De todas as chamadas nove artes, é na Poesia que mais justificadamente se pode asseverar que menos é mais. A concisão, a precisão do corte e do entalhe, só fazem amplificar o poder comunicante do texto, só podem elevá-lo.
Nos versos aqui coligidos, versos irmanados pela brevidade, João Tomaz Parreira dá vazão ao seu caudal de metáforas condensadas, à tessitura precisa, que em seu rigor vezes lembra o Hermetismo italiano no que ele tinha de melhor, a explosão/maximização das cargas expressivas do poema ao nível microscópico. E em tal labor engendra a quase perfeição poética, como neste fulgurante A Tentação, onde o Cristo jejuante é tentado no deserto pelo Adversário, que lhe oferece as nações da terra:
Na ponta do precipício, no gume
do ar, nos seus olhos Ele guardou
antes o azul do que os reinos
ao fundo do mundo.
E assim sucedem-se, ao longo de todo este breve volume, as pequenas cápsulas de alumbramento, lances minimalistas de poesia não apenas cristã mas variada em sua temática (...)