Historia Andante1

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contos HISTÓRIA HANDANTE ISTÓRIA ANDANTE contos

HISTÓRIA HANDANTE ISTÓRIA ANDANTE contos

Autores

EB 2,3 Dr. Francisco Cabrita

Prof ª Denise Estrócio

Prof.ª Bibliotecária Márcia Saraiva (capa)

Anastacia Dikovych Miguel Celeiro Nargiza Juraeva (ilustração)

EB 2,3 D. Martim Fernandes

Prof.ª Vera Palma

Prof.ª Carla Rocha

Prof ª Bibliotecário Jorge Serra

Tiago Miguel R. Rocha

Simão Miguel J Pontes Pedro Manuel Mendes Martins

Mara Filipa Duarte Monteiro Sofia Mendonça Monteiro

Luana Coelho Blanco

Ana Clara B Figueiredo Duarte Cabrita Luana Coelho Blanco (ilustração)

EB 1,2,3 Guia

Prof.ª Carla Rocha

Prof ª Bibliotecário Luís Nunes

Lucas Oliveira Santos Margarida dos Reis Veríssimo

Escola Secundária de Albufeira

Prof.ª Isabel Fernandes

Prof ª Fernanda Lamy

Prof ª Bibliotecária Ana Mónica Vieira

Lorena Beck Ielyzaveta Trotsenko

Joana Jesus Caldeirão Ana Catarina Silva André Lopes pseud

Escola Secundária de Albufeira (cont ) Ernesto Guedes pseud Homero Martins pseud. Ricardina Almerinda pseud. Egas e Becas pseud Valentina Vasconcelos pseud Carlos Morais pseud. Alberto Dias pseud Maria Gertrudes pseud Tiana Mentes pseud. Francisco Barroca Miguel Pardal Adolfo Fonseca pseud GB pseud. Apolo 13 pseud Tomás Caeiro pseud Leandro Clemente Francisco Rosário Ronaldinho Sequeira pseud Maria Vaz Zimone Olatunji pseud Bruno Barreto Tiago Filipe Groot pseud

António Shanina pseud. Carlota Frigidíssima pseud. Paco Sipi pseud Eduardo Faria pseud Gisele pseud. Juliana pseud Maria Antonieta pseud Aurora pseud.

Rodrigues pseud. Maria Monteiro pseud Lisa Belle pseud

Jessica Manuel pseud. Joacine Ventura pseud. Regina Phalange pseud Martim pseud. Antonio Roxão pseud.

No planeta ARRET, dois jovens, Pan e Aloyn, preparavam as suas fénixes para voarem até à Floresta Branca. Este era o último exame para entrarem na Ordem de Arret, protetora do planeta. Esta iniciação, decisiva para jovens candidatos, era temida e simultaneamente desejada. Nem todos conseguiam passar o teste.

Pan era determinado e extremamente inteligente. A sua melhor amiga, Aloyn, estava também ansiosa por se juntar à Ordem. Além de altamente intuitiva, era muito ágil e sábia. Faziam um par poderoso e seriam agora postos à prova na Floresta Branca, onde antigas criaturas viviam protegendo relíquias de uma história mal conhecida.

O dia estava já a amanhecer, deixando antever os planetas anões iluminados pelo sol vermelho. Pan e Aloyn subiram nas fénixes e voaram até ao seu destino. “Finalmente começámos o nosso caminho”, pensou Aloyn. As fénixes eram as mais felizes pois há muito tempo que não voavam longas distâncias, mas eles eram novos e fortes, por isso rapidamente chegaram às nuvens vermelhas era o prenúncio da “Floresta Branca”, só esta as tinha.

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Pan empurrou levemente a fénix e ela começou a descer. Uma imagem incrível abriu se diante dos jovens: era a Floresta Branca, assustadora, mas também maravilhosa. Havia uma montanha cor de laranja, que se avistava do céu, pois o seu cume sobressaía por detrás das fabulosas copas das árvores brancas, que mais pareciam uma manta de algodão. A floresta estava repleta de árvores gigantes de folhas brancas, com belos rios de cor vermelha, onde eram visíveis numerosos cardumes de peixes de diferentes espécies, algumas delas ainda desconhecidas pelos habitantes de ARRET.

Este era o lado maravilhoso da Floresta Branca. Na sua imensidão de fauna e flora, onde habitavam animais de todas as formas e cores fora do vulgar, escondiam se os mais temíveis seres, que todos os visitantes chamavam de Grunhos, por serem tão esquisitos e perigosos, com um comportamento muito peculiar, próprio daquela espécie: meio cães, meio rinocerontes, faziam com que a Floresta Branca fosse bastante assustadora.

Perdidos no mar de beleza da floresta, os jovens aterraram as fénixes junto da cascata mística de Churiben. A inexperiência e ingenuidade de Pan levaram no a ceder ao cansaço da jornada que acabara de começar e bebeu um pouco da água brilhante, mesmo apesar dos constantes avisos de Aloyn. Tinha um sabor estranho e instantaneamente sentiu uma pequena indisposição. Pensou que seria apenas o nervosismo a tomar conta de si, mas estava muito enganado. O pior estaria por vir….

Hipnotizados com a formosura da Floresta Branca, relembraram o verdadeiro objetivo: a entrada na Ordem de Arret. Era só isso que importava! Estariam dispostos a deixar tudo em terra, suor, lágrimas e sangue, para se sagrarem protetores do planeta.

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Mal anoiteceu, dirigiram se ao castelo do Rei Calahad, aquele que lhes iria ditar o último teste, o seu último esforço. Conta a lenda que, todos os anos, o Rei intimidava brutalmente os aspirantes, levando os mesmo à loucura e delírio. De todos os candidatos, só os melhores conseguiriam sobreviver. Entrando no castelo, depararam se com guardas armados em todas as entradas, janelas fechadas e uma escuridão imensa assombrava o salão principal, com centenas de outros jovens com o mesmo sonho de Pan e Aloyn. De repente, as luzes acenderam se e, como por magia, era agora visível toda a beleza e ostentação do palácio.

E então surgiu uma bela mulher, com os seus cabelos vermelhos cor de chamas, longos e ondulados, um olhar intimidador que fazia arrepiar, e vestia um belo vestido negro.

Ela apresentou se a Pan e Aloyn:

O meu nome é ecer os outros participantes.

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Animados e curiosos entraram, cada um tinha sua dupla, alguns já eram conhecidos. Pan não se conteve e foi falar com todos desejando boa sorte, porém alguns ficaram desconfiados com tal ato.

Tenho uma surpresa antes do primeiro teste, um presente de boas vindas. disse Zelda com um sorriso no rosto e direcionou os para uma sala enorme, com um banquete farto. Os partici pantes ficaram entusiasmados e qui seram logo sentar se à mesa.

Aloyn já estava a caminho, quando Pan percebeu que havia uma outra mesa, uma mais simples com apenas uns pães e água e um grupo a comer. Puxou logo o braço de Aloyn e disse lhe:

Não comas no banquete!

Ela ficou furiosa, mas logo entendeu.

Não se passaram cinco minutos, quando as pessoas que estavam sentadas e desfrutando do banquete, começaram a agir estranhamente e, repentinamente, caíram no chão. Um grupo foi a correr ajudar, mas estavam todos mortos. Então a voz de Zelda ecoou na sala dizendo: Se vocês estão aqui então é porque concluíram o primeiro teste.

A estranha mulher de cabelo vermelho fogo conduziu os sobreviventes ao seu destino, no caso de Pan e Aloyn era o famoso e tão esperado instituto Ordem de Arret. Era um edifício estupidamente grande, praticamente em ruínas, mas que desilusão!... Contudo insistiram em entrar, uma vez que esta era a tradição que persistia de geração em geração estudar na escola mais prestigiada de magia.

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Os estrondosos portões abriram se e tiveram uma visão digna de conto de fadas. Havia um enorme campo de “Féxinilia”, em que se encontravam seis jogadores montados cada um na sua fénix. O jogo consistia na construção de um mapa que se ia completando aquando novas descobertas, caso não completassem as suas tarefas, tinham como consequência a confiscação dos seus animais voadores. Esta atividade exigia muita concentração por parte dos participantes, uma vez que a qualquer momento podiam aparecer criaturas malévolas que ansiavam fazê los perder o controlo, pregando lhes partidas e desviando os do destino pretendido. A diversão passava por diversas fases e tinha como duração uma semana. Como preparação para a primeira fase, precisavam de ultrapassar um campo de areias movediças até chegarem às suas fénixes e este era o ponto de arranque, o qual apenas os mais corajosos eram capazes de prosseguir.

