Vozes do Semiárido

Page 1

Vozes do Semiárido

Outubro - 2011

Um outro olhar: ações que transformam o Semiárido mineiro Dizem que no Semiárido não chove, mas quem vive na região sabe que na verdade chove muito, só que as chuvas são irregulares. E é só andar pelo sertão adentro e conversar com as pessoas aqui e acolá, que logo vai se descobrindo tantas formas que o povo encontra para conviver com este clima, repleto de riquezas e particularidades. Com enorme biodiversidade, o Semiárido brasileiro é um dos maiores e mais populosos do mundo. Cerca de 22 milhões de pessoas vivem na região. Ele tem duas estações bem definidas, caracterizadas por um período de chuva e outro de seca. Em Minas Gerais, o Semiárido compreende as regiões do Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha. Sua população chega a mais de 3,5 milhões de pessoas e sua área é de 198.701 quilômetros quadrados, o que corresponde a 34% do estado. A região faz parte de três bacias que abrigam os rios São Francisco, Jequitinhonha e Pardo. O Semiárido mineiro abriga os biomas caatinga, cerrado e parte da mata atlântica. Isto garante uma grande diversidade de flora e fauna nativa, que é retratada com alegria na cultura de seu povo.

Para valorizar todo esse conhecimento e promover as estratégias que o povo do Semiárido têm acumulado ao longo dos anos, é que Articulação no Semi-Árido Brasileiro (ASA) foi criada em 1999. A ASA é uma articulação composta por 750 organizações da sociedade civil, que luta pelo desenvolvimento do Semiárido, a partir da valorização dos saberes popular. A ASA vem construindo propostas de convivência e transformando o olhar da sociedade para a região. Através de uma comunicação popular, a ASA tem revelado as riquezas econômicas, políticas, culturais e ambientais do Semiárido, tendo como sujeitos desta transformação a agricultura familiar e os povos tradicionais. Este informativo foi elaborado nesta perspectiva. Ele traz informações sobre como o Semiárido mineiro vem promovendo o desenvolvimento sustentável e transformando a vida de homens e mulheres do campo, através da Articulação no Semiárido (ASA).


Editorial A Articulação no Semiárido mineiro – ASA Minas, ao longo desses 11 anos de existência, tem se consolidado como um espaço importante de discussão, aglutinação, pactuação e condução de estratégias concretas na região do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas Gerais. A partir das organizações da sociedade civil, a ASA Minas tem traduzido brilhantemente a reflexão do que significa uma ação social em rede. As mudanças apontadas ganharam força com a criação e condução do Programa de Formação e Mobilização Social para a Convivência com o Semiárido, onde está ancorado o Projeto Guarda Chuva, em parceria com o governo de Minas Gerais. São exemplos concretos de que a ação desencadeada pelos programas da ASA tem provocado mudanças significativas na realidade local, fortalecido os vínculos solidários na base social, contribuído para a garantia de acesso a um direito fundamental, que é o acesso à água. Assim como tem fomentado o entendimento de que na região semiárida é possível ter produção, garantia de segurança alimentar e qualidade de vida. Se olharmos para o que a ASA Minas vem construindo, perceberemos que está em jogo a ruptura com o modelo histórico e, até então hegemônico, centrado e dirigido para efetivação das grandes obras hídricas. Ao longo desses anos, este modelo tem concentrado, em sua maioria, a água em grandes reservatórios, que servem a poucas pessoas. À medida que a sociedade civil é mobilizada, ela se ajuda, se fortalece e procura acessar estratégias de condução coletiva, que até então estavam adormecidas. Reconhecemos que esse movimento tem contribuído para o empoderamento das comunidades rurais, objetivando a ruptura com o

