TFG | Centro de Referência Maria Quitéria - Ensaios da Retórica Arquitetônica

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CENTRO DE REFERÊNCIA

MARIA QUITÉRIA



CENTRO DE REFERÊNCIA

MARIA QUITÉRIA ENSAIOS DA RETÓRICA ARQUITETÔNICA

AUTORA: SANDI MAIARA ORIENTADORA: NAIA ALBAN CO-ORIENTADOR: ALVARO LETELIER

UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA FACULDADE DE ARQUITETURA E URBANISMO TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO 2018.2

IMAGEM DA CAPA: DANCE DE FEMMES EWA HAUTON


SUMÁRIO

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RESUMO

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INTRODUÇÃO

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APRESENTAÇÃO DO OBJETO VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER OBJETIVOS CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER MARIA QUITÉRIA

CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA FEIRA DE SANTANA JUSTIFICATIVA DO TERRENO LEGISLAÇÃO RELEVO E CLIMA TRANSPORTE REDE DE ENFRENTAMENTO E COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DE GÊNERO USO DO SOLO GABARITO VIAS

A TAIPA DE PILÃO JUSTIFICATIVA A TECTÔNICA DO MATERIAL PROCESSO CONSTRUTIVO

11 12 14 15

18 18 20 20 21 22 23 24 25

28 28 30 32


5 6

7 8

REFERÊNCIAS PROJETUAIS

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CASA PÁTIO ROMANA CASA COLONIAL BRASILEIRA CASA POPULAR BRASILEIRA CASA PÁTIO NO BRASIL ABRIGO PARA VITIMAS DE VIOLENCIA DOMÉSTICA

36 37 39 41

O PROJETO

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PROCESSO PROJETUAL - CONCEITO LUGAR PROGRAMA ARQUITETÔNICO DESCRIÇÃO DO PROJETO PRIMEIROS GESTOS PROJETUAIS AS PRIMEIRAS DECISÕES A FORMA SETORIZAÇÃO SISTEMA ESTRUTURAL PROJETO ARQUITETÔNICO PERSPECTIVAS

48 50 52 54 54 55 56 57 58 60 63

CONCLUSÃO

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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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AGRADECIMENTOS

Gostaria de agradecer primeiramente a Deus, que me mantém até aqui, me dando sabedoria e força para superar todos os meus obstáculos. Aos meus pais Raquel e Sidnei, meus maiores exemplos de amor, caráter e força de vontade que sempre lutaram para que eu e meus irmãos tivéssemos as melhores das oportunidades, algo que nunca tiveram para si mesmos, e ainda nos encheram de carinho e cuidado, nos fazendo ainda mais fortes e sempre nos colocando como prioridade. Aos meus irmãos, Sidnei, com sua sabedoria particular, que compartilhou comigo todos esses anos de faculdade, sempre sendo um exemplo pra mim de bondade e responsabilidade e Rayane, meu exemplo de profissional e perseverança, que me ensina sempre que, independente do que você esteja fazendo, dê o melhor de si, por você e pelos outros. Aos meus avós, que sempre foram grandes exemplos de resistência, cada um à sua maneira. Ás minhas amigas da época de colégio, Ceci, Eva e Larissa, 7 anos depois e estamos aqui nos falando todos os dias, rindo, chorando e crescendo juntas, seja aqui, seja em Portugal ou qualquer outro lugar do mundo, vocês sonharam esse sonho comigo e sou muito orgulhosa das grandes mulheres que tenho ao meu lado. À Daiane, o colo que está sempre aberto diante de tantas crises de ansiedade. Você é para mim um grande exemplo de doçura, sabedoria, comprometimento e inevitavelmente sempre será um grande referencial para mim. Aos meus familiares, que abraçaram minhas conquistas como se fossem suas. Muito obrigada. Aos estágios por onde passei, Everest, Studio Kyze e Futura Arquitetos, obrigada por complementarem minha caminhada e pela oportunidade de enxergar o mundo profissional de perto. À Lalá, que trouxe não só florzinhas para o nosso lar, mas também muita alegria e crescimento, você enxerga o mundo com a profundidade de poucos, lhe admiro muito por isso. Obrigada pela ajuda, pelo ombro e por todo o apoio. À Raiza, Rebecca, Pedro Samuel, Jota, obrigada por todo o carinho e apoio, prin-


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cipalmente nesse fim que foi tão difícil. Às minhas chefes da Futura, Iolanda, Janaína e Fernanda, obrigada por todos os ensinamentos, a paciência, o carinho e compreensão, eu cresci e ainda cresço todos os dias com vocês! Aos meus amigos da Fauvela, vocês viveram essa caminhada comigo e sou muito grata por todo o carinho que vocês me dão. À Tia Ana e Tio Manuel, que confiaram em mim e me abriram uma grande oportunidade de crescimento profissional e serei eternamente grata. Aos meus companheiros do “Lótus”, juntos passamos por um processo de crescimento individual e coletivo e foi o carinho e a confiança que temos uns aos outros que nos permitiram superar tantos obstáculos quantos cheguem à nossa porta. Obrigada por toda a energia e amor que vocês depositam em mim. À Thatiana, minha querida parceira e colega de estágio, serei eternamente grata à Deus por ter a chace de conviver com você (um pouco menos agora haha). Você compartilhou comigo cada angústia e frustração que essa escola imprimiu em mim e me fez me sentir menos só nessa difícil caminhada. Muito obrigada pelo seu carinho diário e seu companheirismo. À Lica, que compartilha comigo não só o signo mas também a loucura. Muito obrigada por sua amizade e pelas boas risadas, que foram um alívio no meio da bagunça que é concluir uma etapa tão importante da minha vida. E por fim eu agradeço do fundo do meu coração ao meu Chefe, amigo e co-orientador Alvaro Letelier, que enxergou minhas angústias e aflições e conseguiu em 1 ano me ensinar tudo o que essa academia não conseguiu em toda uma vida universitária. Serei eternamente grata por sua amizade e generosidade, e espero que logo mais outras pessoas tenham a honra que tive de ser ensinada por você. Seu amor e dedicação à Aquitetura são mais que inspiradores, muito obrigada! E por fim afirmo: que se deixem cair os “quases” e que permaneçam os resistentes:

Arquiteta!



“SE JÁ TIVESSE VISTO A SEGURANÇA DE PERTO EU TERIA PASSADO MENOS TEMPO CAINDO EM BRAÇOS QUE NÃO ERAM” RUPI KAUR


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RESUMO

RESUMO Com o presente trabalho almeja-se a exposição da compreensão da integralidade contida na análise de um projeto arquitetônico que, independente do tema escolhido, leva em consideração princípios arquitetônicos por vezes negligenciados nos processos projetuais. Aqui elucida-se o programa arquitetônico como espacialidade e a abstração inicial se faz a partir da essência principal dessa espacialidade. “O contrário, para a tarefa da arquitetura, o programa é algo muito mais rico e complexo -resgatando o velho termo usado pelos arquitetos e estudantes de arquitetura antes da era dos computadores de programa- programa não é elemento de uma rotina operativa, é uma criação conceitual, é o primeiro esboço da configuração do projeto, apontando para o partido geral.” Isidro Suarez, Arquiteto.

Busca-se o entendimento do produto arquitetônico como uma unidade integral e não apenas a disposição de cômodos de um determinado programa de necessidades, que leva em consideração relações indissolúveis como a existente entre o lugar e objeto arquitetônico e a apreensão da tectônica do material como elemento fundamental na qualificação dos espaços. “O “integro” é alcançado com a simultaneidade de várias dimensões, enquanto o completo é obtido pela simples soma de suas partes.” José Cruz Ovalle, Arquiteto.