De repente, ouviu se uma buzina que indicava o início da competição. Começaram a avançar os primeiros concorrentes. Mas, como era de esperar, Zelda tinha um “feitiço na manga ” . Numa fração de segundos, Pan e Aloyn viram quatro dos participantes serem transformados em mutantes. Os amigos avançaram com cautela, com receio de novos perigos. Chegaram, finalmente, ao primeiro obstáculo. Aloyn não deixou Pan prosseguir, pois sabia que algo estaria para vir e que, se entrassem nas areias, não conseguiriam resistir. Assim, a inteligente rapariga começou a olhar em redor e deparou se com uma grande pedra, ao seu lado umas grandes lianas penduradas numa árvore. Pan começou a cortar as trepadeiras e enrolou as na pedra para, depois, lançá las para uma árvore da outra margem, enquanto a jovem arranjava madeira firme para os dois poderem deslizar sobre a liana. Posteriormente, mergulharam os troncos numa poça de saliva deixada pelas fénixes para ajudar na deslocação. Quando deram por si, os seus corpos estavam carregados de adrenalina e já estavam suspensos no ar a escorregar até à outra margem. Chegando a terra, olharam para trás e viram um cenário horrível à sua frente apenas seis companheiros tinham sobrevivido...

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Perante o medo de falhar neste teste, e devido à sua enorme vontade de entrar na Ordem de Arret e tornarem se protetores do planeta, vários participantes ficaram estagnados na margem de origem, observando os seus adversários mais impulsivos e ambiciosos a cair nas armadilhas de Zelda. Este cenário era medonho, visto que, para além das areias fazerem desvanecer os concorrentes que por lá passavam, ainda os transformavam em mutantes, garantindo que, desta forma, estes não se escapavam de uma morte lenta e aflitiva. Nesta fase, destacaram se Aloyn e Pan pela sua audácia e destreza perante os obstáculos. Eram bastante perspicazes e cautelosos e, por isso, foram os primeiros a encontrar um modo de sobreviver ao desafio proposto, servindo de inspiração a todos os concorrentes que conseguiram sobreviver.

Ao anoitecer desse mesmo dia, que no pensamento destes dois amigos não se poderia tornar mais desafiante e mágico, depararam se com a magnífica e misteriosa “Gruta VEX”, revestida por cristais extremamente reluzentes onde apenas se atreviam a entrar os mais corajosos da história da magia. Só Pan, Aloyn e outros dois pares de participantes tiveram a audácia de enfrentar este obstáculo para se tornarem membros da família da Ordem de Arret: encontrarem o cristal refletor do seu par, no meio de tantos existentes na gruta, de forma a evitar a eterna loucura.

Aloyn deparou se com múltiplos reflexos de Pan nos cristais e, na tentativa de encontrar o seu melhor amigo, decidiu observar atentamente cada figura que lhe aparecia na esperança de o cumprir, e quando tudo parecia estar perdido, uma luz ofuscante cobriu um “dos Pan”. A jovem seguiu o seu instinto e avançou em direção à luz. Quando deu por si, estavam os dois reunidos na saída do labirinto, acompanhados por Zelda que anunciava com entusiasmo que eles e o outro par sobrevivente seriam, pela sua capacidade de observação dos detalhes e confiança, os últimos competidores pelo prémio. Aloyn e Pan olharam um pouco intimidados para os gémeos, que devido aos seus laços de sangue partilhavam uma telepatia inegável, o que se poderia tornar uma enorme ameaça à sua vitória…

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Restava ainda um número de desafios indefinido e o par de amigos sentia cada vez mais a pressão causada pela extrema capacidade e conexão inigualável entre os gémeos. Estes agiam com um nível de coordenação tão assustador que pareciam ser uma única pessoa, ou então seres de outro universo, tal a calma e certeza que demonstravam perante os perigos que se apresentavam à frente deles. Mesmo não revelando aos rivais, tinham receio que estes se tornassem o novo par da Ordem Arret, mas o objetivo de se sagrarem protetores do planeta concedia lhes esperança. Eles reconheciam que, se não conseguissem lidar com qualquer obstáculo, fosse de que tipo fosse, não haveria motivo para continuarem na competição.

Pan e Aloyn discutiam:

Teremos capacidade mental suficiente para enfrentar os gémeos na próxima prova? questionou Pan, tentando esquecer as inseguranças que se faziam ouvir no fundo das suas consciências, e encontrando a confiança necessária para continuarem a o olhar um para o outro.

Zelda olhou para os dois pares de modo intimidante:

- Vamos passar para o último obstáculo afirmou. Este parecia ser o mais fácil de todos: chegar ao topo da Montanha Cor de Laranja. Ambos os pares, conhecendo Zelda, desconfiaram logo deste desafio. Contudo, não havia mais tempo e achando que seria mais seguro, os quatros concorrentes decidiram prosseguir em frente juntos. Ao longo do seu caminho ouviam ruídos avassaladores de uma criatura jamais conhecida. A sua intuição não os estava a enganar.

Ao chegarem ao cume da Montanha os barulhos ficaram cada vez mais intensos e de repente, quando os dois pares se voltaram para trás, depararam se com um ser mítico: a Hydra. Foi então que esta avançou para devorá los com as mandíbulas que pareciam capazes de mastigar aço.

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Sem tremer perante aquela criatura, os quatro jovens desviavam se e defendiam se habilmente das cabeças. Percebendo que não conseguiriam vencer a luta, mesmo estando unidos, fugiram para o interior da floresta, enquanto o monstro os perseguia, destruindo tudo o que à sua frente encontrava.

Depois de alguns minutos que pareceram horas, lutando pelas suas vidas, o pequeno grupo avistou um rio e, ao seguir a sua corrente, descobriram uma cascata. Foi então, que perceberam que os quatro pesquisadores teriam de fazer uma escolha: continuar a sua fuga na floresta ou saltar da cascata para despistar o monstro.

Os dois pares uniram se e decidiram que o mais justo era saltarem todos da cascata para despistarem o monstro. Fecharam todos os olhos, deram as mãos e saltaram. Assim que os abriram repararam que, como por magia, foram parar ao átrio do castelo. Zelda estava diante deles e apenas disse: Conseguiram transpor o teste com sucesso.

Passaram-se dois dias e o próximo desafio estava cada vez mais perto. Estavam Pan e Aloyn nos seus quartos a descansar, até quando que receberam um bilhete por debaixo da porta, que dizia: “Preparados para o próximo desafio? Apareçam amanhã às seis da manhã no átrio”.

O dia estava a começar e dirigiram se ao átrio para que lhes fossem entregues os pergaminhos com os seus destinos. Neles via-se escrito: “Chegaram ao vosso próximo desafio, cheio de desafios! MUAH AH AH AH AH! Dentro de trinta minutos irão ser enviados para Plank, uma zona fechada da Floresta Branca, cheia de artimanhas novas e desconhecidas. Será o último desafio de equipas, apenas uma passará”.

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As equipas chegaram a Plank e repararam que o sítio estava dividido em três zonas. Numa delas o clima era tropical, noutra era frio e tinha neve e a última parecia se com um templo enorme em que quando lá entrasses não saberias o que esperar.

Desta vez decidiram separar-se, Pan e Aloyn seguiram para a zona tropical, enquanto que a outra equipa foi para a zona fria. O par de amigos explorou a zona, mas não encontrou nada de incomum nem perigoso. Devido a isso, ambos ficaram bastante desconfiados e com receio que de repente aparecesse alguma criatura feroz que eles não pudessem combater, mas, devido à sua coragem, continuaram a explorar na esperança de encontrarem algum desafio. Ao anoitecer, ainda não tinham encontrado nada e foram dormir. O que eles não sabiam é que o primeiro desafio iria ser durante a noite.

Estava escuro e húmido, o chão tremia e sentia se algo a aproximar. Os amigos acordam e ouvem um bando de macacos a correr na sua direção, eles tentam fugir, mas os animais são mais rápidos. No meio daquela macacada toda, sem se aperceberem, os primatas pegaram neles e levaram nos para uma gruta. Caiu um silêncio sobre eles, estava tudo escuro e os macacos desapareceram num raio de luz. Com as suas mãos apalparam as paredes da gruta para achar uma saída, parecia impossível. Entretanto acharam uma tocha e conseguiram acendê la. À volta deles encontrava se o primeiro desafio.

Estava diante deles um labirinto de laser, para o passarem tinham que tomar diferentes posições, sempre sem tocar na luz vermelha, caso contrário, podiam queimar se. Os dois olharam um para outro e decidiram jogar uma pedra para verificar o que acontece e viram, assustados, que da pedra restavam somente cinzas. Criou se ali um ambiente nada agradável, pois os dois estavam bem conscientes do que podia acontecer. Quando de repente, no outro lado do desafio apareceu uma luz a vir na direção deles.

