[ a «hallmark house» de Eero Saarinen ]

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CASA DE LUXE_paradigmas do luxo arquitectónico

verdadeiros deuses, “transformando o lar de local comum da vida quotidiana a elevado reino consagrado pela arte”. “Elevado”, talvez seja o adjectivo que melhor caracteriza o ideal da casa como obra de arte, um ideal que se apresenta como um projecto manifestamente luxuoso, não só porque se constrói na procura de um prazer estético mas porque se cultiva a cultura como objecto elitista. O próprio fenómeno da Art Nouveau representou na altura um movimento essencialmente de classe, circunscrito a um sector específico da sociedade. Mesmo aquando da existência de um assumido compromisso com os valores da igualdade e justiça social - pensemos no programa social dos estúdios e workshops impulsionados por Joseff Hoffman e o artista Koloman Moser conhecidos por Wiener Werkstätte que no espírito de William Morris pregava um “aumento de prosperidade” e “igualização das condições sociais” - a implantação do novo regime artístico da Art Nouveau assumiu-se na prática elitista, impulsionado pelo mecenato de patronos endinheirados das classes abastadas da sociedade das quais sempre esteve dependente, e nem Joseff Hoffman parecia ter ilusões de que fosse possível levar a arte às massas e já se dava por satisfeito se “uns poucos” pudessem usufruir do estilo refinado e abstracto das suas formas geométricas. Assim, a realização da casa como obra de arte sempre esteve particularmente dependente de encomendas provenientes de clientes esclarecidos, que oferecem oportunidades de inovação aos arquitectos em troca de criações artísticas exclusivas, que promovem como factor de distinção - o Palacete Stoclet a mais conseguida realização dos ideais secessionistas da Gesamtkunstwerk nasce como

MARCA E CULTURA: ARQUITECTURA DE AUTOR | a

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«hallmark house» de Eero Saarinen


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