elas já sabem o que vão ouvir, não?

E o seu selo Mixture? Tudo que eu lanço como Martin Solveig sai pelo meu próprio selo, e eles licenciam para outros labels. O Mixture vai estar comigo pra sempre, até o fim dos tempos. Durante o Carnaval 2012, você esteve em tour por diversos clubs brasileiros. Como foi? Em qual club gostou mais de tocar? Eu me diverti em cada parte da tour. Já estive muitas vezes no Brasil e sempre me sinto muito bem-vindo. O P12 foi particularmente uma loucura, mas amei a energia de um novo club de Porto Alegre [Maori Beach Club]. Você é bem amigo de Bob Sinclair, certo? Inclusive, ele aparece em seus vídeo clipes jogando tênis. Vocês pensam em trabalhar juntos novamente? Chris [Christophe Le Friant, nome verdadeiro de Bob] é um grande amigo. Nós saímos juntos e falamos ao telefone, e sempre tentamos marcar um jogo de tênis. Mas musicalmente, nós dois estamos em períodos diferentes. Ele tem sua coisa acontecendo que é sempre popular, e eu, bem, eu tenho a minha carreira. E os jogos de tênis, vocês costumam mesmo brincar nas quadras? Claro, onde mais você acha que eu poderia jogar tênis? Em uma piscina? [risos]. Planos para 2012? Novas produções? Depois de um ano muito intenso, decidi reduzir minhas apresentações em clubs e focar mais em festivais, o que significa que em 2012 vou passar mais tempo produzindo e pesquisando. Quando e onde vou tocar, todos podem saber acessando o meu Facebook. ■

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COM A MÚSICA NO SANGUE

Filho de Pepeu Gomes e Baby do Brasil, Kriptus anda com as próprias pernas ao se aventurar pela música eletrônica – ele integra, atualmente, três projetos por Fabio Spavieri

Cada vez mais a ciência e a medicina afirmam que nossa carga genética, o DNA, é fundamental para definir quem somos e o que faremos em diversos setores de nossas vidas. Alguns herdam o ofício dos pais, como o exemplo uma criança que desde cedo escuta música e participa de um ambiente musicalmente favorável, e acaba tendo uma maior inclinação a se tornar músico, cantor ou, por que não, DJ. Kriptus Gomes é filho de Pepeu Gomes e Baby do Brasil – ambos integrantes de um dos grupos mais influentes da nossa música, os Novos Baianos, que ganharam o prêmio de melhor álbum brasileiro de todos os tempos, segundo a revista Rolling Stone, pelo disco “Acabou Chorare” –, assim, cresceu participando de tours e ouvindo os ensaios dos pais. Natural do Rio de Janeiro, sua lista de influências é longa. Jimi Hendrix, Led Zeppelin, Stevie B, David Bowie, Bob Marley, George Clinton e, é claro, os Novos Baianos, são seus artistas favoritos. “Na minha infância e

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adolescência ouvi muita MPB, rock, bossa nova, samba, funk, reggae, um pouco de tudo”, diz ele. Depois de acostumar os ouvidos a acordes, ritmos e melodias, na adolescência decidiu estudar música no Instituto Antonio Adolfo, no Rio de Janeiro. “Lá estudei bossa nova, meu ponto de partida como músico. Com essa experiência aprendi muito nos quesitos harmonia e melodia”. Apesar de toda a família ter se aventurado pela música, atualmente apenas Kriptus e seu irmão Krishna mantêm a tradição musical, ambos se aventurando pelos sons eletrônicos. Kryptus surpreende pelas produções de qualidade, como “Last Night (At The Club)”, a favorita de seu repertório. “Meu primeiro contato com a música eletrônica aconteceu em 1998, no Rio, numa boate chamada Factoria, onde tive a oportunidade de ver Ricardinho NS e Maurício Lopes. Mas foi só em 99 que comecei a produzir seriamente”, conta. No estúdio que divide com o

irmão, ele está à frente de três projetos. “Passo horas lá! Costumo entrar à tarde, logo depois do almoço, e geralmente saio quando o dia está amanhecendo”, completa. Ao lado do amigo e parceiro de longa data Ricardo Estrella – DJ revelação de 2011, segundo o prêmio Rio Music Conference –, Kriptus criou o projeto Rockerr. “É música eletrônica com toques de funk e nu disco, acompanhado de vocais e efeitos”. Já Nytron é um projeto solo. “Acabo me dedicando mais a ele, pois é o único em que atuo sozinho. A base é house, mas deep, funky, tech, acid e também nu disco são sempre bem-vindos”, ressalta. Sonoridades voltadas para o deep, disco e indie dance são o foco do terceiro projeto, Tea Lyrics, que integra ao lado de Marian Flow e Zeo Guinle, da dupla Flow & Zeo. ■ Conheça mais sobre o produtor no Soundcloud: /nytron /rockerrmusic /tealyrics


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“Todo esse movimento minimal que tomou conta dos últimos anos nunca me atraiu muito. Apesar de eu reconhecer que existem coisas excelentes, nunca foi a minha praia porque ele não te abre muitas possibilidades.”

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Eleito o melhor DJ do mundo pelo ranking do site Resident Advisor, Jamie Jones fala sobre o início da carreira, como criou o Hot Natured e sua relação com o movimento minimalista que dominou a eletrônica nos últimos anos por João Anzolin fotos Adriel Douglas

Foi numa abafada tarde de domingo de Carnaval, no norte catarinense, que Jamie Jones recebeu a equipe da House Mag para a sessão de fotos que ilustram esta matéria e um bate papo de quase uma hora. Bastante à vontade tanto para as fotos quanto para a conversa, ele mostrou tranquilidade: de fala em tom baixo sempre entrecortada por sorrisos, o britânico passa longe dos estereótipos egocêntricos dos superstar DJs. Motivos para atitudes em sentido contrário não faltariam – nos últimos dois anos, poucas figuras no universo da música eletrônica causaram tantas mudanças e geraram tanto burburinho como ele. Talvez essa atitude seja emblemática da própria relevância que seu trabalho – e principalmente, o contexto no qual ele está inserido – adquiriu nestes tempos, em que as batidas eletrônicas se converteram no alvo da vez do show business. Jamie consegue sintetizar como poucos uma regra muito aplicada ao momento que a música eletrônica atravessa hoje: a de que originalidade e, principalmente, simplicidade, podem ser

suficientes para superar os delírios eufóricos de quem vê nas pistas de dança um espaço cada vez menos divertido e norteado por nada além da repetição exaustiva da expressão put your hands up. Sets elogiados, produções e remixes que foram sucessos absolutos em pistas e charts e dono de selos capazes de lançar produções de qualidade em uma quantidade impressionante. Esse é o currículo de Jamie Jones nos últimos anos, e que rendeu a ele o sempre polêmico posto de DJ número 1 do mundo na votação do site Resident Advisor de 2011. Os selos Hot Creations e Hot Waves, que mantém junto com o amigo também DJ e produtor Lee Foss, também abocanharam premiações e, mais do que isso, conquistaram DJs e pistas ao redor do mundo.

e pistas de dança: “Sempre tive um grande fascínio por música, lembro-me da excitação ao assistir a um show do Michael Jackson em Liverpool quando era criança. Uma prima que é um pouco mais velha do que eu veio morar com a minha família. Como ela já frequentava as raves que aconteciam na Inglaterra no início dos anos 90, conseguia algumas fitas cassete naqueles eventos e levava para casa. Aquele foi meu primeiro contato com a música eletrônica, desde então passei a ficar obcecado por esse mundo. No início eu gostava muito de drum and bass, artistas como Fabio e Grooverider, Goldie, Metalheadz e até algumas coisas de hardcore. Tinha uma rádio de Manchester chamada Key 103 que tinha uma ótima programação de sets de DJs, e eu ficava sempre tentando sintonizar ela para ouvir artistas como Stu Allen”, conta.

Apesar do sucesso recente, a história de Jamie com a música eletrônica não é nova. Nascido e criado em um vilarejo no País de Gales, desde pequeno ele já era apaixonado por batidas

A paixão vinda do primeiro contato com a música logo evoluiu para a vontade de discotecar. E foram graças aos anúncios de equipamentos que lia nas propagandas de revistas inglesas dos anos 90, www.housemag.com.br

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como Dream e Eternity, que Jamie conseguiu comprar seus primeiros tocadiscos e mixers: “Eu fiquei quase um mês sozinho até aprender a lidar com os aparelhos, até que uma vez ouvi num programa do Pete Tong como se fazia para colar as batidas. Foi aí que finalmente aprendi”, lembra. O então DJ passou a organizar eventos e se apresentar nos clubes locais de Rugby (esporte mais popular do País de Gales), mas nos tempos da faculdade teve a oportunidade de se envolver ainda mais com a música: “Quando chegou a hora de me inscrever na faculdade, eu estava pronto para tentar Economia. Mas na última hora desisti e fui fazer Design Gráfico. No curso eu conseguia utilizar estúdios de música e passei a me dedicar com mais seriedade às produções. Antes eu já gostava de produzir algumas músicas, até com meu videogame já havia feito algumas coisas.” Desde então, o DJ e produtor não parou de se envolver com música eletrônica e os planos profissionais de atuar como designer cederam espaço de vez ao seu lado musical. Apesar do fato de muitos conhecerem e darem mais valor ao seu trabalho como produtor, Jamie tinha uma carreira respeitável como DJ: “Sempre me vi como um DJ e me considero DJ antes de mais nada. Quando lancei meu primeiro EP, eu já havia tocado diversas vezes em clubes como o Space [Ibiza] e o Fabric [Londres]. Fui residente no DC10 e tinha uma agenda que me fez viajar por diversos países, por muitos anos. Mas depois que lancei o selo as coisas mudaram muito. É bom, tenho noção da responsabilidade dessas mudanças, principalmente em relação ao ranking do Resident Advisor, e vejo tudo como uma oportunidade também. Sei que há uma expectativa que envolve muitas coisas, mas em 2012 eu quero focar em diversos projetos com mais cuidado, como um de trip-hop pelo qual tenho muito carinho e ao qual quero me dedicar muito!”, declara. A verdade é que, apesar de ter sua carreira como DJ em um bom estágio, foi a imersão no mundo das produções que deu a Jamie notabilidade e fama mundiais. Observar sua trajetória com mais atenção mostra como as coisas andaram rápido para que sua carreira explodisse, e principalmente como isso esteve diretamente ligado a um envolvimento maior do artista com seu lado autoral. Suas primeiras faixas e remixes datam de 2006 em diante, e chegaram a ser lançadas por selos de peso como Poker Flat, Cocoon, Conaisseur, Get Physical e principalmente pela Crosstown Rebels, do qual seu amigo, o também DJ e produtor Damian Lazarus, é dono. Seu primeiro álbum autoral, “Don’t You

Remember The Future”, lançamento da Crosstown em 2009, recebeu muitas críticas positivas da mídia especializada e colocou o produtor na lista de nomes a serem observados. No ano seguinte o selo Hot Creations foi fundado e passou não apenas a lançar a maioria das faixas de Jamie, como também diversos trabalhos que funcionavam muito bem nas pistas, muitas delas com vocais e quase sempre permeadas por uma atmosfera autêntica, mesclando elementos da disco music, do tech house e do deep house: “Durante toda a minha carreira, sempre gostei de deep house e coisas disco. Todo esse movimento minimal que tomou conta nos últimos anos nunca me atraiu muito. Apesar de eu reconhecer que existem coisas excelentes, nunca foi a minha praia porque ele não te abre muitas possibilidades, fora que eu sempre gostei de misturar muita coisa diferente nos meus sets.” Já em 2011, o lançamento do remix de “Hungry For The Power”, do grupo Azari & III, impulsionou ainda mais o nome de músico: foi um dos grandes hits do ano e que ainda hoje se escuta nas rádios e em diversos sets. No mesmo ano foi lançado o Hot Waves: “O Hot Natured nasceu da minha amizade com o Lee Foss, já o nome veio de um disco que eu tinha. Como recebíamos muitas demos de DJs e tínhamos algumas produções, na hora de lançar o nosso selo não dava para usar Hot Natured, porque já era o nome da nossa festa, então decidimos usar o nome Hot Creations. Já o Hot Waves é o selo voltado para o lado mais digital. Existem mais alguns projetos a caminho, mas não sei se posso continuar usando o nome Hot [risos].” Hot Creations que foi um dos selos que – ao lado de outros como Visionquest e o já citado Crosstown Rebels – ditou o que se ouviu em clubes ao redor do planeta durante todo o ano passado. Artistas como Miguel Campbell, Danny Daze, Luca C e Ali Love foram alguns do que lançaram hits mundiais (quase sempre tocados por Jamie antes em suas apresentações) pela label. Se não fosse o bastante, em 2011 Jamie também lançou uma compilação, o Fabric 61, e em dezembro foi eleito como o melhor do mundo pelo Resident Advisor. Mais uma vez reaparece a sina do galês de como que sintetizar toda uma época: a necessidade de se produzir, e não apenas tocar, é uma espécie de consenso nos dias atuais nas pautas de quem quer se envolver com a música eletrônica. Jamie Jones não apenas é uma evidência dessa observação, como também prova de que valores como autenticidade e respeito aos seus ideais ainda são prezados e muito reconhecidos dentro da música eletrônica. ■ www.housemag.com.br

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“Sempre me vi como um DJ e me considero DJ antes de mais nada�

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publieditorial

Confira os depoimentos de alguns Artistas da agência!