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Ao verem essa luz, ambos os jovens desconfiaram e decidiram que não iriam naquela direção, quando chegaram ao final deste outro túnel depararam se com a Montanha Cor de Laranja. Quando acabaram de escalar a Montanha e, finalmente chegaram ao seu cume, viram as suas fénixes à sua espera para os levar para o novo desafio. A caminho do novo desafio, Aloyn começou a duvidar das suas capacidades, e, apesar de muito inteligente e astuta, a jovem continuava com medo do que lhe poderia acontecer.

Não tens medo? perguntou Aloyn a Pan. Pan contraiu se e respondeu lhe: Claro que tenho medo, nunca se sabe o que pode estar à nossa espera e o que Zelda pode ter preparado. Não te preocupes, crescemos juntos, sabemos os pontos fortes e fracos de cada um, vai tudo correr bem.

No resto da viagem ambos permaneceram calados, a ponderar o que poderia esperá los. Quando as fénixes começaram a abrandar, os jovens repararam que por baixo deles se encontrava o imenso “manto de algodão” que tinham visto ao chegar à Floresta Branca. Quando finalmente se encontraram em terra firme voltaram a ver Zelda.

Bem vindos à vossa última tarefa antes de se juntarem à Ordem de Arret disse a mística mulher os gémeos não devem tardar a chegar. Descansem antes de iniciarem o desafio, vão precisar de toda a energia possível.

Quando, finalmente, os gémeos se juntaram a eles, Zelda anunciou o último e derradeiro desafio. Este desafio consistia na junção de todos os desafios anteriores e ainda outros obstáculos desconhecidos. Ambos os pares se sentiam bastante nervosos com estes desafios, neste último desafio instalaram bancadas na imensidão branca, daí podiam avistar os seus pais e amigos.

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Zelda preparava se para anunciar o derradeiro desafio, quando repentinamente o Rei Calahad falou:

Estes jovens já passaram por muito, apresento as minhas condolências a todas as famílias que perderam filhos, irmãos e muito mais nestes desafios. Garanto lhes que este último desafio não será tão mortífero como todos pensam. Poderão usar tudo o que encontrarem no local que vos ajude a ultrapassar os desafios, e poderão ainda recorrer às vossas fénixes uma vez apenas. Boa sorte a todos os concorrentes e que ganhe o melhor par!!!

Com isto ouviu se uma sirene a determinar o início do desafio final. Na primeira fase os jovens sabiam que não podiam comer a comida mais apelativa que viam e foi bastante fácil para ambos os pares. Desta vez de areias movediças, os jovens depararam se com lava, por isso desta vez não podiam fazer como tinham feito anteriormente. Pan e Aloyn decidiram não chamar as fénixes visto que não sabiam que novos desafios tinham sido introduzidos no percurso, em vez disso treparam as árvores de folhagem branca onde encontraram um tipo de fruto que não conheciam. Este fruto dizia: “Come me ” , os jovens bastante intrigados decidiram dar uma dentada nos tais frutos, verificaram que não lhes tinha acontecido absolutamente nada, com isto Pan exclamou:

Quem me dera ser um macaco para poder balouçar me nos ramos.

Segundos depois de acabar a frase, Pan sentiu se bastante indisposto e vomitou. Quando finalmente se recompôs e olhou para Aloyn esta gritou de espanto.

Pan o que se passa??? Estás bem??

- Estou ótimo exclamou o jovem esta fruta deve permitir-nos transformarmo nos em qualquer animal que quisermos.

Aloyn ficou confusa, mas acabou por comer a tal fruta misteriosa, tal como Pan vomitou, mas logo depois transformou se numa linda arara branca.

Pega num pedaço de fruta e traz contigo disse Aloyn a Pan pode vir a ser nos útil.

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Quando finalmente chegaram ao fim do enorme rio de lava, viram que os gémeos ainda não tinham ultrapassado este desafio e sentiram se confiantes, ainda sem saberem o que os esperava. Seguindo a ordem de acontecimentos agora enfrentariam a mística “Gruta Vex”. Assim foi, depois de uns minutos a andar depararam se de frente com a entrada rochosa. Contudo, Pan começava a ser consumido por medo, não sabia porquê, apenas sabia que algo não estava correto. Assim como fez durante a viagem, não mostrou o que sentia a Aloyn e ainda procurou dar lhe alguma confiança.

A gruta era exatamente igual à memória que dela guardavam, apenas com uma pequena, talvez grande, diferença. Não tinha cristais. Como é que podiam passar num desafio que nem o objetivo conheciam?

Aloyn virou se para debater como iriam proceder e o desafio tornou se claro. Pan não estava ali, tinha desaparecido. Desta vez não tinha de encontrar um cristal que refletisse o seu amigo, tinha de encontrar o seu amigo.

Pan, por outro lado, não percebera o que aconteceu, estava sozinho e apertado, num lugar frio e húmido. O medo que já estava a sentir em segredo, intensificara se. Começava a ver coisas, era percorrido por arrepios e tinha suores frios que sentia descer pela espinha. No meio dos delírios apareceu uma memória verdadeira, a explicação do que lhe sucedia. Era ele, a ser aconselhado a não beber a água brilhante de Churiben e depois a ser advertido por tê-lo feito.

Aloyn olhava em seu redor ainda espantada com o acontecimento, mas rapidamente recomeçou a caminhar, decidiu que iria encontrar o amigo, a qualquer custo.

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Tropeçava, o chão estava húmido, a gruta estava cada vez mais escura, agora tinha água pelos tornozelos, a gruta começava a estreitar. Aloyn já estava sem esperança, quando olhou para o longo caminho e perguntou se se aquela gruta tinha saída, mas foi quando viu ao longe uma luz verde.

Acabou por chegar a uma câmara, a água já lhe chegava aos joelhos, a câmara estava cheia de água e no seu centro estava Pan, inconsciente, a flutuar, a gruta estava iluminada com uma estranha luz, densa, que fluía no ar e coloria de verde a atmosfera da gruta, tinha uma origem incerta…

Aloyn aproximava se, com esforço de Pan, a água parecia estar a lutar contra ela. Pan começou de repente a girar na água muito rápido, e à medida que girava ia afundando se. Aloyn não hesitou, mergulhou e ao fim de algum tempo conseguiu chegar a Pan agarrou se a ele, giravam como se fossem o centro de um remoinho.

Pan continuava inconsciente, começava a girar mais lentamente, até que parou de girar e começou a afundar se a pique, e Aloyn agarrou se com todas as suas forças a Pan. Aloyn sentiu que tudo estava perdido mas não ia abandonar o amigo, os olhos já não aguentavam estarem abertos, a água começava a exercer a sua pressão e Aloyn desmaiou…

Estava muita luz, conseguia se ver umas árvores mais à frente, ouvia se um barulho ensurdecedor, Aloyn olhou para o lado e ao seu lado estava Pan, Aloyn olhou para trás e viu primeiro uma poça de água brilhante, e depois uma grande cascata, a cascata de Churiben... Aloyn tenta despertar Pan, supõe que está em paragem cardiorrespiratória e faz lhe respiração boca a boca, mas este continua inconsciente! Sente se muito cansada, pois está a ficar sem as poucas forças que lhe restam. Está quase a desistir de reanimá lo... Quando, repentinamente, Pan tosse, e, ofegante, começa de novo a respirar. Tem os olhos vermelhos e expele água pela boca.

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Nesse momento, Aloyn volta a sentir novas energias, deita se ao lado de Pan e dá lhe um abraço de esperança e cheio de vida renovada. Interiormente, sente uma felicidade inexplicável.

Por momentos, descansam para recuperar energias e ganhar fôlego. Adormecem! O ruído intenso da cascata Churiben desperta os, levantam a cabeça, trocam um olhar vitorioso e erguem-se para continuar a longa jornada que os espera.

A seguir, corajosamente, exploram a cascata e descobrem uma passagem que os conduz a dois caminhos. Do lado direito há um caminho calmo, rodeado de árvores carregadas das mais variadas frutas, já maduras. Do outro lado, o caminho é muito sombrio, onde só é possível ver a pouco distância. Ficam indecisos...

Depois de terem analisado a situação cuidadosamente, Aloyn lembra se do que Zelda dissera deste desafio e sobre terem que usar todas as capacidades que usaram anteriormente levando os a escolher o lado que lhes exigia melhor visão e concentração, o seu lado esquerdo e mais racional do cérebro. Assim, determinados, Aloyn e Pan prosseguem o seu caminho sempre com algum receio mas confiantes que tudo ia correr bem.