modelo histórico de dominação que se instalou na região. A sociedade civil organizada retoma a lógica da partilha que se dá pela água, mas também partilha dos sonhos e das vontades de seguir construindo um Semiárido diferente. A experiência da ASA evidencia que nosso modelo de intervenção ultrapassa a construção de cisternas. Hoje, as entidades da ASA Minas que executam o Programa de Convivência com o Semiárido mineiro, através do Projeto Guarda Chuva, adquiriram uma base institucional para gerir recursos públicos. Isso permitiu inovação na forma de construir políticas públicas, ampliando o debate com os municípios, estados e o governo federal. Neste exercício, a política é pautada e construída pela sociedade, apoiadas pelo Estado e geridas pela sociedade. Apesar dos desafios postos, é importante ressaltar que a ASA Minas, ao longo desses 11 anos, tem trilhado o caminho da solidariedade, capaz de promover mudanças na vida das pessoas, grupos e comunidades. Um caminho de construção da dignidade e autonomia, evitando a dependência e os vícios do assistencialismo e clientelismo, que sempre assolaram a região semiárida. Viva o Povo do Semiárido! Viva o Povo do Sertão Mineiro! Viva a história desse povo marcada por lutas e persistências, por sonhos e desejos de liberdade, igualdade e justiça. ASA - Minas Gerais


Guarda Chuva: a chuva vai, a água fica O projeto Guarda Chuva é um instrumento de promoção da cidadania das famílias agricultoras do Semiárido mineiro, executado no Norte de Minas Gerais e Vale do Jequitinhonha. Por meio da mobilização social, o Guarda Chuva trabalha ações que ampliam e fortalecem a convivência com o Semiárido. Através de mutirões, promove a construção de cisternas de captação de água da chuva com capacidade para 16 mil litros, oferecendo, assim, água de qualidade para as famílias de todo o Semiárido mineiro. O que é a cisterna que guarda a água da chuva? Cisterna de placas ou caixa d'água, como é conhecida pelas famílias agricultoras de Minas Gerais, é uma tecnologia simples, de baixo custo e adaptável a qualquer região. É feita de placas pré-moldadas, construída pela própria comunidade e serve para armazenar a água da chuva colhida através de calhas dos telhados das casas. As famílias usam a água da cisterna para beber e cozinhar, principalmente durante o período de estiagem. Ela é perto da casa, o que evita as longas caminhadas em busca do que beber. Execuções Construção de 2 mil cisternas de 16 mil litros de captação de água da chuva para consumo humano (beber e cozinhar), beneficiando 2 mil famílias agricultoras no Semiárido mineiro. Formação e capacitação O projeto capacitou 2 mil famílias no Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) para utilizar a água, tanto da cisterna, como da propriedade e até da comunidade de forma adequada, sustentável e econômica. E recapacitou 600 famílias atendidas pelo

Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC). Através do Guarda Chuva, foram promovidos Encontros Microrregionais e Regionais, que são momentos de formação em que se discutem políticas públicas voltadas para o Semiárido mineiro. O projeto também realizou espaços de formação e capacitação com as Comissões Municipais para nivelamento dos critérios de seleção de famílias, conhecimento mais aprofundado do projeto e das ações de convivência com o Semiárido. A Comissão Municipal é formada por entidades da sociedade civil de representação municipal e faz o elo entre a entidade executora e as comunidades rurais, onde o projeto atua. Comunicação popular Contribui estrategicamente na formação e mobilização das entidades e famílias agricultoras, na sensibilização do poder público para os direitos destas famílias e na divulgação para a sociedade de uma outra imagem do Semiárido, mostrando suas riquezas e potencialidades. Parcerias O projeto tem como entidade gestora a Cáritas Brasileira Regional Minas Gerais. No Norte de Minas, são entidades executoras Cáritas Diocesana de Januária e Centro de Agricultura Alternativa do Norte de Minas (CAA- NM). No Vale do Jequitinhonha, é entidade executora o Centro de Agricultura Alternativa Vicente Nica (CAV). O Guarda Chuva é um projeto da ASA Minas - Articulação no Semiárido mineiro, realizado através de convênio com a Secretária de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento sustentável (Semad) e o Governo do Estado de Minas Gerais. Ele é executado com recursos do Fundo de Recuperação, Proteção e Desenvolvimento Sustentável das Bacias Hidrográficas do Estado de Minas Gerais (Fhidro), fundo operacionalizado pelo Instituto Mineiro de Gestão de Água (Igam).

