Revistabang 12

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TEXTO DE JOÃO LAMEIRAS

Q

uem não se lembra de Fahrenheit 451, o genial filme que François Truffaut realizou a partir do romance homónimo de Bradbury, exemplo maior de uma série de adaptações ao grande e ao pequeno ecrã? É verdade que a escrita eminentemente visual de Ray Bradbury, em que o terror e a ficção científica funcionam como eficazes metáforas da natureza humana, a isso se presta, mas acaba por ser também a consequência de um amor recíproco entre este autor e as histórias aos quadradinhos. É o próprio Bradbury, /// BANG! /// 18 18 BANG!

que chegou a escrever o argumento para uma versão cinematográfica não concretizada do Little Nemo de Winsor McKay, a confessar o seu amor pelos comics nos seguintes termos: “Como posso negar a influência exercida sobre a minha vida pelos autores de comics e os seus trabalhos? É uma longa história de amor que começou tinha eu 3 anos de idade e nunca mais terminou, influenciando a minha vida, a minha imaginação e a minha escrita.

Fahrenheit 451 de Ray Bradbury, retrato de um mundo distópico onde os livros não têm lugar

Sem Buck Rogers, descoberto quando tinha nove anos, nunca teria desejado voar para o futuro com tanta intensidade. Sem as tiras coloridas de Tarzan que eram publicadas todos os domingos, nunca teria lido com tal entusiasmo as obras de Edgar Rice Burroughs sobre a viagem de John Carter a Marte, que inspiraram, aos doze anos de idade, o meu primeiro romance.” (…) “Coleccionei o Prince Valiant durante mais de 30 anos e escrevi autênticas cartas de amor a Harold Foster, o seu criador, chamando-lhe o maior desenhador de comics que conheci em toda a

Fahrenheit 451, a temperatura a que o papel dos livros arde, retrata uma sociedade americana cada vez mais disfuncional


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