PRODUÇÃO
ALIMENTAÇÃO
A importância do teor de gordura e proteína do leite para optimizar a produção. Luís Veiga, Engº Zootécnico, REAGRO SA
Pedro Castelo, Engº Agrónomo, REAGRO SA
veigaluis@reagro.pt
Uma forma de se verificar a eficiência e equílibrio alimentar e nutricional é através da observação dos valores do Teor Butiroso (TB) e do Teor Proteico (TP) no leite, pois poderão tirar-se conclusões muito importantes no que diz respeito ao maneio alimentar. Além disso, o leite pago aos produtores também é influênciado por estes parâmetros. Assim, iremos neste artigo descrever a origem dos valores de TB e TP no leite, assim como justificar a relação entre eles.
TP - Teor Proteico do Leite
As proteínas são sintetizadas ao nível do úbere a partir dos aminoácidos presentes no sangue. Em caso de hipoglicémia (ausência de açúcar no sangue) uma parte destes aminoácidos podem ser afastados, via fígado, para a síntese de glucose (neoglicogénese a partir de aminoácidos). Este fenómeno pode conduzir a uma diminuição da síntese de proteínas ao nível do úbere e, por consequência, a uma diminuição do TP. Assim se explica porque é que o TP é mais influenciado pelo nível energético da ração do que pelo nível proteico.
TB – Teor Butiroso: as suas origens
Ácidos gordos curtos e médios: Estes ácidos gordos são sintetizados ao longo de fermentações ruminais e contêm 2 ou 4 átomos de carbono (ácido acético C2 e ácido butírico C4). O ácido acético é o produto da degradação da celulose pela flora celulolítica e é abundante no caso de uma ração rica em fibra. Enquanto o ácido butírico resulta da degradação dos açúcares. Ácidos gordos médios e longos: Estes ácidos gordos provêm da mobilização de reservas corporais e pelo resto de absorção intestinal de lípidos alimentares.
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O Teor Butiroso é sensível a diversos fatores, tais como: nível de ácido acético e do ácido butírico que chega ao úbere, intensidade da mobilização de reservas corporais e absorção de lípidos intestinais. É conveniente fazer uma interpretação destes parâmetros em simultâneo para prever a evolução do TB. Na figura seguinte, está esquematizada resumidamente a origem do TB e TP.
C4 C.Cét.
C2
Fígado
Glicerol
tecido adiposo
Sangue
Muitas vezes escondidos por uma produção de nível aceitável, estão valores anormais de teor de gordura e proteína do leite. Hoje é possível caracterizar bastantes aspetos do metabolismo da vaca de alta produção com os resultados do nível de proteína e gordura do leite. Não devem por isso ser aceitáveis sobre um longo período de tempo valores fora de parâmetros de normalidade. A vida produtiva da vaca e sobretudo a sua longevidade podem ser condicionadas por uma persistente desvalorização destes parâmetros.
pedro.castelo@reagro.pt
AGNE Triglycérides
Glucose
C3 Ácido Láctico
Amino Ácidos
Energia Ubere
Ácidos Gordos
Glycérol
Triglicéridos (TB)
Glucose Lactose
(TP) Proteínas
Fig. 1: Origem do teor butiroso e do teor proteico no leite
Análise dos Teores descritos anteriormente na exploração
Os valores de TB e TP variam consoante a raça e a fase de lactação em que se encontram as vacas. Para determinar os teores normais de uma exploração mal conhecida, um dos poucos meios práticos de estudar é verificar os teores médios dos meses e ver os anos antecedentes. Os TB e TP devem sempre ser relacionados com a quantidade de leite produzido, com a fase de lactação e o número de lactação.
TP – Teor Proteico no leite
O TP é elevado durante a primeira semana de lactação (fase de colostro) baixando progressivamente e atingindo o seu valor mais baixo no pico da lactação. De seguida, voltará a aumentar depois de 100 a 120 dias de lactação. No início de lactação, este valor de TP baixo está associado a uma sub-alimentação energética caraterística desta fase e também a um risco de cetose. O TP não está
Ruminantes • Outubro | Novembro | Dezembro • 2012