[ a casa do sol de Jorn Utzon ]

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CASA DE LUXE_paradigmas do luxo arquitectónico

A leitura da Arquitectura de Luxo cosmopolita tornou-se indissociável do próprio contexto urbano, da cidade, da sua aura e das funções que esta alberga. Sedutora na multiplicidade alucinante de experiências inéditas que oferece, a metrópole vanguardista, exerce uma atracção irresistível sobre um conjunto alargado de abastados consumidores ávidos de novidade, polarizando atenções e captando investimentos fantasiosos. Compensando os eventuais constrangimentos de espaço próprios impostos pelo congestionamento urbano o programa de uma casa de luxo citadina não se restringe, à habitação, mas à condição urbana do edifício, à sua posição privilegiada face a outros programas de lazer e serviços de referência. O Luxo enquanto adjectivo qualificativo conquista progressivamente uma maior autonomia face à realização arquitectónica, passando de uma condição intrínseca a uma qualidade circunstancial. Este facto torna-se perceptível na própria divulgação dos empreendimentos de luxo. Parte do site de propaganda do projecto de Herzog & de Meuron para um edifício de habitações de luxo, denominado 56 Leonard Street, é dedicado à situação luxuosa do edifício, no histórico bairro de Tribeca, demonstrando a diversidade de oferta cultural e de restauração de que os clientes poderão usufruir em complemento do habitar. O “sítio” mostra ainda em detalhe a diversidade de vistas sobre o incandescente skyline Manhattan de que o habitante poderá usufruir a partir do seu apartamento.11 À semelhança da paisagem natural, também a complexa paisagem artificial metropolitana, produto fantástico do desejo do Homem, é um ser vivo portador de uma riqueza estética admirável, convertendo-se num dos mais desejados, senão no mais desejado atributo de luxo que uma cultura de congestionamento pode oferecer. Como consequência, grande parte das habitações de luxo cosmopolitas oferecem uma vista panorâmica de 360 graus sobre da cidade envolvente. Assim a grande metrópole contemporânea é apresentada ao consumidor de luxo cosmopolita, à semelhança de New York, no livro Delirirous New York de Rem Koolhaas, como uma selva urbana, em que a “maquinaria converteu a natureza original numa intricada simulação da natureza”; uma segunda natureza artificial capaz de conciliar de modo inesperado a imaginação humana com os meios tecnológicos emergentes numa nova e alternativa realidade que por mais sedutora que se possa revelar não deixa de contar com uma boa dose de idealismo.

fig. 02.12_05 (esq.) Jacques Ferrier Architectures, Pavillon France (La Ville Sensuelle), render do pátio, Expo de Shanghai, China, 2010. © Jacques Ferrier Architectures/Ferrier Productions. fig. 02.12_06 (dir.)Jacques Ferrier Architectures, 120 Logements, render, Montpellier, France, conclusão prevista para 2011. © Jacques Ferrier Architectures/Ferrier Productions.

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11. Ver site promocional do projecto 56 Leonard Street: http://www.56leonardtribeca.com/

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