Vitor Falabella e Max Grillo, fundadores da Season Bookings

Season Bookings DJ Agency Com apenas dois anos de mercado, a agência mineira já está consolidada na cena eletrônica e representa, no Brasil, grandes nomes nacionais e internacionais. Conheça um pouco de sua história! Com base em Belo Horizonte, Minas Gerais, a Season Bookings vem, desde 2009, marcando o seu espaço na cena eletrônica nacional. Atualmente conta com um casting expressivo de 47 projetos nacionais e de países como México, Alemanha, Suíça, Holanda, Israel e Rússia, variando entre as vertentes progressive trance, electro, techno e house. O rígido padrão de qualidade da agência, responsável por sua forte marca no mercado, é comprovado pelas presenças constantes de seus artistas nos prêmios do Beatport, além de lotações de eventos por onde passam. Os fatores que levaram a esse sucesso tiveram início na virada do milênio, quando Max Mendes, conhecido como DJ Max Grillo, e Vitor Falabella, o V. Falabella, ainda sem se conhecerem, se encantaram em suas adolescências pela música eletrônica e passaram a frequentar eventos do estilo, mal sabendo que seriam portas de entrada para seus futuros como profissionais. Max, não satisfeito em somente presenciar e posteriormente produzir festas com amigos, passou a atuar também como DJ em 1999, ganhando destaque na cena eletrônica de Belo Horizonte que, na época, estava apenas no início.

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Se apresentou em grandes eventos como Tribe e XXXperience e em 2006 entrou para as labels Planet B.E.N e Vagalume, onde fortaleceu laços com Ekanta, Swarup e Pedrão, entre outros integrantes da crew Universo Paralello. A partir daí marcou presença em todas as edições do festival, não mais como frequentador, mas como DJ e integrante da equipe, e assim conheceu grande parte dos envolvidos com o evento, inclusive internacionais. Em 2008, tornouse também residente da Label, extinto club belorizontino. Vitor, por sua vez, também bateu ponto em todas as PVTs, clubs, festas e festivais que pôde e correu atrás do sonho de ser DJ, aprendendo a dominar sozinho a arte de tocar. Seu conhecimento sobre a cena e palpites certeiros para as formações de line-ups lhe renderam parte das sociedades e a residência dos eventos mineiros E-nigma e Aquaria, a partir de 2006, que lhe possibilitaram uma visibilidade mundial através dos artistas que por eles passavam. Bastou somente um ano na ativa para que chamasse a atenção do alemão Hannes Klitta, fundador da Spin Twist Records, e entrasse para a gravadora, onde criou amizades com Neelix, Day Din, Aerospace, entre outros. Pouco depois foi nomeado o representante brasileiro da Glamour Bookings, agência que

“Fui um dos primeiros a entrar para a Season Bookings e é muito bom ver como está crescendo. Hoje somos uma família, com uma ótima vibe entre nós!” Simon Schwendener - Khainz “A amizade e atenção da Season Bookings sempre foi essencial para a minha carreira, antes mesmo de ser uma agência propriamente dita. Para ser sincero, não existe uma agência melhor, Max e Vitor são perfeitos!” Henrik Twardzik – Neelix “Confio na agência e nenhum dos meus trabalhos na América do Sul é fechado sem passar por ela. É como uma família, onde todos cuidam de você e te ouvem em todos os aspectos.” Deniz Aydin – Day Din

cuidava de alguns desses e outros grandes profissionais na Europa. Após tantas experiências e responsabilidades, com nomes consolidados e noção completa do cenário eletrônico, Vitor e Max, que se conheceram ao longo de suas trajetórias, perceberam a oportunidade e resolveram unir suas forças, criando a Season Bookings. Muitos dos grandes nomes com quem já se relacionavam profissionalmente instantaneamente apoiaram a ideia e passaram a fazer parte da agência, além de outros criteriosamente selecionados, formando o que é hoje uma família consolidada. Com competência reconhecida e vida extremamente corrida, ambos seguem fazendo a diferença no cenário eletrônico mundial, englobando todos os seus aspectos. São agentes, chefes, amigos, conselheiros, referências, ídolos, DJs, produtores e frequentadores de eventos, com todo prazer! ■ www.seasonbookings.com.br Facebook: /seasonbookings Twitter: @seasonbookings Soundcloud: /season-bookings Youtube: /seasonbookingstv


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feel the groove

Fotografia: Divulgação

CHRISMONTANA Ao longo de 15 anos de carreira, o DJ e produtor alemão coleciona histórias curiosas e fãs como Erick Morillo, Roger Sanchez, Afrojack, Thomas Gold e ATFC por Gabriel Macarofq

O slogan de Chris Montana não poderia ser mais apropriado: “House music é minha vida”. Nome consagrado na cena eletrônica mundial, ele conta com admiradores surpreendentes como Puff Daddy, Justin Timberlake, Gisele Bündchen e o Príncipe de Bahrein. Seu amor pelo Brasil se percebe facilmente nos primeiros minutos de conversa – entre suas produções recentes estão “Jurerê” e “Praia Mole”, faixas batizadas com os nomes de duas praias de Florianópolis, Santa Catarina. Após dez anos como residente do legendário El Divino, em Ibiza, ele hoje é o rosto da festa Ibiza World Club Tour, que já conta com edições realizadas no Brasil, além de ser proprietário do label S2G Productions. Chris concedeu esta entrevista para a GROOVE DJ Agency durante sua última turnê em terras brasileiras, antes de se apresentar na festa de encerramento do Carnaval na Pacha Búzios. Sabemos que o seu amor pelo Brasil é digno de nota: algumas de suas faixas têm até nomes de praias do litoral catarinense. Você sente algo especial quando se apresenta por aqui? Sim, sem dúvida! Sempre que viajo para o Brasil, não vejo a hora de me apresentar, pois a vibe dos brasileiros na pista de dança é algo até difícil de descrever, certamente única e muito especial. Eu já me apresentei em diversos lugares do mundo, mas nunca encontrei uma energia tão positiva quanto a dos brasileiros, seja onde for: Florianópolis, Búzios, Londrina, Balneário Camboriú, São Paulo... Não houve uma única vez que vim para o Brasil que não tenha sido muito especial para mim! Nos seus dez anos de residência no El Divino, em Ibiza, temos certeza que você presenciou ou até mesmo vivenciou muitas histórias inesquecíveis. Quais delas você destacaria? Um dos momentos mais memoráveis aconteceu em 2001, quando toquei com Roger Sanchez na sua festa Release Yourself. Naquele dia ele trouxe os primeiros protótipos do que viria a ser

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CDJ-1000 da Pioneer, pois estava trabalhando com os engenheiros da empresa no projeto. No meio do set, ele começou a fazer coisas antes sequer imagináveis, como loops com acapellas e scratches com CDs. Tudo o que consegui fazer naquele momento foi ficar estático, observando, e depois me curvar para ele no final da apresentação, tendo em vista tamanha habilidade. Outra história curiosa aconteceu em 2005, quando Puff Daddy chegou no club com toda a sua equipe e seguranças. Ele foi direto para a cabine, havia dezenas de pessoas tentando falar com ele e abraçá-lo, e então ele me pediu para tocar uma de suas músicas. Infelizmente eu tive que responder: “Não posso tocar hip-hop ou r&b no El Divino, aqui é o santuário da house music!”. A princípio ele ficou meio irritado, mas depois achou que minha atitude havia sido de certa forma cool, e disse: “Ok, eu volto logo mais”. Em cinco minutos ele voltou de sua limousine e me deu um CD: “Este é um remix exclusivo de minha nova música feito pelo Deep Dish, então toque!”. Ela caiu como uma bomba na pista, e depois daquele episódio ele passou a me considerar um cara legal. Toda vez que nos reencontramos, ele relembra aquela história. Você iniciou recentemente um blog que relata sobre suas viagens ao redor do mundo, certo? Fale um pouco sobre essa iniciativa. Meus amigos sempre acharam fascinantes as histórias sobre minhas apresentações ao redor do mundo, então um deles sugeriu que eu as colocasse num blog. Discuti com meu assessor de imprensa sobre a ideia, e depois de chegarmos em um consenso, iniciei o “Milhas por Minuto”, onde escrevo não somente sobre as gigs, mas as pessoas que conheço, peculiaridades de cada país e histórias bizarras que acontecem nos aeroportos. Por exemplo, antes de deixar Tel Aviv, Israel, uma funcionária da companhia aérea me fez

algumas perguntas rotineiras, mas quando viu a enorme quantidade de carimbos no meu passaporte, incluindo de Dubai e Egito, países que não mantêm boas relações com Israel, ela perguntou onde eu havia tocado no Egito, no que respondi: “Alexandria, Cairo, Hurghada...”, e ela gritou: “O quê? Gaza?”. A sala era barulhenta e ela provavelmente não ouviu direito o que falei, ficou preocupada e quase chamou os policiais! Expliquei que havia tocado em Hurghada, um resort no Mar Vermelho, e não em Gaza, onde estão os terroristas! No final, nós dois rimos, mas antes disso fiquei bem assustado! Qual o conceito da festa Ibiza World Club Tour? Quando realizamos uma festa Ibiza World Club Tour em um club, transportamos a experiência única que só é possível encontrar nas festas em Ibiza. Além de uma decoração toda especial, com banners e móbiles, distribuímos CDs, camisetas e pulseiras, o que muda completamente o visual do club. A ideia é fazer algo diferente, que nunca se vivenciou no club em questão, para que as pessoas se sintam parte de uma noite única e especial. O que podemos esperar de novos lançamentos em 2012? Muitas novidades! Acabo de lançar uma faixa chamada “The Game” em parceria com o Sebastian Krieg pela Tiger Records, e também tenho uma nova produção chamada “Columbian Chants” a ser lançada em breve pelo legendário selo “Strictly Rhythm. Além disso, estou finalizando mais duas músicas, uma dela para a Defected Records e a outra para o selo de Erick Morillo, o Subliminal. Fico muito feliz com o fato de que o Erick sempre apoia o meu trabalho e para mim, sem dúvida nenhuma, ele é um dos maiores nomes da cena eletrônica atualmente. ■ Chris Montana é artista exclusivo no Brasil da Groove DJ Agency www.groovedjagency.art.br


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bruna calegari

Os mais mais da web

Bruna Calegari indica seus sites favoritos de referência musical Talvez até exista algo mais emocionante e prazeroso para se fazer diante do computador do que descobrir novas músicas. Se existe, eu definitivamente desconheço. Minha paixão por música reside, quase que em sua totalidade, no ato de descobri-las, como que abrir a caixinha de pandora e desvendar cada minuto, cada batida, cada mixagem, cada nova banda. É uma exploração que demanda tempo, energia e paciência: a cada dia mais músicas invadem a Internet, sem serem necessariamente boas ou ruins, mas deixam a mata da savana um pouco mais espessa para que se consiga caçar o tigre, se é que você me entende. Mas quando se conhece alguns meios de caça, algumas técnicas, fica tudo um pouco mais fácil, certo? Pode ser que em um ano ou até dois meses estas dicas estejam completamente defasadas, mas ultimamente elas têm cumprido com excelência seu papel como armadilhas para que eu consiga caçar com mais certeza, fazendo com que minha fome por música não chegue a um grau insuportável.

