Revista Sala de Fotografia nº6

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Ainda de acordo com Cristina, isso faz com que se tenha temporadas de mais likes e outras que tem menos. Agora, estamos em uma época que a imaginação está tentando voltar à tona, muitas vezes fazendo uma negação da racionalidade. Assim, estamos sofrendo um excesso de não-ficção. Ou seja, parece que tudo é uma verdade absoluta nas redes sociais. Veronica citou que o que é curioso é que estamos vivendo um momento de fakenews, e o que é mais impressionante são as imagens, o que questiona a verossimilhança. “No nosso tempo, a crença na descrença vai se dar em um outro tempo em relação às fakenews, um grupo fechado que não se tem o controle, a crença não está no conteúdo, mas no meio de onde elas vem, ah! Se chegou pelo whatsap está correto, é verdade e nem mesmo nas redes sociais como Facebook que ainda é aberto, não se questiona isso”. Verônica Stigger Jaime Abello, falou de um perspectiva do jornalismo, da sua preocupação com o uso da guerra da narrativa, ou seja, da ficcionalização da realidade. “Um relatório anual sobre os meios digitais, numa mostra de 38 países no mundo, o país com o maior número de pessoas preocupadas entre distinguir verdades e mentiras é o Brasil. 85% dos brasileiros responderam à pesquisa que estavam preocupados com isso. E o segundo dado importante é que o país do mundo em que o Whatsapp se converteu na rede principal para compartilhar de maneira privada e discutir notícias é também o Brasil, com 53% de usuários. Qual o problema? Uma queda mundial de credibilidade no jornalismo, relacionada à confiança e a muitas coisas, não só o jornalismo mas nas instituições da democracia. O que pode-se colocar como objetivo é: quais são os caminhos pela perspectiva do jornalismo e as suas funções para a democracia. Como o jornalismo deve assumir e tratar as narrativas de ficção e quais são as fronteiras, as separações destes domínios, esta é uma questão a se discutir. Isso tem a ver com o jornalismo escrito, mas também com o jornalismo visual.” Jaime Abello Ainda de acordo com Jaime, isso é um debate pela sobrevivência dos periódicos e um debate de ética, sua intencionalidade e o pacto em leitura com o público. É necessário ser transparente. Cristina disse que não só é um problema dos periódicos e dos fotojornalistas, mas um problema filosófico. Hoje, temos que buscar os artigos de opinião para dar mais razão a ter uma opinião própria, e isso para validar uma informação. Assim, forma-se uma opinião a partir de outras opiniões. Para ela, precisamos mudar a mentalidade da audiência, para que não se busque a verdade, mas sim opiniões importantes para se equilibrar as versões e as fontes, incluindo uma interpretação e uma análise sobre os fatos. É importante formar uma sociedade mais crítica para esta nova estética e ética em um debate público para enfrentar essa era digital. “Se só se ler os jornais não vai compreender o mundo” Cristina de Midell A mesa ainda questionou-se como se chegou a esse momento das fakenews. Alguns fatos foram levantados, 161


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