Projeto Guarda Chuva Total Famílias atendidas pelas cisternas 2.000 Famílias capacitadas em GRH (Gestão de Recursos Hídricos) 2.000 Famílias recapacitadas 300 Encontro de capacitação de Comissões Executivas Municipais 31 Pessoas capacitadas em Encontros de Comissões Executivas Municipais 620 Encontros Municipais, Microrregionais e Estaduais 10 Participantes dos Encontros Municipais Microrregionais e Estaduais 200 Oficina de confecção de bombas 60


Esperanças renovadas A comunidade quilombola de Pedra Preta pertence ao município de Minas Novas, na região do Alto Vale do Jequitinhonha. Ela fica aproximadamente 80 quilômetros da sede do município e possui pouco mais 30 famílias. Assim como em muitos locais da região, os moradores sofrem com a escassez de água. Sem perspectivas de melhoria, o número de famílias que deixavam a comunidade chegou a 10 por ano, dificultando muito a organização comunitária. Esta situação começou a mudar em 2009, quando a ASA Minas iniciou o Projeto Guarda Chuva na região, trazendo vida nova para a comunidade. O projeto atendeu 26 famílias com a construção das caixas d’água, como são conhecidas as cisternas de captação de água de chuva em Minas Gerais. Dona Rosângela Soares foi beneficiada com a caixa. Ela lembra que buscou água a 6 quilômetros de distância por mais de 15 anos. Com o Projeto Guarda Chuva, ela não precisou buscar mais água. A chegada do projeto não significou apenas acesso à água, mas também um estímulo à organização das famílias. No dia 12 de dezembro de 2010, foi fundada a Associação Quilombola de Trabalhadores Rurais de Pedra Preta, com a participação de moradores das comunidades de Pedra Preta, Mata Pequena e Córrego Manoel Francisco. Todas estas comunidades foram beneficiadas pelo Projeto Guarda Chuva no município de Minas Novas.

Rafael da Costa é o presidente da Associação. Ele conta que as comunidades já tinham vontade de criar uma associação, mas faltava incentivo. Ele acredita que com a chegada das caixas a comunidade foi se animando. A fundação da Associação Quilombola contou com o apoio das organizações que fazem parte da Comissão Executiva Municipal da ASA em Minas Novas, como AMPLIAR, Campo Vale, Sindicato dos Trabalhadores Rurais e ASCOPI. Hoje, Pedra Preta está organizada e firme na luta pela convivência com o Semiárido. A Associação já conta com 60 associados, aproximadamente. Através dela, a comunidade promoveu leilões para a construção de um galpão para reuniões e reivindicou, junto à prefeitura, o material para construção de um banheiro ao lado do galpão. Tudo foi construído em mutirão. A Associação também está buscando um projeto de aquisição de mudas frutíferas para seus associados. Após ter sido formalizada, a Associação Quilombola de Trabalhadores Rurais de Pedra Preta passou a fazer parte do Conselho Municipal de Desenvolvimento Rural Sustentável de Minas Novas (CMDRS). O sonho da comunidade agora é a água para a produção, pois no auge da seca a única água disponível, muitas vezes, é a da caixa, que deve ser usada para o consumo humano. Se depender dos moradores de Pedra Preta, não vai faltar força de vontade para lutar por uma vida digna na região.


Água é vida

Na comunidade Touro, a 22 quilômetros da sede do município de Serranópolis de Minas, vive o casal Ivanilson e Vaneandra, junto com a filha, Evilly Larissa, de pouco mais de 1 ano. A família, que já era unida e feliz, está ainda mais alegre com a água da chuva no pé da casa. Eles só tinham água salgada do poço artesiano que dava até para os afazeres da casa, porém para beber e cozinhar não tinha jeito. Era preciso buscar água na casa dos vizinhos. Todos os dias tinham que andar cerca de uns 200 metros com um tambor na cabeça. Eles falam que receber a caixa d´água foi uma das melhores coisas que aconteceu, porque água é vida e ninguém vive sem ela. Por causa da falta d’água,