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INTRODUÇÃO

APRESENTAÇÃO DO OBJETO Os Centros de Referência de Atendimento às Mulheres prestam acolhida, acompanhamento psicossocial e orientação jurídica às mulheres em situação de violência (violência doméstica e familiar contra a mulher - sexual, patrimonial, moral, física, psicológica; tráfico de mulheres, assédio sexual; assédio moral; etc). O CRAM é um espaço destinado a prestar acolhimento e atendimento humanizado às mulheres em situação de violência, proporcionando atendimento psicológico e social, orientação e encaminhamentos jurídicos necessários à superação da situação de violência, contribuindo para o fortalecimento da mulher. Trata-se, portanto, de um espaço estratégico de enfrentamento à violência contra as mulheres, que desenvolve seu trabalho por meio de uma atuação articulada com instituições governamentais e não governamentais que integram a Rede de Atendimento às Mulheres, que reúne ações e serviços das áreas da assistência social, jurídica, segurança pública e saúde, buscando a identificação e encaminhamento adequados das mulheres em situação de violência e a integralidade e humanização da assistência, ao contemplar o eixo de assistência previsto na Política Nacional de Enfrentamento à Violência Contra as Mulheres. Eles possuem também a articulação com outras instituições para o acesso aos programas de educação formal e não formal e os meios de inserção no mundo do mercado de trabalho.


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INTRODUÇÃO

VIOLÊNCIA CONTRA A MULHER A violência contra a mulher é um tema bastante presente nas discussões nos dias atuais. Ela consiste em qualquer atitude que provoque morte ou lesão física sexual ou psicológica em mulheres, seja na esfera pública quanto na privada. A violência tem ainda enormes custos, desde gastos com saúde e despesas legais a perdas de produtividade, impactando os orçamentos nacionais e o desenvolvimento global. Segundo dados do Mapa da Violência 2015: Homicídio de mulheres no Brasil, dos 4.762 assassinatos de mulheres registrados em 2013 no Brasil, 50,3% foram cometidos por familiares, sendo que em 33,2% destes casos, o crime foi praticado pelo parceiro ou ex. O mapa da violência organizado pelo Fórum Nacional da Segurança Pública também mostra que, a cada dia, 13 mulheres são assassinadas no Brasil. O mesmo relatório apontou que 50 mil mulheres registraram queixa de violência sexual em 2014. No entanto, se considerados os atendimentos de emergência no sistema de saúde, esse número sobe para 500 mil. Ou seja, cerca de 450 mil mulheres buscaram atendimento médico após serem violentadas, mas não registraram boletim de ocorrência. “Os serviços (da Casa da Mulher Brasileira) fazem parte de uma política nacional e são fundamentais porque o governo federal tem política de tolerância zero à violência contra as mulheres”, afirma a secretária de Enfrentamento à Violência contra as Mulheres, Aparecida Gonçalves ao Portal Brasil.


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INTRODUÇÃO

Muito se está sendo feito ao que se diz respeito ao acesso das mulheres à informação sobre serviços e seus direitos, mas esses serviços precisam chegar às parcelas mais carentes da população. Em 2005, a OMS publicou um estudo sobre Saúde da Mulher e Violência Doméstica contra a Mulher o qual constatou que, no Brasil, a baixa escolaridade estava diretamente relacionada à incidência dos casos de violência. Segundo a mesma revisão da OMS, essas evidências ressaltam a necessidade de abordar os fatores econômicos e socioculturais que promovem a cultura de violência contra a mulher. Isso inclui também a importância de desafiar as normas sociais que apoiam a autoridade e o poder masculino e controle sobre as mulheres; redução dos níveis de exposição na infância à violência; reforma do direito de família; o reforço dos direitos econômicos e jurídicos da mulher; e redução das desigualdades de gênero em acesso ao emprego assalariado formal e ensino secundário.


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INTRODUÇÃO

OBJETIVOS O presente trabalho tem como objetivo principal a criação de uma sede para o equipamento público já existente de apoio e acolhimento às mulheres que sofreram algum tipo de violência ou abuso, seja ele sexual ou moral. Nessa proposta, prevê-se a concentração das primeiras instâncias necessárias à humanização do atendimento às vítimas que vai desde a triagem e encaminhamento à delegacia especializada até ao apoio psicossocial e posterior incentivo à independência financeira e reintrodução da mulher ao mercado de trabalho através de palestras e conscientização das vítimas. Pretende-se com a proposta sanar ou minimizar as interferências que a cultura de culpabilização da vítima, que se fazem presentes quando se têm a descentralização das camadas de resolução do problema, causam no atendimento à essas mulheres.


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INTRODUÇÃO

CENTRO DE REFERÊNCIA DA MULHER MARIA QUITÉRIA O Centro de Referência da Mulher Maria Quitéria atende hoje cerga de 3 novos atendimentos por dia e de 10 a 15 acompanhamentos. De Janeiro à Outubro de 2017 foram realizados cerga de 300 novos atendimentos. Hoje ele está localizado na Rua Paris, 97, no bairro Santa Mônica à cerca de 300m do terreno escolhido para a intervenção. Hoje, a estrutura do Centro de Referência não responde às demandas físicas que necessita. O centro é um grande aliado do poder público no diálogo e na aproximação de uma população que ainda possui muita resitência em denunciar o agressor. Segundo dados da Polícia Militar, cerca de 50% dos casos que chegam através do 190 são de violência doméstica. São números alamantes que corroboram para o reconhecimento da necessidade de ampliar os serviços de atendimento e melhorar as condições para os usuários e também para o pleno exercício de suas funções institucionais.

TERRENO DE INTERVENÇÃO CENTRO DE REFERÊNCIA ATUAL



“TENTAR ME CONVENCER DE QUE TENHO PERMISSÃO PARA OCUPAR ESPAÇO É COMO ESCREVER COM O PUNHO ESQUERDO QUANDO NASCI PARA USAR MEU DIREITO” RUPI KAUR


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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

FEIRA DE SANTANA Feira de Santana é uma cidade no interior da Bahia, cortada por três rodovias federais: BR 101, 116 e 324, e quatro rodovias estaduais: BA 052, 502, 503 e 504, é um dos principais entroncamentos rodoviários do Brasil. E sendo desde 2011 uma Região Metropolitana, sancionada pelo governador Jaques Wagner, pela Lei Complementar Estadual nº 35 (LCE 35/2011). A criação da região metropolitana é um antigo projeto, iniciado por Colbert Martins, de oficialização da influência sobre os municípios em volta de Feira de Santana com a proposta de englobar 15 municípios baianos. Na primeira fase foram englobados seis municípios: Amélia Rodrigues, Conceição da Feira, Conceição do Jacuípe, Feira de Santana, São Gonçalo dos Campos e Tanquinho, já na segunda fase foram anexados mais dez municípios: Anguera, Antônio Cardoso, Candeal, Coração de Maria, Ipecaetá, Irará, Riachão do Jacuípe, Santa Bárbara, Santanópolis e Serra Preta.O perímetro urbano de Feira de Santana compreende 44 bairros. As principais atividades estão centradas em 16 bairros localizados na área interna do Anel de Contorno. É nítida a divisão socioeconômica e populacional de Feira nos bairros localizados na área interna e externa do Anel de Contorno. O Município de Feira de Santana é o segundo maior do Estado da Bahia, perdendo apenas para a capital, Salvador. Com 617.528 habitantes ocupa a segunda posição em população do Estado atrás de Salvador, é a 34ª colocação no ranking nacional, maior que oito capitais: Cuiabá/MT, Vitória/ ES, Florianópolis/SC, Rio Branco/AC, Palmas/TO, Porto Velho/RO, Boa Vista/ RR e Macapá/AP, conforme estimativas calculadas pelo IBGE em 01/07/2015.


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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

O município de ocupa uma posição privilegiada no cenário econômico confrontado com outras regiões do Estado da Bahia. É uma zona de transição, portal que separa o Litoral do Sertão e se mistura na confluência de dois eixos econômicos, sendo que um margeia o litoral, com algumas localidades acenando prosperidade industrial, e outro se expande para o interior, com baixa densidade de organização econômica e, em muitos lugares, ainda ostentando enormes dificuldades para formar sua própria matriz de produção e de consumo, surgindo assim, relação de dependência, que muitas vezes é comparada com outras regiões dentro do próprio Estado da Bahia. A importância que Feira de Santana exerce se baseia em trocas macrorregionais que, em muitos casos, extrapolam as fronteiras do Estado e envolvem nestes fluxos a produção, bem como toda cadeia de distribuição, combinando as riquezas geradas pelos agentes agropecuários, industriais, comerciantes e prestadores de serviços. Essas forças que aglutinam os investimentos na economia local interagem com fatores agregadores de uma visão que surgiram nas últimas décadas: educação superior, serviços de assistência médica sanitária público e privado, cursos técnicos, agências bancárias, expansão do setor imobiliário, novos meios de comunicação de massa, expansão do sistema de transporte, redes de saneamento básico, reserva de força de trabalho com capacitação variada e disponível, serviços de suporte urbano com qualidade e variedade e comércio diversificado (varejista e atacadista). A dinâmica provocada pela integração regional tem contribuído para melhorar o desempenho da economia de Feira de Santana e, em certo sentido, pressioná-la para ampliar sua modernização, para outra plataforma econômica de convergência supra-regional, voltada para uma estrutura mais competitiva de produção e distribuição a nível nacional.

