Ruminantes 4

Page 53

052-053_Layout 1 12/27/11 12:54 PM Page 53

SAÚDE ANIMAL

PRODUÇÃO

Leptospirose em bovinos de extensivo, em que é possivel ver a hematuria (urina com sangue). Este diagnóstico foi confirmado laboratorialmente pela presença de leptospiras no globo ocular.

necrópsia, do grego necros = morto, opsis = observar (vulgarmente chamada autópsia, termo utilizado em medicina humana) do cadáver do ou dos animais mortos. Esta técnica é lamentavelmente, muitas vezes negligenciada, mostrando-se no entanto muito útil no diagnóstico ou confirmação da causa de morte, mas também na observação de patologias primárias assintomáticas que associadas a outras patologias culminam na morte súbita do animal. Esta técnica deve ser feita o mais precocemente possível de forma a que a degradação normal do cadáver (autólise) não mascare ou inviabilize o posterior diagnóstico pós-morte. Assim durante o verão deve ser efectuada até 12 horas após a morte do animal. No inverno este intervalo de tempo pode estender-se até às 48 horas. A execução da necrópsia possibilita fazer muitos diagnósticos ou confirmar suspeitas, visto que podem ser detectadas lesões que são específicas e características de certas patologias (isto é patognomónicas) chegando-se assim a um diagnóstico definitivo. Por outro lado, caso ainda subsistam dúvidas após a execução deste procedimento, podemos recolher amostras de vários órgãos e tecidos para posterior análise laboratorial, sendo as mais comuns as análises histopatológicas, microbiológicas (bacteriológicas ou virulógicas) e toxicológicas. Assim é fundamental uma boa coordenação entre o produtor e o seu médico veterinário assistente para que a execução de necrópsias seja uma prática de rotina sempre que ocorre mortalidade sem uma explicação inequívoca. Deve reservar-se o local afastado da abegoaria e outras instalações que alberguem o efectivo. Assim, o mais comum é efectuarse a necrópsia num local afastado, destinado à recolha de cadáveres por parte dos serviços competentes. Deste modo asseguramos que, no caso de doenças infecto-contagiosas, o microorganismo envolvido não se propague facilmente para os restante animais. Por outro lado, o vestuário e restante material utilizado não deve ser utilizado na exploração sem que antes seja devidamente lavado e desinfectado. A execução deste tipo de exame requer a presença de um ou vários médicos veterinários e obedece a uma metodologia concreta e precisa de modo que os procedimentos que constituem a técnica da necrópsia sejam correctamente aplicados. Uma má técnica pode impossibilitar a obtenção do tão esperado diagnóstico ou até inviabilizar a recolha e envio de material para o laboratório, tornando assim inconclusivo todo o processo de diagnóstico. Assim deve se efectuada sempre a necrópsia completa e não apenas aos aparelhos ou sistemas que suspeitamos que estejam afectados. As

surpresas são bastante frequentes! É o que sucede por exemplo em Feedlot, em que se suspeitarmos de patologia respiratória e só efectuarmos a necrópsia ao aparelho respiratório, podemos encontrar lesões pulmonares. No entanto muitas vezes a causa dessas lesões são tromboembolismo devido a ruminites ou a abcessos hepáticos e este diagnósticos só é possível se fizermos a necrópsia completa a toda a cavidade abdominal e não apenas ao tórax. Como já referi anteriormente, no caso de morte súbita é fundamental recorrer à necrópsia do ou dos cadáveres dos animais vitimados. De entre as causas mais comuns de morte súbita podemos destacar as de origem infecciosa: é o caso de Clostridiose, Leptospirose, Carbúnculo Hemático, Enterotoxémias. São também muito frequentes intoxicações por químicos (adubos, pesticidas) ou por plantas infestantes das pastagens (escalracho – sorghum halepenses, entre muitas outras). Podemos ainda referir patologias de origem cardio-vascular: como o enfarte do miocárdio, miocardite séptica, trombose da veia cava caudal; patologias digestivas: úlcera perfurante no abomaso ou noutro segmento do tubo digestivo, reticulopericardite traumática; e patologias metabólicas das quais se destacam as carências nutricionais. Quando estamos perante morte de animais muito jovens há uma grande probabilidade de ser uma patologia congénita (atresia ani, estenose pilórica ou intestinal, etc.). Mas poderá ter outras causas parasitárias, infecciosas, metabólicas, para citar apenas algumas. Por vezes o não uso desta técnica deve-se ao receio de contactar com zoonoses por parte do médico veterinário e também ao facto de poder ser fonte de contágio para os outros animais. Assim, uma forma de contornar este problema será o medico veterinário proteger-se sempre com o uso de luvas e efectuar a necrópsia num local isolado da exploração, longe dos outros animais, como já referi anteriormente. Em suma, apesar de muitas vezes nos depararmos com casos de mortes aparentemente inexplicáveis, devemos sempre que possível procurar a verdadeira causa e neste caso, esta técnica pode tornarse muito útil para conseguir um diagnóstico mais fidedigno. ! Referências Bibliográficas: DIVERS TH, PEEK SF. Rebhum`s Disease of Dairy Catle. 2ªEd. Missouri: Saunders. 2008

Ruminantes • Janeiro | Fevereiro | Março • 2012

53


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.