“Durante uma capacitação em Gerenciamento de Recursos Hídricos (GRH) do Programa Um Milhão de Cisternas (P1MC) tinha uma mulher da comunidade do Tejuco, no município de Januária, que não iria ser beneficiada por não morar em área reconhecida como Semiárido. Na avaliação do curso de GRH, ela fez um depoimento: ‘Sei que não tem cisterna pra mim agora, mas um dia chega lá e eu vou estar preparada’. E foi assim, veio o Guarda Chuva e ela pode ter acesso a água de qualidade para beber.” Jacy Borges faz parte da ASSUSBAC (Associação dos Usuários da Sub-Bacia do Rio dos Cochos) e da Comissão Municipal de Januária, no Norte de Minas.

"Aqui a gente tem água, mas não é de qualidade para beber. Podemos pegar muitas doenças pela água contaminada. Então, é muito perigoso. Essa água do telhado é pura e saudável. Agora minha família tem saúde garantida." Elizabeth Rodrigues é agricultora da Comunidade Calhauzinho, em Araçuaí, no Vale do Jequitinhonha e foi atendida pelo Projeto Guarda Chuva

Vaneandra e Ivanilson perdiam o tempo de ficar com a filha, de cuidar das plantas e da propriedade para ir procurar água. Ivanilson conta que a capacitação que eles receberam sobre os cuidados com a caixa fez toda a diferença, inclusive para a saúde da família. Para ele, havia muita coisa que faziam errado no tratamento da água e, só depois da capacitação, eles descobriram que a caixa precisava de muito mais cuidados. Além da família de Ivanilson e Vaneandra, mais 4 famílias na comunidade foram beneficiados com o Projeto Guarda Chuva, totalizando 50 famílias no município. Ivanilson acredita que o Guarda Chuva não pode parar por aí e deve se multiplicar para atender mais e mais pessoas que precisam nesse sertão afora. Para ele, ter água de qualidade na propriedade é essencial para a qualidade de vida das famílias agricultoras.

“O projeto foi uma oportunidade de abrir as portas do diálogo entre a sociedade civil de Minas e o Governo do Estado. Isto sinaliza uma ruptura histórica, que sempre manteve distante a relação entre governo e sociedade. Sinaliza ainda a possibilidade de ampliar para outras propostas e de consolidação da parceria entre nós e o governo”. Marilene Alves de Souza, a Leninha, é Coordenadora de articulação do CAA-NM e faz parte da Coordenação Executiva da ASA Minas.

“É muito importante continuar na luta pela inclusão de municípios como Minas Novas, Turmalina e Veredinha no Semiárido Legal. Assim, eles podem ter acesso também ao Programa Uma Terra e Duas Águas (P1+2), o que viabiliza, principalmente, a geração de renda e a soberania alimentar dessas famílias”. Marcilene Maria Ramalho, agente do Campo Vale e faz parte da Comissão Municipal de Minas Novas, no Vale do Jequitinhonha


ASA Minas: convivência com a vida As ações da Articulação no Semiárido mineiro (ASA Minas) promovem o acesso à água de qualidade, segurança alimentar, alternativas para a geração de renda, organização comunitária e conhecimento, através de cursos e capacitações. Através de seus programas, a ASA busca fortalecer suas ações e contribuir para que o povo do Semiárido seja sujeito de um desenvolvimento solidário e sustentável na região.

calçadão, com capacidade para 52 mil litros d’água; o tanque de pedra; as barragens subterrâneas e as Bombas D’Água Populares (BAP). O Programa trabalha com a utilização sustentável da terra e o manejo adequado dos recursos hídricos para a produção, promovendo a segurança alimentar e possibilitando alternativas para a geração de renda das famílias.