Rraurl Conteúdo em português raurrl.com Um dos portais brasileiros mais tradicionais de música eletrônica tem sofrido algumas mudanças nos últimos tempos e ganhou uma cara mais indie. Porém, com a decadência do indie nos últimos meses, o house, techno e estilos “in-between” ganharam muito espaço no rraurl. O bacana é que nele, ao invés de simplesmente ouvir a música, você pode se inteirar do universo musical através de reviews e matérias construídas sempre com muito critério e qualidade.

Referências referências, referências factmag.com O que mais gosto no site da FACT são os mixes que encomendam. Entre eles estão vários favoritos, como do Trentemøller, Nicolas Jaar e o último do John Talabot. Escolhem sempre bons artistas em alta (em vários segmentos) para entregar os sons menos óbvios. O portal em si também passa bem longe de obviedades. As referências que se encontram no FACT são tão únicas que poucas vezes eu cheguei a ouvir 5 dos 50 melhores álbuns do ano escolhidos pela redação. Se todos vão pela mesma direção, o caminho que a FACT toma é sempre outro: é um universo novo dentro do familiar.

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Rico Passerini O rei do SoundCloud soundcloud.com/r_co SoundCloud, como todo mundo sabe, é vida. Hot Natured, Crosstown Rebels, e toda a turma hype que comanda o underground dividem espaço no perfil de Rico com ícones do techno, do deep house e até com mixes antiquíssimos que datam dos anos 80 e 90. Este endereço é realmente uma mina de ouro e garante boa música por dias a fio. E se você não tem uma conta no SoundCloud, crie já: é possível seguir seus artistas favoritos e descobrir sempre que eles lançam algo novo.

Música nova em estilo shuffle wearehunted.com Fácil assim: você coloca os fones de ouvido, começa a trabalhar e vai ouvindo música nova, do folk ao eletrônico, uma após a outra. Não gostou? Muda. Chamou a atenção? Tem o nome da track, da banda, opções de bandas semelhantes e até as datas de turnês confirmadas do artista que você gostou. De repente ele já tem data no Brasil e você nem sabia... A interface está diferente, mais web 2.0, o que permite criar uma playlist no Hunted e compartilhar no Facebook, Twitter etc.

La.Ga.Sta. Bom gosto grego para o mundo lagasta.com O La.Ga.Sta. (que é a gíria para Last Gas Station) é um conglomerado de coisas bacanas. Todos os posts apresentam uma música, EP ou álbum novo, portanto, sem blá blá blá. Gosto muito do critério que usam para selecionar as músicas, que passam pelo indie maximalista, electro, nu disco, house clássico e demais estilos sempre em alta. É uma overdose de tendências, estereótipo compartilhado por vários outros blogs do gênero – mas dentre eles este é o meu indicado.

Bruna Calegari é publicitária, co-fundadora da Hot Content Mídia e Conteúdo e responsável, entre outros projetos, pela Revista Warung. brunacalegari@hotmail.com


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diário de bordo

Fotografia: Divulgação

UMA LONDRINA NA NOITE BRASILEIRA

Durante o mês de fevereiro, publicitária Melissa Mouris passou por São Paulo, Rio e Santa Catarina. E se surpreendeu com a cena do Brasil por Melissa Maouris

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“Algo que eu realmente não esperava ver no Brasil era a dominação dos artistas europeus.”

A Europa é o coração pulsante da música eletrônica, com cidades cosmopolistas como Londres e Berlim criando novos artistas e selos na velocidade da luz. Depois de morar e viver essa reaidade na capital da Inglaterra durante os últimos sete anos, tenho me perguntado se o motivo para que isso aconteça é o nosso clima gélido. Sem muitas opções do que fazer, os finais de semana são perdidos em clubs escuros. Mas depois visitar o Brasil pela primeira vez, acabei me questionando sobre duas coisas: se a dance music realmente não combina melhor com o clima quente e como será a cena brasileira daqui a alguns anos de evolução. Durante a viagem, fiz muitos comparativos com meus sósias europeus. Comecei pela meca brasileira da música eletrônica (ou pelo menos, foi o que me disseram), São Paulo. A cidade imediatamente me fez sentir em casa, com uma aura de criatividade e chuvas constantes, muito parecida com a sensação de estar em Londres. As pessoas me pareceram profundamente apaixonadas por todos os tipos de música eletrônica e bastante abertas a coisas novas, característica que encontrei em pouquíssimos lugares até hoje. Com uma cena underground forte e eventos em lugares excêntricos que acontecem com certa frequência, São Paulo me mostrou ter realmente abraçado a dance music. E parece querer forjar seu próprio nome nela. As coisas me pareceram completamente diferentes no Rio. Pousei numa ciadade que parecia uma selva submersa no carnaval, um lugar não muito óbvio para a música eletrônica. Apesar disso, durante os últimos anos a cidade ganhou um novo foco com o Rio Music Conference, o motivo principal da minha visita. Fiquei enormemente surpresa quando descobri que as atividades diurnas eram oferecidas gratuitamente, completamente diferente das nossas convenções na Europa. Os seminários são oferecidos apenas por um curto período de tempo a cada noite, diferente do ADE (Amsterdam Dance Event) ou do IMS (International Music Summit), onde as conversas duram o dia todo. Ver como acontece no Rio me deixou com a dúvida se a melhor opção não seria realmente menos horas de conversa, sendo que ainda é

possível desfrutar de uma programação inteira durante a noite. No geral, achei o Rio mais desinteressado em música eletrônica – o amado samba carioca parecia ser o foco principal por lá. Depois de procurar em alguns blog locais, descobri que aquela foi minha impressão porque os acontecimentos da semana eram focados em eventos específicos do carnaval. Embora os dias fossem mais calmos, o evento que fui no sábado à noite foi além de qualquer expectativa que eu pudesse ter, com uma multidão atendendo a um grande show mainstream, e aquele era o Brasil que eu tinha ouvido falar: grandes massas com as mãos para o alto ao som de DJs mundialmente renomados. Depois de uma semana de loucura no Rio, segui para o sul, em Floripa e Itajaí, onde uma cena muito mais glamurosa surgiu. Se na Europa eles preferem ficar escondidos numa área VIP protegida, no Brasil vi os ricos ostentarem suas garrafas de vodca na pista de dança. Os clubs open air têm um feeling que lembra os primeiros anos de Ibiza. Há muito menos ego – e ainda menos roupas –, um lugar hedonista que combina perfeitamente com as mentes abertas da house music original. Mas algo que eu realmente não esperava ver foi a dominação dos artistas europeus. Embora os DJs locais estivessem sempre presentes, os estrangeiros eram sempre a principal atração, com um exército de nomes sendo importados de Berlim, EUA, Londres, entre outros lugares. Isso talvez aconteça porque esse tipo de som ainda é relativamente novo no Brasil, mas aguardo ansiosa para ver o país encontrando seu próprio ritmo. Uma propensão ao samba poderia, talvez, dar as coordenadas para um novo gênero eletrônico mundial. Afinal, o que seria da música eletrônica se ela não tivesse encontrado aquele toque baleárico de Ibiza ou a linearidade de Berlim? Tenho certeza que num futuro não muito distante nós, europeus, encontraremos a resposta e vamos querer estar no Brasil para presenciar isso tudo de perto. ■ www.housemag.com.br

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lançamentos

Imagens: Divulgação

Rolldabeetz

Sampler Deluxe Part 11 Os curitibanos Fabo Oliveira e Soundman Pako formam o duo Rolldabeetz. E, se como DJs são muito conhecidos, como produtores estão galgando seus primeiros passos (apesar de Fabo ter experiência no ramo). A estreia dos dois no Neurotraxx – selo conduzido por Aki Bergen e um dos mais destacados da concorrida cena deep house atual –, não poderia ser melhor: dois trabalhos do duo integram o EP “Sampler Deluxe Part 11” e demonstram o que pode ser o começo de um caminho promissor. “Everybody Wants To Be” é permeada por uma atmosfera obscura e envolvente, anunciada em sua longa intro de quase dois minutos. Mais empolgante, “Exkhizophrenik” é um autêntico exemplo de releitura disco: cheia de groove e personalidade, a faixa se sobressai e deve ser presença certa em muitos sets de 2012. João Anzolin

DJ Glen

Move Your Feet Selo Nasty Funk Records

Marcando a estreia do selo britânico Nasty Funk Records, “Move Your Feet” reflete muito bem o momento atual da house music, com faixas envolventes marcadas por longos breaks, baixas BPMs, vocais e traços similares na sua composição. Tanto a versão original do produtor paulista DJ Glen como o remix assinado por Erik Christiansen carregam um aspecto mais soturno, quase dark. Os remixes do também brasileiro Junior C e do alemão Click Click chamam mais atenção e devem roubar a cena – e ganhar as pistas – pelo groove acentuado. Uma versão do inglês Matt Fear também integra o EP, o que mostra a boa safra de produtores brasileiros que desponta no cenário internacional. João Anzolin

Talking Props

Apoena

Selo D-Edge Records

Selo Stuga Musik

Only A Taste / Rabalahara EP O duo que se apresenta como Talking Props é, na verdade, formado pelos produtores Diogo Accioly e Diego Moura, ambos DJs de renome na cena eletrônica brasileira e residentes do clube D-Edge. Investindo nos talentos nacionais, a D-Edge Records lançou o EP em formato digital e vinil 12”. O nome místico de “Rabalahara” resulta em uma infusão de deep house extremamente dançante, ainda mais acentuado na versão de Martinez. Já “Only A Taste” foi lançada em sua versão original, repleta de elementos bem tropicais, e no remix de Argy com uma atmosfera mais club music. Bruna Calegari

Fox Glove

Guetto Fiction EP Selo TB Records

Mover & Cooler EP Lançado em formato digital e analógico, o EP do músico portalegrense Henrique Casanova foi assinado pela gravadora inglesa Stuga Musik e traz duas faixas: “Mover”, no lado A, é um dub-techno com pegada oldschool. Já “Cooler”, no lado B, é um deep house melódico com kick de respeito. A obra aparece em charts e sets de importantes DJs do cenário internacional, como Laurent Garnier, OCH e Jay Tripwire, entre outros, arrancando boas críticas também de produtores como Vince Watson e Ed Davenport. Bruna Calegari

Rodrigo Farinha e Joe Busnello Something Real EP Selo Pantano Beat Records

Flox Glove é o duo brasileiro formado pelos DJs e produtores Rafael Motta (Rmotta) e Cesar Werlon (Beep Dee). Dupla que amadurece sua música a cada dia, é sem dúvida a mais nova revelação da cena brasileira. O projeto tem uma pegada nos basslines, vocais e tem synths dinâmicos, o que vem atraindo olhares de gravadoras como Digital Delight, Electronique UK, Acid Fruits, TB records, Molotov21 e Diamond Clash. “Ghetto Fiction” é um EP que demonstra bem as influências do duo: pegada forte de house com influências de hip-hop. Há também dois remixes, um do duo brasiliense Pimp$hit e outro do curitibano Malcon Costa. Este EP não pode faltar no case! Mateus B.

