Saúde e bem-estar animal
Joaquim L. Cerqueira1
AVALIAÇÃO DE HIGIENE E COMPORTAMENTO
NA ORDENHA EM VACAS LEITEIRAS Introdução
Alice Moreira2
José Pedro Araújo1, 3 1 Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viana do Castelo 2 Socidias Lda, Estruturas metálicas, revestimentos e equipamentos agrícolas 3 Centro de Investigação de Montanha (CIMO) – ESA-IPVC
Os fatores que mais influenciam o bemestar dos animais em sistemas de produção intensivos estão associados às práticas de maneio. A qualidade dos cuidados de maneio por parte dos criadores e a seleção genética para alta produção influenciam a produtividade, saúde e a longevidade dos animais. Essas preocupações fazem com que grande parte da investigação aplicada ao bem-estar animal se centre nos efeitos do ambiente, como o alojamento e maneio, incluindo a relação homem-animal. As vacas leiteiras selecionadas para a produção intensiva sofreram alterações fisiológicas e morfológicas, que contribuíram para um aumento das suas produções, menorizando outras aptidões, em particular a resistência a doenças (EFSA, 2012). A ordenha deve ser realizada por pessoal treinado, a máquina de ordenha deve possuir os níveis de vácuo regulados e as tetinas não devem apresentar deformações. A higiene da sala de ordenha deve ser mantida e todo o ambiente envolvente deve ser calmo para evitar situações de stresse nos animais. A higiene corporal dos animais é um importante indicador de bem-estar animal para as vacas leiteiras, estando dependente das condições das instalações, do clima e do comportamento dos animais (Sant’Anna e Costa, 2011). É por isso esperado que vacas conspurcadas revelem maior possibilidade de incidência de mastites (Schreiner e Ruegg, 2003). A alteração do comportamento animal é frequentemente utilizada como um indicador para avaliação do seu bem-estar. O comportamento de um animal na ordenha reflete-se através dos diversos estímulos que são percecionados do meio ambiente confinante. Os animais em ordenha apresentam um comportamento mais irrequieto, no que se refere a passos e coices, acabando assim por prejudicar a eficiência global da
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ordenha (Rushen et al., 1999). O objetivo do presente estudo consistiu na avaliação da higiene dos animais e monitorização do comportamento na ordenha através do registo de passos e coices.
Indicadores de bem-estar animal A recolha de dados foi realizada em quatro explorações leiteiras da zona Norte de Portugal com ordenha convencional. A higiene dos animais foi avaliada com base na metodologia referenciada por Cook (2002), em que a sujidade da vaca é classificada numa escala de 1 (limpo) a 4 (muito sujo), para três regiões morfológicas: perna, úbere, coxa e flanco. Para a avaliação do comportamento das vacas em ordenha, nomeadamente passos e coices adotou-se a metodologia de Rousing et al. (2006), considerando-se “passo” sempre que o animal deslocava um membro posterior no plano vertical, enquanto coice se refere à deslocação de um membro posterior no plano horizontal.
Resultados Para as explorações estudadas obteve-se um valor médio de 2,4±1,4 lactações, com uma produção média diária por vaca de 27,0±9,2 kg. A produção de leite aos 305 dias foi de 9.973,3±2.097,4 kg e a contagem de células somáticas (CCS) de 297.300±294.700 cél/ml (Quadro 1). QUADRO 1 Parâmetros produtivos das explorações em estudo. Explorações
Parâmetros
N
Nº lactações Quatro
Prod/vaca/dia (kg) Prod 305 dias CCS (x1000 cél/ml)
213
Média±DP
CV (%)
2,4±1,4
57,8
27,0±9,2
33,9
9.973,3±2.097,4
21,0
297,3±294,7
99,1