Os fragmentos gnósticos de Andronikos, que incluíam um evangelho completo, foram descobertos na década de 1970 num lupanar turco, conhecido desde há cerca de mil e oitocentos anos como Pensão Tertuliano. O nome do edifício partiu de uma contenda entre um dos mais conhecidos Padres do cristianismo, que criticou a filosofia e teologia gnósticas, dizendo que estas “empilhavam andares sobre andares” e que faziam do universo “uma pensão onde Deus vive no sótão”. Andronikos, um pensador do terceiro século depois de Cristo, decidiu efectivamente construir a pensão que Tertuliano comparara com o pensamento gnóstico. A ironia tornou-se um edifício. As paredes foram pintadas com inscrições gnósticas, bem como os tectos. Mas a história deste prédio haveria de sofrer algumas reviravoltas: um século depois de ter sido construído, já as inscrições das paredes e tectos haviam sido tapadas para escapar à perseguição da Igreja; após a queda de Constantinopla, foi usado para fins militares, tendo-se tornado, mais tarde e durante grande parte do Império Otomano, uma madrasa famosa, onde Tal Azizi e Gardezzi ensinaram caligrafia e matemática; tornou-se, durante a Segunda Grande Guerra, uma enfermaria, antes de o edifício ser comprado, em 1949, por uma quantia irrisória, e transformado num bordel, tornando-se assim uma caricatura da sua origem e propósito inicial. Durante a década de 1970, o prédio sofreu algumas remodelações e o proprietário, ao mandar limpar as paredes e os tectos 10 /// BANG!
e retirar o gesso e a cal e a tinta, acrescentados ao longo dos séculos, viu surgirem as famosas inscrições atribuídas a Andronikos. Sem perceber exactamente a importância daquilo que decorava o seu bordel, achou interessante preservar as pinturas Irineu quem usou pela primeira vez e textos encontrados, pois estes o termo "gnóstico" para descrever mantinham uma surpreendente as heresias vivacidade e pareciam ter sido acabados de pintar. Os frescos gnósticos foram identificados, em 1979 por Gunnar Helveg, que imediatamente tentou que o edifício se tornasse património cultural, já que continha um importante testemunho dos primeiros séculos da nossa era. Ao saber disto, o proprietário do prostíbulo, para não perder o imóvel, decidiu destruir tudo o que estava escrito nas paredes e nos tectos. Contratou vários homens que, em poucos dias, picaram os frescos, fazendo desaparecer qualquer vestígio das inscrições e pinturas gnósticas. Perderam-se, desse modo, textos de valor incalculável. Em 1981, Gunnar Helveg teve então uma ideia para recuperar os textos destruídos: decidiu entrevistar as prostitutas que durante a década de 1970 haviam trabalhado no bordel. Gunnar Helveg achava que elas, por tantas vezes terem lido, enquanto trabalhavam com um homem em cima delas, os fragmentos