Caderno de Mesa Inicial - Samba da Vela - 2000

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Samba da Vela


HISTÓRIA No dia 17 de Julho de 2000, quatro jovens compositores da periferia de São Paulo reuniram-se no bairro de Santo Amaro. Precisamente na Rua Dr. Antonio Bento no estabelecimento de n.º 257. Era noite de uma segunda-feira. Cavaquinho, pandeiro, surdo, tamborim... Junto a outros amigos formaram uma pequena roda onde, inusitadamente, começaram a cantar seus próprios sambas, a mostrá-los uns para os outros. O clima de descontração tomou conta do ambiente. A empolgação foi coletiva e desenfreada. Quando deram por si varavam a madrugada e sabia-se que o repertório não era nada pequeno. Como finalizar uma reunião ambientada à música, se o que pairava à volta era a descontração, a simplicidade e a felicidade em mostrar e conhecer o forma como um falou de amor, como o outro gritou seus protesto, como o outro expôs sentimentos em forma de versos... e em ritmo de samba? Difícil. Além disso, antes dos sambas serem cantados os compositores instintivamente contavam sua história, o por quê de sua criação. Então... uma luz! Sim, foi preciso uma luz. Como em toda circunstância de nossa vida, agradável ou não; sempre haverá uma luz. - Vamos acender uma vela - disse um deles. - Começamos a cantar os sambas. Enquanto sua chama perdurar, vamos cantando, até o último facho de sua luz. Quando a vela a apagar estará encerrada a mostra de sambas. Num primeiro momento a idéia causou certa estranheza, mas logo foi aceita por todos e colocada em prática. A vela serviria como um relógio. Mas não sabiam aqueles jovens sambistas, no entanto, a amplitude que a luz daquele pequena chama alcançaria. E assim outros compositores foram convidados a participar daquela reunião, a mostrar seus sambas, que por sua vez falou pra outro e pra outro... O círculo de amigos aumentou, novos amigos foram conquistados, novas parcerias formadas, muitos novos sambas criados. Estava criado o Samba da Vela! Que a Divina Luz continue iluminando todas as criações!

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ACENDEU A VELA Paqüera / Edvaldo Galdino Acendeu a vela O samba já vai começar Ela é quem chama Que é viva chama pro povo cantar A fé que não cansa Mantém a esperança do nosso viver O Samba da Vela está esperando você Venha pra cá pra cantar Venha pra cá pra se ver Uma só voz embalar Pra nunca mais esquecer Venha fazer a história Venha com a gente aprender O Samba da Vela está esperando você A luz do samba reluz Conduz à inspiração Seduz, a todos induz À união de irmãos Queremos um canto forte Pra ver o samba vencer O Samba da Vela está esperando você Samba da Vela


VINGANÇA Paqüera / Graça A minha vingança será o desprezo quem em vida darei Você não mereceu viver com esse alguém Que tanto lhe amou Usou e abusou de um amor tão sincero Dos meus olhos rolaram prantos tão cheios de dor Foram tantas mentiras Armado o circo palhaça me fez Mas agora é hora vou lhe dar o troco Chegou minha vez Como pode fazer tudo isso a alguém Você não tem compaixão Você não ama ninguém Chorar por você nunca mais Você pra mim não existe Já cicatrizou a ferida e eu só tenho algo a dizer Suma da minha vista Você foi o maior dos fracassos Que eu tive na vida

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TRISTEZA SÓ NO SAMBA QUE TEM FIM Zelão / Zezinho do Banjo / Ideval / Miro A lua, a lua no alto surgindo Sereno no céu vem caindo É madrugada Eu já afinei a minha viola peguei paletó, vou me embora pra batucada. É lá, é lá que eu esqueço a saudade e penso na felicidade que desejei E canto no meio da moçada Esqueço daquela malvada que tanto amei (Não sei por que) Não sei por que, eu não sei por que felicidade dura pouco para mim. Não sei porque, eu não sei porque tristeza só no samba que tem fim A lua, a lua...

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TEU CAMINHO É LIBERDADE Mano Heitor/Benedito Arcanjo/Miltinho Conceição Antonio Carlos Moreira Se me deixares meu amor não vou morrer A vida é curta meu amor quero viver E se deixares tudo que fiz ao teu lado transformo em cinza tudo que foi o passado Fico pensando amanhã vou renascer mas desespero já não sei como fazer Não nos iludimos é verdade com a velha frase - Nunca mais! Nem com a inscrição em minha porta Este é o lar, meu doce lar! Por isso teu caminho é liberdade Meu amor até mais tarde ou quem sabe nunca mais

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TEU APELO Adriano Carollo Pode chorar, se remoer Eu não volto mais pra aquele lar Foi fingida, dissimulada O teu apelo mulher não vai dar em

nada

Não venha me fazer novas promessas Ouvi outras como essas e em nada resultou Teu cinismo veta aproximação Não terá o meu perdão Mesmo que eu morra de paixão, Adeus! Mulher, Adeus Siga o teu caminhar Longa é tua jornada Triste é o teu penar

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AMOR À VIDA Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Muita coisa aconteceu na minha vida e você não viu Não viu que simplesmente eu te esperava Mas quem espera já morreu Quantas lágrimas chorei Derramei prantos sem dor Tanta coisa aconteceu e você não se importou Fui embora porque outrora não me deu valor E meu peito decidiu desviar por um momento e sanar essa ferida Ninguém pode resistir ao efeito envelhecedor do tempo então que nos uniu no entanto quem nos separou Tudo se modificou Com o sofrimento é que aprendi a ter amor à vida Samba da Vela


AO MESTRE CAIO PRADO Paqüera Veio de sambistas criado na roda de bambas Nasceu para a maravilhosa vida do samba Viveu e cresceu nas raízes de uma tradição Cantou e sambou com a poeira que vinha da terra Do sonho a ser um poeta ele fez sua parte Nas rimas e nas melodias mostrou sua arte Da boa vida aprendida soube dar valor Assim foi que se transformou em um compositor Tico Mico moleque tinhoso cheio de nobreza No samba aprendeu com humildade a ser madureira Pedra Noventa exemplo de uma geração Com ele o samba começa uma nova estação O samba que sempre viveu um passado de glória prepara-se para escrever uma nova história

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TERAPIA Azambuja /Dú / Chapinha Nega, eu fui na comunidade Estou falando a verdade Não tô de caô caô Esta semana fiz um samba diferente Fui mostrar pra minha gente Que eu também sei compor Toda semana, cada letra, cada samba Gente de primeira linha Chega até emocionar Mas, se por acaso eu me atrasar É que a vela demorou pra apagar O samba da vela transmite Cultura e muita alegria Lá esqueço a tristeza Do meu dia a dia É terapia da semana inteira Não dá pra sair da folia antes do final Pois além de rolar um samba divinal Tem um macarrão do amigo Oliveira

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TEMPOS QUE NÃO VOLTAM MAIS Everson Manoel / Maurílio de Oliveira Quantos anos se passaram Meus cabelos branquearam minha face envelheceu Quantos anos já vividos por esses tempos sofridos e ninguém percebeu (nem percebeu) Lembro os tempos de criança tinha eu mais esperança de fazer valer o meu cantar Hoje, sinto-me tão acabado Guardo em meu peito, calado, velhas histórias que devo contar Me lembro bem de velhos companheiros de sambistas verdadeiros quantas saudades nos traz As pastoras no terreiro O luar, a viola e o pandeiro Tempos que não voltam mais Quantos anos se passaram... Samba da Vela


APRENDIZ Markinho Dikuã Aprendiz Nasce aqui um aprendiz Que do samba não é raiz Mas quer o fruto cultivar Distinguir a pureza do banal Ilusão proporcional A vida como ela é A vida como ela é E se o samba conceder Pra que eu possa aprender E mais tarde ensinar Só não vá me confundir Porque eu o aprendiz Quero aprender samba de verdade Salve! Salve! A comunidade

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BARRACÃO DESPREZADO Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino

Desprezado o meu barracão que eu tanto penei para comprar Você mulher (Ah! mulher!) atacou meu coração de fé e sem fé não entendeu que o amor de verdade não tem preço, não Se, foi em vão o que eu chamava sacrifício É difícil aceitar o desprezar de quem tanto apostei possuir o valor que eu tanto procurei Desprezado...