Guitar Flow

EDDIE M

Selo Highbytes

Selo Bonzai Elemental

Beautiful Sun Ep O house progressivo teve um papel fundamental na disseminação da música eletrônica no Brasil. No fim da década de 90 e começo dos anos 00 o som de DJs como Sasha, John Digweed, Danny Howells e Hernan Cattaneo influenciou muitas pessoas no país, e para várias delas aquele foi o primeiro contato com a música eletrônica não comercial. O Guitar Flow, projeto do produtor de Florianópolis Gabriel Tavares, parece integrar esse grupo com o lançamento de “Beautiful Sun” pelo selo Highbytes. Composto por sete faixas, o EP mescla o típico som progressivo com riffs de guitarra (Gabriel é guitarrista) em uma ótima e criativa construção. “Sunny Trip” chama atenção pelo acentaudo toque dub, e as demais faixas seguem a linha de breaks viajantes sucedidos pelo tradicional kick pesado do gênero. João Anzolin

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A faixa tema do EP, “Something Real”, conta com vocal de Faraz e é uma mistura diferenciada das faixas compostas hoje em dia. Melódica e dançante, já está sendo tocada por alguns dos mais renomados DJs do país. Já “Contrast”, produzida pelo produtor Joe Busnello, é uma mistura frenética de tech house com influências do electro moderno, em uma junção de sonoridades marcantes. Na faixa “Canastra”, Rodrigo Farinha a.k.a Faraz aproveita para reverenciar a banda Nação Zumbi em uma mistura de maracatu com tech house. O mesmo produtor finaliza o EP com a faixa “Solar”, que traz a marcante voz da tripulação da Discovery se preparando para decolar rumo ao espaço. Mateus B.

MY TRIP TO THE SKY EP

O gaúcho Edinho Magalhães, também conhecido por Eddie M, surpreende ao lançar um chill out de alta qualidade. “My Trip To The Sky”, faixa que dá título ao EP, traz elementos do trance sutilmente encaixados em lentas batidas sintéticas e longos breaks. Another Dimension traz um ambient ainda mais slow com um vocal suave de fundo. Ambas as faixas levam a um calmo passeio espacial fazendo viajar pela musicalidade. ricardo lin


carlo dall anese

How to be a better DJ

Nosso colunista dá a letra: ter referências é uma coisa, copiar é outra. Se quiser fazer a diferença, crie seu próprio caminho Produzir para ser feliz ou para ter sucesso? Tenho me preocupado bastante com as produções nacionais que escuto. Tarado por música e informação, sou aquele tipo de DJ que escuta todos os promos que caem no meu e-mail. Fico atento a tudo de novo que estão produzindo e tenho notado um paradoxo: ao mesmo tempo em que o nível das produções brasileiras estão evoluindo em doses cavalares, o comodismo e a miopia musical crescem na mesma proporção. Será que é tão difícil entender que quanto mais pessoas seguem o mesmo caminho, mais pessoas disputando o mesmo espaço e fazendo exatamente a mesma coisa, menores são as probabilidades de alguma delas dar certo e ter sucesso? É tão difícil entender que, se você é um novo produtor e se você produz coisas iguais a Sweedish House Mafia ou David Guetta, as pessoas vão preferir escutar e tocar as coisas dos caras famosos e não as suas? Não parece óbvio que você será preterido? Pois é. Curiosamente os novos produtores se comportam exatamente assim e todo mundo faz, literalmente, the same fucking shit. Qual o caminho? Faça o que você ama e busque o diferente, o não-óbvio, e corra atrás. Você acha que o Marky tem a moral que tem porque toca igual a todo mundo? Ou que o Gui Boratto é o gigante porque fez musicas iguais às de todos? Até mesmo as minhas músicas que estouraram no Brasil e no mundo, com uma mistura de rock e eletrônico, ficaram conhecidas porque era o que todos estavam fazendo? Claro que não! David Guetta, por exemplo, tem esse mega sucesso porque fez o inusitado: uma fusão única e muito bem feita do pop completo com o eletrônico. Quer continuar imitando os caras? Ok. Mas saiba que suas chances são menores e que você pode estar desperdiçando seu (precioso) tempo.

“Você acha que o Marky tem a moral que tem porque toca igual a todo mundo? Ou que o Gui Boratto é o gigante porque fez musicas iguais às de todos? Claro que não! Ao imitar os caras, saiba que suas chances são menores e que você pode estar desperdiçando seu tempo.”

A liberdade de tocar o que quiser – sem encher o saco Segue uma crítica à liberdade de tocarmos e escutarmos o que queremos e acreditamos. Vivemos em uma época em que a sociedade aceita o homossexualismo, é solidária ao problema das drogas e discute seriamente o extremismo religioso. Mas, por incrível que pareça, algumas pessoas não aceitam o simples fato de alguns DJs não se renderem ao comercial. Sem hipocrisia aqui, todo mundo sabe que não sou um cara lá muito underground, toco sim algumas coisas comerciais (com limites e referências muito bem definidas e muito bem alicerçadas em uma identidade musical), mas faço isso porque gosto e quando acredito que certas coisas vão funcionar. Não toco o que eu não quero – já fiz isso no passado, mas hoje não. Além disso, algo que impulsionou a minha carreira foram tracks que produzi e estouraram no circuito mainstrem. Ninguém pode dizer que fui atrás de modinha. Fico surpreso em casos como o de algumas semanas atrás, em que uma menina me perguntou: “Como você não toca David Guetta? Quem você pensa que você é?” Ora bolas... Sou um ser humano que trabalha, é DJ como qualquer outro, faz suas escolhas e toca o que acredita ser boa música e que ao mesmo tempo divirta o público. As pessoas podem, sim, deixar de contratar um DJ, o público pode, sim, achar ruim o som que o cara toca e não prestigiálo mais, mas todos devemos, dentro das liberdades pessoais que temos, respeitar o que cada um toca e produz, gostemos ou não disso. Capiche?

Carlo Dall’Anese é DJ há 23 anos. Eleito duas vezes o melhor do Brasil, é também músico, produtor e ministra tutoriais sobre tecnologia. carlo@bsidedjs.com.br

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dicas da angel

lifestyle

O melhor sobre moda e entretenimento por Angel Inoue

No hot hot de beleza, o que reinam são os óleos: óleo de argan para os cabelos, moroccan oil (que já teve dias melhores) para os fios também e agora o óleo de côco, que promete e m a g re c i m e n t o ninja.

Veja no cinema: “Drive”, filme incrível que surpreende pelo roteiro, fotografia e trilha sonora. Com direito a palitinho no canto da boca e jaqueta de cetim manchada de sangue, o ator Ryan Gosling foi terrivelmente injustiçado pelas grandes premiações.

E Lindsay Lohan Lo vai viver Elizabeth Taylor nas telonas. Será que vai vingar? Quem viver verá.

No teatro, a vez são dos musicais. A Família Addams acaba de estrear em solos paulistanos, com Marisa Orth como Morticia e Daniel Boaventura como Gomez. Baseado nos quadrinhos de Charles Addams, a família excêntrica e macabra já foi tema de seriado na TV e alguns filmes no cinema. O musical estreou na Broadway em 2010 e chega em tempo recorde ao Brasil. Brooke Shields foi Mortícia na versão americana.

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A revista L’Officiel Brasil está agora sob o comando da super Erika Palomino (foto). A primeira edição sai em abril. Vem coisa boa por aí!

Na música, quem cresceu foi Mallu Magalhães. Magra, alta e com novo visual meio retrô, a menininha que cantava músicas não óbvias de Bob Dylan e outros ícones lançou o álbum “Pitanga” e está dando o que falar. O disco é uma delícia, com direito a um clipe bacana rodando as paradas. Assista “Velha e Louca” no Youtube!

A moda pede pijamas. Depois de a Louis Vuitton lançar em sua coleção cruise pijamas de seda para serem usados nas ruas, a moda parece que pegou. Salvatore Ferragamo, Chloé e outras marcas já investiram na tendência. Quem não tiver coragem de usar a roupa de usar na cama nas ruas, vale usar uma peça só e combinar com outras, mais básicas. E junto com a moda pijamas, os sapatos da vez são os slippers. Inspirados nos chinelos de dormir da aristocracia, os sapatos invadem as ruas e ganham em conforto. Invista em modelos bem extravagantes, como os de oncinha, pedrarias e brilhos.


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lounge*

por Luis Maida

Fotografia: Tadeu Brunelli

Lounge* Travel No dia 15 de abril, será lançado o mais novo título da editora LTM. A lounge* travel chega ao mercado para servir como fonte de informação ao público interessado no turismo de luxo. Na primeira edição, o destino principal é o arquipélago português dos Açores. Conheça as maravilhas dessas ilhas isoladas no meio do Atlântico. A revista também leva os leitores à cidade de Bordeaux para mostrar a confecção dos melhores vinhos e queijos do planeta. Na seção cultura, o destaque é o Festival das Cerejeiras no Japão, uma tradição centenária que persiste até os dias de hoje.

Lounge* Racing Outra publicação que estreia neste ano é a lounge* racing. Com foco no lifestyle do automobilismo, a revista fará a cobertura das principais categorias do país e do mundo. A capa da primeira edição, prevista para maio, será o ex-piloto Emerson Fittipaldi, que completa 40 anos de seu primeiro título na Fórmula 1. A edição de número um também trará reportagens com Bruno Senna e Rubens Barrichelo.

Lounge* Gourmet Ainda em maio, lançaremos a nova edição da lounge* gourmet. Com o tema Japão, traremos tudo sobre a culinária e a cultura do país asiático. Em 2012, a nossa redação está trabalhando para o crescimento e a consolidação da lounge* nas bancas e junto ao nosso público. Esperamos que todos possam ler as revistas e aproveitem dos conteúdos exclusivos que disponibilizamos a todos.

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lounge* A edição de número 51 da lounge* chega às bancas em março e traz o cantor Seu Jorge na capa. Em entrevista exclusiva, ele fala sobre a ocupação das favelas pela polícia do Rio de Janeiro e sobre o preconceito existente no Brasil. Além do artista carioca, a revista conta a história da socialite Val Marchiori – que ficou famosa após participar do reality show Mulheres Ricas –, mostra os bastidores das lutas do UFC e entrevista o diretor do DENARC de São Paulo sobre a atuação da polícia na Cracolândia.


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especial

Camarote Salvador reuniu vips no espaço mais exclusivo do carnaval da Bahia Uma das maiores festas de rua do mundo contou, mais uma vez, com um espaço exclusivo – o Camarote Salvador 2012 reuniu cerca de 10 mil pessoas em seis dias de festa no circuito Barra – Ondina. Pessoas de todo o país desfrutaram, além da festa, de serviços como salão de beleza, lounge para massoterapia e variada programação gastronômica. Passaram por lá nomes como Mariana Weickert, Marcelo Faria, Bia Antony, Talytha Pugliesi, Cássio Reis e Maria Gadu, que curtiram a folia de Salvador ao som de shows como DJs internacionais da atualidade como Steve Angello, Kaskade e Sander van Doorn. Transmissão mundial Em 2012, o Camarote Salvador e a marca de desodorantes AXE foram os parceiros escolhidos por VEVO, provedor premium de entretenimento e música online, para sua primeira transmissão ao vivo de um evento musical no Brasil. Com um show exclusivo do rapper e cantor americano Pitbull no dia 21 de fevereiro, o VEVO LIVE exibiu o palco do Camarote Salvador para países como Estados Unidos, Argentina, Australia, Canadá, França, Itália, México, Espanha e Reino Unido. Line-up Sander Van Door, atualmente número 16 do mundo, foi um dos nomes que agitou o Camarote. Ele divulgou seu conceito de clubbing, o Dusk Till Doorn, uma produção que integra música e performances e que busca destacar novos artistas e tecnologias. Outro grande destaque

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foi o DJ e produtor Steve Angello, queridinho dos brasileiros. Para completar o time, o lineup contou com os americanos Kaskade e Roger Sanchez. Outra novidade em 2012 foi o espaço Parador Nextel que reuniu grandes nomes de samba, hip hop e ritmos brasileiros em uma pista com vista para o mar. Entre os shows que sacudiram este palco brilharam nomes como Seu Jorge, Diogo Nogueira, Magary Lord e Rogê. Decoração O tema que orientou a decoração e ambientação do camarote em 2012 foi o circo. Assinado pelo arquiteto Ruy Espinheira, o projeto cenográfico trouxe elementos que contaram a história do circo, desde os espetáculos mambembes às grandes produções dos circos atuais. Cores vibrantes e personagens como palhaços, trapezistas, contorcionistas e mágicos estavam presentes em todas as áreas. Artistas circenses realizaram performances durante todas as noites. Hotel oficial Para receber turistas e gente bacana de todo o mundo, o evento contou com o Grand Hotel Camarote Salvador, instalado no Golden Tulip Rio Vermelho. Localizado no Morro do Conselho, o hotel está de frente para o mar da Bahia e estrategicamente próximo de pontos turísticos da capital baiana. Durante o dia, os foliões mais descolados recarregavam as energias e se aqueciam para a noite nas pool parties eletrônicas do hotel oficial do camarote.


