Revista Ruminantes 39

Page 26

Boas práticas na recria de cabras leiteiras

…material usado na alimentação por leite,

a seguir a cada refeição (3,4,5,7). A tubagem dos alimentadores automáticos deve ser lavada semanalmente (3). Não usar leite descartado ou de cabras em tratamento (2). CONCENTRADO E FORRAGENS Espaço à manjedoura de 20 cm (3) ou 12-15 cm (4) ou 3-5 cm (6,7), por cabrito. Concentrado próprio duas vezes ao dia a partir dos 8-10 dias (3) ou 21-28 dias (6). Concentrado com proteína bruta 18% (4,7) e com teor energético de 11 MJ/dia (7), a partir das 2 semanas Feno de qualidade (de erva e palatável) a partir dos 10-15 dias de vida (3,4,5,7) ou antes do desmame (6), oferecido 3 vezes ao dia (4). Evitar feno de luzerna antes dos 4 meses – aumenta o risco de timpanismo (4). Evitar feno muito palatável e com semente pois os animais podem comer demais e rejeitar o concentrado (7). Acesso a água fresca e limpa desde sempre (6,7) ou a partir da 1ª semana de idade (3,4,5). SAÚDE E PLANOS DE PROFILAXIA Desinfectar umbigo logo após o nascimento (1,2,3,4,5,6) com tintura de iodo 7% (1,6), solução iodada (2,3) ou clorexidina (2). Repetir passadas 24 horas se houver sinais de infeção (6). Cortar cordões umbilicais muito compridos a poucos centímetros do umbigo (1). Pinçar ou ligar o cordão umbilical se houver hemorragias ou vestígios de sangue vivo no umbigo (6). Injetar vitaminas e minerais segundo um programa veterinário (2,6), nomeadamente selénio e vitamina E (1). Em situações de solos pobres suplementar cabras com selénio e vitamina E (1). Vacinar cabritos às 3 semanas e repetir às 6 semanas contra clostridioses e pasteureloses (1,4). Vacinar cabras no final de gestação contra clostrideos tipo C e D e tétano (1,2,7). Instituir programa de tratamento com coccidiostático às 3 semanas e novamente ao desmame (3). Não usar desparasitantes exceto se houver comprovação laboratorial da presença de ovos de vermes (7). Animais doentes devem ser removidos e isolados do resto do grupo (7). DESCORNA Entre 3 e 14 dias (1,2), a partir dos 12 dias, entre 8 e 12 dias (4), entre 3 e 10 dias (5), antes das 3 semanas (6) ou entre os 3 e 7 dias (7). Todos alertam para a necessidade do botão ser bem evidente. Usar termocautério (1,5,6) e sob orientação veterinária (5). Pressionar instrumento contra a cabeça não mais de 10 segundos e não usar