P1MC - Programa Um Milhão de Cisternas

Programa Cisterna nas Escolas

O P1MC promove a construção de cisternas de captação de água de chuva com capacidade para armazenar 16 mil litros, através de mutirões comunitários. Assim, o Programa Um Milhão de Cisternas oferece água de qualidade a milhares de famílias agricultoras de todo o Semiárido brasileiro. Em 11 anos de execução, já foram construídas 12.143 cisternas em todo Norte de Minas e Vale do Jequitinhonha.

Cisternas nas Escolas é um programa que busca garantir às crianças e adolescentes do Semiárido o acesso à água de qualidade, criando melhores condições de estudo. O Programa promove a construção de cisternas com capacidade para armazenar de 52 mil litros de água de chuva nas escolas municipais da zona rural do Semiárido brasileiro. A construção é feita em mutirões e envolve momentos de formação, com a discussão da educação contextualizada. O Cisterna nas Escolas ainda oferece cursos de construtores de cisterna para os moradores do entorno das escolas, além da capacitação sobre o uso da água para pais, professores, funcionários e toda a comunidade escolar. Até 2012, o Programa terá atendido 107 escolas, em 22 municípios, levando água, cidadania e o debate da educação do campo a 3.500 alunos do Semiárido mineiro.

P1+2 - Programa Uma Terra e Duas Águas O P1+2 atende as famílias do Semiárido que já tem acesso à água para beber e cozinhar. O Programa desenvolve tecnologias populares de armazenamento da "segunda água", destinada à produção de alimentos e a criação de pequenos animais, são elas: a cisterna

Resultados dos Programas em Minas Gerais Famílias Atendidas Famílias Capacitadas Encontros de Comissões Executivas Municipais Participantes de encontros de Comissões Executivas Municipais Construtores de cisternas capacitados Encontros Municipais, Microrregionais e Estaduais Participantes dos encontros Municipais, Microrregionais e Estaduais Oficina de confecção de bombas

P1MC

P1+2

Cisterna nas Escolas

12.143 12.013 29

1.374 2.525 8

586 657 46 1.879 333

320 120 25 1.589 -

84 440 29 9 -


Comunicar e mobilizar é preciso! Na construção do projeto popular de vida digna para todos e todas no Semiárido, a comunicação tem um importante papel. Ela sempre esteve pautada como estratégia de fortalecimento das lutas do Semiárido mineiro e como um instrumento importante para a mudança do olhar da sociedade para a região. A formação e a mobilização social da população do Semiárido, principalmente das comunidades rurais, parte também da construção de estratégias de comunicação popular. Neste contexto, a Articulação no Semiárido mineiro - ASA Minas, através da organização da Rede de Comunicadores Populares no Semiárido mineiro, tem promovido importantes iniciativas tanto para denúncia de desrespeito ao povo do campo, quanto para a valorização das experiências das comunidades na construção de saberes e conhecimentos para a convivência com o clima. Ao longo da história da ASA Minas, a comunicação tem sido tratada como um direito humano. Todos têm o direito a se comunicar e produzir sua própria comunicação, a partir de sua realidade e vivência. Assim, surge a iniciativa de mobilizar e articular os comunicadores populares da região semiárida de Minas Gerais, em especial do Vale do Jequitinhonha e Norte de Minas. Pessoas de formações variadas e diversas áreas de atuação, estudantes, agricultores, representantes de comunidades tradicionais, entre outros. Pessoas que tenham aptidão ou desejam se formar para exercer o direito a comunicar em qualquer tipo de veículo ou espaço de comunicação. Foram diversos encontros, cursos, visitas de intercâmbio, momentos de trocas de experiências, construções de materiais, informativos e programas de rádio. Momentos que possibilitaram que as

