SEMA Nº 3

Page 43

POÉTICA A ANTÓNIO PEDRO

Voluptuosa, aérea, sem raízes palpáveis, segredando ao outro alvoradas de alegria rubra, voluptuosamente, na terrível ausência da realidade sonhada, acariciando a lava oculta sob a poeira dos séculos, imaterial, fina, evoluindo em passos transparentes de dança ascendendo em azul, ao toque de cítaras e flautas, perfumada, branca, sobre o cavalo colorido.

JOANA LAPA

O lago oscila entre as nuvens,, clareira paradisíaca em abismos infernais, faunos e monstros partilhando a doçura, luz que as mãos da sombra encantam, voluptuosa, no país que cresce em memórias de fantasia ignorada, ela, as virgens brancas de um silêncio antigo, povoam o espaço profundo que a árvore conhece, música, sangue, vento, aridez ocre e o lento escoar das areias.

42

Flutuam nostalgias, angústias milenares, luxos necessários, a pobreza, reflexos em espelhos submersos, acordés em harpas dedilhadas pelo vento, a luminosa iridiscência do espírito infantil do mundo, personagens de um fantástico circo, o espanto, o nada que se afunda no outro lado da angústia, o "carnaval dos animais", dúvida imensa pairando sobre o silêncio de todas as mortes, e o grito, o grito de uma possível certeza para além dos sonhos supérfulos, cântico p'uro e límpido. Cântico e luz.


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.