Evolução urbana da cidade de Feira de Santana entre as décadas de 1940 - 2000.


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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

JUSTIFICATIVA DO TERRENO

LEGISLAÇÃO

O terreno está localizado no bairro Parque Getúlio Vargas, na Rua Realeza (via local I) e fica a cerca de 350m de onde hoje está localizado o Centro de Referência Maria Quitéria. A escolha do terreno foi feita de maneira estratégica, a partir da pesquisa feita no próprio centro, onde se reconheceu a necessidade de uma maior facilidade de acesso por parte das usuárias do centro, que estarão em situação de vulnerabilidade. A rua realeza é uma das transversais da Av. Getúlio Vargas (via arterial), que é uma das principais vias de transporte e é alimentada por todos os modais de transporte coletivo da cidade.

As intervenções no Município de Feira de Santana são reguladas pelo Código de Obras e Urbanismo do Plano Diretor de Desenvolvimento Municipal e do Ordenamento do Uso e Ocupação do Solo. O Código de Urbanismo e Obras do Município de Feira de Santana é regulamentado através das Leis: Lei nº 3473 de 24 de setembro de 2014, que dispõe sobre os loteamentos; E o Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Territorial de 2018. Faz parte integrante desta Lei uma planta contendo o zoneamento, o esquema viário, as áreas verdes, os perfis transversais das vias de circulação, além de outros elementos técnicos que passam a ser considerados como planta oficial do Município de Feira de Santana. A finalidade deste Plano ser o instrumento básico da Política de Desenvolvimento Urbano e Territorial do Município de Feira de Santana, determinante para todos os agentes públicos e privados que atuam no território municipal. Em 2018 também foi sancionada a Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo. É parte integrante desta Lei a planta com Zonas de Predominância de Usos e Concentrações Lineares de Uso Múltiplos que se dividem em: Zona de Predominância de Usos (Z), que se subdividem em: Zona de Predominância de Usos Residenciais (ZR); Zona de Predominância de Usos Comerciais e de Serviços (ZT); Zona de Predominância de Usos Industriais (ZS); Concentrações Lineares de Usos Múltiplos (C), que são as seguintes: C1 – Av. Presidente Dutra; C2 – Av. Rio de Janeiro; C3 – Rua José Gonçalves Dias; C4 – Av. Eduardo Fróes da Mota; C5 – Av. José falcão; C6 – Av. João Durval Carneiro; C7 – Av. Getúlio Vargas; Áreas Sujeitas a Regime Específico (ASRE), que possuem as subcategorias: Áreas de Preservação aos Recursos Naturais (APRN);


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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

Áreas de Proteção Cultural e Paisagística (APCP); Áreas Programa (AP). Para os efeitos da Lei, foram estabelecidas as seguintes categorias para a identificação dos usos do solo: I – Uso Residencial; II – Uso Industrial; III – Uso Comercial e de Serviços; IV – Uso Institucional; V – Uso Misto. Segundo os anexos da Louos de 2018, o terreno está situado na Zona 1, de predominância comercial. Considerando o uso institucional, é estabelecido para a zona o Índice de Utilização (IU) de 4,0; Índice de Ocupação (IO) de 0,60 e o Índice de Permeabilidade (IP) de 0,30. Não foram identificadas restrições para o gabarito de altura. Considerando o uso institucional, não foram identificadas quantidades mínimas de vagas de estacionamento, respondendo assim apenas às necessidades do programa.

RELEVO E CLIMA Está situado no “polígono das secas”, excluindo-se apenas a área do distrito de Humildes na direção N. N. O da capital. As coordenadas geográficas são 12º 15’ 24’’ de latitude Sul e 38º 57’53’’ de longitude Gr., altitude de 234 metros, área de 1.337,9 Km2, clima Seco a sub-úmido e semi-árido, a temperatura média anual é de 23,5ºC, média máxima de 28,2ºC e a média mínima 19,6ºC. Pluviosidade média anual máxima 1595mm e a mínima de 444mm. O período chuvoso compreende de abril a junho e de setembro a dezembro.


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TRANSPORTE

Estaçþes do BRT (a ser implantado) Linha do BRT (a ser implantado) Terminais de transporte coletivo - SIT Sistema integrado de transporte - SIT


N REDE DE ENFRENTAMENTO E COMBATE À VIOLÊNCIA DOMÉSTICA E DE GÊNERO.

B

N P

M

O

I K

H A - Centro de Referência M. Quiteria B - Fundação Cultural Municipal C - Hospital Lopez Rodriguez D - Secretaria de Habitação E - Secretaria de Saúde F - Secretaria de Comunicação G - Secretaria de Prevenção a Violência H - Câmara Municipal I - Casa dos Conselhos J - Secretaria da Cultura K - Conselho Tutelar L - Faculdade Nobre M - Hospital Don Pedro N - Secretaria de Desenvolvimento Econômico O - Defensoria Publica do Estado P - Ordem dos Advogados da Bahia - OAB Pricipais Vias

L

J F

G

A

E

D

C

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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

USO DO SOLO Com relação ao uso do solo urbano, o bairro apresenta característica predominantemente residencial e as edificações de caráter misto e residencial mais voltadas para a Av. Getúlio Vargas que é a maior avenida da cidade e um dos principais pólos de comércio e seviços. O entorno imediato ao terreno possui uma grande quantidade de lotes vazios o que indica uma urgência na necessidade de ocupação desses espaços.

AV. GETÚLIO VARGAS

MISTO COMERCIAL RESIDENCIAL


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CONTEXTUALIZAÇÃO URBANA

GABARITO E VIAS No que diz respeito ao gabarito das edificações, Feira de Santana se caracterizar por ser uma cidade horizontal, e o entorno possui poucos edificios verticalizados. A principal vias que conecta o bairro a outros pontos da cidade é a própria Av. Getúlio Vargas que é alimentada por todos os modais de transporte coletivo. Ela é classificada segundo a Louos de 2018 como via arterial. Já as ruas que margeiam o terreno, a Rua Realeza, Rua Barcelona e a Travessa Ramos são definidas como vias locais I e possuem cerca de 8 metros de largura.

AV. GETÚLIO VARGAS

1-3 PAVIMENTOS 14 PAVIMENTOS



“QUE NADA NOS LIMITE. QUE NADA NOS DEFINA. QUE NADA NOS SUJEITE. QUE A LIBERDADE SEJA A NOSSA PRÓPRIA SUBSTÂNCIA.” SIMONE DE BEAUVOIR


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A TAIPA DE PILÃO

JUSTIFICATIVA Uma significativa parcela do patrimônio cultural edificado brasileiro é construído em terra, e mais especificamente utilizando a técnica da taipa de pilão. As técnicas construtivas tradicionais são um importante “saber fazer” que deve ser preservado como patrimônio intangível. Como se sabe, a arquitetura tradicional, fruto de um conhecimento profundo do meio envolvente e da sua relação com os materiais, é um dos mais importantes testemunhos dos modos de viver de um povo e da visão de mundo de uma cultura, que se manifesta na presença humana no território, integrando contextos socioeconômicos, técnicos e culturais. Essa ocupação, no entanto, não pode ser compreendida (nem preservada) apenas em sua dimensão física, na medida em que repousa, em última instância, num “saber-fazer” que a gerou: as técnicas construtivas tradicionais (REZENDE, 2012). Assim a escolha da taipa foi baseada em diretrizes que abrangem considerações arquitetônicas, históricas, técnicas e de sustentabilidade. Arquitetonicamente a terra batida oferece uma envolvente de massa, que transfere ao espaço uma qualidade de abrigo, em sintonia com o entorno e a natureza. O gasto nulo de energia, o excelente potencial de conforto térmico e acústico, o grande potencial de reciclagem, a grande disponibilidade e produção zero de lixo e poluentes, fazem com que as construções com terra crua sejam vistas como uma das alternativas mais coerentes e viáveis para minimização dos impactos indesejáveis da construção no meio ambiente e nas pessoas que


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usufruem dos espaços construídos.