organizações que compõem a ASA Minas fortalecessem seus meios de comunicação e, em alguns casos, criassem seus próprios meios. Como é o caso do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Capitão Enéas, no Norte de Minas, que a partir dos encontros da Rede de Comunicadores Populares no Semiárido mineiro passou a ter seu próprio programa de rádio. Ou o exemplo do Sindicato de Rio Pardo de Minas, que criou seu jornal impresso. Ou ainda as diversas rádios camponesas no Baixo Vale do Jequitinhonha, que levam informação às comunidades rurais da região, fazendo a reforma agrária no ar cotidianamente. Muitos são os exemplos de como a Rede de Comunicadores tem contribuído na visibilidade e empoderamento das comunidades, grupos e famílias do Semiárido mineiro. Está sendo trilhado um caminho para que a voz dos agricultores e dos povos do Semiárido mineiro tenha espaço para ecoar. Isso significa que ainda é preciso avançar, mas que pouco a pouco, rompe-se com padrões e paradigmas. As opiniões e pontos de vista do povo passam a ser repassado e multiplicado com os meios alternativos de comunicação. Para efetivar o direito à comunicação é preciso muito mais que isso. É preciso vontade política, cumprimento da legislação, democratização da comunicação e muita luta. Apesar do grande caminho que ainda temos pela frente, a luta segue na esperança de que a Rede de Comunicadores Populares no Semiárido mineiro contribua de alguma maneira, mesmo que seja com pequenos passos, mas que fazem a diferença na vida de quem se propõe a caminhar.


10 Mandamentos da Cisterna de Placas 1º. A água é presente de Deus e como tal não pode ser vendida, nem negada. 2º. Todas as pessoas, animais e plantas têm direito a água. 3º. Toda casa da zona rural deve ter a sua cisterna. 4º. A cisterna deve ser construída ao lado da casa, longe das plantas com raízes esparramadas e longe de fossas e currais. 5º. A cisterna deve ser cuidada: * Lavar todos os anos antes da chuva; * Pintar a parte externa de cal branca; * Manter a cisterna sempre bem tampada; * Proteger os suspiros e entradas de água com tela e pano fino; * Guardar os canos depois das chuvas para evitar que rachem; 6º. A água da primeira chuva é para lavar o telhado da casa. Não pode ir para a cisterna. 7º. A água da primeira chuva juntada na cisterna, não pode ser misturada com outra água. 8º. A vasilha para tirar água da cisterna deve ser muito limpa e usada só para isso. Não deixar a vasilha encostar no chão, na terra ou em lugares sujos. 9º. A água da cisterna é para o consumo humano: beber e cozinhar. Assim vai durar todo o período da seca. 10º. Toda água para consumo humano deve ser tratada. Fonte: : Articulação no Semi-Árido Brasileiro – ASA Brasil

Poesia Sofrendo, o semiárido Sem poder a quem recorrer, Vivendo passando sede Pensando como sobreviver

Junto com a ASA Vem P1+2, Guarda-Chuva e P1MC Com convivência no semiárido Um milhão de cisternas vão fazer

Foi então que a luta começou Em 1999 a vitória alcançou Chamada ASA A esperança brotou

Salve esse projeto, Salve essa articulação Que para o povo brasileiro Estenderam a mão

ASA não é asa de passarinho Mas voa Voa para o sertão nordestino Para levar esperança os pobres pequeninos

Sei que a luta é grande Mas vamos ter fé Juntos de mãos dadas Nunca mais sede vamos ter.

Autora: Luciêde de Jesus Silva, agricultora da Comunidade Pesqueiro, município de Gameleiras/MG Esta é uma publicação da ASA Minas Textos: Helen Cavalcante Boborema, Lívia Bacelete, Myrlene Pereira, Helen Santa Rosa, Valquíria Lima, Priscila Souza e Fabiana Eugênio Revisão: Lívia Bacelete Fotos: Arquivo ASA Minas / Bi Antunes Projeto Gráfico: Arte em Movimento Realização

Entidade Gestora

Coordenação: Patrícia Antunes - www.arteemmovimento.org Contato: asaminas@yahoo.com.br Realização: Asa Minas | Projeto Guarda Chuva Entidade Gestora: Cáritas Regional de Minas Gerais Entidades Executoras: CAA-NM | CAV | Cáritas Diocesana de Januária Apoio: IGAM | SEMAD | Governo de Minas

Entidades Executoras

CÁRITAS

www.asaminas.blogspot.com | www.asabrasil.org.br

Apoio


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.