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SILÊNCIO POR FAVOR Chapinha Venha sorri e cantar Bater na palma da mão Numa só voz embalar Tem forma de oração Não é um caso comum Dos que se vê por aí Samba da Vela é cultura É pra quem gosta de ouvir A poesia ecoar na voz do compositor Contar sua história Portanto, silêncio por favor! Às vezes a gente parece ser tão radical Ah! se você pensa assim Amigo não me leve a mal É só chegar e sentar e prestar atenção Você irá perceber A verdadeira intenção Que é nada mais que mostrar A nossa estrutura E ao mesmo tempo levar pra você Um pouco de cultura Samba da Vela


SAMBA DA VELA Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira A Vela é um reduto de aprendizes Procedente de várias matizes Em seu modo de pensar Às vezes surgem uns com vaidade Despertando disparate Sem saber o que passa no lugar Outros reclamam insanamente E se perguntam Porque não podem conversar E respondemos tão francamente Samba da Vela É pra quem gosta de escutar Se não for bom A intenção é o que convém Estamos fazendo história Sem falar mal de ninguém

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BRISA DA PORTELA Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira O seu nome me seduz, confesso que nunca fui lá Representa Oswaldo Cruz devemos homenagear (porque) Lá o sambista em sua vaidade faz em defesa da comunidade Sabe ganhar e perder Sofrido é o nosso viver Mas, o lar de um poeta é a brisa que completa toda sua inspiração É a brisa que vem dela minha querida Portela que para o samba concedeu a sua luz. O seu nome me seduz...

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CAMINHO DAS PEDRAS (Ao maestro com carinho) Rodrigo de Campos / Victor Hugo / Tainã Entre acordes Guaranis Encheu de buritis o Boulevard Pra ver seu país Coro de bis além do mar Brasil de Brasis Dourado e luz Paris de cá No rastro das águas Bebia da fonte Rasgava o horizonte E muito mais Nos rios e quedas Caminho das pedras Que levou Jobim Aos pantanais Fez das Bachianas Porta voz deste país De araras e bananas De araras e bananas

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SAMBA DA ISABEL Vanderlei Mazzucatto Coitada da Isabel foi assaltada segunda-feira de madrugada Levaram os discos de samba que ela tinha Ataulfo, Noel Rosa e Pixinguinha Seu ladrão devolva tudo por favor que nós cantaremos ao vivo pro senhor Está certo Hoje dia um bom samba é coisa rara Mas não é bom brincar com o amor de uma mulher Seu ladrão espero que não me leve a mal Eu respeito até seu gosto musical Mas acontece que a Isabel está adoentada e de amor de mulher você não entende nada

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RODA GIGANTE Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira / Everson Manoel

O mundo é uma roda gigante que não pára, que não pára de girar Quem bate logo esquece com certeza quem apanha jamais um dia esquecerá Tantos sofrem nessa vida almejando uma saída não conseguem encontrar Aquele que se nega a estender a sua mão não sabe que vivemos em eterna rotação O mundo é uma roda gigante...

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CIÚMES Maurílio de Oliveira / Chocolate Mulher não me leve a mal o seu baixo astral me deixa infeliz Pois tudo o que eu quis foi fazer feliz esse seu viver Mas não tem nada não com a solidão posso conviver Vivo sem o seu carinho com meu cavaquinho posso me conter Seu ciúme sem controle não tem cura Mesmo fazendo juras você não quis aceitar Jurei pra você total fidelidade mas foi maldade você não acreditar Ah! Mulher...

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COM A MESMA MOEDA Anabel Silva / Rodinei Ventura Tantas noites sem dormir e você chegando em casa depois das três Resolvi curar meu mal Fui pro samba curti, gostei Resolvi curar meu mal Do samba me tornei freguês Não perco mais nenhum quintal Aparando as arestas vamos dividir tarefas Quarta eu cuido das crianças pra você cair na dança Na Segunda eu vou pra Vela pra matar minha saudade É chegada a minha hora de ver a comunidade

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PROFUSA Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino Tenho por direito a te expressar que não gostei que me chamaste a atenção Também quero alertar que esse teu modo de imperar foi sem razão Nem mesmo sabes tu a importância que te dei em te ajudar, não difamar Será que errei? Me indaguei Nem mesmo sabes tu a importância que te dei em te ajudar... Será que errei? Tens língua profusa medíocre és tu Não sabes o que faz Sabes bem exercer o teu modo carente pedinte demais Não obtive padrão que servisse de espelho à minha a pessoa Deixa de ser pedincheira, que a tua insolência informal me enjoa E pelo jeito esta lamúria viciosa veta a luz de brilhar num caminhar sem direção Enxergarás tua crepusculosidade Que infame a tua estrada que anseia por um chão

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PRA QUEM TEVE PACIÊNCIA Caio Prado É muito som, é muita gente É muito samba, é muita música É muito som, é muita gente É muito samba, é muita música E pra não ficar de fora Eu também vou mandando o meu recado Sincopado, dividido, bem malandreado E me mantendo humildemente Na linha do tempo E para não perder meu tempo Eu vou mandando meu verso Eu vou calçar minha sandália E cair na zoeira Saio de casa no Domingo E volto Quarta-feira E na maior cara de pau Ainda chego sambando Batucando afinadinho No meu tamborim Entre uma pausa, uma estrofe, uma clave É um sol que vai brilhar Pra quem teve paciência De esperar a hora de cantar Samba da Vela


CONSCIÊNCIA PLENA Paqüera / Maurílio de Oliveira / Magnu Sousá Não tenho tudo que amo Mas amo tudo que tenho As ambições são muitas Mas eu me contento com o que Deus me deu Minha maior certeza Minha consciência plena Tenho tudo na verdade Paz, sinceridade me dando assistência Pouco com Deus já é muito Muito sem fé não é nada Esse é o ditado do mundo Que converge a luz ao fim da estrada Ouço o mais lindo poema fluir no meu pensamento Nada como estar vivo e viver os momentos Sempre agradeço ao Senhor A paz e o amor que Ele nos dá Hoje sou um vencedor E sei muito bem contentar As amarguras da vida Não me saem do pensamento Nada como estar vivo E viver os momentos Samba da Vela


ESSA DOR AGORA Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino Pode a saudade ocorrer Não leve a mal é normal acontecer Tente recompor esse seu peito Se é demais o fragmento esteja atento é o que posso lhe dizer Tristeza nem pensar sempre haverá nossa parceria A união é a paz que nos conduz é guiada pela luz de uma poesia A mesma luz e muito mais E se não tiver jeito essa dor agora solte o seu sentimento abra o peito e chora

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PRA NUNCA MAIS Graça Não bata a porta se não for pra nunca mais Não jogue fora, por favor, seus ais Se arrepender depois será sua maior condenação Agindo assim sem refletir fará só mal ao coração. Por isso conte até dez Se precisar conte um milhão Para depois não precisar do meu perdão O orgulho bate a porta em qualquer situação Não aceito o argumento não aceito explicação Então ouça meu conselho Volte atrás à decisão Não bata a porta...