Cristiano Rangel e Seu Jorge

Carol Magalhaes

Cassio Reis

Ana Luiza Castro

Cristiano Rangel, Gustavo Diament, Marcelo Faria, Paulo Goes e Luiz Mendes

Fernando Torquatto

Dudu Linhares

Camila Lucciolae e Marcelo Farias

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Gustavo Diament

Helio Calfat

Stedania Brito

Luiz Mendes e Luiz Eduardo Magalhaes

Marco e Olivia Amaral

Roberta Catani, Gustavo Diament e Isa Miamoto

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Kelly e Helen Jabour


Paulo Goes

Seu Jorge e Roge

Roberta Boghosian e Alexandre Lima

Ludmilla Dayer

Roberta Boghosian e Alexandre Lima

Maria Gadu e Seu Jorge

Ruy Espinheirae e Manuela Santana

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auto por Reginaldo Leme

Alonso vence e lidera, Ferrari apoia Massa A vitória mágica de Fernando Alonso no Grande Prêmio da Malásia de Fórmula 1, no último fim de semana, colocou ainda mais pressão sobre os ombros de Felipe Massa. Muito criticado por seu desempenho nas pistas nos últimos anos, o piloto desistiu de voltar ao Brasil antes do GP da China para se dedicar exclusivamente à Ferrari. O chefe da escuderia Italiana, Stefano Domenicalli, reiterou apoio e declarou que antes de criticarem Felipe, a equipe precisa dar um carro de primeiro nível ao piloto.

Campeonato Brasileiro de Gran Turismo Confederação Brasileira de Automobilismo Com organização da CBA, a I Copa das Federações de Kart, realizada em Serra, no Espírito Santo, entre os dias seis e dez de março, foi um grande sucesso. Dezesseis federações filiadas à Confederação se fizeram presentes na competição e a grande campeã foi a FAU do Espírito Santo, com Paraná em segundo, Santa Catarina em terceiro, Distrito Federal em quarto e Rio de Janeiro em quinto.

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A temporada mais aguardada da história da categoria tem data e local para começar: dia 22 de abril em Santa Cruz do Sul, no Rio Grande do Sul. Com muitas novidades como a estreia de Cacá Bueno no BMW Team Brasil, o evento agora levará consigo, além dos carros da GT3, GT4, GT Premium, Mercedes-Benz Grand Challenge, e as motos do Elf Super Bike, osprotótipos do Campeonato Brasileiro de Spyder Race. Ferrari F458, Mercedes-Benz SLS AMG GT3, BMW Z4 e Lamborghini LP600+ são apenas alguns dos carros quem podem ser vistos na competição.


Tetracampeão vence mais uma “Que venham todos!”, gritava no rádio do seu carro o tetracampeão Cacá Bueno, da Red Bull Racing, após a vitória na abertura da temporada 2012 da Copa Caixa Stock Car. Sem ser ameaçado, o piloto fez uma grande corrida e já mostra aos adversários que será muito difícil batê-lo. Thiago Camilo, da Ipiranga Racing, foi o segundo e Ricardo Maurício, da Eurofarma, o terceiro. A próxima etapa será no Autódromo Internacional de Curitiba, em Pinhais, entre os dias 13 e 15 de abril.

Fórmula 3 Inglesa O Brasil terá na temporada 2012 da principal categoria de base do automobilismo mundial, a Fórmula 3 Inglesa, dois representantes: o curitibano Pietro Fantin e o paulistano Pipo Derani, pilotos das equipes Carlin Motorsport e Fortec Motorsport, respectivamente. Com vitória em 2011, Pietro entra como candidato ao título neste ano e Pipo busca levar a Fortec a quebrar o domínio da Carlin dos últimos campeonatos. A disputa começa nos dias seis e sete deabril em Oulton Park.


especial

Respeitável público, seja bem-vindo à Kaballah Circus Festival

Com o tema Circus, o festival traz uma proposta divertida, inovadora e que promete fazer desta edição inédita um grande espetáculo

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Confirmada para dia 21 de abril, a Kaballah Circus apresenta uma união entre o famoso festival de música eletrônica com o universo do circo. DJs e artistas circenses serão ambientados por uma decoração customizada, levando ludicidade e cores para a Arena Maeda, em Itu, interior de São Paulo. Mais de 20 atrações sobem ao picadeiro durante as 18 horas de festa. O Cocoon Stage leva o conceito da gravadora alemã, misturado a uma decoração que remete os afterhours de Ibiza. No line-up o destaque vai para Sven Väth que comanda as pick-ups ao lado de Oliver Huntemann, Ilario Alicante, Eli Iwasa, Pornrobot, Victor Ruiz. Já o Electric Circus/Sim Mak Stage traz a imagem de um grade circo, com grandes pitadas de electro house e dubstep. São eles: Steve Aoki, Joachim Garraud, Dimitri Vegas & Like Mike, Amo & Navas, Bruno Barudi e Digitalchord Live. Por fim, o Pyschedelich Circus resgata a essência do trance e promete encher os olhos do público com um ar psicodélico capitaneado pelo time português do Boom Festival. Entre os reponsáveis pelo som estão GMS, Neelix, Fabio Fusco, Headroom, Avalon, Protonica, Circuit Breaker (Dickster + Burn in Noise) e Wega. A Kaballah Circus ainda vai montar o picadeiro em Santa Catarina (Carambas Club – 18/05) e no Rio de Janeiro (a definir - 19/05). Prepare-se!

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fashion talk

Fotografia: Divulgação

Blogueiras em frente à Topshop de Liverpool, na Inglaterra: Brasil é o novo alvo da marca.

A VEZ DO BRASIL Sucesso entre o público feminino e rival de redes como a espanhola Zara e a sueca H&M, a Topshop chega por aqui em abril por Marina Machado (TM4 Fashion)

Em meados da década de 90, era praticamente impossível encontrar lojas de departamento no Brasil. Renner e C&A passaram a conquistar mercado e cair no gosto popular por serem baratas e de fácil acesso, mas somente nas grandes capitais. E quem diria que chegaria o dia em que as internacionais atracariam aqui? Parece que esse dia chegou. Fast-fashion, termo inglês que traduz a rapidez em renovar a coleção (as araras são renovadas em media a cada 15 dias), tem sido uma das maiores movimentadoras no mercado financeiro mundial. Grandes lojas, assim como a espanhola Zara (já presente no Brasil) e a sueca H&M (um dia, quem sabe…) são grandes lançadoras de tendências, fazendo parcerias com nomes renomados da moda para pocket coleções, tornando as lojas cada vez mais tentadoras, inibindo a fama de roupa de varejo. E a loja da vez a aterrisar em solo nacional é a inglesa Topshop, que abre suas portas este mês no Shopping JK, em São Paulo, dia 19 de abril. Dois outros endereços estão reservados para o futuro, nos shoppings Iguatemi e Market Place. O novo espaço terá cerca de 1000 m² e sete linhas diferentes, três femininas e quatro masculinas. Entre as mais de mil peças trazidas, as mais esperadas são, sem dúvida, as assinadas por

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Kate Moss. O público feminino também contará com peças da coleção cápsula desenvolvida pela estilista grega Mary Katrantzou. A famosa rede de varejo inglesa do bilionário Philip Green também é referência em vitrines mirabolantes e sensacionais. Os manequins coloridos e cada detalhe interativo dão um show à parte. Além disso, foram preparadas diferentes ações para a inauguração de seu novo espaço: as primeiras 20 pessoas que entrarem na loja ganharão um vale compras no valor de 200 reais. Os clientes que gastarem mais de 300 reais nos caixas, na semana de lançamento, também receberão brindes. Para as mulheres, clutches e máquinas fotográficas, já os homens ganharão estilosos óculos escuros. Apesar das regalias, não muito encontradas nas fast-fashion tupiniquins, os preços da Topshop prometem reservar boas surpresas aos consumidores. O valor médio dos vestidos serão de 210 reais, enquanto as blusas sairão por volta de 150 e as calças, 177. Os acessórios chegarão com preços aproximados de 115 reais. Sucesso entre o público feminino e rival de redes como a espanhola Zara e a sueca H&M, a Topshop conta com 400 lojas espalhadas pelo mundo. De olho nas oportunidades de novos negócios, tanto

Já pensou em ter um personal stylist? Topshop brasileira contará com o serviço Personal Shopper. Em uma área VIP equipada com frigobar, poltronas e com provadores diferenciados, as vendedoras prestarão um atendimento exclusivo, dando dicas de moda e estilo. O serviço é gratuito e oferecido independente de compra, basta agendar um horário pelo telefone, e-mail ou pessoalmente. O tempo do atendimento varia de 30 minutos até 2 horas, dependendo da necessidade. Melhor, impossível! as redes de fast fashion, quanto as badaladas grifes de luxo, estão otimistas em relação ao mercado brasileiro. Entre as marcas tops já confirmadas para abrir as portas por aqui estão a Balenciaga, Yves Saint Laurent, Issa London, Tod’s, Lanvin e Balmain. As duas últimas, já com o endereço definido em São Paulo, no JK Iguatemi e Cidade Jardim, respectivamente. O processo de expansão também está nos planos de grifes que já marcam presença no mercado de luxo nacional. Entre os destaques estão a Gucci, Louis Vuitton, Dior e Salvatore Ferragamo. Recentemente, o Shopping Iguatemi São Paulo recebeu a segunda flagship de Marc Jacobs, e o Shopping Higienópolis, a nova loja da inglesa Burberry. Apesar da capital paulista ser o principal palco para receber as grifes internacionais, cidades como o Rio de Janeiro, Brasília e Curitiba também vão entrar em cena. Em função disso, as redes brasileiras também devem se cuidar. Nos últimos cinco anos, a cadeia varejista brasileira ficou mais próxima dos movimentos da moda internacional. Pelo visto, a Topshop veio para brigar com todos, e quem ganha com isso somos nós, os consumidores. Vamos aguardar. ■


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street style

power girl

Fotografia: Gabriel Henrique

Feminina, moderna e sempre com um toque de elegância. A modelo Gaby Endo abriu o guardarroupas de seu apartamento em São Paulo e traduziu seu estilo em cinco looks para o dia e a noite. Fã das marcas Balmain, Izabel Marant, McQueen, Zara e Topshop, ela posa para as lentes do fotógrafo Gabriel Henrique.

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Cardigan que comprei numa lojinha em Hong Kong, maxi skirt Zara, regata de águia Forever21, bolsa Chanel, sandália comprada em Cingapura e relógio Michael Kors.

Camisa transparente da loja SneakPeek, shorts jeans destroyed da loja SneakPeek, sapatilha de oncinha Steve Madden, bolsa Balenciaga Giant e relógio Nixon.

“Look ideal para passear no fim de semana. Adoro essa saia, porque apesar de ser longa, é super levinha. Ótima para o verão! A bolsinha é perfeita para a balada, mas também funciona durante o dia, quando não se tem muito para carregar.”

“Esse shortinho é uma das peças que mais uso do meu guardarroupas. Um verdadeiro coringa, deixa qualquer look básico ficar mais legal. Adoro a bolsa com alça longa por ser super prática de carregar. A sapatilha é super confortável também, ótima para quando preciso andar bastante. Um look casual chic ideal para a correria do dia a dia, bem fresquinho para o verão.”


Saia bandage preta da SneakPeek, blusa de franjinha Forever21, regatinha básica preta comprada na Ásia, plataforma Schutz, bolsa Miu Miu e brinco de penas H&M. “Este é um look mais romântico, com referências hippie chic que eu amo. Ótimo para ir a um barzinho no fim de tarde, ou almoço com as amigas. Adoro essa malha vazada com franjinhas! Acho que fica ótima em cima do preto para contrastar os detalhes. O salto deixa o look mais arrumadinho. A plataforma é ideal, pois apesar de bem alta, é super confortável. Por ser clarinha, dá para usar bem durante o dia.”