Estava tudo a correr maravilhosamente até Pan começar a sentir fome. No meio daquela escuridão onde é que eles iam arranjar alimento e que fosse seguro de comer?! Abraçados um ao outro para não se perderem, concentraram se ao máximo para ver o que havia por ali que pudessem trincar em segurança. Passado algum tempo encontraram umas amoras. Apesar da fome, mas sem esquecerem o seu verdadeiro objetivo, observaram nas bem para ver se havia alguma armadilha, e até lhes atiraram pedras que apanharam do chão a fim de verificarem se não ficariam presos nalguma espécie de ratoeira… mas não, era seguro comê las.

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Depois de satisfeitos com o inesperado e fresco petisco e munidos das suas forças, prosseguiram durante algum tempo e ao chegarem ao que parecia ser o final do caminho, duas fadas apareceram. A primeira indicava uma luz azul brilhante e tão reluzente que quase os hipnotizava, a segunda fada emanava uma luz mais dourada, mais quente mas igualmente hipnotizante e maravilhosa mas no seu todo, diferente da primeira fada. Aloyn e Pan sabiam que só lhes restava um sentido, usar a sua cuidada visão e observarem nas bem. Depois de algum tempo de observação repararam que a segunda não usara pó mágico para voar e algo de estranho se passava. Decidiram então seguir a luz da primeira fada.

Mas… começaram a questionar se: os gémeos? Será que tinham chegado primeiro? Se tínhamos apenas que usar os sentidos anteriores porque é que ainda não conseguimos? Seria este mais um truque para os enganar?

Estavam a ficar cansados de correr atrás da fada que voava muito rápido, sem sequer olhar para trás. Aloyn, ágil como era, conseguia desobstruir rapidamente o caminho dos pequenos obstáculos que surgiam do nada, ramos de árvores de folhas brancas caídos no chão, flores de estalagmites que nasciam como cogumelos e coelhos com lindas asas coloridas a voar por ali. Era a Floresta Branca!

Enquanto a seguia, Pan respirou fundo e pensou “Queria tanto ter a minha fénix aqui comigo, que ideia parva não a ter trazido… ” .

Puff! Numa nuvem de gomas coloridas que depressa se desvaneceram, surgiu Yoshi, a sua fiel fénix que estava consigo desde que nascera.

- Que felicidade, que alegria! Espera… é isso! gritou Pan tão alto que Aloyn até saltou de susto.

Rápido, não pares! diz Aloyn. Escuta com atenção o que te vou dizer. Dá me a mão, fecha os olhos e respira fundo. Pensa no final da meta, concentra te, foca te Pan sorriu e gritou de entusiasmo Podes abrir os olhos Aloyn, abre os olhos!

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Aloyn abre os olhos e depara se com uma imensidão de terra e enormes rochedos cor de laranja. Estavam no cume da Montanha Cor de Laranja… Aquilo era maravilhoso eles estavam estupefactos com todos aqueles rochedos cor de laranja. De repente, Zelda apareceu e disse “Os gémeos ainda não chegaram. Isso quer dizer que já temos mais duas pessoas para a Ordem de Arret”.

Pan e Aloyn ficaram tão contentes que nem queriam acreditar que era verdade, que faziam parte da Ordem de Arret, e depois foram nas suas fênixes a voar pelos céus maravilhosos com Zelda. Chegando lá foram comer e depois dormir para recarregar energias, já que, agora, tinham de salvar o planeta juntos com a Ordem de Arret.

Apesar de já participarem na Ordem de Arret, sentiam que ainda tinham de fazer uma coisa…o que mais ninguém esperava, ajudar os gémeos. Perguntaram ambos a Zelda se podiam voltar para trás e tentar encontrar os gémeos. E assim o fizeram, seguiram viagem nas suas fénixes. Só de pensarem que teriam de passar por todos os desafios pela terceira vez, ficavam logo arrepiados, mas ambos tentavam esconder isso e pensar naquele que era o seu verdadeiro objetivo.

Passaram por todos os desafios, mas não encontravam nada nem ninguém, até parece que tudo o que havia na Floresta Branca era apenas uma coisa passageira e que só acontecia enquanto houvessem candidatos, e Pan logo pensou:

- Se a Floresta Branca só é a Floresta Branca enquanto há candidatos, isso significa que, ou os gémeos desistiram ou então morreram como todos os outros. Mas Pan deixou esse pensamento apenas para si uma vez que se o dissesse a Aloyn, iriam ambos ficar desmotivados e logo iriam desistir. É então que começam a ver os vestígios como se alguém estivesse estado ali há horas… e imediatamente pensam, que no desafio em que tinham de escolher o caminho certo, os gémeos poderiam ter ido pelo outro caminho e por isso não os tinham visto

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Rapidamente chegaram de novo ao local onde tinham que escolher entre os dois caminhos e desta vez optaram pelo caminho calmo, rodeado de árvores carregadas das mais variadas frutas já maduras, mas sempre com receio que algo corresse mal, uma vez que sabiam que aquele não era o caminho que os levava ao final do percurso, mas lá foram... no início, não viam nem ouviam nada, mas depois de algumas horas a procurar, começaram a ouvir algo. Eram os gémeos. Eles estavam sem fome e sem sede mas também sem forças para continuar, pois ficaram presos no meio daquele labirinto que parecia não ter fim. Para sair de lá era um inferno. Os gémeos ouviam Pan e Aloyn, conseguiam ouvir se e falar mas não se conseguiam ver.

Após algum tempo, conseguiram finalmente chegar perto uns dos outros, já estavam todos juntos... o problema agora era como iriam sair dali... não podiam ir por cima do labirinto uma vez que tinha uma barreira invisível, a única opção agora era voltar para trás ou tentar encontrar um novo caminho para a frente, mas esse iria ser um problema porque olhando em frente ouviam se barulhos que pareciam ser criaturas ferozes...

Decidiram então continuar em frente, visto que nem conseguiam encontrar o caminho para o lugar inicial. Andaram por entre os densos arbustos de modo astuto sem parar. Queriam desesperadamente acabar com aquele sentimento de nervosismo que surgia à medida que andavam sem um destino em concreto. Pan sentia se cansado, então de modo entediante foi passando a mão delicadamente pelos arbustos, sentindo as pequenas folhas frágeis percorrerem as ranhuras de sua mão. Quando de repente, sentiu um pequeno declive. A sua mão afundou no meio das plantas, soluçou em sobressalto. Descobriram então que os arbustos escondiam caminhos secretos, que possivelmente, se os seguissem, encontrariam a saída daquele labirinto infernal.

Não lhes restando mais opções, entraram de modo cuidadoso não tendo ideia do que poderiam encontrar. Um largo túnel azul, com pequenas flores esgueirando se pelos empecilhos do teto deitam um leve odor relaxante.

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A luz, avistada ao final desse mesmo túnel é azul, criando então um ambiente de paz. Podem observar se pequenos brilhos azuis pelo ar, isso devido ao pólen jorrado pelas mais variadas flores que se embatem contra a luz azul um tanto quanto ofuscante.

Nesse ambiente de paz, tranquilidade e luz azul ofuscante, a meio do caminho deparam se com as duas fadas, dourada e azul, que Pan e Aloyn já tinham encontrado e conheciam. Sabendo que tinham de seguir a fada azul, mais uma vez, fazem no e no final do caminho encontram se com Zelda, que diz: Só uma dupla pode entrar para a Ordem de Arret, pois então aqui vai o último desafio para ver qual das duplas vai ser a grande vencedora.

A prova era simples, era apenas uma corrida de fénix. As duas duplas teriam que dar a volta toda á Floresta Branca e chegar até ao pico da Montanha Cor de Laranja onde era a meta.

Pan e Aloyn, bem como os gémeos, estavam desconfiados, pois Zelda tinha sempre “ um truque na manga ” . Mesmo assim aceitaram o desafio, mesmo estando cansados. Assim que ouviram soar a buzina, partiram desconfiados e com muita atenção.

Zelda, queria por tudo que ninguém ganhasse esta prova, por isso armadilhou o percurso até à Montanha Cor de Laranja. Espalhou por todo o lado plantas carnívoras, mosquitos asiáticos e até pedregulhos enormes a rebolar em zonas de declive. E com isto, nenhuma dupla conseguiria chegar à meta.

Quando Pan e Aloyn chegaram à zona que estava repleta de mosquitos asiáticos, refugiaram se numa cabana que parecia estar abandonada. Porém, não estava. Vivia lá um velho feiticeiro muito conhecido, cuja morada ninguém sabia. O velho feiticeiro questionou lhes o que faziam ali e ameaçou os.

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Os dois pediram perdão e explicaram lhe a situação, até que tiveram a ideia de o feiticeiro lhes lançar um feitiço para desaparecerem dali e aparecerem na meta. E o feiticeiro fez lhes esse favor.