Em todos os continentes, e ao longo de toda história da humanidade, o solo tem se mostrado, por diversas razões (custo, abundância, trabalhabilidade etc.), o material de construção que mais esteve ao alcance do homem em seus estágios de evolução, inclusive nos dias atuais. As principais vantagens das construções com terra; 1) São construções extremamente saudáveis, seguras, duráveis e com alto padrão de sustentabilidade; 2) Confortos acústicos e térmicos de até 30% em relação às coberturas convencionais; 3) Qualidade higroscópica da terra crua permite uma permeabilidade se letiva, otimizando as trocas gasosas e a dispersão da umidade. As pare des “respiram”; 4) Diminuição da variação de temperatura no interior das edificações ou baixa amplitude térmica 5) Não derruba árvores para queima e não lança CO2 na atmosfera, minimizando o efeito estufa; 6) Tem acabamento natural de alto padrão estético e de grande durabili- dade.


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A TAIPA DE PILÃO

A TECTÔNICA DO MATERIAL Com o célebre livro Studies in tectonic culture, Kenneth Frampton (1995) provocou uma renovação do debate sobre a tectônica, popularizando a noção e promovendo-a ao estatuto de “potencial de expressão construtiva”. Também considerada como uma “poética da construção”, a tectônica seria capaz de reunir os aspectos materiais da arquitetura aos aspectos culturais e estéticos. Levando em consideração o pensamento de Frampton, podemos dizer que a tectônica da arquitetura encontra-se suspensa entre uma condição de realização humana e o desenvolvimento da sua própria tecnologia, exprimindo certos estados e condições, como a durabilidade, a instrumentalidade ou a condição mundana do homem. No caso da arquitetura de taipa, podemos perceber na sua condição monolítica, a sua ligação com a terra e a noção de pertença ao local onde se levanta. A durabilidade, e ao mesmo tempo a poética das cores e texturas. “A tectônica, de acordo com uma (e talvez, principal) definição de Frampton, é um modo pelo qual se podem exprimir esses diferentes estados e um meio para “acomodar” as diferentes condições pelas quais as coisas aparecem e realizam-se.” A taipa, na sua materialidade, revela a lógica do sistema construtivo, onde aprecia-se a arquitetura como “arte da fabricação”, na qual a construção é veículo de sua expressão artística.


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A TAIPA DE PILÃO

PROCESSO CONSTRUTIVO A taipa de pilão foi o material mais empregado nas construções coloniais no Brasil, devido sobretudo à abundância de matéria prima – o barro vermelho, à relativa facilidade de execução, à satisfatória durabilidade e às excelentes condições de proteção que oferece quando recebem manutenção adequada (MAWE apud VASCONCELOS, 1979) É uma técnica de origem mourisca praticada pelos portugueses e espanhóis desde tempos imemoriais, conhecida também pelos negros africanos. Era de uso comum na Europa, até meados do século XIX. Na França recebia o nome de pisé. A técnica consiste em amassar com um pilão o barro colocado em fôrmas de madeira, os taipais, semelhantes às formas de concreto utilizadas hoje. Os taipais têm somente os elementos laterais, e são estruturados por tábuas e montantes de madeira, fixados por meio de cunhas, em baixo, e um torniquete em cima. Suas dimensões são de aproximadamente 1,0 m de altura por 3,0 a 4,0 m lateralmente, e têm a espessura final da parede, 0,6 m a 1 m. Após a secagem, o taipal é desmontado e deslocado para a posição vizinha. E assim sucessivamente. Os critérios de escolha do barro não se conservaram plenamente, de vez que dependia de tradição oral e ficou perdida no tempo. Sabe-se que, semelhante ao Acima: taipal e pilão. Imagem BARDOU, 1981, p. 19. Abaixo: taipa de pilão reforçada com madeira, utilizada nas cadeias. Fonte BARRETO, P. T. “Casas de câmara e cadeia” In: Arquitetura Oficial I.


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adobe, deve ser uma mistura bem dosada de argila e areia e alguma fibra vegetal, crina de animal ou mesmo estrume. Podia-se também misturar óleo de baleia, que “conferia uma resistência extraordinária”. O barro é colocado em pequenas quantidades, em camadas sucessivas de aproximadamente 20 cm, que se reduzem a 10 ou 15 cm depois de comprimidas. A secagem durava de 4 a 6 meses, findos os quais as paredes poderiam receber revestimento, geralmente argamassa de cal e areia, que lhe aumentava a resistência. A esta argamassa era, às vezes acrescentada “bosta de vaca”. O resultado era uma argamassa capaz de resistir “à mais forte e duradoura chuva”. Como a parede não podia receber água de chuva, alguma providências eram tomadas, entre elas o uso de grandes beirais e a elevação acima do terreno com alvenaria de pedra. Paulo Santos nos fala de “uma construção existente em Cabo Frio, datando de pelo menos três séculos”, de taipa de pilão, cuja resistência é tão grande, “a ponto de se assemelhar ao nosso concreto”. Uma variante do sistema, chamado formigão, consiste em misturar à massa de barro pedras miúdas e pedras maiores (pedras de mão). A taipa de pilão foi mais utilizada nas regiões de São Paulo e Goiás. Em Minas, a encontramos em igrejas mais antigas e em residências. Nas cadeias, quando não era possível sua execução com pedra e cal, a taipa era reforçada com engradamento de madeira, nas paredes e nos pisos.

Execução da taipa de pilão. Imagem BARDOU, 1981, p. 20



“EU NÃO SOU LIVRE ENQUANTO ALGUMA MULHER NÃO O FOR, MESMO QUANDO AS CORRENTES DELA FOREM MUITO DIFERENTES DAS MINHAS.” ANDRE LORDE


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

CASA PÁTIO ROMANA “A casa em pátio é um arquétipo das culturas de clima mais quente. Ela é recorrente na cidade clássica mediterrânea, e permanece como uma solução extremamente potente nos dias atuais. Como disse o filósofo Bachelard “ a casa em pátio aprisiona para a família um pedaço do céu...”, que passa a ficar enquadrado pelas paredes do pátio. No caso desenhado, a casa além de disposta em torno de um pátio, assume com relação a rua a postura de um muro delimitador que separa o mundo público da cidade, do mundo da privacidade e intimidade da família. Existe nesta solução de casa uma forte vertente estática, contraposta ao dinamismo das outras duas soluções, como se o mundo do pátio representasse aquele micro universo tão particular de cada família. No centro do pátio, seguindo uma tradição que me parece árabe há uma fonte de água, que ajuda na climatização e reserva um ruído especial, que reverbera para a família.”

PLANTA E PROJEÇÃO ISOMÉTRICA DE UMA DOMUS ROMANA

https://pt.wikipedia.org/wiki/Ficheiro:Domusitalica.svg

1. FAUCES (entrada) 2. TABERNAS(lojas, oficinas) 3. ÁTRIO (átrio) 4. IMPLÚVIO (cisterna) 5. TABLINO (escritório) 6. ORTO (orto) 7. TRICLÍNIO (sala de jantar) 8. ALAS (divisões laterais) 9. CUBÍCULO (quarto)


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

CASA COLONIAL BRASILEIRA

Os mais importantes fatores determinantes das formas arquitetônicas de nossa arquitetura colonial são de ordem econômica e técnica. Assim é que muitas das possibilidades da arquitetura praticada na Europa não são vigentes aqui devido à falta de recursos econômicos. A escolha das técnicas construtivas, muitas vezes a sua má realização, e a relativa fragilidade das nossas construções, apontada pelos diversos cronistas da época têm sua explicação na escassez de recursos alocados na construção mesmo dos mais importantes edifícios. Somente a partir de 1630 aproximadamente podemos falar de algum padrão mais definitivo com relação à construção. É nessa época, por exemplo, que a cobertura vegetal começa a ser substituída pela telha cerâmica, exceto as mais modestas, como as casas de sertanejos, afastadas das fazendas, e a senzalas. No desenho abaixo estão representados os tipos mais utilizados. A “meia-água” (1) era geralmente utilizada em construções de menor importância, como o rancho e a cozinha. O telhado de duas águas (2) era muito utilizado em construções urbanas, sobretudo em casa geminadas, um padrão dos mais comuns nas cidades, nas casas de porta e janela, meia-morada, sobrados, etc. O madeiramento do telhado, neste caso consistia apenas nas terças transversais e caibros, como nos informa Vaultier. O telhado de quatro águas (3) era a cobertura mais comum nos pavilhões, o tipo construtivo mais utilizado para construções de maior porte, como casas-grandes, equipamentos públicos menores e mansões. Uma variante deste é o telhado de quatro águas com lanternim (4), que objetivava melhor iluminação e ventilação do telhado, bem como o uso alternativo desta área. O claustro (5) era a forma preferida para construções que aspiravam maior monumentalidade.