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PRA NÃO CORTAR A MANGUEIRA Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Disseram pra nossa comunidade que iriam cortar a mangueira Ai! Meu Deus do céu isso não é verdade A Mangueira é satisfação pra todos que sambaram no terreiro Ela é a tradição Ela é quem faz reviver Agora que eu já fiz esse refrão cantem comigo em prol dessa preservação Disseram pra nossa comunidade...

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EU QUERO QUE ELA VOLTE Walter Monteiro / Gilberto Alves / G. de Carvalho Brigou quis ir embora eu disse vai Depois chorei, depois chorei Eu sou dos que balança mas não cai Mas eu chorei, mas eu chorei A graça em minha vida se acabou Agora eu penso qual será meu fim Parece até que o mundo desabou Eu quero que ela volte para mim Se acaso ela voltar nem mesmo eu sei se vou lembrar do tempo em que eu sorria Só sei quero amar, amar, amar e transformar meu pranto em alegria

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FIM DA ORGIA Pachequinho Sem essa de barraco lá no morro Não quero ser cozinheira de forno e fogão, lavar e passar Vem manso, cheirinho no meu pescoço Vacilo se emperna, dengoso Só procuro sarna pra eu me coçar Nem vem com esse papo furado de vida singela, de fita amarela Isso é coisa de defunto mais pra samba de Noel A rima do samba de breque virou internet Acabou poesia Se manca malandro é o fim da orgia

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PORTELA, MEU GRANDE AMOR Chapinha Portela você é meu grande amor Portela você é minha paixão Portela só você me alucina me fascina, me domina e manda no meu coração Portela o seu manto azul e branco tem as cores lindas do meu céu por isso, de dizer eu não me canso (Óh! flor mais bela) Com muito orgulho eu falo mil vezes Portela Portela você é meu grande amor...

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PIEDADE SENHOR Paqüera Piedade Senhor! No mundo sei que sou mais um pecador Pequei não dando a mão a meu irmão E tive inveja, sim quando alguém estava em ascensão E eu em frangalhos ao chão fiquei a lamentar me corroendo ao sabor da cobiça ódio destilei Pensei jogar meu veneno a um qualquer E até me dei o direito divino de ser Deus Porém o Seu reino é imenso Ah!... Eu desejei ter matado um amigo que me devotara a amizade Cobicei a mulher que ele tinha Eu fiz tanta coisa que eu me arrependo por isso eu peço perdão Eu vi tanto ódio em meus olhos que eu não o pude ver, Senhor! Hoje eu tenho que padecer Samba da Vela


FRAGMENTO Edvaldo Galdino / Everson Manoel / Francisco Chora, desafoga esse teu peito Chora, o destino é quem te mostra A mulher que tanto gosta Te deixastes só em teu leito Chora, ameniza a tua dor Fostes podado do direito De merecer algum respeito nesse momento O que a vida te ensina é que és um fragmento Um reprovado na disciplina que se julgava professor O que te resta a fazer é nada mais que se reerguer Desata o nó da garganta e deixa ecoar o grito da humildade Descruza os braços e deixe de olhar pro chão Com as braçadas do recomeço Deixarás pra trás um mar em tormento Envolto na mais absoluta escuridão A perda de um amor é um alerta De que não está sabendo amar E o penar em função dessa dor Ilumina a cegueira do muito adorar O que a vida te ensina...

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GRANDE AMOR Maurílio de Oliveira / Magnu Sousá / Chapinha Você o grande amor da minha vida Só você faz tão feliz meu coração Sem você não vou achar uma saída Por você eu faço tudo nessa vida Eu não posso é perder você A ilusão não deixarei se apoderar de mim Até o fim eu terei forças pra lutar Eu vou cantar pra aliviar a minha solidão essa canção que na verdade faz lembrar você

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PÉROLAS DO CARNAVAL Mário Leite Está chegando o carnaval Que é uma festa popular Quem é do samba vai pra avenida Para esquecer as amarguras dessa vida Serão três dias de folia De alegria singular Quem é do samba, na certa vai chorar Na Quarta-feira quando tudo se acabar Batuqueiros e passistas Em fevereiro sambam na pista São as pérolas no grande ritual Dessa magia que se chama carnaval

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PARTIDA Maurílio de Oliveira Eu fiquei comovido com essa tua franqueza Sentido – Ah! Meu Deus – quanta tristeza Jura Eu juro não queria despedida Razão Mas não posso aceitar tua partida Eu sei não podes mais viver assim a lamentar tão triste assim Jamais tu poderás me aceitar? Não mais me ver? Nem mais me esperar? Eu já não posso mais amor te ver chorar Choraste até demais Também chorei demais a tua ausência Agora já chorei por tua dor E a minha dor só passará amor se eu estiver contigo

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INDIFERENÇA Maurílio de Oliveira / Magnu Sousá Um canto pra esquecer mas não esqueço não Um choro em tom menor Hoje luto em prol de um amor maior Só vejo em você a falsidade Hoje quero a verdade em meu viver Quero esquecer, não quero mais Deus é quem dá a nossa paz Nunca pensei que o destino pudesse traçar toda essa indiferença criada no lar Já cansei de sofrer, já deixei de lhe amar

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INGRATIDÃO Maurílio de Oliveira / Graça / Edvaldo Galdino / Magnu Sousá Ingrata mulher me deixou na saudade Foi embora com outro e roubou minha felicidade Partiu e me deixou a dor da ingratidão Em meu peito a dor ainda arde Você fez tanta maldade Não merece o meu perdão

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NÃO NEGAREI Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Se te faltares de comer Eu te darei o que comer Não negarei Se te faltares de beber Eu te darei o que beber Não negarei E se não tiveres amor eu te darei Não negarei serás feliz também serei Só não posso te obrigar a viveres em meu lar pois eu confesso que te quis Se não tiveres um lugar para morar Não negarei meu lar será tua raiz Mas se tiveres um lugar minha raiz não negarei será teu lar

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NÃO MERECES COMPAIXÃO Alemão / Adriano Carollo Se queres partir até logo Não obrigarei que fiques em meu lar Jamais derramarei meu pranto Nem tampouco ei de prender-me no fisgo de um olhar Deixa-me agora Renuncies ao meu amor Notarás desta maneira que perdestes algo de valor Em teu semblante vejo a maldade Em teus olhos o ódio e a ambição É possível verte ao longe ajoelhada aos meus pés implorando o meu perdão Não mereces compaixão Em meu lar não há espaço pra tamanha ingratidão

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INSTRUMENTO DA NOSSA RAIZ Magnu Sousá A Comunidade Instrumento da nossa raiz que nasceu numa cidade onde não é fácil ser feliz Não somos donos da verdade Às margens da sociedade vivemos E se o destino for cantar eu irei sem despedida

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LUZ E MUITO MAIS Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino Desperta antes do céu clarear, antes do galo cantar para um novo dia anunciar Sabe todos os segredos da vida É guerreira destemida Tudo o que sinto não dá pra falar Sua fortaleza que impera em nosso lar Conheceu os sabores e passou por horrores que a vida nos traz É mãe, é pai, é vida, é paz, é querida, é luz, acalanto e muito mais Desperta... - Meu filho não faça arruaça - Nessa vida tudo passa É luz, acalanto e muito mais - Cuidado com a hora da escola - Largue esse jogo de bola É luz, acalanto e muito mais - A honestidade engrandece - Ver você feliz é minha prece É luz, acalanto e muito mais