Os gémeos tinham ficado para trás, vinham a chegar à meta, onde estava Zelda, quando graças ao feitiço, Pan e Aloyn aterraram em cima da fita que finalizava a corrida. Zelda irritou se e deu um berro que fez estremecer toda a montanha. Não querendo acreditar no que via, Zelda teve de se render e contrariada entregou as medalhas “Protetores do Planeta Ordem de Arret”. Radiantes de energia contagiante, Pan e Aloyn celebravam juntos a entrada na Ordem de Arret. Zelda ainda chorava desalmadamente, pois sabia que provavelmente o seu cargo iria ser substituído por Pan e Aloyn. A partir de agora, quem os visse na rua, não lhes poderia chamar apenas Pan ou Aloyn, teriam de lhes chamar “Protetores do Planeta”.

A vitória foi mais que justa, pois estes amigos foram muito sábios e perspicazes durante todas as provas.

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No planeta ARRET, dois jovens, Pan e Aloyn, preparavam as suas fénixes para voarem até à Floresta Branca. Era o último exame para entrarem na Ordem de Arret, protetora do planeta. Esta iniciação, decisiva para jovens candidatos, era temida e simultaneamente desejada. Nem todos conseguiam passar o teste.

Pan era determinado, e extremamente inteligente. A sua melhor amiga, Aloyn, estava também ela ansiosa por se juntar à Ordem. Além de altamente intuitiva, era muito ágil e sábia.

Faziam um par poderoso e seriam agora postos à prova na Floresta Branca, onde antigas criaturas viviam protegendo relíquias de uma história mal conhecida.

O dia estava já a amanhecer, deixando antever os planetas anões Iluminados pelo sol vermelho. Pan e Aloyn subiram nas fénixes e voaram até à Floresta Branca.

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Quando lá chegaram depararam se com Elayne e Edson, de um grupo rival. Elayne era perspicaz e destemida, o cérebro do par, já Edson era aventureiro e divertido, sendo ele os músculos dos dois, ninguém os parava, eram considerados o par mais forte. Ao vê los, Pan e Aloyn sentiram se intimidados e por isso mesmo estavam decididos a dar luta.

A hora da prova da Floresta Branca estava a aproximar se cada vez mais e os pares esperavam pelo mensageiro, que iria trazer as instruções sagradas da Ordem. Quando este chegou, abriram o seu respetivo envelope e colocaram se a postos para dar início à prova, não se deixavam consumir pelos nervos, mostrando se cada vez mais determinados. Todos subiram para as suas fénixes e quando menos esperavam o júri deu início à partida.

Sentindo os nervos a percorrer o seu corpo, Pan acabou por ser o último a partir. Quando recuperou os seus movimentos deu um toque com o pé esquerdo à sua fénix fazendo a voar num só movimento de asas. Esta seguiu velozmente atrás dos outros candidatos, que já levavam uma grande vantagem. Edson, que liderava a corrida, passava rapidamente entre montanhas e por vezes até pinheiros, os espetadores estavam delirantes com o que o jovem fazia, pois estava perto de contornar o pico da montanha mais alta, conhecida como Gaya. Esta era temida pelas lendas que se contavam em todo o planeta ARRET, algumas diziam que nela habitava um gigante, outras diziam que a montanha era na realidade um dos antigos Titãs que outrora lutaram contra poderosos deuses.

Logo atrás de Edson viam se os outros desafiantes, Aloyn e Elayne chocavam uma contra a outra, tentando realizar uma ultrapassagem. Agora mais calmo e concentrado na vitória, Pan realizava manobras que desafiavam as leis da física, levando júris e o público ao rubro e prestando mais atenção ao rapaz.

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De repente ouviu se um enorme trovão, semelhante ao som de um martelo a bater numa bigorna. Edson olhou para o centro da montanha, vendo um olho a abrir e os nervos tomarem conta do seu corpo, desmaiando, ficando inconsciente durante uns bons minutos.

Edson?! Ouve se um eco.

Edson despertou com esta saudação repentina assustando se, recolhendo todo o seu corpo contra o que pareciam ser paredes dentro de uma montanha, pois havia trepadeiras, insetos e frio, quase como humidade, e debaixo dos seus pés sentia musgo. Reparou que estava descalço, tiraram lhe os sapatos e vestiram no com uma bata antiga, amarelada e com alguns buracos.

Ao seu lado via a sua fénix adormecida, num sono profundo como se por magia tivesse entrado num transe. Edson estava confuso, estaria a sonhar? E a corrida? Ninguém havia dado por sua falta? Um batalhão de perguntas passavam como raios pela sua cabeça à procura de resposta mas sem sucesso.

Após refletir durante muito tempo sobre o que se tinha passado, Edson tentou levantar se, mas algo no seu corpo lhe trazia muita dor e desconforto, nunca tinha sentido nada assim. Porém, tinha o pensamento focado em encontrar respostas para as suas perguntas. Então, fazendo um enorme esforço e ignorando toda a dor que sentia saiu daquele estranho lugar, mas assim que pôs o pé fora da porta apercebeu se de que não estava em ARRET, as pessoas que o rodeavam eram diferentes e mais distantes, comparando com aquelas que ele conhecia no seu planeta.

Decidiu então perguntar a um dos desconhecidos que lugar era aquele, aproximou se de uma senhora e perguntou: Sabe dizer me em que planeta me encontro? A mulher fez uma expressão confusa, olhou o de cima a baixo com desconfiança, ignorou a pergunta e continuou a andar.

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Após questionar algumas pessoas ao seu redor, Edson foi mal sucedido, pois ninguém lhe tinha respondido e apercebeu se de que talvez não falassem a mesma língua, talvez a sua aparência no momento os estivesse a assustar, visto que se encontrava mal vestido e sujo. Decidiu então partir em busca de respostas sobre o que lhe havia acontecido e principalmente em busca de ajuda para acordar a sua fénix que se encontrava num sono profundo. Enquanto vagueava pelas ruas deparou se com algo cintilante, eram fogos fátuos. Decidiu segui los e acabou por ir dar a uma casa antiga onde encontrou uma velhinha que parecia bruxa. Após uma longa conversa entre os dois, Edson chegou à conclusão de que não se encontrava mesmo no seu planeta. De acordo com a explicação da velhinha, a montanha Gaya tinha no seu interior uma espécie de portal que, ao ser atravessado, permitia aceder a outro planeta. Depois de Edson implorar à bruxa que o ajudasse a regressar, esta decidiu fazê lo em troca de um objeto precioso que apenas existia em Lumour, um lugar sombrio e sinistro.

Guiado pela vontade de ganhar a corrida inacabada e de voltar ao seu planeta, Edson embrenhou-se por bosques sombrios com árvores estranhas e lianas que pareciam querer puxá lo para fora daquele sítio. Acabou por parar na frente da caverna que a bruxa descrevera e onde iria supostamente encontrar o precioso artefacto. Mas bastou chegar perto da entrada que ouviu um grito estridente e uma voz que dizia:

QUEM OUSA ENTRAR NOS MEUS APOSENTOS SEM TRAZER UM PRESENTE?

Edson gelou ao ouvir aquela voz, mas a vontade de regressar ao seu mundo superou o medo e trémulo respondeu:

Eu vim de outro planeta e para regressar preciso de um objeto precioso que está nesta caverna. O que queres em troca para mo dares e me ajudares?

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Ao que a voz respondeu:

Vejo que também encontraste aquela bruxa. Fui enganado por ela e acabei aprisionado neste lugar. Ela só quer o anel, o tal objeto precioso que lhe vai devolver os poderes. Também eu vim de outro mundo e cruzei me com ela. Ela disse que me ajudava se lhe levasse este anel. No entanto, não me alertou para os perigos que iria enfrentar. O anel está enfeitiçado, quando lhe toquei fiquei neste estado e contra a minha vontade tornei me no seu guardião. Só poderei ser libertado se beber a água da fonte sagrada que está guardada pela serpente das sete cabeças. Se me deres um pouco dela dar te ei o anel.

A criatura saiu devagar da escuridão e Edson ficou horrorizado com o seu aspeto. Aparentava ter mais de dois metros de altura, era coberta de pelos escuros, tinha garras e dentes afiados e apoiava se em quatro patas. Edson ficou tão assustado que não conseguia mover um músculo sequer. Apesar da aparência horripilante, notou que a criatura tinha uns belos olhos azuis que transmitiam uma certa paz e serenidade, por isso tomou coragem e questionou a criatura:

Consegues mostrar me o caminho para a fonte sagrada?

A criatura ficou hesitante no início porém o desejo de voltar à normalidade e livrar se daquele pesadelo era maior, então respondeu: Sim, porém ainda ninguém conseguiu derrotar a serpente das sete cabeças, é demasiado arriscado e corremos um grande risco ao tentar enfrentá la.

EU PRECISO DAQUELE ANEL!!! É a única maneira de eu conseguir regressar para Arret, por favor ajuda me! pediu Edson.