Vestido Herve Leger bordado, bolsa carteira da Zara e sapatos da Aldo. “Um look chic, ótimo ir a um coquetel, festa, ou até mesmo numa baladinha.”

Jaqueta preta da Zara, regatinha cinza básica, calça da Forever21, plataforma da Stella McCartney e colar da loja SneakPeek. “Um look mais edgy, ousado e divertido. Perfeito pra balada. Só a calca já fala pelo look, então escolhi peças mais básicas com tons neutros. O colar de caveirinha com strass também tem tudo a ver com esse look. Sou fã de plataformas, com elas posso dancar a noite inteira sem lembrar que estou de salto.”

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consumo

por Angel Inoue

Fotografia: Divulgação

Havaianas loves Rio Depois de edições assinadas por Missoni, Issa e Farm, a Havaianas acaba de lançar uma sandália em parceria com a estilista Adriana Degreas. Como a inspiração veio dos bailes que rolavam nos anos 20 no Copacabana Palace, a sandália foi batizada de Copa. A partir de março nas lojas por R$ 105. www.adrianadegreas.com.br

Bichos, de Jack Vartanian As jóias do brasileiro Jack Vartanian são amadas por celebridades que sabem das coisas, como Demi Moore, Mila Kunis e Kate Hudson. Após a abertura de uma loja em Nova York, no ano passado, as americanas descoladas passaram a amar ainda mais o que as brasileiras já gostavam. A coleção Bichos tem colares com pingentes em formato de leopardo, escorpião e aranha. A partir de R$ 1.900. www.jackvartanian.com

Voltando ao analógico A Lomography, marca de câmeras fotográficas ultra cool da Áustria, abriu no ano passado a segunda loja em território nacional – a primeira fica no Rio de Janeiro e a mais recente na Rua Augusta, em São Paulo. Lançada em edição limitada, a La Sardina traz os modelos Beluga (vermelha) e Czar (azul), que custam R$ 429. brazil.shop.lomography.com

Blue raffia clutch As bolsas de palha reinaram pelo verão e devem continuar dando pinta nas mãos estilosas no inverno. A de palha colorida e raffia azul da Balenciaga está à venda por R$ 1.760 na farfetch.com.

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Celular Porsche Em parceria com a Blackberry, a marca italiana Porsche (que também faz máquinas, não apenas carros) levou todo seu know how em tecnologia para desenvolver um telefone que reúne design e potência. Batizado de Porsche Design P’9981, o celular é todo feito em aço e com a parte traseira em couro. A partir de US$ 2.000.

Moshi moshi Como esquecer de Narcisa Tamborindeguy ganhando de presente um telefone rosa para conectar ao iPhone? O mimo foi desenhado pelo francês David Turpin e lançado pela Native Union. Pode ser conectado ao iPad e iPhone, para bate-papo no telefone ou Skype! US$ 29 no site www.nativeunion.com.

Clássico revisitado! Um dos maiores clássicos da perfumaria mundial, o Trésor, da Lancôme, acaba de ganhar uma versão young & fresh. Com campanha estrelada por Emma Watson, o perfume Trésor Midnight Rose tem toques de jasmim, peônia e pimenta rosa. É romântico, jovem e sensual. R$ 184 (30 ml) no site www.lancome.com.br

Maxi brinco Se depender do que vimos nos tapetes vermelhos deste ano, os maxi brincos devem dominar a moda dos acessórios. Com os cabelos presos em coques e ponytails baixos, as orelhas ganham atenção. Os brincos em ouro rosé e diamantes da coleção Iris, da H.Stern, são para dar elegância e iluminar o rosto! Preço sob consulta.

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Paraíso secreto O verão se aproxima do fim e nada melhor do que vestir animal prints e brilhos, marcas do outono deste ano. Libere seu instinto e brilhe! Fotos Eliana Vieira Direção de Arte Jardel Edebran (Azur Bureau)

Milena veste saia Les Filles, blusa Club Fashion e colar Clutch Karine veste biquíni e bolero Les Filles


Vestido Les Filles, acess贸rios Clutch


Blusa Topshop, saia Fato Bรกsico, colar Clutch e brincos Cartier


BiquĂ­ni e bolero Les Filles



Blazer Club Fashion, shorts Fato B谩sico e acess贸rios Clutch


Produção de moda Jardel Edebran e Vanessa Marconi (Azur Bureau) Assistente de produção Daniela Marconi Hair & Make-up Fernanda Santos Modelos Milena Scheller (DN Models) Karine Graf (Mega)

Vestido Club Fashion e colar Clutch


Carnaval eletrônico do Green Valley

Já parte da história da música eletrônica no Brasil, o carnaval eletrônico do segundo melhor club do mundo, o Green Valley, reuniu os maiores nomes da cena. Foi também durante a semana de folia que o club inaugurou a Pista 2, espaço underground que deu uma nova cara ao Lounge Green Valley. Abel Ramos, Armin Van Buuren, Steve Angello, AN 21, Chuckie, Tocadisco e Kaskade estiveram na lista de atrações que reuniu pessoas de todo o Brasil e inclusive do exterior. As festas aconteceram entre os dias 17 e 21 de fevereiro. Fotografia: Adriel Douglas

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House Beach

encerra temporada de verão

O charmoso weekend party House Beach foi um sucesso. Produzido por nomes como Green Valley, Lique, DJcom, Grupo All Entretenimento, Amuzi e Posh, a festa que aconteceu de 23 a 25 de março em Balneário Camboriú, no Resort e Spa Infinity Blue. A quinta edição do evento trouxe mar, gente bonita e boa música de Pedro Cazanova e o espanhol Abel Ramos. Para 2013, a contagem regressiva já começou! Fotografia: Adriel Douglas

Leo Coelho e Kisy

Vicky Shouffert e Duda Cunha

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Henri Castelli


Booka Shade na Pacha Floripa

Os alemães do Booka Shade marcaram presença na Pacha Floripa durante a noite de encerramento da temporada Verano da casa, dia 10 de março. Quase três mil pessoas dançaram, e muito, ao som dos hits “Body Language” e “Mandarine Girl”, entre outras faixas de sucesso. Além da dupla anfitriã, os brasileiros Ale Reis, idee e Davis completaram o line-up e ainda animaram a pistinha Terraza, assinada pelo D-Edge Showcase. Fotografia: Marco Cezar

Booka Shade

Violeta Gerard, Mirela Oliveira e Sabrina Koerich

Daniela Cassol

Fabiana Vieira

Caio

Marina Scur e Marquinhos Lemos

Ana, Yasmin e Ana

Francine Amaral

Giuliana Korzenowski

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Carnaval Eletrônico do Stage Music Park

Seis noites, três casas, mais de 15 atrações – assim foram as noites do Carnaval Eletrônico do Music Park. Localizado em Jurerê Internacional, em Florianópolis (SC), o complexo de entretenimento trouxe DJs da cena mundial e confirmou, mais uma vez, os clubs Posh, Pacha Floripa e arena Stage Music Park como o destino de turistas e adoradores da e-music. Nomes como Fergie, Steve Angello, Above & Beyond, Bob Sinclar, Roger Sanchez e Kaskade tornaram a folia inesquecível. Fotografia: Laura Sacchetti e Marco Cezar Fergie

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Mariane Silvestre

Elisa Marcon

Andrea Santouro, Fabóla Pagani, Rafael Bornhause e Duda Teske

Marina Furlan

Lucas Cordeiro

Geizi Pousa

Mayra Vilas Novas

Maiara Gomes

Steve Angello

Mitch Lj

Paula Agner

Solomun

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Priviège

Búzios e Angra em plena folia

Durante o carnaval 2012, confetes e serpentinas entraram no ritmo da folia eletrônica. Entre os dias 18 e 25 de fevereiro, muita gente bonita e música de qualidade passaram pela Privilège Búzios. Atrações como Gui Boratto, Daniel Kuhnem, Kaskade, Mario Fischetti, Nalaya, Felguk, Oliver e André Marques comandaram as pick-ups do club. Já na mais nova filial do grupo, em Angra, não poderia ser diferente. Os belos coqueiros e a paisagem paradisíaca da Isla Privilège se uniram ao som de Solomun, Nalaya, Ask2Quit, Mora, Christian Luke, Sander Van Doorn, Raul Boesel e Mario Fischetti. Fotografia: Divulgação

Tainah Reis

Ask2Quit

Jessica Gunter e Renata Hotfimger

Gui Boratto e Octavio Fagundes

Jesus Luz e Kayky Brito

Carla Prata

Memê e Mary Olivetti

Nalaya

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Aniversรกrio no D-Edge

DJ e proprietรกrio do D-Edge, Renato Ratier completou 40 anos em plena sexta de Carnaval, dia 17 de fevereiro. Para comemorar a data, uma noite especial rolou jรก na quinta-feira (16) no conceituado clubinho. O empresรกrio recebeu amigos e frequentadores da casa na festa Moving, onde tocou ao lado do alemรฃo Solomun. Fotografia: Felipe Gabriel

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Carnaval no Templo

O Carnaval do Warung começou cheio de atrações. Representando a festa do label Cocoon, Dubfire foi o destaque de sábado no mainfloor. Kings Of Swingers, Daniel Stefanik e Rafa Pigozzi completaram a vibe da noite. Já no domingo, a Hot Natured apresentou Jamie Jones e Lee Foss como destaques do line-up. O inglês Rowan Blades e os brasileiros Paulo Boghosian, Dani Kuhnen e The Twelves também marcaram presença. Para encerrar os trabalhos do feriado com chave de ouro, o club recebeu os alemães Solomun e Âme, o duo nacional Dubshape e os norte-americanos do Soul Clap e Wolf + Lamb. Fotografia: Adriel Douglas / Imagecare

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Sunsets e Space Ibiza no Parador

As tardes do Parador Beach Club foram sensação no Carnaval 2012. Durante os quatro dias de folia, o sol prevaleceu incansavelmente e os sunsets receberam grandes nomes. Entre os eles, o destaque ficou com Hands Up, Carlo Dall’Anese, Vácuo Live e Mashup Live. Além disso, no 25 de fevereiro a Space Ibiza trouxe toda a essência da famosa ilha espanhola para o beach clube, assinando a Closing Summer Party sob o comando do argentino Ricky Ryan. Fotografia: Emerson Touche

Poliana Ludwig

Isadora Casagrande

Marice Gandin

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Elaine Cristina


Elogiado P12

A programação de Carnaval no P12 foi intensa. Marcas como Trindent, Belvedere Red, Moët Ice e CocaCola assinaram os dias de folia em Jurerê Internacional. Entre as atrações estavam Kurd Maverick, Albin Myers, Dexterz, Gui Boratto e Martin Solveig, que elogiou o famoso parador da Ilha em entrevista para a House Mag (confira na página 56). Fotografia: Marco Dutra

Martin Solveig

Carla Borges Lins

Manoela Toniolo e Natalia Lummertz

Heloisa Pereira e Helena Gondin

Junior e Amon Lima

Elisa Soldateli

Paulinho Velloso

Mylene Madeira, Amanda Sasso, Dani Garlet, Laura Azevedo e Gabi Dias

Paulinho e Juliane Toniolo

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TWICE NICE

Privilège Juiz de Fora

Música de qualidade somada a um belo club é resultado garantido: noite perfeita. A fórmula rolou durante o último dia 24 de março, quando o duo Twice Nice levou a pista do Privilège Juiz de Fora a loucura. Como sempre, a apresentação de Victor e Felipe deixou o público da cidade mineira com gostinho de quero mais. Fotografia: Wanderson Monteiro - Privilège

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Federal Music 2012

Considerado pelo público o melhor evento de música eletrônica de Brasília, o Federal Music 2012 aconteceu em pleno domingo, dia 2 de fevereiro. Steve Angello foi o destaque do evento, que ainda contou com a presença de AN21, Mario Fischetti, André Pulse e Hopper. A estrutura no Centro Comunitário Athos Bulcão ferveu durante 12 horas de festa. Em breve, um DVD e Blu Ray com os melhores momentos do Federal Music 2012 deve ser lançado. Fotografia: Taguro Izumo