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NÃO MERECE A MAJESTADE Maurílio de Oliveira / Graça / Edvaldo Galdino Você não entendeu o meu viver Você não entendeu a própria vida Por isso vou lhe dar a liberdade Quem não pode com a coroa Não merece a majestade Você não semeou um amor que é tão real Por isso pense bem querida Agindo assim meu bem se torna tão rival Por tão ruim só vai nos fazer mal A luta desigual só fere um coração e outro busca evitar Melhor é prevenir do que remediar a dor até cicatrizar

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MULHER INGRATA Chapinha Mulher ingrata me abandonou Me desprezou feriu meus ais Meu perdão eu posso até te dar mas te aceitar jamais Quando partiu ingrata feriu meu peito Não achei direito o que me fez Por isso eu não posso aceitar ela voltar pra não acontecer outra vez Por isso eu não posso aceitar

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ME LEVA PRO SAMBA Paqüera / Chapinha Me leva que eu vou Ioiô Me leva que eu vou Iaiá Me leva que eu vou Ioiô Pra roda de samba Pra gente sambar Me leva Ioiô pra roda de samba Me ensina Iaiá os versos cantar Na palma da mão o partido alto Embala o fandango não pode parar O som do cavaco invade a noite O couro come o pandeiro de bamba Chora a cuíca na mão do mulato De felicidade por estar no samba Olha Ioiô o miudinho Me ensina Iaiá mostra como é Arrasta a sandália devagarinho Samba de mansinho na ponta do pé Olha o bamboleio daquela crioula Que coisa louca ela é feiticeira Deixa a moçada com água na boca Quando requebra as suas cadeiras

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MELHOR PARA NÓS DOIS Maurílio de Oliveira / Magnu Sousá / Paqüera Eu só tenho a dizer tá valendo, valeu, foi demais E no mais, incapaz, o meu nome eu não posso lhe dar Apesar do bom trato de fato que você me deu Eu falei pra você que não tinha a intenção de casar Você pode até ter a esperança de me convencer Mas agora não e boa hora pra gente brigar Quer saber pra valer o que vai ser melhor pra nós dois? É deixar esse papo ao Deus dará Cada dia que eu passo a seu lado é pura emoção Mas você ’tá pensando em virar uma obrigação Eu tô fora, já deu minha hora, eu já vou partir Que assunto tão fora de moda pra se discutir Você pensa e repensa um modo de me amarrar Eu, ligeiro, escorrego entre os dedos querendo escapar Quer saber pra valer o que vai ser melhor pra nós dois? É deixar esse papo ao Deus dará

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MINHAS ANDANÇAS POR AÍ Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira De repente a gente se esbarra por aí Até breve, até logo eu já desisti de cair no samba Passei na favela Morumbi e também no Cambuci Fui rever uns bambas Vi que ‘tá tudo mudado então, desisti Mudei o trajeto e fui lá pro Tupi e fiquei de fora Veio um malandro cobrando, exigindo “pedágio” Não sei se o batuque era bom de fato Se tinha cabrocha pra me divertir Fui lá no Monte Azul e fiquei de butuca Ouvi alguns sambas que já não se escuta A rapaziada era do Heliópolis Perto da Silva Bueno, ali no Ipiranga A turma do samba era mesmo bamba Mudei o trajeto e fui pra Flor de Lis Já estava decidido quando de repente foi que eu me lembrei De uma roda no Bexiga da qual já participei Juro fiquei invocado estava fechado por isso voltei Gastei minha sola e não encontrei a tal remandiola que profetizei Voltei pro biongo e botei um disco do Cartola A minha escola era minha vitrola Que a sorte lançou e que eu não me toquei De repente a gente se esbarra por aí... Samba da Vela


MEU LEME A NAVEGAR Magnu Sousá / Edvaldo Galdino / Francisco de Assis Suave com vem aos meus ouvidos vem para se apresentar Tem uma dolência diferente encantando toda gente faz o corpo balançar Meu samba ecoa tô na proa meu leme a navegar pra sempre, na boa Quem lhe esquece não conhece o mar Vá meu samba, vá sem medo Sem receio de deparar com rochedos que tende muito a encontrar Vá navegue sem medrar Vá meu samba, vá - ecoa - e afague as pessoas No temporal, ou águas brandas onde quer que possa ir Seu leme quero ajudar conduzir

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MEU CANTO É O BRASIL Paqüera Deixe-me ir, preciso andar A caminhar por esse chão Que é o meu país Que é o meu lugar Onde me encontro Como nação De um povo livre, sem preconceito Que aclama o outro Como irmão Que faz da gente Lindo e viril Meu canto é o Brasil Solto por dentre as matas Ágil no pantanal Belo pelo serrado Ardente no litoral Ande peregrino Menino a terra mãe é sua De passo à passo Vá e descubra As maravilhas da nossa cultura Samba da Vela


INFIDELIDADE Dú Magoou me iludiu Por prazer me feriu Usou e abusou da infidelidade Vou torcer Pra você sofrer Sem ter na vida Um amor de verdade Lembrará do seu bendito homem Pra não lhe deixar com fome Duro deu a trabalhar Me procurando lhe direi Sinto e lamento É por esse seu tormento Que deixei de lhe amar

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CANTO PRA NENE Mário Leite / Anabel Silva Nenê, Nenê, Nenê Quando lhe vi da avenida Voltei a ser uma criança Só para ninar com você Eu guardo até hoje em minha mente A imagem da negra velha chorando E o povo todo lhe aclamando pra valer Minha querida Nenê Na Vila Matilde se fez festa O dia inteiro Pois conseguiu levar a taça Cantando o povo negreiro Salve, Salve a Nenê Que teve a ousadia de contar A história de uma raça Que o Brasil tenta ocultar

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HOMENAGEM AO MORRO DAS PEDRAS Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Viemos lá de Santo Amaro E vamos saudar A comunidade de São Mateus Que é a principal da Zona Leste no samba E desejamos a todos saúde Com as graças de Deus São Mateus é um reduto de bambas Onde se canta samba Com amor e tradição Seu teor é de muito respeito E somos gratos à recepção O samba é o cartão de visita E o Morro é o seu cartão postal São Mateus A Vela é quem manda um abraço Para o Morro das Pedras Que defende o samba Aqui na Capital

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AO ‘NOSSO SAMBA’ Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Embora num bairro diferente Veio para confortar o coração da gente Veio de lá cheio de glórias Com sua história pra contar E hoje o ‘nosso samba’ é mais bonito É um abrigo de instinto natural Onde devemos a todos o nosso respeito Nossa virtude Nossa consideração Muito obrigado, pois se a Vela hoje existe É porque o Projeto foi quem nos legou essa inspiração

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O POVO DA VELA Chapinha O pessoal da favela Vai bem E o povo do Samba da Vela TambĂŠm Hoje a poeira subiu Porque o morro desceu Veio gente de toda a cidade Santo amaro agradeceu

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QUANDO PENSO EM TI Márcio Palito Mangueira Quando penso em ti Dá vontade de partir Para ir morar no morro Lá onde o poeta se inspira Cantando com a alegria Para fazer mais um samba Do partido-alto ao de terreiro O samba verdadeiro Mora em Mangueira também Mas ela nunca Foi melhor do que ninguém Apenas quer mostrar Que intimidade com o samba A Mangueira tem

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NÃO SEI SE VOLTAREI AMAR UM DIA Adriano Carollo Não alimentes esperanças neste amor Pois um amor maior que o meu Tu podes encontrar Não prometo dar-te carinho E nem pretendo Conduzir-te a um altar O melhor é não levar-me a sério Para mais tarde não chorar Já amei com fervor um outro alguém Que prometia me dar muitas alegrias Porém o romance acabou Deu origem a grande dor Por ironia Vivo a me esquivar Dos encantos da paixão Pois trago cicatrizes em meu coração Te enganar seria covardia Devo confessar Não sei se voltarei amar um dia