- ARRET? - perguntou a criatura com uma expressão confusa. Enquanto caminhavam em direção à fonte, onde a serpente permanecia, falaram sobre a terra mãe de Edson. Descobriram que ambos eram da mesma cidade e que tinham andado na mesma escola de voo, onde se aprende montar e voar as fénixes. Finalmente, chegaram à entrada do parque onde estava a fonte. Edson e a criatura respiraram fundo. Tomaram toda a sua coragem e entraram cautelosamente.

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De seguida, embora aterrorizados, aproximaram se da serpente, mas para seu grande espanto esta não reagiu à sua presença.

Ó serpente das sete cabeças, deixai nos passar para eu beber a água sagrada da fonte e assim voltarei ao meu planeta. Exaltada, a serpente começou a deitar fumo pelas suas narinas e com a sua voz rouca disse:

Meu rapaz, pensavas que te iria pedir para realizarmos um duelo frente a frente, mas na verdade irei pedir que um de vós se atreva a realizar um enigma milenar e só têm duas tentativas para o desvendar.

Depois de pensarem durante algum tempo, acabaram por aceitar o desafio e a serpente começou a divulgar o enigma:

“Um Barco está parado no mar. Na sua popa há uma escada com 10 degraus, 4 destes estão submersos. A distância de cada degrau é de 10 cm. A maré sobe 10 cm por hora. Quantos degraus ficarão submersos ao fim de uma hora?”

Depois de muito pensar, Edson respondeu:

Visto que a maré sobe, o barco também irá subir, deste modo o número de graus submersos não se altera.

Assim que Edson disse isto, a serpente desfez-se em areia e o caminho para a fonte sagrada foi aberto.

Queres vir connosco? perguntou Edson a Pablo.

Sim, já estou farto deste feitiço. Quero voltar à civilização.

Avançaram com cuidado e avistaram uma floresta para a qual se encaminharam. Lá dentro Edson reparou que as criaturas que a habitavam eram extremamente diferentes daquelas que existiam no seu planeta original. Em vez de se sentir com medo ou intimidado com a nova fauna e flora, Edson ficou intrigado mas esperava poder voltar ali outra vez posteriormente, não com drama mas em harmonia.

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Mais à frente, já dentro do “coração” da floresta deparou se com um desfiladeiro, no fundo do qual estava a fonte sagrada. Contente por ter finalmente encontrado o que tão arduamente procurara, começou a descer um desfiladeiro rumo à saída daquele mundo. No entanto as suas peripécias ainda não tinham terminado. É que no fundo estavam vários Cérebros (cão gigante com três cabeças, pertencentes a Hades, deus do submundo, que naquele momento batia a sua habitual sestazita). Edson ouvira falar de Cérebros, conhecia o como um monstro feroz que protegia o Submundo de Hades. O que faria ali tal criatura? Edson e Pablo assustados com tal presença tentam passar sem fazer barulho, mas a mesma já sabia que eles lá estavam. Cérebros acorda e estava prestes a atacar os rapazes até que se ouviu bolhas a sair da fonte. Da fonte sagrada saí Leviatã, um monstro bíblico que ataca Cérebros e arranca uma das suas cabeças.

A tensão da luta era tanta que as paredes do desfiladeiro estavam a partir. Estavam a presenciar uma luta de animais divinos. Até que Pablo levou com o sangue de Leviatã e o mesmo se evaporou na pele a arder. O sangue da besta corria por si e Leviatã, que havia desaparecido, estava agora no espírito de Pablo.

Como a sua vontade de voltar para casa era mais forte, Edson não deixou a criatura controlar o seu corpo, expelindo a para fora de si. O espírito do Leviatã, indefeso e sem um hospedeiro, morreu levando todos os monstros consigo, os seus subordinados.

De seguida, cansado e ensanguentado Edson foi à fonte e encheu o seu cálice de água, dando a a Pablo como prometido, ganhando o respeito dele. Decidiu percorrer o caminho de volta ao portal com ele para que pudesse voltar para casa.

Depois de um árduo e cansativo progresso, começaram a avistar um círculo com uma orgia de cores e Edson logo reconheceu o portal por onde tinha passado ao cair com a fénix.

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Ficou tão feliz por poder voltar a casa que abraçou Pablo agradecendo lhe e assim entrou no portal, orgulhoso e por ter sobrevivido àquela estranha aventura e alegre por poder voltar a ver a sua família e contar a história aos seus amigos.

Com saudades da sua família e amigos, Edson atravessou o portal o mais rapidamente que pôde. No entanto, mal abriu os olhos do outro lado, o seu sorriso caiu repentinamente e, horrorizado e confuso, deparou se com um cenário assustador.

O que via não era ARRET. Estava tudo submerso e chovia torrencialmente. Chocado e cansado física e mentalmente, Edson deixou de conseguir manter se em pé e desmaiou, rebolando pela montanha abaixo.

Dias depois, acordou com Pablo ao seu lado. Freneticamente, fazia gestos para o impedir de fazer barulho. Estavam ambos amarrados ao chão no meio de imensas árvores, mas Edson sentia se mais forte e energético. Com expressões faciais, Pablo avisou o para olhar numa certa direção e ele virou a cara, lentamente.

AAAAAAAAAAAAAHHHHHHHHHH!!!!!!! Gritou Edson aterrorizado.

Receando pelas suas vidas, Pablo começou a chorar convulsivamente, mas Edson conseguiu libertar se e correu a desamarrá lo, e logo melhorou da sua choradeira e se sentiu envergonhado por ter chorado tanto. Então, os dois começaram a olhar em redor com o objetivo de encontrarem respostas para o que se tinha passado com eles e onde se encontravam, pois com todo aquele mau tempo nem conseguiam saber em que planeta se encontravam. Após uma longa caminhada à procura de lugares que lhes parecessem familiares, depararam se com uma enorme árvore que se encontrava só devido à falta de vegetação em seu redor.

Olha, acho que deveríamos subir àquela árvore para ter uma melhor visão do lugar onde estamos. disse para Pablo.

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Desconfiado pela falta de vegetação em volta da árvore, Pablo decidiu ir na mesma com Edson árvore acima. Quando chegaram à copa, notaram que o tempo já tinha melhorado e então, felizes por a chuva ter parado, olharam para o horizonte e disse Pablo:

Tu estás a ver o mesmo que eu?

- Sim, estou a ver que vamos passar aqui algum tempo - disse Edson extremamente indignado com o gigantesco labirinto que ocupava todo o horizonte em seu redor e no qual estavam presos.

Edson sugeriu o uso da técnica da mão direita para resolverem o labirinto, que se resumia a optar sempre pelo lado direito em todos os impasses com duas ou mais opções, fundamentalmente acabando por ser como se o caminho fosse feito sempre com a mão direita encostada a uma parede, mas, tendo em conta a extensão do mesmo, Pablo descartou essa opção e acabaram por seguir o Algoritmo de Tremaux, que consiste na marcação de caminhos sem saída deixando objetos no chão ou desenhos ao longo do labirinto, para evitar a repetição dos mesmos percursos. Desceram da árvore, pegaram nas cordas com que estavam atados e desfiaram nas em dezenas de pedaços, que colocaram no chão para marcar os caminhos que iriam atravessar pela primeira vez. Para marcar os caminhos que estavam a ser feitos pela segunda vez, pousaram pequenos ramos da árvore que tinham subido.

Após o uso extensivo e ininterrupto deste algoritmo, durante quase uma hora, depararam-se com mais um portal. Será que desta vez teriam encontrado o certo?

Com um olhar duvidoso e o corpo trémulo Edson avançou lentamente a sua mão, indo ao encontro do puxador dourado e cintilante do portal, estranhando o seu aspeto. Decidiu então abri lo…De repente, ficaram ambos chocados com o que tinham ao seu redor. Não era o seu planeta querido e esperado, mas sim um mundo completamente repleto de doces, chamado Candy Crush.

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Ao entrarem neste novo, mas delicioso, mundo avistaram a seguinte mensagem: “Para o vosso mundo encontrar, este nível terão de passar. ”

Posto isto, Edson e Pablo procuraram, persistentemente, pistas para conseguirem sair daquele lugar, mas nada conseguiram encontrar. Já desanimados e sem esperança, sentaram-se à beira do rio de chocolate e, de um momento para o outro, começaram a ouvir ruídos estranhos. Quando olharam ambos para trás, um enorme urso de marshmallow ergueu se. Imediatamente se aperceberam de que a única alternativa era saltar para o rio.

Assim fizeram e ao entrarem no rio de chocolate encontraram peixes de bolacha, prontos a atacar.

Isto é ridículo! Tudo quer nos matar neste mundo! exclamou Edson.

Pelo menos aquela floresta parece segura disse Pablo ao olhar para o outro lado do rio.