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Duc

no Carnaval

O Carnaval mal terminou em Curitiba, e o Duc Club abriu as portas para o alemão KeeMo, autor do single “Beautiful Lie”, um dos hits da temporada de verão. Em fevereiro, a casa ainda contou com presença de Arno Cost. Já o destaque de março ficou com a Palais Club Cannes Tour, turnê de um dos mais importantes clubs franceses, sob o comando do residente Sacha Muki. O club também recebeu Sebjak, Mary Olivetti e a cantora Juliana Barbosa. Fotografia: Fernando Smack

Juliana Servelo

Igor Belmondo e Sacha Muki

Alana Tavares, Pelanza (Restart) e Aline Garcez

Thais Stachewski

Ellen Schaphauser

Thami Fouquet

Lauriana Rodrigues

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Tulie Calegari e Diego Fortun

Marcelli Fangueiro


Masquerade Party

O domingo de canaval em Jurerê Internacional, Florianópolis, foi repleto de glamour. Inspirada nos bailes franceses, a Masquerade Party, promovida pelo Confraria Club, reuniu mais de quatro mil pessoas ornamentadas com máscaras. Na ambientação, uma mescla de ícones da cultura da França e o carnaval brasileiro. O destaque foi o Lounge Cîroc, produzido com quadros customizados pelo artista plástico Luciano Martins. Todos se divertiram ao som dos DJs Richard Grey, Keemo, A liga – Who are they? e DJ Mike. Fotografia: Angelo Santos

Ana Paula Pfleger

Aline Mello

Jessehart

Rico e Rolf

Katherine e Susie Heymen

Joana Sirotsky

Ney Fagundes

Piero Recchio e Milena Scheller

Simoni Louisine e Rodrigo Almeida

Isabela Nogueira

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Chris Montana na Pacha Búzios

No dia 25 de fevereiro, o DJ e produtor alemão Chris Montana se apresentou na festa de encerramento da temporada de carnaval 2012 da Pacha Búzios, que contou também com outras atrações internacionais. A diversão começou mais cedo, com Montana no comando de uma sunset party no BC Hotel, primeiro e único party-hotel boutique do Rio de Janeiro, pertencente ao mesmo dono da Pacha daquele estado, Mario Bulhões. Durante a noite Chris fez mais uma apresentação, desta vez junto com os DJs internacionais residentes da casa, Luca di Napoli e Da Cat, que comemoraram em março os quatro anos da Pacha Búzios. Fotografia: Fábio Pedro (Diversão Carioca)

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tecnologia Você sabe o que é um live? Conheça os tipos mais comuns no Brasil por Mateus B.

Live PA 100% músicas próprias Gui Boratto (foto) é o exemplo mais emblemático. Ele realmente modifica suas faixas em tempo real, munido de vários equipamentos. Cada apresentação é única, mesmo utilizando as mesmas músicas. Em seu novo show audiovisual, os elementos da música interagem com os telões de LED. Outros artistas: Propulse, The Twelves, Elton D, Bruno Barudi, Dudu Nahas, Copacabana Club. O velho conhecido Live PA (de Personal Appearance ou Performing Artist) nada mais é do que uma apresentação com música, vídeo ou fotografia realizada ao vivo. Porém, o termo já gerou bastante controvérsia. Ao mixar músicas ao vivo, estaria o DJ fazendo um Live PA? Ao longo do tempo, geralmente o termo é definido como a apresentação do artista que trabalha suas próprias músicas em tempo real, criando novos arranjos e improvisos com instrumentos, vocais, equipamentos e softwares. O conceito surgiu com a ideia de tocar músicas ao vivo em formato banda, ganhando um forte apelo visual. Algumas das principais lendas pioneiras do formato são Kraftwerk, Daft Punk, Underworld, The Prodigy e The Chemical Brothers. Atualmente, porém, grande parte dos principais DJs do mundo preparam mega shows, e muitas vezes acabam levando o título live mesmo quando não há improvisação ou mudanças na estrutura das músicas. O diferencial dessas apresentações é que são grandes espetáculos. Portanto, há muitas formas de trabalhar um live. No Brasil, a maior parte dos artistas não trabalha com músicas próprias, e sim de terceiros: editadas, recortadas e na maioria das vezes com uma nova roupagem. Adicionando instrumentos ou vocais, transformando uma simples apresentação em um show mais exclusivo.

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Live Vocal • Vocal ao vivo • Banda • Processadores de efeitos Fora do país é comum live vocais apenas com composições próprias, mas por aqui os projetos geralmente mesclam músicas de outros artistas – às vezes com algumas próprias. Alguns artistas: Live Delu (foto), Vácuo, Guided By Fun, Juliana Barbosa e Mateus B., Duovox, Be Live.

Live Instrumentos • • • • •

Sintetizadores Guitarra Percussão Violino Controladores alternativos Wii e iPad

Alguns projetos: Dexterz (foto), Spyzer, Aircraft, Fábio Castro, Webep, Mashup, Blush.

Live Set DJ set com músicas de terceiros, geralmente tocado no Ableton Live ou outro software utilizando o sistema de sincronia automática.

Live Show A criatividade não tem limite, a cada dia os projetos trazem novas interações e sensações para emocionar a pista. • • • • • •

Papel picado Distribuição de brindes Performance com efeitos Paineis de LED gigantescos Link com iluminação Audiovisual

Alguns projetos: Ask2Quit (foto), Life is a Loop, Hands Up, Deep Colors.


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setup

Fotografia: Divulgação

DUBSHAPE TALKS Ale Reis e João Lee abrem as portas do estúdio onde produzem e mostram seu set-up, preferências de plugins, hardwares e softwares – e como os utilizam no processo de produção

Apesar de a amizade entre os dois integrantes do Dubshape já ter quase dez anos, e de que ambos já discotecavam quando se conheceram, o projeto, ao contrário do que se possa imaginar, não começou como um dupla de DJs. Eles sempre tiveram uma carreira sólida como DJs individualmente, mas foi pela paixão por estúdio e tecnologia que começaram a produzir juntos há mais ou menos cinco anos. Só depois de assinadas algumas produções por selos como Supernature (Audiofly) e 8Bit (Nick Curly & Gorge) que resolveram passar a tocar juntos. Desde então, já lançaram por labels como Kompakt e Crosstown Rebels – a faixa “Every Cow Has a Bird”, produzida em parceria com o argentino Guti, foi sucesso absoluto em 2010. As fotos foram feitas no estúdio do Ale, de onde também saem algumas produções do Nomumbah (projeto dele com André Torquato e Rafael Moraes). Nem sempre eles começam as ideias no estúdio. Às vezes, trocam figurinhas pelo Skype para depois finalizarem as músicas pessoalmente. De uma forma ou de outra, há alguns equipamentos e um processo de produção característicos do duo. A House Mag foi descobrir quais são eles.

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Processo de criação Na verdade, não existe uma regra, mas a maioria das vezes comecamos pela bateria e o bassline. Eventualmente deixamos um kick de base, e assim criamos todos os teclados, o bassline e por fim a bateria. No caso da faixa “Every Cow Has a Bird”, tudo começou com um sampler de disco e um kick. Enquanto fazíamos a bateria, o Guti gravou o piano e depois o bassiline. É uma música simples, com poucas automações e efeitos, apenas tem um bom groove e uma energia legal. Basicamente, o processo é sempre o mesmo. Criamos todas as ideais de teclados, bateria e samplers (muitas vezes tirados de vinil). Raramente usamos algum loop, mas quando isso acontece é emprestado de alguma música antiga de disco, soul, jazz, etc. E em pouquíssimos casos somamos loops de bateria ou percussão. Nessa fase de concepção das ideias, tentamos fazer tudo no mesmo dia, para não perder a inspiração daquele momento. Normalmente gastamos muito tempo criando nossos timbres, ouvindo sons diferentes nos plugins

e manipulando os presets existentes. Ou, ainda, criando sons novos nos synths externos, sempre tentando combiná-los da melhor forma possível. Muito de uma boa produção de música eletrônica se deve à textura e aos timbres. Para isso, usamos bastante synths analógicos e alguns virtuais. Dos instrumentos virtuais, o que mais gostamos, sem dúvida, é o Reaktor da Native Instruments, por ser muito peculiar e ter infinitas possibilidades. A bateria quase sempre fazemos na Maschine, abrindo ela como plugin dentro do Logic. Mas poucas vezes usamos alguma coisa dos bancos da própria Maschine, já que temos uma livraria bem grande de timbres que gostamos e consideremos bem mais legais. Depois de tudo concebido, passamos todos os elementos para áudio, sejam instrumentos virtuais (vsts) ou os analógicos. Transformamos tudo em áudio, gravando no Logic via input analógico da placa de áudio. A gravação de todos esses áudios passam pelo Fatso (compressor que adiciona harmônico daqueles gravadores de fita de rolo antigos) e pelo Fattrack, que é valvulado


Plataforma iMac rodando Logic 9

Plugins

Universal Audio UAD com vários plugins SSL Duende Pro Native Instruments Komplete Native Instruments Maschine

Hardwares

Apogee Ensemble Audio Interface TL Audio Fatman Summing Mixer Compressor Stereo Empirical Labs Fatso Jr. Compressor FMR Audio Really Nice Compressor Microfone AKG C214

Synths

Nord Lead 2 keyboard Moog Slim Phatty Dave Smith Tetra Vermona Mono Lancet Waldorf Blofeld Korg Electribe ER 1 Drum Maschine Micro Korg Korg Monotron

Monitores

Focal Solo 6Be Fone Seinnheiser HD 280 Fone Grado SR 225

e dá um bela esquentanda no som. Só depois disso é que começamos a construir a música, fazer as automaçõs etc. E por fim a mix.

Mixagem Muito de uma boa mix se deve à escolha e combinação dos timbres certos ali mesmo, no começo da criação. Além disso, enquanto fazemos a música, já vamos dando uma “pré=mixada”, o que ajuda muito. Compor com os instrumentos no plano certo e bem encaixados dá uma noção mais precisa de como a música ficará no final. Na mixagem normalmente abrimos o channell strip (equalizador e compressor) da SSL em todos os canais através do Duende, o que equivale a usar a clássica mesa da Solid State Logic, só que virtualmente. A vantagem é que o Duende roda 32 canais monos desse channel strip com o processamento próprio, sem pesar no processamento do computador. Sem contar que talvez seja o equalizador mais macio e “musical”

que temos no estúdio. Às vezes usamos outro equalizador com um som mais característico dos plugins da UAD, como Pultec Pro, Helios ou Neve. Quase sempre usamos os compressores da UAD, principalmente o LA-2A, LA-3A, dbx 160 e Fairchild. Em alguns dos instrumentos colocamos reverb pra dar um ambiente (mas muito sutilmente) e alguns delays e efeitos. Depois de feita a mix por canal, nós criamos grupos (buss) desses canais (em média uns oito grupos, depende da música) separando kick, bassline, o restante da bateria, os teclados, vozes etc. Mixamos os grupos pendurando mais alguns plugins. Um deles é o Studer A800 da UAD (dica do nosso querido amigo Wehbba) e devolvemos em quatro grupos stereos via outputs da placa de audio para o summing mixer (TL Audio - FatTrack). A vantagem de usar um summing é ganhar em headroom (sinal mais alto com menor distorção) na mixagem e ainda no caso do Fattrack adicionar um pouco de warmth (calor) vindo das válvulas. A mix final é gravada analogicamente de volta para o Logic, saindo do FatTrack para a placa de áudio.


Rápidas Quais os equipamentos favoritos do estúdio? Isso é um pouco difícil de escolher, mas atualmente nossa nova paixão são os recém adquiridos monitores da Focal. São fantásticos, com um equilíbrio de frequências e definição que impressionam. Dos synths analógicos, não temos uma preferência, vai muito do momento. Às vezes usar o Nord Lead é mais fácil por termos mais intimidade com ele, mas podemos dizer que o Dave Smith Tetra é incrível e surprendente. Outro detalhe: sintetizador vicia, dá vontade de ter quase todos [risos]. Nos virtuais, como já falamos, é o Reaktor, da Native Instruments. Já para plugins de processamento, os da Universal Audio UAD são imbatíveis Equipamentos que ainda não compraram, mas pretendem logo ter em mãos? Dave Smith Tempest Analog Drum Machine, Arturia Minibrute Analog Synth e uma sala com uma ótima acústica.