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GOSTO DE PARTIDO ALTO Azambuja / Chapinha Eu já cantei muito samba de breque Dancei samba-rock e também samba canção O samba quente que mexe com a gente O samba enredo alegria do povão Mais o que eu gosto mesmo é de partido alto Cantado e batido na palma da mão Quando eu ouvi o samba sincopado Fiquei abismado com a sua divisão Fui na Bahia só pra ver o trio elétrico E fiquei boquiaberto vendo aquela multidão Mais o que eu gosto... Se alguém me chama pro forró eu vou Eu danço côco, xaxado, xote e baião Eu sou um cara do tipo polivalente Também sei cantar repente Com pandeiro e violão Samba da Vela


ETA AMOR PORRETA Mano Heitor Êta amor porreta Daqueles que não se esquece Amor de foto novela Água com açúcar e muito mais Era um romance carne e unha, saliva e dente Daqueles que não se esquece Você bem matura e independente E eu auto-suficiente Êta amor... Êta amor porreta, êta amor Êta amor porreta... Sobrava lençol na cama Éramos um. Sem fim nem começo Não sabemos quanto durou E nem como começou E se um dia se acabou Agora eu sou, tu és Êta amor... Êta amor porreta, êta amor Êta amor que se acabou, Êta amor...

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Clamor de Paz Francisco / Victor Pessoa Vai segue entre os sons Com teu clamor de paz E lava com pranto As aflições mortais Faça-te dos teus A luz dos meus sinais Vela sempre dos meus castiçais Vai por entre a clave com teus rituais E dessa união o fim dos ais Verás que o poeta tem faces desiguais - um sonho não se desfaz Do teu peito a jorrar Canções atemporais Em formas imateriais Em laços divinais Toda a cidade vai cantar A chama jamais se apagará E toda multidão Desfilará sem ter rivais E voltarão enfim os carnavais

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SE ARREPENDIMENTO MATASSE Pachequinho Muitas vezes me avisou Que iria embora meu bem Mas eu não acreditei Se arrependimento matasse Eu já estava morto também Meu amor sempre dizia Pega sua linha Que não a do trem Paciência tem limite Dou linha na pipa E não vem que não tem Não adianta chorar O leite que foi derramado Agora é bola pra frente Cada qual pro seu lado

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CIDADANIA Paqßera Tenho o poder de fazer Quero poder dividir Tenho muito pra falar A trabalhar e sorrir Muito tenho por viver O meu dever a cumprir Que a chama ilumine o caminho Que eu possa seguir Feliz irei em frente sem cansaço E assim realizar os meus anseios Buscando encontrar a paz a cada passo Fazer valer os meus direitos

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O SILÊNCIO É UMA PRECE Chapinha O Samba da Vela Não pretende ser radical Ninguém é melhor que ninguém E nem está acima Do bem e do mal O Samba da Vela Só quer progredir e lutar Pra não deixar acabar A nossa cultura musical Aqui se ouve lindas poesias Num clima de descontração E alegria Aqui resgatamos A cidadania que você perdeu Não falamos de religião Mas acreditamos em Deus Aqui o silêncio é uma prece Cada um faz sua parte E a comunidade agradece

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NOSSAS DEFESAS Edvaldo Galdino / Maurílio de Oliveira / Francisco Mas fale do sentimento seja ele qual for Não procure calar nenhum grito de dor Ou tentar esconder-se atrás de um sorriso Ser leal a si mesmo será sempre preciso A nós mesmos jamais conseguimos mentir E a dor quando é forte não dá pra omitir É difícil encarar e pior se fugir Mas se for pra fugir fuja pra dentro de si E procure a tal dor Sei que vai encontrá-la E lhe fale sem medo Não existe segredo Quanto aos males da vida Pois as nossas defesas Nascem de nossas feridas

Samba da Vela


SENTIMENTO DE VALOR Graça / Edvaldo/ Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Magoou, me desdenhou, me iludiu Não entendi a razão e o por quê Dessa incompreensão em você Hoje Depois de me recompor dessa mágoa em meu peito é que pude entender Que a maldade não pode prevalecer O peito que suporta muita dor Sabe bem o que é sofrer E merece amar Você que desconhece o que é sofrer Desmerece um alguém para lhe adorar O amor é um sentimento de valor Quem não sabe o que é a dor Não merece amar

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NOVO VIVER Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Samba Eu o digo com prazer Me inspira E tira o mal que há em meu viver Domina Tudo em mim todo o meu ser Me faz bem Me quer tão bem E traz também um novo viver Eu vou tentar Me segurar pra não chorar De tanto prazer A luz que me seduz vem de você A sua imensidão fisgou meu coração Me ensina a viver em qualquer situação Quem tem o samba na veia é mais Muito mais! Eu agradeço ao meu Criador A grande força dos nossos ancestrais

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A COMUNIDADE CHORA Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino Quando a vela acender eu vou cantar meu samba até prevalecer a luz que ilumina o compositor que tem a luz nos olhos seus Eu rezo pra essa chama tão crepuscular durar mais um minuto nessa hora Ah! porque senão a comunidade chora A comunidade chora Chora, chora A comunidade chora, a comunidade chora Quando a vela se apagar e o samba terminar saudade não me deixa ir embora Meu peito vazio implora Que uma luz me ilumine agora! Chora, chora A comunidade chora, a comunidade chora Chora por que a vela se apagou Por que o samba terminou Chora, chora A comunidade chora

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NO TEU SAMBA NÃO VOU MAIS Adriano Carollo Vou pendurar A minha camisa de linho Guardar o meu cavaquinho No teu samba não vou mais Não vou Sei que encontrarei aquela mulher Que foi embora E é o motivo dos meus ais Não vou porque quero viver em paz Vou pendurar... Não quero mais Saber de desventura Me cansei de amargura De viver a lamentar Hoje fujo de qualquer perigo Me desculpe meu amigo Ter que te desapontar Digo com total sinceridade Temo a possibilidade Daquela nega encontrar Samba da Vela


OUÇAM O QUE A BETH FALOU Selito Muita gente eu sei não viu Ou nem mesmo se importou Quando a TV transmitiu O que a Beth então falou É nem todo mundo viu Muita gente nem ligou Quando pra todo Brasil Beth Carvalho falou: -Ninguém há de ser universal Sem conhecer o seu quintal É dizer pra ser brasileiro Pra não passar recibo de boçal Preciso é conhecer nosso terreiro Saber que o samba Não é samba só no carnaval -Ninguém há de ser universal Sem conhecer o seu quintal É dizer pra ser verdadeiro Pra representar o nosso país Preciso é chegar pra qualquer Estrangeiro E cantar samba Porque samba é nossa raiz

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SAMBA NOSSO DE CADA DIA Markinho Dikuã Samba Natureza de bem com verdade Fé que está na veia cultiva a amizade Tem que dar na telha com força e vontade Samba Nosso dia-a-dia Tem que dar um samba Cultura, lazer, informação e arte São adjetivos que o samba faz parte E quero minha música com agressividade A força no grito um olhar de coragem Energia que toca o coração da gente Que dá muitos frutos com a mesma semente E o orgulho no canto se faz uma glória Com o canto do povo é a melhor vitória Vista a camisa, erga a bandeira Chega de modismo, pare a brincadeira Nada de bobagem ouça o que eu digo Prefiro meu samba Ao sucesso iludido Samba da Vela