Fazenda Colubandê. São Gonçalo.


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Com as limitações de largura impostas pelas técnicas construtivas, desde que os vãos eram vencidos apenas com vigas de madeira, o que determinava uma largura de algo em torno de 6 m para as alas, e ainda a necessidade de melhor iluminação e ventilação dos compartimentos praticamente impunha o pátio central. Esta solução era bem adequada para edifícios de maior porte, como palácios, paços, e outras construções maiores para equipamentos públicos. Eram colocados sempre em centro de terreno, assim como os pavilhões. O pavilhão composto em forma de “L” (6) era uma solução intermediária entre o pavilhão e o claustro. Era utilizada quando se dispunha de terrenos de boa largura para casas-grandes, mansões urbanas, etc. A varanda alpendrada (7) ou puxada (8) era solução comum em todos os partidos, desde a casa mais simples do sertanejo até as mais sofisticadas.

Fotografias da Fazenda Colubandê. São Gonçalo.


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

CASA POPULAR BRASILEIRA O arquiteto brasileiro que trouxe o estudo da Arquitetura popular brasileira de maneira sistemática ao campo do ensino e do entendimento da profissão foi Günter Weimer que através de diversas publicações, cursos e palestras tem dado notável contribuição ressaltando a importância destes conhecimentos em nossa formação cultural. Em seu livro da Arquitetura popular brasileira o autor destaca algumas características que podem definir a arquitetura construída espontaneamente pelo povo do Brasil: Uma primeira característica desta arquitetura é a simplicidade por ser produzida com materiais tomados diretamente do meio ambiente, ainda que não seja uma mera criação da natureza. A segunda característica é a adaptabilidade quando lições tomadas de culturas diversas podem ser reinterpretadas em locais distintos de sua origem sob novas condições climáticas e tecnológicas, é o caso das construções dos diversos grupos de imigrantes que compõem a população brasileira. A criatividade é a terceira característica o que não vincula a arquitetura popular às últimas conquistas e descobertas tecnológicas mas a uma imaginação formal e usos de matérias próprios. A quarta característica se refere ao intencionalidade que contrapõe as arquiteturas populares – que têm seu resultado plástico comprometido com os materiais e técnicas disponíveis - às arquiteturas ditas eruditas onde a imagem formal está


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

muitas vezes ditados por intenções formais pré estabelecidas. Uma outra característica é reconhecida como a multisecularidade onde na maioria das vezes os resultados obtidos pela arquitetura popular vêm de uma reflexão e evolução técnica alinhada à história de um determinado grupo social o que se opõe aos rompantes de criatividade instantânea muitas vezes ligados à arquitetura contemporânea. Esta característica da arquitetura popular coloca em questão dois atributos aparentemente opostos onde por um lado um caráter aparentemente tradicionalista e conservador contrasta com uma grande capacidade de transformação e adaptação. Cabe aqui destacar que o alinhamento das arquiteturas populares com questões ligadas às tecnologias e materiais locais e às lições tomadas do meio natural circundante, é extremamente útil na busca de conceitos que definam uma construção ambientalmente sustentável, questão de suma importância neste início de século XXI quando se concluiu que a produção das edificações é responsável por mais da metade dos danos que causam as nocivas emissões de CO2 causando o aquecimento global e outros danos ao planeta.


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

CASA PÁTIO NO BRASIL DA CASA MODERNA À CONTEMPORÂNEA

O lote estreito, alongado e de meio de quadra é parte integrante do tecido urbano ordinário da maioria das cidades brasileiras. O desafio projetual de ocupar estes lotes define alguns tipos recorrentes, entre os quais destacam-se aqueles cujo pátio assume um papel fundamental. Na arquitetura contemporânea brasileira, este arranjo tipológico vem assumindo diversos modelos, condicionados principalmente: pela topografia do lote, se plana ou íngreme; pela largura do lote, impondo que o edifício seja colado em uma ou mais divisas laterais; e pela extensão do programa de necessidades, decisivo na definição do número de pavimentos. Apesar da casa com pátio não fazer parte da tradição luso-brasileira, as suas possibilidades de uso não são novas no cenário nacional. As discussões sobre o uso do pátio na arquitetura residencial ganharam força no Brasil a partir do século XX, com as possibilidades abertas pelo ecletismo e a aceitação de arquiteturas de inspiração hispano-americanas, como servem de exemplo casas paulistanas dos anos 30 de Bratke e Botti ou Moya e Malfatti, construídas nos bairros jardins que se proliferavam pela cidade. Entretanto, em São Paulo, as possibilidades foram ampliadas – em meio a uma discussão menos estilística e mais espacial – com a arquitetura moderna e esteve profundamente ligada à tradição italiana. Cabe lembrar que o pátio foi recorrente no cenário moderno italiano, que buscava conciliar o vocabulário vernáculo-mediterrâneo com o clássico e o moderno. Ilustra este argumento o artigo que Gio Ponti publicou em 1953 na revista Dommus, intitulado “Idea per la Casa dell dottor T a San Paolo”, em que aborda as dificuldades de consolidar casas com pátios em lotes estreitos e profundos e com edifícios colados nas divisas.

Casa Cremisini, São Paulo, 1947, arquiteto Daniele Calabi [Costa, 2011]


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Segundo Ponti, a configuração comum do lote paulistano condicionava duas tipologias: a ocupação de toda a largura do terreno, configurando dois jardins, um interno e um voltado para a rua; e a ocupação do inverso da fachada, com um jardim interno único. Como alternativa, propunha estabelecer dois grandes muros de divisa, um para apoiar diretamente a casa e outro para apoiar um jardim interno, como faz Barragan: “este espaço formado só de muro e de céu não é uma segregação, é um encanto”. A partir desta solução, lançou volumes perpendiculares, estruturando duas alternativas: um volume que cria dois jardins ou dois volumes que criam três jardins. Em todas as soluções, os jardins são visíveis entre si através do fechamento da sala no térreo, feito por meio de grandes janelas ou da criação de pórticos e pilotis.

Planta baixa e foto Casa Luis Barragán, Luis Barragán. Cidade do México, México. Ano projeto: 1948


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

Planta baixa e foto Casa Gilardi, Luis Barragán. Tacubaya, Distrito Federal, México. Ano Projeto: 1976

La Cuadra San Cristobal, Luis Barragan.


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

ABRIGO PARA VITIMAS DE VIOLENCIA DOMÉSTICA AMOS GOLDREICH ARCHITECTURE E JACOBS YANIVE ARCHITECTS

Situado em Tel Avv-Yafo, Israel, este abrigo foi projetado e construído com a participação das pessoas que irão ocupá-lo e executá-lo. O Objetivo do projeto é fornecer um refúgio para mulheres e crianças em dificuldades e abusos de todas as localidades e origens. O prédio cria uma base de mudança segura e cuidadosa para os residentes que optam por ficar. Eles recebem empatia e compaixão, assistência jurídica, orientação médica, ajuda na localização de novas residências e assistência com móveis e equipamentos básicos. A caridade e a equipe fazem uma mudança drástica na autoestima das mulheres. “O abrigo fornecerá um refúgio muito necessário para mulheres vítimas de abuso - elas chegam a um estado de verdadeira angústia, essas pessoas têm profundos problemas psicológicos, assim como seus filhos, então o abrigo deve fornecer-lhes com uma sensação tangível de calma e segurança. Os arquitetos criaram um milagre, na verdade, um lugar onde pessoas de origens díspares podem aceitar seu trauma individual, onde podemos ajudar a reconstruir suas vidas, dar orientação e apoio durante um período chave de transição. E nós temos muitas histórias de sucesso. Este é apenas um exemplo do trabalho realizado por “Não à Violência”. Este novo abrigo fará uma enorme contribuição para o trabalho contínuo de nossa caridade “ - Ruth Rasnic, fundadora da instituição de caridade.