“Para o vosso mundo encontrar, este nível terão de passar ” ...

Mas que nível é esse? Tudo aqui nos quer matar e eu não vejo nada para fazer a não ser fugir...

- Pelo menos a comida aqui é boa disse Pablo, com a boca cheia de doces Que tal tentarmos ir para aquela montanha?

E apontava para uma montanha feita de gelado, com nuvens de algodão doce rodeando a. Cansados das aventuras e perigos daqueles mundos, decidiram dormir, determinados a enfrentar a Montanha Sundae, esse era o nome que lhe puseram, na manhã seguinte.

Depois de Pablo partilhar alguma da sua roupa com Edson, de forma a usarem o trapo que este vestia como taxa para guardarem alimentos, combinaram os turnos para montarem guarda, não dormira quase nada desde a corrida, aninhou se à trouxa. Acordou sobressaltado, com raios de luz rosa a passarem pela folhagem. “Pablo deve ter achado que não aguentava a guarda”, julgou. Mas Pablo não estava sentado ao seu lado. Nem nas redondezas. Edson começou a ficar ansioso.

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Levantando se a custo, ainda com dores das provações anteriores, dirigiu se na direção oposta à que tinham entrado na noite anterior. Começou a ouvir vozes, embora não compreendesse o que diziam. Caminhou nesse sentido.

Edson, ajuda me! Gritou Elayne. Mas Elayne não estava neste mundo com ele. “Estarei a sonhar?”, pensou. Dando uns passos de encontro ao barulho encontrou Pablo debruçado sobre umas plantas esbranquiçadas, cujas sementes levantavam voo com a brisa que corria por eles. Edson olhou para as ondas alvadias que corriam a pequena clareira em que se encontrava, sentindo umas saudades avassaladoras de casa.

Pablo explicou lhe que as vozes não eram reais, eram apenas um mecanismo das plantas para espalhar as sementes, agarrando-se à roupa de quem corria na sua direção. “Espero que esteja tudo bem com ela”.

No entanto, com Elayne nada estava bem, devido à preocupação com o desaparecimento de Edson e Pablo. Apesar de cansada, procurou primeiro um lugar para passar a noite. Encontrou uma caverna, profunda e escura, mas melhor do que na rua com a chuva torrencial que começara.

Ao entrar, viu ao fundo, uma sombra e um pouco de luz. Cheia de curiosidade, caminhou lentamente até à fonte de luz, e ficou maravilhada com o que viu! Parecia uma pequena cidade abandonada dentro da caverna. Começou a andar pelas ruas tentando perceber quem, ou o quê, viveria por ali. Decidiu entrar numa casa pela janela. Viu coisas comuns, brinquedos, uma modesta sala de estar com uma lareira ainda com brasas. Decidiu reacendê-la para se aquecer. Enquanto o lume começava a pegar, resolveu entrar num dos quartos para preparar uma cama que vira da janela. Parecia um quarto de criança, com brinquedos espalhados pelo chão e paredes pintadas da cor do algodão. Quando foi para levantar o lençol…

O que é isto???? Oh, um goblin bebé!! exclamou Elayne.

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O pequeno ser chorava e chamava pelos pais, que se apressaram a aparecer com um facalhão do talho e uma panela. Rapidamente, a mãe da estranha criatura saiu do quarto e fez soar um alarme que acordou a cidade inteira. Sem pensar, Elayne saltou pela janela, o problema é que não foi a mesma pela qual entrou. No meio da sua queda bateu com a cabeça num vaso.

- Mas o que é isto?...- e desmaiou. Acordou horas depois. Que estranho, sinto a cabeça quente…

Ao olhar para a mão viu que esta se encontra cheia de sangue! Apavorada, imediatamente começou a respirar fundo. O mais importante neste momento para ela era encontrar o paradeiro de Edson. Com determinação, alcançou a sua bolsa para retirar o melhor medicamento do seu planeta “Gel da avó Maria (nova receita com menos Urânio)”. Abriu o frasco e esfregou o gel na ferida.

AAAhhhhh!!! gritou de desespero com a dor.

E assim (como por magia) a ferida desapareceu num piscar de olhos. Porém, este não era o momento ideal para descontrair pois ainda tinha de encontrar uma maneira de sair da cidade. Elayne vagueou relutantemente pelas ruas durante horas. Exausta, notou que a luz proveniente da distante entrada da caverna começava a florescer nas outrora obscuras ruas da cidade, o que a levou a procurar segurança na escuridão arrepiante da floresta. Caminhou uns minutos até encontrar o local ideal para reabastecer as suas energias. Arregaçou as mangas e pôs se ao trabalho na construção de uma cama. Ao deitar se notou que algo não estava certo e, abruptamente, levantou se. Uma sensação estranha invadiu o seu corpo e as palavras “You may not rest now, there are monsters nearby” inundam o seu pensamento. Tremendo de medo, olhou à sua volta como se sentisse a presença de alguém, mas a vegetação densa dificultava o processo. Quando Elayne se começava a sentir mais segura uma mão fria tocou no seu ombro. Um calafrio percorreu a dos pés à cabeça e desmaiou… Quando acordou viu que não se encontrava no mesmo sítio onde antes estava.

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Onde é que eu estou? Pensou ela enquanto se apercebia do conforto do quarto onde se encontrava. Bateram à porta. Posso entrar?

Elayne ficou surpreendida com voz doce que ouviu do outro lado da porta e prontamente respondeu que sim. A porta abriu se e apareceu um jovem.

Desculpa ter te assustado… Vi te sozinha na floresta e pensei que precisasses de ajuda, nunca pensei que fosses desmaiar.

ENTÃO ERAS TU!!! respondeu Elayne furiosa.

Calma! Eu posso ajudar te!

Elayne olhou para o jovem com uma expressão desconfiada e respondeu: Coitado! Um minorca como tu??

O jovem baixou o olhar e numa voz grossa respondeu: Eu sei onde o Edson está.

Elayne ficou confusa com a identidade deste ser, já que não fazia ideia de quem ele era, por isso perguntou lhe. Ele apresentou se como Jonas, um mero vendedor ambulante e afirmou ter visto vários cartazes, com recompensa, para quem encontrasse Edson. A rapariga notou uma cicatriz no antebraço direito de Jonas, mas decidiu permanecer em silêncio. Jonas pediu lhe que o seguisse sem o questionar, já que lhe iria tirar todas as dúvidas com o devido tempo. Partiram para Candy Crush, onde naquele momento Pablo e Edson lutavam para sobreviver. Após vários dias a alimentar se apenas de doces, já não conseguiam adormecer devido aos altos níveis de glicose no sangue que faziam com que eles permanecessem atentos e cautelosos o tempo inteiro. Só queriam sair daquele mundo e para isso precisavam de passar o nível imposto pelo planeta. Já tinham lutado contra ursos marshmallow, quase morrido afogados num rio de chocolate e encontraram uma casa feita inteiramente de doces. Lá dentro estava uma mulher de costas para eles sentada numa cadeira de gelatina, que os convidou para jantar. Como Pablo e Edson que não comiam nada senão doces há vários dias, sem pensar duas vezes aceitaram a oferta.

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Quando acabarmos de jantar temos de ir procurar respostas sobre esse “nível” que temos de passar para regressarmos para o nosso mundo. Disse Edson. Pablo pensou por algum tempo e perguntou à mulher que se encontrava com eles se sabia o que se passava naquele mundo e se haveria alguma maneira de sair dele. Misteriosamente, a mulher recusou se a responder a todas as perguntas que a dupla lhe fez, até que, exaltado, Edson deu um murro na mesa. A mulher olhou aterrorizada para a sua mão direita, após reconhecer o anel de Edson, e fitou os olhos no rapaz dizendo:

Tooo... mmyy ??? Tommy, És tu meu menino? Reconhecia esse anel no meio de mil e um anéis!

Sem quaisquer recordações desta mulher, olhava-a confuso pensando que esta era apenas uma mulher que também tentara escapar daquele mundo mas acabara por perder a sanidade. Agora ainda mais confusos e desesperados por encontrar uma saída, Pablo e Edson fugiram daquela casa e da mulher e seguiram por um riacho de mel.

Recordando se das palavas da mulher da casa de doces, Edson tentava lembrar se onde arranjara tal anel…A sua memória mais antiga era o momento em que acordava no interior das paredes de uma montanha. Assustado pelo sentimento de que poderia não voltar a ARRET, fechou os olhos para se descontrair… Apenas via um vazio, uma escuridão imensa…Abriu os olhos e a primeira coisa que viu foi um teto e ao seu lado esquerdo um homem com uma bata e um crachá de identificação: “John” lia se e uma grande cicatriz no antebraço direito chamou a atenção de Edson.