SOLUÇÃO Marquinho Dikuã Coração Deixe de ser leviano Pare de me machucar Me apaixonar por engano E coração A solução Pra curar essa dor É averiguar Pra encontrar um verdadeiro amor a solução É averiguar Pra encontrar um verdadeiro amor a solução É averiguar

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FOGO NA VELA Du’s Betus / Dú Noel, chame Nelson Cavaquinho Porque nosso samba já vai começar Sinhô, avise pra Clementina que a comunidade saúda o seu cantar Sinhá, Velha Guarda do Camisa chora sua ida e pede pra voltar Venham sintam-se a vontade Chame quem quiser chamar Que o culto da Segunda-feira já vai começar A mesa está preparada Comunidade afinada Fogo na vela Paqüera que ela paquera Quem sabe compor Trajados em branco e preto, veja que belo quinteto Elogios ao Chapinha velha carteirinha de compositor Veja quanta energia Meu corpo todo arrepia Sinto a presença dos bamba imortais em nosso lar Tem sangue novo no terreiro Fazendo samba verdadeiro Nos dando o imenso orgulho de ser Brasileiro Samba da Vela


FAMÍLIA METRALHA Chapinha / Naio Denai Ouça bem seu moço sei que a moça é um colosso porem é um poço de horror Tem uma família que é o próprio terror temida na Ilha do Governador Eu ‘tô pra ver, eu ‘tô pra ver gente mais cruel Mexer com essa moça é querer ir mais cedo pro céu O pai da moça seu moço é o governador Velho brioso, tinhoso, manhoso comanda o vapor É o ban- ban- ban da poeira O caveira é nó na madeira e não tem compaixão Segura essa onda seu moço pra não arranjar confusão E a mãe da moça é temida na área Comissária do alto escalão do CV Segura essa onda não quero te ver falecer O irmão da moça seu moço tem fama de cão É bicho solto “moleque piolho” na perna e na mão É campeão de judô, karatê, tae-Ken-do, capoeira não tem compaixão Segura a onda seu moço, pra não arranjar confusão E a própria moça é um angu de caroço é um tremendo de um osso duro de roer Segura essa onda seu moço não quero te ver falecer Samba da Vela


FIZ DE TUDO Chapinha/Magno de Souza Eu fiz tudo pra salvar nossa união Eu fiz tudo, fiz das tripas coração Tentei de tudo mesmo assim não consegui Quanto mais eu fazia mais via a nossa casa cair Foi uma pena que esse amor não resistiu Qual a ponte que caiu sobre um rio que secou Foi um barco que afundou, naufragou em alto mar (pois é...) Nosso amor partiu pra não voltar E hoje só resta lembrança só resta saudade Os nossos momentos de felicidade pensei que iriam eternizar Foi pena que o nosso amor se acabou Sofri, chorei tamanha dor Meu amor eu não posso negar Foi pena que nunca soube compreender Dediquei meu carinho todo à você Eu a amei e a amarei por toda vida Samba da Vela


DIA DE SANTO EXPEDITO Adriano Carollo Hoje é dia de Santo Expedito um santo que tanto acredito Vou fazer uma prece a Santo Expedito com devoção Pedir pra trazer a harmonia paz e alegria pro meu coração Que traga a sinceridade a felicidade e a esperança Que guie o caminho difícil tão cheio de pedras, de nossas crianças Maria da graça queria uma casa mas mão tinha como comprar Pediu para Santo Expedito o Santo divino pra lhe ajudar Foi lá na tendinha do Chico fez jogo de bicho jogou no macaco Meu Deus, mas que nega danada Ganhou uma bolada e comprou seu barraco

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SAUDADE DA MANGUEIRA J. Souza Nasci com um “M” na minha mão Pra compor meu samba Com muita inspiração Tenho saudade Dos bons tempos da Mangueira Da estação primeira De um bom samba canção Agora tudo no morro é diferente Malandros considerados Dão duro no batente Os arvoredos já não contam mais segredos Confesso que lá no morro Não havia samba enredo Barraco de zinco no morro era bangalô No samba, no partido-alto Cartola era professor O morro inteiro Chorava de emoção quando o velho Jamelão cantava sua canção “Deixa o sereno da noite molhar seus cabelos que eu quero enxugar, amor”

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OBRIGADO SENHOR! Chapinha Muito obrigado senhor! Muito obrigado por ter me dado O dom da palavra e da poesia Agradecido eu sou Muito obrigado Senhor! Pretendo fazer desse dom Fonte de alegria Preciso dar mais esperança Às nossas crianças E no seu dia a dia Se não é pedir demais Quero viver em paz Senhor, sei que sou pecador Vos suplico perdão Senhor tire a mágoa e o rancor Abra o meu coração Perdoa-me Senhor Dai-me compreensão Para ao meu inimigo Estender a mão

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MARCO PRINCIPAL Chapinha / Du Gosto de samba de verdade Primeiro que vejo é a qualidade principalmente quando vou compor Gosto de falar de amor do partido alto ao samba canção Uso a minha inspiração Não faço pensando em vender “um milhão” O samba é a minha identidade Não uso somente pra sobreviver Estudo, pesquiso, não falo bobagem Sou um baluarte como deve ser Sempre que falo de amor uso a voz do coração Sempre que faço partido verso com sentido sem vacilação Gosto de viajar na melodia eu gosto de falar das coisas do meu dia-a-dia Filosofia eu acho fundamental mas poesia é meu marco principal

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ROSA SINGELA Adriano Carollo Meu canto anuncia um novo amor A primavera chegou para alegrar minha vida Ela que tem o nome de flor me encantou com seu odor Fez milagre cicatrizando a ferida Rosa singela em meu peito floresceu Pôs um fim nesse meu pranto e assim como um encanto o meu coração hoje é só seu Fez-me apaixonar a sua doce companhia Findou minha tristeza pois alegra o meu dia E nos olhos meus brilha uma luz que não tem fim desde que apareceste aqui nesse jardim A lua lá no céu com seus encantos não é mais bela do que ela a minha Rosa singela

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NÃO É SÓ GAROA Maurílio de Oliveira / Chapinha São Paulo tem bamba Tem samba e muita gente boa Não é só garoa Camisa, Bexiga Na Vela o samba ecoa Não é só garoa Não é só garoa, não é só garoa Não é só garoa, não é só garoa Aqui a gente também tem bamba Que sabe tão bem o que é sambar Mas nem todos sabem de fato O que é um bom samba Isso acontece em qualquer lugar

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VILA MATILDE Marco Antonio / Vado Galo cantou Lá no alto da colina Sopra a brisa da alvorada Ouço o som da batucada Despertar um novo dia Sorria meu amor sorria Sorria meu amor sorria Iaiá, vem dizer pra Ioiô O traje que vamos vestir Hoje não tem mistério Azul e branco É o que eu quero Pra curtir um samba bom Vila Matilde Abrigo da alegria Onde a arte e a poesia tecem o som da melodia Banjo, cavaco, pandeiro e tan-tan A mais pura harmonia Vamos lá pagodear que o sol vai clarear Laiá, laiá, laiá Laiá, laiá, laiá Lá na Vila o samba é bom Oh! nega Lá na Vila o samba é bom Samba da Vela


JURAMENTO Wilson das Neves/Victor Hugo Meu sentimento Liberto das cartas de amor Sem fingimento Nem sou um grande professor Do sofrimento - me espalho ao vento das canções - ressentimentos - apagam nossas ilusões Meu documento É alma de compositor Doce instrumento Do peito de um trovador É dar alento Alimento para os corações Ensinamento... E o tempo escreve as lições Escrevo a vida em versos Fiz um juramento Esse é meu fundamento Casamento de se eternizar Felicidade é o que ganho Por merecimento Brota encantamento Esse meu sentimento popular Samba da Vela