Hardware x Software por Ale Reis

“De um tempo para cá ficou difícil falar em produção musical sem pensar em um computador e um DAW (digital audio workstation), seja o Logic, o Ableton, o Pro Tools, etc. Principalmente se tratando de música eletrônica. Só que a grande maioria dos produtores começou a perceber que havia uma dificuldade muito grande de se chegar a um resultado de som profissional apenas com o computador. É claro que ele ajuda e muito no processo criativo, mas por se tratar de um processamento binário, sempre perderá pro analógico, pro hardware. Perde em profundidade do som, em textura, em corpo e até mesmo no manuseio. Aliás, nada é mais agradável e divertido do que criar um timbre novo num sintetizador analógico com um monte de knobs (botões) ali na sua frente. Torna-se algo muito mais intuitivo do que apenas mover o mouse para acertar os parâmetros dos plugins no computador. Às vezes sinto saudades de quando fazia música com uma Akai MPC 3000, alguns teclados ligados nos MIDI outputs dela e uma mesa analógica. Programar as baterias no próprio instrumento é muito legal. De um tempo pra cá, alguns produtores mais radicais resolveram desligar os computadores e fazer música de forma oldschool, apenas com as machines, no computer. Mas isso é para os mais radicais. Pra nós, o computador é fundamental. O híbrido do mundo virtual com o analógico é o ideal e traz um resultado final muito melhor.”

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Podem revelar plugins e instrumentos que usaram em algumas tracks? O arpeggio da “Droplets” surgiu de um preset do Micro Korg, que editamos. Já o synth da melodia de “Exit Only” é do Junatik, ensemble do Reaktor. O bassline do remix que fizemos pra track “Need U Do” do Boghosian & Torquato é do Moog Slim Phatty, que tínhamos recém comprado. Foi a primeira coisa que gravamos com ele. Recentemente terminamos uma track com o Wehbba e usamos o Vermona Mono Lancet para fazer a linha de synth principal.

Quais dicas preciosas vocês dariam aos iniciantes? É bacana ter dedicação e paciência na escolha dos timbres, pois eles que vão dar inspiração para criar. Por isso, ter seus bancos de timbres preferidos é importante. Ter um bom monitoramento também, o que não significa apenas um bom par de monitores, mas uma placa de áudio com output bem fiel e, lógico, uma sala com boa acústica. É legal tentar tirar o máximo necessário de cada equipamento, mas sem se transformar num geek maluco que quer descobrir tudo o que aquele equipamento faz e no final acaba não fazendo nada com ele. E também se possível, ter pelo menos um sintetizador analógico. Evite vender instrumentos, eles sempre deixam saudades. E por fim, ouça boa música sempre. ■


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technoaudio

Imagens: Divulgação

PIONEER DJM 850 por Mateus B.

Logo após o lançamento do mixer Pioneer DJM 900 foi anunciado o DJM 850, uma poderosa ferramenta para os DJs, com efeitos novos e um grande atrativo: placa de som embutida que permite trabalhar com o sistema DVS (Digital Vinyl System) ligando apenas um cabo USB no mixer. Assim, é possível usar o sistema de timecode com CDJs e vinil. Outra novidade é o Beat Color FX, um sistema de side-chain que recebe o sinal de outros canais para interagir com os efeitos. Com muitos recursos que migraram do DJM 900, o novo tem total integração entre placa de som e controle MIDI no Traktor e outros softwares de discotecagem. Tem também um novo sistema de faders de alta resistência e durabilidade.

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Sound Color FX: • Filter • Crush • Noise • Gate

Qualidade da placa de som: • 24bit/96kHz • 4 entradas • 4 saídas • Gravação em tempo real

Beat Color FX: Novidade que permite uma interação dos efeitos, recebendo sinal de outros canais e utilizando o sistema side-chain. Beat Effect: • Delay • Echo • Up Echo (NOVO) • Spiral • Reverb • Transformer • Filter • Flanger • Phaser • Robot • Slip Roll • Roll • Reverse Roll

Curvatura do Equalizador: • ISOLATOR: (grave, médio e agudo com corte de +6dB até infinito (corte total) • EQ: Equalizador de três bandas (grave, médio e agudo com corte de +6dB até -26dB) O lançamento será em março de 2012 nas cores prata e preto. Preço: US$1.999,00.


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ilan kriger

Imagens: Divulgação

MIDI Fighter 3D Revolução no mundo dos DJs? Em março, Ean Golden, do site DJ TechTools, passou pelo Brasil ministrando uma série de cursos em algumas das sedes da AIMEC (Balneário Camboriú, Campinas, Curitiba e Porto Alegre). Na mala ele trouxe sua mais nova ferramenta, o MIDI Fighter 3D, que foi anunciado alguns dias antes de sua viagem. A previsão de lançamento é para o final de março ou começo de abril. Esta não é a primeira vez que o DJ de São Francisco (Califórnia) veio ao Brasil. Ele já desembarcou por aqui em outras duas ocasiões – na segunda delas, ficou quase um ano nas cidades de Florianópolis e Rio de Janeiro. Por pouco não comprou algumas terras e se transformou em mais um latifundário. Seria realmente uma pena, já que o mundo dos DJs perderia uma das empresas mais insipiradoras e revolucionárias da área, e que atualmente conta com 15 funcionários e dezenas de produtos exclusivos lançados. A quantidade de acessos no site da comunidade DJ TechTools não para de crescer, chegando próximo à marca de 1 milhão por mês. Atualmente o portal conta com artigos, tutoriais, resenhas, vídeos e fóruns. Em abril será lançada uma ferramenta

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que permitirá a hospedagem de mapeamentos para controladoras MIDI que podem ser baixados e comentados pelos outros leitores. Por que o MIDI Fighter 3D será um divisor de águas na discotecagem com software? Os DJs atualmente estão mais preocupados com repertório do que com performances cheias de truques e efeitos especiais. Acontece que os sets de muitos DJs ficaram parecidos e a distância entre um top DJ gringo em relação a um local nunca foi tão pequena. Com ferramentas como o Shazam, ficou fácil que todos tenham as mesmas músicas.

Você conhece o Shazam? O Shazam é um aplicativo para smartphones que permite ao usuário, ao ouvir uma música, gravar um trecho e enviar para análise no banco de dados do app. Caso o Shazam encontre um resultado, fornece o nome da música, artista, e muitas vezes também direciona para o vídeo no Youtube, assim como concede um link para você comprar a música. Com um grau de acerto relativamente alto, o aplicativo permite que, ao assistir seu DJ favorito, você descubra o repertório dele em detalhes. Mais em: www.shazam.com


Ean Golden fala sobre o MIDI Fighter 3D Como foi desenvolvido o conceito do MIDI Fighter 3D? Não o vejo muito como um conceito, mas sim como uma solução. Eu queria adicionar expressão aos efeitos do MIDI Fighter tradicional (que é uma espécie de controle remoto do Traktor com botões de fliperama que disparam efeitos) sem incluir faders e knobs. A melhor solução que nós encontramos foi colocar sensores de movimento.

Como o MIDI Fighter 3D vai mudar o jogo? • Ele tem um sensor de movimento. Com isso, efeitos disparados nos botões podem ser modificados ao mexer no aparelho. • Os botões tem lâmpadas de LED. Um software que acompanha o 3D permite ao artista modificar as cores e incluir dezenas de variações de resposta a sons e efeitos – assim o público consegue perceber visualmente onde o DJ está interferindo no som. • Com um adicional de US$100,00 você compra um kit que permite se apresentar sem ter que ligar nenhum cabo ao MIDI Fighter (na versão básica é necessário usar cabo USB). • Uma alça está sendo desenvolvida para criar alternativas de manuseio. • A controladora tem quatro bancos diferentes de mapeamento, o que permite uma maior maleabilidade na adição de efeitos. Quem quiser unir performance, efeitos e imagem já tem uma ferramenta ideal para trabalhar. Principais funções do MIDI Fighter 3D: • Botões de arcade com LED totalmente personalizáveis • 4 bancos de controles • 6 botões laterais • Alça opcional, para controle completo de instrumentos • Movimento 3D completo, com rastreamento de cinco graus de movimento • Suporte de borracha altamente aderente Preço: US$ 249

Como os controles de movimento funcionam? Ele tem acelerômetro, giroscópio e bússola. Nós temos uma equipe bem treinada para transformar todas essas informações e determinar a exata posição ou movimento da ferramenta de uma forma muito mais precisa do que controladoras similares, como por exemplo o WiiMote, da Nintendo (controle que permite ao usuário jogar tênis como se ele tivesse uma raquete em suas mãos). Quais artistas mostraram interesse em incorporar o MIDI Fighter 3D em suas apresentações? O Deadmau5 comentou, em uma de suas apresentações no site de streaming de vídeo Ustream, que estava interessado. LMFAO também já entrou em contato. Estamos recebendo um monte de outros pedidos de grandes artistas. É possível usar o MIDI Fighter 3D com outros softwares? Sim, é possível. Ele pode ser usado com qualquer software que trabalhe com MIDI. Você acha que o MIDI Fighter 3D pode mudar para sempre a forma como os DJs se apresentam? Talvez ele seja uma ferramenta que ajude os DJs a serem mais performáticos e a se conectarem mais com o seu público. Se isso acontecer, pode ser que o paradigma mude e que outras empresas construam ferramentas similares. Por que você acha que o MIDI Fighter 3D está chamando tanto a atenção das pessoas? Ele é diferente, inusitado, eu sempre tive essa ideia de pegar os meus controles e posicionálos de uma forma que a audiência possa ver. Mas pegar a controladora da forma que o 3D permite é um passo bem à frente. Isso realmente chocou as pessoas e chamou a atenção. Como funciona o software que vem junto com a controladora? A 3D vem com um software que permite configurar a cor de todos os botões. Por exemplo, você pode definir que se o botão não estiver apertado ele ficará azul, e ao ser pressionado ele pisque em vermelho. Fora a configuração das luzes dos botões, é possível ligar e desligar os movimentos em separado e customizar como o todo trabalha.


coluna dj

A eletrônica na Capital do

Rock por Hopper

Brasília, a cidade de curvas e ruas largas planejada por Oscar Niemeyer e que, além de capital do país, ganhou também nos anos 80 status de Capital do Rock por causa da música produzida por bandas como Legião Urbana, Plebe Rude e Capital Inicial, atualmente carrega também uma das cenas mais prolíficas de música eletrônica do Brasil. A partir da segunda metade dos anos 90, a cidade, que sempre foi vista como “moderna e futurista”, passou também a ser cenário de uma intensa lista de festas, festivais e raves de techno, house, trance, electro e minimal, com a utilização de espaços legalizados ou não para a realização de eventos do tipo. Diversos lugares foram adaptados ou criados especialmente para receber artistas e público. Grandes nomes como Kraftwerk, Tiësto, Paul Van Dyk, David Guetta, Fatboy Slim, Richie Hawtin, Tiga, Derrick May, Kaskade, Armin Van Buuren, Moby, Steve Angello, Ellen Allien, Green Velvet, Lee Foss, entre outros, já se apresentaram nos palcos da cidade e reuniram milhares de pessoas em diferentes oportunidades. Com o foco voltado principalmente para a house music, seja ela mais pop ou não, Brasília atualmente presencia, sob as luzes de LEDs e estroboscópios, o acontecimento de várias festas todos os finais de semana e que reúnem milhares de jovens em boates, festivais ou simplesmente nas chamadas privates, festas ilegais que fazem parte da cultura eletrônica desde o início. Mesmo longe das grandes capitais, frequentemente é possível conferir a apresentação de um grande artista local, nacional ou internacional nas cabines de som das diferentes pistas de dança de Brasília, que possui suas particularidades em relação ao que ocorre em outras regiões do país. Mas é preciso participar para conferir. ■

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www.housemag.com.br

Fotografia: Giovanni Fernandes


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