Vejo que já acordaste disse John. Estamos impressionados com os teus resultados.

Qu…. Quem és tu? Onde estou? Espera…. ONDE ESTÁ O PABLO?

Não te preocupes, o que interessa é que regressaste. Regressei a ARRET?

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Não. A casa, Tommy, a Konus. Porque estás aqui podemos dizer que o sujeito 626 foi um sucesso. prosseguiu John Há meio século atrás iniciámos uma missão de reconhecimento pelas várias galáxias das múltiplas dimensões: dois mil sujeitos foram escolhidos no ano 2208 e a cada um foi dado um amuleto para serem identificados por nós. O teu é o anel. O objetivo final é saber como diferem as populações dos planetas, os níveis de magia, a inteligência humana…

Mas e o nível? E a corrida? E O PABLO!?

O nível deste mundo apenas serve como barreira para os estrangeiros. Ao passarem regressam à sua casa, tal como Pablo. Quando saíres daqui poderás ver as cores verdadeiras deste planeta.

Edson, ou melhor, Tommy permanecia em silêncio, tentando processar aquele tsunami de informação que abalava toda a sua vida. Será que era mesmo verdade? Voltaria a ver Elayne? Uma lágrima escorria pela sua face pálida. Não conseguia evitar questionar todo o seu ser.

Sei que é muito para ouvir de uma só vez, mas daqui a sete dias poderás voltar para a tua mãe e ela explicar te á tudo. Antes precisamos de aceder às tuas memórias dos últimos 18 anos. Já agora, parabéns, Tommy.

Mas porquê sete dias? Porquê parabéns? Continuo sem perceber… Só quero saber onde está o Pablo!!!

Tem calma Tommy! Agora o importante é descansares e recuperares forças. O regresso a casa retira uma quantidade generosa de energia do teu corpo e, por isso, tens de ficar aqui a repousar durante esta semana. disse John.

Para que Tommy pudesse repousar devidamente, John injetou lhe um sedativo que o ajudaria a dormir. Durante esse sono profundo sonhou com Pablo, viu flores à sua volta e, num banco distante de si, estava o seu amigo sentado a olhar para o céu. Ao avançar, tentando chegar a Pablo, reparou que à medida que avançava mais distante ficava do banco e as flores ao seu redor ficavam secas e sem vida. Ouviu uma voz, tão doce era essa voz, que chamava pelo seu nome. “Volta Tommy. Não vás, por favor! VOLTA!”

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Acordou passadas quinze horas. A visão estava um pouco turva, ainda assim conseguiu identificar a pessoa que estava sentada ao seu lado.

Mãe?

A mãe de Tommy olhou para ele com um olhar reconfortante e disse Finalmente acordaste! Estou tão feliz por teres voltado! Como é que te sentes?

O rapaz olhou para ela e começou a chorar.

Eu entendo que tudo isto é muito confuso, mas eu estou aqui para te ajudar disse a mãe.

Mãe… O que se passa? Eu só quero voltar para casa… Estou com medo, quero ver os meus amigos, a minha família. Quero voltar à minha vida normal… Eu até ia me ia declarar a Elayne depois do exame! Eu… eu só quero voltar para casa suplicava Tommy.

Meu filho… Lentamente aproximou se do rosto de Tommy, limpou lhe as lágrimas de desespero e sussurrou lhe ao ouvido.

Não tenhas medo! Isto tudo vai acabar… De repente, Tommy sentiu se a perder a consciência…

Tenho que encontrá lo! Ok, terceira costela… Aguenta filho, só mais um bocadinho…

Acabado de acordar, Tommy viu que estava preso em cima de uma marquesa e que um braço robótico lhe perfurava cuidadosa e lentamente o estômago.

Mas o que é isto? O que me estão a fazer??? gritava Tommy aterrorizado.

Está aqui!! Consegui, encontrei o chip!! Com isto poderiam localizar te sempre e nunca te deixariam em paz, irias ser utilizado para toda e qualquer experiência. A incredulidade de Tommy atingira o auge.

Eu… Eu… A mãe começou a chorar. Não tinha noção de como isto funcionava… Eu fazia parte de tudo, eu ajudei a criar esta experiência… E por isso fui forçada a mandar te embora, mas eu não sabia o quão doloroso seria ver te a sofrer sem culpa nenhuma… Desculpa me, eu já percebi como isto é cruel!

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De olhos encharcados, Tommy pegou na mão da mãe e não disse nada. Entretanto apercebeu se de que estava mais alguém naquela sala branca. Era Elayne!!! Olharam um para o outro olhar intenso e Edson só se lembrava de sentir os lábios dela nos seus. Mas de repente a mãe gritou:

- Não!!! Não!! Vocês não podem!! Vocês…

Nós não podemos o quê? Mãe, não comeces com as tuas coisas… disse Tommy envergonhado.

Vocês são irmãos!! respondeu a mãe em desespero.

Nós o quê??? perguntaram os dois em simultâneo.

Eu.. longa história, outra… Agora não posso explicar! Temos que fugir antes que ELES se apercebam… - Retorquiu a mãe extremamente ansiosa e, juntamente com Elayne, deslocaram Tommy para uma cadeira de rodas. Em menos de três minutos estavam fora do grande edifício. Foi aí que, de repente, veio à memória de Tommy a imagem do amigo Pablo.

E Pablo? Onde é que ele está?? Tanto no rosto da mãe como de Elayne surgiu um olhar de tristeza.

Tommy, o Pablo desapareceu… Perdemos lhe o rasto desde que foste internado… lamentamos muito…

O jovem não queria acreditar no mais óbvio e, ao longo de vários meses, a imagem do amigo não o deixou. Elayne e a mãe apercebiam se da sua tristeza, mas nada podiam fazer, pois não sabiam como e o quê…

Vários anos se passaram. Em ARRET a vida continuava como sempre e Tommy/Edson tornara se num distinto investigador e neurocirurgião, um dos mais conceituados do planeta.

Casara com Aloyn, que montara um negócio de fénixes com Elayne e a mãe, e a família tinha aumentado com o surgimento dos gémeos, um louro como a mãe e o outro moreno como o pai, mas inseparáveis, como só gémeos podem ser.

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Respirava se felicidade no seu lar e há muito que Edson pusera no recanto mais escondido do seu cérebro tudo o que lhe acontecera na adolescência…

Até ao momento em que, no seu gabinete da universidade onde trabalhava, surgiu a toda a largura da porta um rosto que ele nunca conseguira apagar das suas memórias escondidas…

Pablo!!!! És mesmo tu????? Ai não acredito!!!! E os olhos encheram se lhe de lágrimas.

Em carne e osso!!!

Aquela voz… Aquela voz… Inconfundível, inesquecível Ora dá cá um abraço! Os dois amigos abraçaram-se comovidos com aquele reencontro após tantos anos.

Mas… como chegaste até aqui? O que te aconteceu? Por onde andaste? As questões vinham em catadupa, quando Edson recuperou algum domínio dos seus sentimentos.

Calma amigo! Vou contar te tudo. Anda daí!

Saíram do edifício universitário, montaram nas fénixes que os esperavam (sim, Elayne e a mãe já sabiam do regresso de Pablo) e abalaram céu fora até à ilha onde Edson vivia com a família.

Aposto contigo o que quiseres que vou chegar primeiro! O Pablo de antigamente. Como era bom ouvi lo novamente!

Achas??? Nem penses!!! respondeu Edson com um largo sorriso no rosto.

Agora sim, a sua vida estava completa. E, dando um impulso repentino à sua fénix, zarpou vertiginosamente pelo céu, seguido de perto por Pablo.

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História Andante...

História Andante é um projeto piloto de escrita criativa da Biblioteca Municipal Lídia Jorge, proposto aos alunos do concelho de Albufeira, do 3º Ciclo e do Ensino Secundário, durante o 3º período do ano letivo 2019/20.

Nascido no contexto de Pandemia e de telescola, este desafio procurou incentivar a imaginação dos adolescentes, num exercício de escrita de um conto a várias mãos…

Partindo de um texto inicial elaborado pela equipa do SABE (Serviço de Apoio às Bibliotecas Escolares), cada aluno / grupo de alunos desenvolveram à sua vez, a história, acrescentando mais um trecho ao conto.

Para o efeito, foi escolhido a temática do fantástico para a construção da narrativa, por se considerar ser esta uma área apelativa aos jovens.

As ilustrações são da responsabilidade de alguns alunos e a capa deste livro digital foi desenhada por uma professora envolvida no projeto.

Esta iniciativa contabilizou 92 alunos (90 “escritores” e 2 ilustradoras), 5 professores (3 do 3º ciclo e 2 do ensino secundária).

A equipa do SABE da Biblioteca Municipal Lídia Jorge

Ana Miguel

Inês Colaço

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