A inspiração, segundo o autor Amos Golderich, foi o trabalho do artista Eduardo Chilida, em particular, seu projeto Okamoto, o qual utiliza a ideia de trabalhar com duas superfícies, uma interna, lisa e delicada, e a outra externa, rústica, o que


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS

tornou-se o conceito principal de sua arquitetura. A edificação, portanto, possui duas fachadas - a externa segura e protetora e interna, voltada para o jardim central, o “coração” terapêutico do abrigo, segundo Golderich. Seu programa conta com áreas comuns, jardim de infância, sala de informática, lavanderia, cozinha e refeitório, dependências independentes para cada família, acomodação de funcionários, áreas de escritório para o gerente do edifício e funcionários (incluindo assistentes sociais, um psicólogo infantil, chefes de casa, um trabalhador de cuidados infantis e um advogado em tempo parcial). Há profissionais adicionais: psicoterapeutas, terapeutas artísticos, bem como voluntários como esteticistas, cabeleireiros, massagistas e praticantes de artes marciais, entre outros que ajudam as crianças em seus estudos e conhecimentos de informática. Com o objetivo de permitir que as famílias tenham uma rotina normal dentro do abrigo, lhes são oferecidas pequenas casas que ficam dentro de uma edificação maior, essas casas são divididas por função e conectadas por um corredores internos. Existe a possibilidade de utilizar o berçário como creche comum, já que o mesmo fica separado das acomodações internas da edificação, permitindo que as famílias consigam deixar e buscar seus filhos tranquilamente ao final do dia. O santuário verde localizado no pátio interno desempenha o papel de ponto de encontro para os moradores, assim como cria conexões visuais entre mães e as famílias e também entre mães e filhos. Existe um corredor interno que conecta os espaços internos e externos e cria um rota de fluxo livre na qual permite a interação entre mulheres e crianças, enquanto ao mesmo tempo mantêm linhas de visão mútuas entre elas e a equipe. A estratégia ambiental do edifício é sustentável - os materiais de construção foram adquiridos localmente, as áreas principais são naturalmente ventiladas e os sistemas de ventilação mecânica são eficientes em termos energéticos. O abrigo também usa painéis solares para aquecer toda a água.


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REFERÊNCIAS PROJETUAIS


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O PROJETO

PROCESSO PROJETUAL - CONCEITO A formulação do conceito, sobretudo diante da elaboração do projeto, tem sido prejudicada pelo vício de vê-lo antecedendo e se concluindo antes ou fora da representação e produção do espaço. Nessa perspectiva, a relação estabelecida entre o conceito e o projeto se define dentro de uma lógica causal e segundo uma figura linear do tempo vetorizada dos antecedentes mentais até às conseqüências projetuais e representativas. Não há percepção que não ative uma rede de conceitos que procura dar sentido àquilo que é percebido, mesmo que nunca nos tenha caído sob os olhos. Nesse jogo o projeto mostra sua verdade, o conceito torna-se palavra e a arquitetura é compreendida em sua especificidade. Enfim, cumpre ver como o conceito é capaz de fazer dialogar os universos distintos de quem projeta e de quem habita, desvencilhar-se da relatividade do juízo de gosto e ultrapassar o campo especificamente espacial, arquitetônico ou artístico para instalar-se no campo da história e da poesia (BRANDÃO, 2000). Essa origem etimológica não é apenas uma abordagem erudita mas aponta para a ligação entre a teoria e a praxis, entre a linguagem e o mundo, entre o conceito e a existência cotidiana, entre a atividade abstrata do pensamento e o nosso modo concreto de estar e se relacionar com o mundo.


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Os conceitos, como aqueles que elaboramos durante a produção de um projeto, não surgem do nada, mas da reflexão sobre a nossa própria experiência dos espaços e daquilo que nos fornece a tradição que lhes concerne. Transmutar a experiência em conceito é a oportunidade que temos de elaborar a experiência na medida em que nos obrigamos a compreendê-la Também na arquitetura, a tarefa conceitual não é exclusivamente mental pois implica em refletir a experiência vivida. É uma atividade teórica que emana da dimensão prática de nossa existência e sem a qual aquela é vazia. Ou seja, uma experiência de habitação mais do que de contemplação ou admiração. Na medida em que é visto apenas como instrumento de acesso a uma imagem mental ou de descrição de uma realidade que lhe é exterior, o conceito desaparece e perde sua importância tão logo tais imagens e realidades se evidenciem. Um projeto de arquitetura é aquele onde o conceito não desaparece mas, ao contrário, se revela, desabrocha e resplandece à luz do mundo. A obra desoculta o conceito, torna visível aquilo que antes permanecia oculto e o termo da obra acabada nada mais é do que a evidência do conceito. O conceito é a própria essência da obra e contém a verdade da obra. Mas não a verdade enquanto aquilo que pode ser empiricamente verificado, mas a verdade enquanto sentido: o sentido que a obra abre a nós e que antes permanecia oculto.


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O PROJETO

LUGAR A definição de lugar é baseada no texto escrito por Luiz Augusto dos Reis Alves (2007), intitulado “O conceito de lugar”. A seguir alguns trechos do seu discurso: Tuan (1983)discursa que o significado de espaço freqüentemente se funde com o de lugar, uma vez que as duas categorias não podem ser compreendidas uma sem a outra. Segundo ele, o que começa como um espaço indiferenciado, transforma-se em lugar à medida que o conhecemos melhor e o dotamos de valor. “O espaço transforma-se em lugar à medida que adquire definição e significado”. “Quando o espaço nos é inteiramente familiar, torna-se lugar”. Tuan define os lugares como “centros aos quais atribuímos valor e onde são satisfeitas as necessidades biológicas de comida, água, descanso e procriação”.

Norberg-Schulz afirma que o lugar é mais do que uma localização geográfica, ou seja, mais do que um simples espaço. “O lugar é a concreta manifestação do habitar humano”. O autor coloca que o mundo, como lugar, é constituído por elementos que transmitem significados. Norberg-Schulz conclui que a estrutura de um Lugar, seja ele natural ou construído, é composta por duas categorias: o espaço (terra) e o caráter (céu), que sendo analisadas pela percepção e pelo simbolismo permitirão o suporte existencial, ou seja, a capacidade de habitar, ao homem. Uma vez que o lugar é o espaço dotado de valor pelo homem, e este está contemplado naquele, em presença física e/ou simbólica, propomos como estrutura para o lugar a intersecção de três mundos, ou atributos: os espaciais, os ambientais e os humanos. Transitando nas esferas bioclimática e humana está o elemento tem-


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po. Somente com a interrelação dessas três esferas, um espaço torna-se um lugar. Sem os atributos humanos, o espaço não é um lugar, mas apenas um local onde todos os atributos espaciais e os ambientais agem, porém sem a interação humana, sem os valores humanos. Atributos Espaciais Os atributos espaciais se referem às questões relativas ao espaço tridimensional, em termos de morfologia. A forma, as áreas, o volume, os planos constituintes e a proporção entre as suas dimensões, os elementos que dele fazem parte, as relações de configuração espacial que se fazem presentes e as características físicas dos planos e dos elementos do espaço quanto à cor e à textura. Atributos Ambientais Os ambientais dizem respeito às características climáticas do espaço. A latitude, longitude e a altitude onde se localiza a região, a quantidade e a qualidade da luz natural, a caracterização do céu, a orientação solar, a incidência eólica, a temperatura do ar, a umidade do ar, as precipitações, os odores naturais, os sons naturais e etc. Atributos Humanos Por último, os atributos humanos são a interação do homem neste universo espacial, influenciando, modificando e concedendo valores aos atributos espaciais e os ambientais. O elemento tempo exerce influência sobre os atributos ambientais e os humanos. Por exemplo, ao longo do dia o ambiente visual de um espaço se modifica em razão da variação da luz; o movimento do corpo e a percepção cinestésica são regidos também em função do espaço disponível e percorrido (física, visual, acusticamente e etc) e do tempo necessário para a execução destas tarefas; e etc.