AOS BAMBAS DE SÃO MATEUS Chapinha Hoje eu vou a São Mateus Para ouvir seus tamborins Fazendo evolução Entre acordes musicais O samba levanta a poeira Todo mundo a cantarolar À sombra de uma mangueira Ouço o som da batucada Tim Maia pedindo o tom Pra lembrar mestre Marçal Luís “Cabeção” é genial Dá licença tia Cida vou chegar Pisando direito com todo respeito No seu caxangá

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CHUVA PRA DEDÉU Mário Leite Nuvens se aglomeram lá no céu Ai meu Deus as negras nuvens Trazem chuva pra dedéu Estou pensando na trabalheira Que vai ter a minha gente Quando as águas dessas nuvens Caírem abundantemente E se a chuva for passageira Mesmo assim infelizmente Para os nossos desenganos Na cidade tem enchente

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FOI ELA Du/Chapinha Pode falar o que quiser Não largarei essa mulher A mais bela flor Que já brotou no meu jardim A quero só pra mim Quando um temporal desmoronou O meu barraco desabou Que me aceitou (foi ela) Quando a solidão me atingiu A minha cuca confundiu Quem me acudiu (foi ela) Quando me vi na escuridão Quem clareou meu coração com atenção (foi ela) A mais bela flor Que já brotou no meu jardim A quero só pra mim

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CANTAREI Paqüera Cantarei Enquanto houver força em mim farei Perpetuar as canções desse meu país Dessa maneira é o meu jeito de ser feliz Cantar é a essência do meu viver Solto a voz da garganta Esse é meu maior prazer Assim renovo a esperança E ei de fazer valer O samba é a minha herança Por ele tudo darei Enquanto houver vida em mim Cantarei

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LACUNA Graça/Edvaldo/Magno/Maurílio Eu não sei se posso enfim lhe ofertar O amor que há em mim Assim tenho que lamentar Foi preciso eu sorrir pra não chorar Apesar de tão ruim Não quero um outro alguém em seu lugar Agora já consigo discernir O amor de uma paixão Preenche a lacuna do meu coração A todo instante sinto a sedução Tentar me provocar Tente ao menos me escutar Não quero um outro alguém em seu lugar

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CONTRASTE Odair Pereira Ribeiro / Markinho Dikuã Nossos destinos São raros de se encontrar Tu és a praia macia Eu o revolto mar Eu sou o falcão voraz Que voa bem no alto do céu Tu és a pomba da paz Mensageira do sonho meu Tu és a espuma do mar Que bate na penedia Eu sou o estuário a escoar Na maré vazante do dia Tu és a rosa perfumada Eu sou o sangrento espinho Tu és a noite enluarada A clarear o meu caminho

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TODA MARIA A.S./Azambuja Toda Maria tem a sua história Seja Maria da Penha, Rosa Maria ou Maria da Glória Eu já falei da Maria Pé-de-Boi Que de tanto tomar todas sua mocidade foi A Maria José filha do Chico Mané Porta-Bandeira da escola rainha do candomblé Falava mal da Maria Regimento Amiga do general, do soldado e do sargento Mariazinha não ligue a essa letra banal Eu agora vou falar Da Maria legal Que no concurso de passista é a tal Da drible de corpo com muita cadência e muita moral Mora na zona sul Gosta de samba dolente Tem voz mafiosa e é pelo Quinteto doente Já tem um morador no seu coração Victor Hugo do surdo que é o bom na marcação Imaginem vocês a Maria que eu acabo de me referir Ela... Ela está por aí Samba da Vela


TEMPORAL Anabel/Graça Sinto cheiro de temporal Quando faz sol desce pro litoral Se está nublado diz que tem carteado Se é noite de sereno diz que é dia de treino Mas quando é lua cheia Você se incendeia chega sem avisar Traz flores e presentes só pra me agradar Não use o seu tempo assim Não tem jeito para amante Pois já vejo eu seu semblante Que está querendo me enrolar Se ligue na sua foto Que bonito você não está Após a quarta minguante O temporal vai desabar (Vagabundo, sem vergonha, sai pra lá!)

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A IMPORTÂNCIA DA MUDANÇA Magnu Sousá Teve gente que não quis Mudar não seria a solução Dois, cinco, sete da Antonio Bento Foi muito importante E relevante seria o fato de não aceitar São cento e quatro anos de história Marcados pela tradição Quase um terço da nossa existência nacional A Praça Francisco Ferreira Lopes Portão de entrada de um velho espaço cultural Músicos, poetas e cantores Num templo quase cerimonial A importância da mudança Nem entrou na discussão E teve gente que não entendeu Não fez do samba uma prioridade E julgou que a comunidade Fosse somente de interesse meu A nossa preocupação é a memória Samba da Vela deu fruto E preserva a nossa história O convite do seu Adelino não foi em vão Culturalmente o povo cravou uma consagração Samba da Vela


MADRINHA Edvaldo Galdino / Magnu Sousá / Paqüera É ela que a todos revela Logo que sente um valor Por nosso samba Essa chama conduz Não vê barreira a transpor Madrinha de bambas Coragem, respeito, amor... As suas vitórias Serão sempre vitórias de um povo A benção lhe o seu afilhado mais novo O verde e o amarelo ganham brilho Enche de orgulho os corações de seus filhos Você é união, é comunhão é aquarela Beth Carvalho madrinha do Samba da Vela

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APRENDA VIVER Magnu Sousá / Edvaldo Galdino / Maurílio de Oliveira Dos horizontes da vida trouxe o pouco que aprendi E vivendo, sem saber, sofri Emprestei o meu sorriso Dei de mim o que não tinha E o que não tinha hoje preciso Da beleza que em mim continha Não se dá tão somente no afã de receber O importante é saber o que tem a oferecer A vida não é um jogo é uma troca de saber Só aprendi a ganhar quando soube o que é perder Aprenda se dar e saiba pedir Aprenda a chorar e saiba sorrir Aprenda a amar e saiba sofrer Aprenda se dar e saiba pedir Aprenda a amar e saiba sofrer É com a vida que se aprende a viver Samba da Vela


NÃO SOU PAI JOÃO Mano Heitor / Selito SD Sou negro sim Mas não sou pai João Sigo na luta até o fim Sou cabano, quilombola Guerreio brigão Meus irmãos, minhas irmãs Quero ver bem Mas claro sem dizer amém Sem se curvar a ninguém Gente bonita pra mim É a que luta e sabe quando dizer Não também Sou negro sim... Adoro a batucada Com o meu povo cantando E ver a minha gente Com força no chão pisando Poeira subindo No rosto o sereno caindo E devagarinho sambando Sou negro sim... Samba da Vela


CARA-DE-PAU Pachequinho Saiu na sexta-feira compra pão E não voltou Chegou na quarta-feira De cinzas o cara-de-pau Vestia uma camisa listrada Gola rolê grife importada E bermuda incrementada Chegou arriando Que a dona justa o levou Clonaram seu nome (dançou) Só na quarta-feira doutor liberou Esse neguinho está na corda-bamba Amigado com fé, casado ele é Mas o que eu posso fazer se ele é do samba ai, ai

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NEUSA BAFO DE ONÇA Paqüera Neusa Bafo de Onça Segura essa sua língua mulher Eu te falei o bicho que ia bota fé A cidade toda ganhou E eu estou mais por baixo Que bicho de pé Minha esperança Era tanta que iria ganhar Cerquei o duque, dezena Centena e cravei na milhar Mas meu azar Foi fazer o jogo coma a Neusa Além de perder minha pule O bicho veio na cabeça Pra piorar o meu sonho Contou pra cidade Sua banca lotou E ela faturou à vontade Todo mundo ganhou Com meu palpite fiel E agora pergunto À Bafo de Onça Onde foi que você enfiou meu papel Samba da Vela


