Azul Magazine | Edição 23

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direto FOTOS, DIÁRIOS, MANUSCRITOS E OBJETOS COMPÕEM A OCUPAÇÃO HILDA HILST, INICIATIVA QUE EXPÕE O PROCESSO CRIATIVO DA ESCRITORA E APROXIMA O ESPECTADOR DE SUA OBRA PHOTOS, DIARIES, MANUSCRIPTS AND OTHER SUNDRY OBJECTS COMPRISE THE EXHIBIT CALLED OCUPAÇÃO HILDA HILST, AN INITIATIVE THAT DISPLAYS THE CREATIVE PROCESS OF BRAZILIAN WRITER AND POET HILDA HILST, AND BRINGS VIEWERS CLOSER TO HER WORK

“Se te pareço noturna e imperfeita/Olha-me de novo.” Não por acaso, os versos do poema Dez Chamamentos ao Amigo abriram o convite para um grande colóquio sobre Hilda Hilst (19302004) realizado na faculdade de letras da Universidade de São Paulo, em outubro de 2014. Olhar a artista de novo e sob novas chaves tem sido um movimento generalizado da academia, do mercado editorial e da cena cultural brasileira. Dona de uma escrita irreverente, ela deixou uma das obras mais sofisticadas da literatura nacional, com registros que passeiam entre o erótico e o obsceno, a ironia e o deboche, em poesia, prosa e teatro. “A obra completa dela vem sendo reeditada aos poucos, pela Globo Livros. Existem um documentário e um longa de ficção sendo produzidos em torno de sua figura, além de uma minissérie em negociação”, enumera Daniel Fuentes, presidente do Instituto Hilda Hilst e organizador da Ocupação Hilda Hilst, mais recente exposição em homenagem à escritora, em cartaz no Itaú Cultural até 21 de abril. Na pequena mostra, diários, manuscritos, desenhos e objetos revelam mais sobre a literatura e o processo criativo da autora. “Procuramos

criar um espaço sensorial que estabelecesse uma relação entre o espectador e Hilda em primeira pessoa”, explica Fuentes. A exposição é apenas uma pequena parte da parceria entre o Instituto Hilda Hilst e o Itaú. Nos próximos 18 meses, um projeto financiado via Lei Rouanet trabalhará na catalogação e na digitalização de seu acervo e de sua biblioteca, na Casa do Sol, mítico casarão em Campinas que Hilda construiu e habitou por quase 40 anos, recebendo ali, em atmosfera hippie, uma miríade de escritores, como Caio Fernando Abreu, Lygia Fagundes Telles, além de cientistas, como Mário Schenberg. A frase “Ó Senhor de todos os deuses, ensiname em sonhos como executar as obras que tenho no espírito” estampa em caneta esferográfica um pequeno papel amarelado, um dos objetos expostos na Ocupação. A súplica, quiçá, foi atendida. Passados mais de dez anos de sua morte, a escrita de Hilda e a vida irreverente na Casa do Sol continuam ressoando.

Ocupação Hilda Hilst Itaú Cultural, Av. Paulista, 149, Cerqueira César, São Paulo. Até 21 de abril. De ter. a dom., das 9h às 20h. Grátis 11 2168 1777 ITAUCULTURAL.ORG.BR

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Acima, Hilda Hilst, no fim dos anos 1960. Na página ao lado, no alto, a escritora com Lygia Fagundes Telles, na década de 90; no centro, desenho de sua autoria; e, abaixo, manuscrito e agenda pessoal em exposição Above: Hilda Hilst in the late 1960s. On the next page, top: the writer with Lygia Fagundes Telles in the 1990s; center: one of her drawings; below: manuscript and diary on display at the showing

FOTOS: MORA FUENTES/DIV. (RETRATOS); CENTRO DE DOCUMENTAÇÃO CULT/ ALEX ANDRE EUL ALIO/UNICAMP/DIV. (AGENDA); ACERVO INSTITUTO HILDA HILST

Por/By GABRIELA LONGMAN


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