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O PROJETO

PROGRAMA Programa é, segundo Borchers (1968), “aquilo que faz um projeto cair em Arquitetura e não em outro lugar”. Em resumo, temos definido o programa como uma criação conceitual, que elabora o cálculo ou cálculos lógicos dos sistemas que são inerentes ao projeto e conclui em uma proposição com sentido, que o constitui na Enteléquia do Projeto. a) A PROPOSIÇÃO COM SENTIDO As proposições com sentido são aquelas que apontam à mensagem do programa para o projeto. O significado é a forma, o modo como o objeto é “dado” (de acordo com a distinção fregeana entre significado e significado). b) A ENTELEQUIA Aristóteles (384-322 aC) inventou o termo enteléquia e deu-lhe o escopo de ser o cumprimento de um processo cujo fim está na mesma entidade. Logo, o programa arquitetural entendido como Enteléquia do Projeto terá que cumprir estes três princípios que resumindo são: 1. Cada sistema envolvido no projeto deve reger-se por um princípio que o envolva na sua totalidade e o sistema que circunscreve estes sistemas diferentes também deve reger-se por um princípio próprio. 2. Cada parte do projeto deve responder como um todo, explicando um pouco mais, quero dizer que nem cada parte tenha tudo, mas que cada parte deverá possuir a qualidade arquitetônica que não a faça ser intermediária, mas ser em si mesma. Um exemplo comparativo pode explicitar melhor o que eu digo: a escadaria da Biblioteca Nacional de Madri é uma parte para se chegar a outra parte e assim por


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diante, é um intermediário. Por outro lado, a escadaria da Pinacoteca de Viena é algo em si, portanto é arquitetura quer você goste ou não da sua ornamentação, sua proporção, suas cores, sua iluminação. 3. O projeto é “executado” no tempo e não no espaço, por tanto existe um processo dos atos que acontecem lá. Esses atos pertencem a uma combinatória que se desdobrará ao longo da vida do projeto, e o programa deve logicamente articular “aquele lugar”, essa “matriz” para acolher sem contradição as múltiplas configurações que serão apresentadas por mudanças no uso e destino. Um exemplo comparativo, o Museu da América na cidade universitária, já de início, não governa o processo museológico para o qual foi previsto, no entanto, o Museu do Prado mudou seu destino para ser utilizado como Pinacoteca e apesar de muitos erros graves da direção do museu, contrariando, por exemplo, as linhas eulerianas do plano, resiste à organização de Villanueva e mantém o controle do processo.


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O PROJETO

DESCRIÇÃO PROJETUAL A proposta consiste na criação de um Centro de referência que promova a humanização dos atendimentos às mulheres vítimas de violência. Para o desenvolvimento do projeto algumas diretrizes básicas foram estabelecidas com o objetivo de qualificar um espaço que corresponda às necessidades das relações que ali irão se configurar.

PRIMEIROS GESTOS PROJETUAIS Em busca de uma compreensão básica do que é o programa arquitetônico de um centro de referência, foram reconhecidas algumas dimensões indispensáveis para as relações que ali seriam configuradas. Dentro dessa dinâmica, reconheceu-se duas frentes essenciais para o entendimento do programa e que aqui as nomeei de Dualidade Complementar. Foi essa DUALIDADE COMPLEMENTAR no âmbito do espaço arquitetônico que delineou a morfologia do objeto de estudo. As duas instâncias do tratamento, a primeira que está representada como o acolhimento e a segunda, representada pela contemplação, começaram a direcionar as primeiras decisões nesse processo de definição da forma.


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O PROJETO

AS PRIMEIRAS DECISÕES Ainda de maneira esquemática, ao passo que o programa arquitetônico se definia, algumas decisões projetuais começaram a surgir e as primeiras nuances de setorização foram reconhecidas. Fazendo uma análise das condicionantes dos usos de um Centro de Referência, identificou-se as frentes básicas de tratamento à vítimas de violência, que se figuram no primeiro e individual contato com o centro e, posteriormente, nas relações coletivas que ali irão se estabelecer e serão de fundamental importância para o avanço do acompanhamento dessas mulheres. Dentro da pespectiva arquitetônica foi se reconhecendo necessidades que cada uma dessas configurações espaciais demandavam. Assim, tem-se entendimento de uma segmentação do atendimento individual e do coletivo que, exige do espaço arquitetônico, elementos que tornem essas instâncias unificadas dentro do carater formal da obra e lê-se o surgimento de uma envolvente espacial que não só responde às caracteristicas programáticas previamente analisadas, mas tambem surge como o grande elo entre as diversas dimensões funcionais do obejeto.


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O PROJETO

A FORMA Munida dos conceitos básicos das diretrizes projetuais específicas do objeto de estudo e após exaustivas tentativas de elucidação de uma forma que contemplasse tanto as exigencias programáticas quanto à integralidade da abstração dos conceitos, alguns modelos foram desenvolvidos e à cada nova escolha projetual novos traçados eram delineados, dando origem a um conjunto arquitetônico que reflete em seus elementos qualidades espaciais que correspondem ao íntegro da consciência criativa.


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O PROJETO

SETORIZAÇÃO

ATENDIMENTOS INDIVIDUAIS E ÁREAS ADMINISTRATIVAS

ÁREA DE CONTEMPLAÇÃO

AUDITÓRIO

ESTAR COLETIVO E ÁREAS DE FUNCIONÁRIOS

ACOLHIMENTO


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O PROJETO

O SISTEMA CONSTRUTIVO SISTEMA SIREWALL

A Sirewall é uma empresa canadense que aperfeiçoou técnicamente a Taipa de Pilão criando o Sirewall (Structural Insulated Rammed Earth Wall) que usa uma camada de isolante rígido e vergalhoes de 4” nas formas que são preenchidas com camadas de terra estabilizada com 5-10% de cimento e posteriormente são compactadas com compactadores pneumáticos, isso garante um excelente desempenho térmico e estrutural para o sistema. Segundo o próprio dono da empresa, as paredes de taipa do Sirewall são tão resistentes ou até mais que o concreto, chegando a uma resistencia de 20 MPa, enquanto outros sistemas convencionais de taipa de pilão chegam de 1 - 5 MPa. Ele reforça também que essa resistência é alcançada sem adicionar quantidades de cimento maiores que as quantidade geralmente utilizadas nos sistemas tradicionais.


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O SISTEMA CONSTRUTIVO

SISTEMA SIREWALL - Prédio da Telenor Headoffice, Islamabad


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O PROJETO

O PROJETO ARQUITETÔNICO PAVIMENTO TÉRREO

07 06 05 15

04

14

04 03 16

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03 03 01

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13

01. ACOLHIMENTO 02. CIRCULAÇÃO VERTICAL 03. SANITÁRIO 04. ACOLHIDA RESERVADA 05. PSICOLOGIA 06. APOIO JURÍDICO 07. SERVIÇO SOCIAL 08. AUDITÓRIO 09. SANITÁRIO/FRALDÁRIO 10. BERÇÁRIO 11. BRINQUEDOTECA 12. ESTAR 13. COZINHA/ESTAR DOS FUNCIONÁRIOS 14. CONTEMPLAÇÃO 15. ESPELHO D’ÁGUA 16. PLATAFORMA ELEVATÓRIA


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O PROJETO

O PROJETO ARQUITETÔNICO PRIMEIRO PAVIMENTO 02. CIRCULAÇÃO VERTICAL 03. SANITÁRIO(PCD) 16. PLATAFORMA ELEVATÓRIA 17. SALA DE REUNIÕES 18. DIRETORIA 19. BANCO DE DADOS/ARQUIVO INFORMATIZADO 20. SETOR PEDAGÓGICO 21. ÁREA DE RESGATE

20 19 18 17 03 16

21

02


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O PROJETO

O PROJETO ARQUITETÔNICO


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PERSPECTIVAS


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PERSPECTIVAS


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PERSPECTIVAS


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PERSPECTIVAS


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O PROJETO

PERSPECTIVAS



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CONCLUSÃO

A arquitetura desempenha um papel transformador para a sociedade. Esse trabalho surgiu da necessidade pessoal de superar o ambiente da Universidade e ir em busca de uma bagagem teórica que me fizesse compreender o que é a Arquitetura e quais são de fato os processos que permeiam o fazer Arquitetônico. A escolha do tema foi uma tentativa de também revelar o caráter multidisciplinar da Arquitetura, como ferramenta formal de trasnsformação. Aqui, traz-se à tona as necessidades básicas e espaciais do um equipamento público e como a nossa profissão age e entende os atos humanos que serão abrigados por sua obra. O presente trabalho é uma consolidação do aprendizado que tive durante o período de faculdade e principalmente fora dela, e se mostrou desafiador devido à carências de retórica arquitetônica que foram percebidas durantes os anos na academia e que me fizeram buscar compreender também o que é o ensino da Arquitetura no Brasil. O finalizo com a sensação de dever cumprido e com a certeza de que meus conhecimentos e estudos acerca da arquitetura devem ser mantidos em constante atualização.