VIVA DONA IVONE LARA Mário Leite A minha voz ecoa clara Nos quatro cantos da cidade Num viva para Ivone Lara Uma sambista de verdade Dona de melodias raras Alto padrão de qualidade Nada no mundo se compara A sua genialidade Quando declamar os versos que fiz Quero declarar sou seu aprendiz Num palco qualquer Dona Ivone é nossa embaixatriz Pois o seu cantar como um chafariz Solto pelo ar me faz tão feliz Sambando com fé na mão e no pé Dona Ivone também diz

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VERBO CHORAR Marquinho Dikuã Chorava demais Soluçava de tanto chorar Agora que secaram-se as lágrimas Não há mais como chorar Chorava por causa de um amor Por toda dor Que e, seu peito se instalou Deixando triste seu coração A solidão enraizou O seu semblante assombreou

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A LUTA Paqüera A Comunidade agradece ao Criador Ele nos abençoou nesse pedaço de terra Santo Amaro berço do samba Da comunidade da Vela Poesias em forma de oração Um cantar que vai além Da imaginação O povo unido na rua Levanta a bandeira do samba E vai à luta Sambar é a nossa vocação Lutar pela nossa tradição Enquanto houver sobre a mesa Uma chama acesa O samba se renovará Essa é a nossa certeza A comunidade...

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BOQUIABERTO Dú Oliveira / Chapinha / Adriano Carollo Confesso que fiquei boquiaberto Ao ver aquela mulher que tanto desprezei Tão bela tão linda Boquiaberto eu fiquei Quando encontrei Rosalina Agora ela está tão elegante Pretendentes a amante Já não faltam mais pra ela Eu querendo ter uma chance De reatar o romance com ela Me sinto desprezado Pois a Rosa não me quer Aprendi a não desfazer Mais de uma mulher

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TEM GENTE QUE PENSA Azambuja Tem gente que pensa Que a gente está de bobeira Gente que tudo faz pra gente não ter paz Tem gente com forma de gente Mas não é gente Que só quer furar (ôôô) O olho da gente Tem gente que mente com prazer ardente E constantemente fala da vida da gente E tem gente Que engana a gente Ainda lembro elegi um presidente Que só queria tirar o coro da gente Tem gente que procura briga à toa Tem mais gente ruim neste mundo Do que gente boa

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SOSSEGA O PITO MANÉ Pachequinho Sossega o pito Mané, cria juízo Cria juízo Mané, sossega o pito Está fazendo já três meses Que toda sexta na maior moral Terninho branco, camisa de seda Diz que vai lá pro quintal Curtir um samba, tirar o estresse Que lá do batente é monumental Sossega o pito Mané, cria juízo Cria juízo Mané, sossega o pito Questionado vem com o papo: -Diz o dito popular: “Cobra parada não engole sapo, Mas também na cabeça ela não leva pau.”

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CAPITAL DA ZONA SUL Chapinha Vou saudar a malandragem Do Socorro ao Grajaú Jardim Miriam, Joaniza, Missionária e Jaú Arariba, São Luiz, do Parque Santo Antonio Ao Horizonte Azul Tudo isso é Santo Amaro Capital da Zona Sul Seu Borba Gato também morou por aqui Foi expulso pela dupla Chocolate e Ari... ...ovaldo malandro considerado Mudou pro Capão Redondo quando Ainda era quadrado Valo Velho era novinho Capo Limpo era sujo Hoje em dia Ariovaldo é gerente no “Marujo” Kid Chokito, o moleque não é prosa Quando veio a Santo Amaro O Jardim não tinha rosas Hoje está aposentado, já cumpriu o seu papel Mas nas rodas de improviso Com ele não tem meu Deus do céu

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FÃ DO SAMBA Mano Heitor/Paqüera Eu fico espiando A turma que vai no samba chegando Sou o primeiro que chega na batucada E sambo até guardar a bateria Não saio cedo, não adianta me apressar Se nem a lua foi pra casa descansar Samba na quadra quando toca me arrepio É uma onda que faz a minha gente cantar Mas você fica de lado Tentando empatar meu samba Deixa de onda menina Que aqui só tem gente bamba Eu fico espiando... Do samba eu sou o feijão da feijoada E a essência que dá o tom do seu perfume Pois sou amante, sou platéia, sou galera Eu sou o fã mais ardente Mas você não entende nada Entra na roda e remexe as cadeiras Tente sentir o que eu sinto Quando chego pra sambar Depois nos vamos pro aconchego do lar Mas só depois que o samba terminar Samba da Vela


SENTIMENTOS Francisco / Maurílio de Oliveira / Edvaldo Galdino Meu gostar ultrapassa barreiras Da própria razão Arrebata o íntimo da emoção Como gotas deslizam gostosamente Desenhando na pele os traços do amor É sonho da vida ganhando forma É o sal da vida num doce sabor Meu gostar... A pureza desse sentimento Se faz presente nesse momento Pela mordaça que obstruiu O tráfego natural das palavras Ocasião da purificação da alma Meu gostar... Num fugir sem querer quando O dia é breve Sem demora ser benfazejo E esse é o jeito De acalmar, socorrer, confortar o peito Meu gostar... Samba da Vela


POR LIBERDADE Magnu Sousá / Maurílio de Oliveira Ninguém pensou na favela Ninguém sabe Por que a verdade desapareceu Divisão dessa sociedade Por liberdade os sonhos meus São vividos por outros que não me conhecem Que crêem em Deus Deturparam a nossa cultura O nosso samba não é de ateu Cantado com fé, pé descalço na ladeira Por uma procissão de benzedeira Batido o tambor no mais forte congado No maxixe, baião e xaxado Soado ao tom de lavadeira Quizombeira, mas que maravilha ficou! Refrão de criança é quem canta e o dia raiou Refrão de criança é quem canta e o dia raiou E o sorriso de leve do rosto sumiu Esse canto à capela à favela chegou E a desconfiança divide essa população

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GOLPE DA VIDA Du Contreras / Zapa Esse golpe que a vida me deu não doeu Pois eu vinha calejado de outra dor Já esqueci os bons momentos que passamos Afinal Não era a mim a intenção do seu amor Você não nos deu nenhuma chance Eu era a felicidade e a sua paz Agora seguirá o seu caminho E jamais saberá que sou capaz

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O BRILHO DA LUA Edvaldo Galdino / Maurílio de Oliveira / Magnu Sousá O brilho da lua Ilumina o telhado de casa Pelo furo do teto Em meu barraco vejo a luz Pelo furo uma luz que me guia A mais densa escuridão Não ofusca o clarão Que me envolve e contagia Vejo luz em meu viver Mesmo sendo sem querer Sem perceber Sempre haverá Essa luz que me acolhe e me guia Me embeleza de magia e alegria singular Do telhado sinto a luz Que me vem bem em mim Como o manto de Jesus Pra quem tem fé na Cruz Como o manto de Jesus Pra quem tem ou não tem Fé na Cruz

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O SAMBA É Kaká Silva O samba faz de uma dor no peito O tema perfeito para se cantar Transforma em poesia A melancolia de quem sofre por amar O samba é também capaz De ser a paz por um momento Ao revelar em um pequeno bis O grande alento para ser feliz O samba é calma, é sonho bonito Remete a alma ao infinito O samba é chama, é paz, é conflito É força que emana a luz do aflito O samba seduz, põe fogo, agita É fio que conduz ao que não se explica O samba porém É de quem sabe amar O samba é de quem quer sambar

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