pasta-caustica (5). Deve-se fazer analgesia segundos indicações do médico-veterinário (6). Colocar spray desinfectante (3). INSTALAÇÕES Evitar sobre-densidade nos parques da recria (1). Manter em pequenos grupos nas duas primeiras semanas e depois passar para parques com maior número (2). Grupos homogéneos: de 15 cabritos em parques de 2x2 metros, com densidade por animal de 0,25 m2 (4); de 20-25 cabritos com densidade 0,25 a 0,30 m2 por animal (3); densidade 0,30 a 0,50 m2/cabrito (5,6). Manter fêmeas separadas de machos (3) pelo menos a partir das 12 semanas (5). Adicionar frequentemente material de cama (palha) limpo e seco (3,4,5,6). Todos os guias recomendam elevado grau de limpeza, higiene, ventilação e conforto térmico nas instalações destinadas à recria. Manter temperatura ambiente entre 12 e 15 ºC (4). Fazer vazio sanitário sempre que possível (1). Evitar entrada de roedores, aves ou outros animais (7). Instalações da recria, pelo menos nas duas primeiras semanas, devem estar longe do local onde estão animais adultos ou cabritos recém-adquiridos (1,2,3). DESMAME Na decisão sobre o momento para o desmame considerar tanto o peso como a idade (6) ou só o peso (1). Desmamar quando o cabrito pesar pelo menos 14 kg e consumir 300 g/dia de forragens e 150-200 g/dia de concentrado (3) ou pesar 2,5 vezes o seu peso ao nascimento (1,5,6) e consumir aproximadamente 150 g/dia (5) ou 115 g/dia (1) de concentrado. Todos recomendam verificar que o cabrito bebe água, rumina e faça fezes bem moldadas. Acesso a água fresca e limpa durante o desmame é essencial (6). A preparação para o desmame deve ser gradual, se possível, a partir das 6 semanas de idade (3,6). Não reduzir concentração do leite de substituição, mas sim a quantidade oferecida (3). No caso de alimentadores automáticos o desmame tem de ser brusco, mas nesses casos deve-se confirmar com cuidado se há consumo suficiente de alimentos sólidos (3,4). Manter a mesma dieta sólida durante uma semana após o desmame, para haver uma transição mais gradual (7). MONITORIZAR O CRESCIMENTO Registar sempre o peso ao nascimento, e fazer pesagens e avaliações da condição corporal durante a recria (4,6).

Não recriar cabritos com peso ao nascimento <3 kg (3). Apontar para peso mínimo ao nascimento de 4,5 kg (único), 4 kg (gêmeos) e 3,3 kg (triplos) (4) ou de 2,7 a 5 kg (1). Objetivos de crescimento: 10 kg aos 30 dias e 16 kg aos 60 dias (20% do peso adulto) (3) ou 14 kg aos 2 meses (4). COMENTÁRIOS FINAIS Muitas das recomendações que apresentamos acima na verdade não encontram grande suporte científico e isso explica algumas variações. Ou seja, resultam da adoção de práticas que a experiência e o bom-senso, parecem suportar. Assim, devem ser vistas apenas como orientações e alertas, destinadas a garantir elevados níveis de saúde, bem-estar e crescimento na recria de caprinos. Outro cuidado a ter na leitura e eventual aplicação de algumas destas recomendações é que elas foram compiladas para as raças leiteiras mais comuns nas explorações comerciais (por exemplo, Saanen e Alpina) e para as condições típicas destes países - França, Canadá, EUA e Austrália. No entanto, é importante referir que estas condições não são muito diferentes dos sistemas de produção intensivos que temos neste momento a funcionar em Portugal. Em suma, este é um pequeno trabalho de recolha e divulgação que pretende dar uma ajuda e boas ideias aos nossos produtores. Lista das publicações consultadas: (1) - University of Wisconsin, Madison, EUA. Hedrich, C., Duemler C., Considine D. Best management practices for dairy goat farmers. 2008. (2) - University of California, Davis, EUA. Carlson, J. Kidding and Kid Rearing. 2014. (3) - INOSYS-Réseaux d’Élevage, Paris, França. INOSYS. L’élevage des chevrettes: recommandations et conseils. 2016. (4) - Institut de l’élevage, Paris, França. Institut de L’Élevage. Les fiches techniques caprines du SudOuest: Place aux chevrettes. 2009. ISBN 978-2-84148-740-0 (5) - Canadian Agri-Food Research Council, Ottawa, Canadá. Recommended code of practice for the care and handling of farm animals – Goats. CARC. 2003. (6) - Ontario Goat, Guelph, Ontario, Canadá. Best Management Practices for Commercial Goat Production. 2014.. (7) - Rural Industries Research and Development Corporation, Canberra, Australia. Abud, G., Arthur Stubbs. Dairy Goat Manual – Second Edition. 2009. ISBN 1 74151 795 8.

"A PREPARAÇÃO PARA O DESMAME DEVE SER GRADUAL, SE POSSÍVEL, A PARTIR DAS 6 SEMANAS DE IDADE." 26

RUMINANTES | OUT/NOV/DEZ 2020


Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.