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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS.Norma Brasileira 9050. Acessibilidade a Edificações, Mobiliário, Espaços Urbanos e Equipamentos. Rio de Janeiro. 2015. ABNT - ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. Norma Brasileira 5626. Instalações Prediais de Água Fria. Rio de Janeiro. 1998 Lei nº 3473 de 24 desetembro de 2014 - Código de Urbanismo e Obras do Município de Feira de Santana

5

BAZIN, 1956, Vol. 1, p.57.

6

BARRETO, Paulo Thedim. “Casas de câmara e cadeia”, p. 173. In: Arquitetura Oficial I, 1975.

7

SANTOS, 1951, p. 83.

O termo formigão pode também designar a mistura de cascalho, saibro ou areia, e cal usada em fundações. Em Portugal, designa a mistura de cal e saibro umedecida, apiloada dentro de formas, como a taipa de pilão. 8

Plano Diretor de Desenvolvimento Urbano e Territorial de 2018 - Feira de Santana DA LUZ, pedro. Arquiteto formado em 1983 pela FAU-UFRJ, professor adjunto da EAU-UFF, doutor pelo PROURB-UFRJ em 2007, sócio fundador da archi5 arquitetos associados 9

Lei de Ordenamento, Uso e Ocupação do Solo de 2018 - Feira de Santana-Ba

SMITH, Robert C. A arquitetura civil do período colonial. In: Arquitetura Civil I. Textos Escolhidos da Revista do IPHAN. São Paulo: FAUUSP e MEC-IPHAN, 1975. P. 128.

Anexos da Louos de 2018 - Feira de Santana- Ba

10

CDL - Câmara de Dirigentes Lojistas de Feira de santana. Disponível em:< http://www.cdlfs.com.br/ index.php?option=com_content&view=article&id=83&Itemid=222> Acesso em 02 de Setembro de 2018.

11

VAUTIER, L. L. Casas de residência no Brasil. In: Arquitetura Civil I. Textos Escolhidos da Revista do IPHAN. São Paulo: FAUUSP e MEC-IPHAN, 1975. P. 41 ss. COLIN, Silvio. Tipos e padrões da arquitetura civil colonial – I. https://coisasdaarquitetura. wordpress.com/2011/02/28/tipos-e-padroes-da-arquitetura-civil-colonial-i/

¹PENIDO DE REZENDE, M. Taipa de pilão histórica: roteiro para reconstituição. arquiteturarevista, Vol. 8, n. 2, p. 101-107, jul/dez 2012

12

² FRAMPTON, Kenneth. Studies in tectonic culture: The poetics of construction in nineteenth and twentieth century architecture. John Cava (E.). Cambridge: MIT Press, 1995, 430 p. il.

13

³ AMARAL, I. 2009. “Quase tudo que você queria saber sobre tectônica, mas tinha vergonha de perguntar”

Igor Fracalossi. “A Casa Invisível: Fragmentos sobre a arquitetura popular no Brasil / João Diniz” 19 Jul 2012. ArchDaily Brasil. Acessado 3 Set 2018. <https://www.archdaily.com. br/60177/a-casa-invisivel-fragmentos-sobre-a-arquitetura-popular-no-brasil-joao-diniz> ISSN 0719-8906 PONTI, Gio. “Idea per la Casa dell dottor T a San Paolo”, In Revista Dommus, Milão, n. 282, maio de 1953. 14

John Mawe, em seu livro Viagens ao Interior do Brasil (1812) relata: “Essa espécie de estrutura é durável; vi casas assim construídas que dizem ter duzentos anos…”. Apud VASCONCELOS, 1979, p. 21. 4


[72]

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

COSTA, Ana Elísia da; COTRIM CUNHA, Marcio. O pátio no Brasil. Da casa moderna à contemporânea. Arquitextos, São Paulo, ano 16, n. 181.07, Vitruvius, jun. 2015 <http://www.vitruvius.com.br/ revistas/read/arquitextos/16.181/5560>. 15

16

BRANDÃO, C. A. L. Linguagem e arquitetura: o problema do conceito

SPM - Secretaria de Políticas para Mulheres. Disponível em: < http://www.spm.gov.br/arquivos-diversos/acesso-a-informacao/perguntas-frequentes/violencia/o-que-e-centro-de-referencia-de-atendimento-a-mulher-em-situacao-de-violencia> Movimento Compromisso e Atitude. Disponível em:<http://www.compromissoeatitude.org.br/ rede-de-atendimento-as-mulheres-em-situacao-de-violencia/>

REIS-ALVES, Luiz Augusto dos. O conceito de lugar. Arquitextos, São Paulo, ano 08, n. 087.10, Vitruvius, ago. 2007 <http://www.vitruvius.com.br/revistas/read/arquitextos/08.087/225>.

Onu Mulheres. Disponível em: < http://www.onumulheres.org.br/>

TUAN, Yi-fu. Espaço e lugar: a perspectiva da experiência. Tradução: Lívia de Oliveira. São Paulo: Difel, 1983.

DSS Brasil - Determinantes sociais da Saúde. Disponível em: < http://dssbr.org/site/2014/03/ violencia-contra-a-mulher-um-problema-de-proporcoes-epidemicas/>

17

18

19

Idem, ibidem, p. 151.

20

Idem, ibidem, p. 83.

21

Idem, ibidem, p. 4.

22

NORBERG-SCHULZ, Christian. Op. cit., p. 6.

23

Idem.

24

BORCHERS, Juan. “Institución Arquitectónica”, Ed. Andrés Bello, 1968. Pag. 151

“Sinn Und Bedeutung” de Frege, que é um pequeno clássico da literatura mundial. Existem várias traduções para espanhol, italiano e francês. Discordo da interpretação de Alonso Church sobre essa distinção (de sentido e significado).

Governo Brasileiro. Disponível em: < http://www.brasil.gov.br/cidadania-e-justica/2015/12/ casa-da-mulher-brasileira-chegara-a-cinco-novas-capitais-em-2016> Instituto Patricia Galvão - Dossiê Violência Contra as Mulheres. Disponível em:< http://www. agenciapatriciagalvao.org.br/dossie/violencias/violencia-domestica-e-familiar-contra-as-mulheres/> VASCONCELLOS, Sylvio de. Arquitetura no Brasil: sistemas construtivos. Belo Horizonte: Universidade Federal de Minas Gerais, 1979. COLIN, S. Técnicas construtivas do período colonial – I. IMPHIC - Instituto da Memória e do Patrimônio Histórico e Cultura.

25

Ou talvez ainda mais enfaticamente a definição do Dicionário da Língua Espanhola, (19ª), 1970: “coisa real que carrega em si o princípio de sua ação e que tende por si só a seu próprio fim”. 26

WEIMER, Günter. Arquitetura popular brasileira. São Paulo, Livraria Martins Fontes Editora, 2005 Ceap - Centro de Ensino Superior do Amapá. Disponível em: < http://www.ceap.br/material/ MAT02092011153107.pdf>


OBS.:DOSSIÊ COM APROVAÇÃO VIRTUAL VIA E-MAIL. ORIGINAL ASSINADO NO COLEGIADO DA FAUFBA


Setembro 2018



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