Prevenção e tratamento de doenças

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Jornal do Distrito 4730 de Rotary International | Ano Rotário 2019-20 Edição nº 1 | Outubro de 2019

PREVENÇÃO E TRATAMENTO DE DOENÇAS Saiba como o Rotary atua para erradicar a paralisia infantil do mundo e conheça outros projetos desenvolvidos pelos clubes localmente.


EDITORIAL

Prevenção e tratamento de doenças: uma das seis áreas de enfoque do Rotary Por Jorge Humberto Agudelo Franco*

Há 114 anos o Rotary International sob o lema “Dar de si, antes de pensar em si”, vem prestando serviços às comunidades, em seis principais áreas: prevenção e tratamento de doenças, saúde materno-infantil, educação básica e alfabetização, recursos hídricos e saneamento, desenvolvimento econômico e comunitário e paz e resolução de conflitos.

dicação da doença da ONU e dos países envolvidos, evitou que 16 milhões de crianças contraíssem paralisia infantil. Segundo a ONU a erradicação da doença pode economizar entre US$ 40 bilhões e US$ 50 bilhões, beneficiando, principalmente, países de baixa renda. Esperamos que em breve nenhuma criança jamais seja afetada novamente por essa terrível doença, por isso estamos firmes nessa luta e vamos erradicar a paralisia infantil do mundo.

Estamos presentes em 217 países e regiões e, no Brasil, não seria diferente, pois temos atividades em todos os estados brasileiros. No Paraná estamos na maioria dos municípios, hoje com aproximadamente oito mil voluntários distribuídos em cerca de 360 clubes que se reúnem duas a quatro vezes por mês, para planejar e executar projetos sociais sustentáveis, não sendo o principal foco a caridade, mas sim o desenvolvimento do ser humano. Dentro da área de de prevenção e tratamento de doenças criamos o programa de erradicação da poliomielite conhecido mundialmente como “End Polio Now”, que, em conjunto com o comitê de erra-

Paz e prevenção / resolução de conflitos

Prevenção e tratamento de doenças

Recursos hídricos e saneamento

Saúde materno-infantil

Educação básica e alfabetização

*Jorge Humberto Agudelo Franco Governador do Distrito 4730 de Rotary International Gestão 2019-20

Desenvolvimento econômico e comunitário

Arte: Sofia Sacco

EXPEDIENTE Governador do Distrito 4730: Jorge Humberto Agudelo Franco | Coordenador de Imagem Pública: André Felipe Pereira Martins | Conselho Editorial: Luiz Alberto Scorsin, André Felipe Pereira Martins e Raphaella Caçapava | Jornalista Responsável: Raphaella Caçapava – DRT 0011195/PR | Estagiária: Laís Adriana Editado e distribuído pelo Distrito 4.730 de Rotary International | Circulação: Curitiba e região metropolitana, litoral e campos gerais do Paraná, Brasil. Projeto gráfico: Rodrigo Romani – DRT 7756/PR | Impressão: Folha de Londrina | Tiragem: 5.000 exemplares


ENTREVISTA

Um panorama sobre a saúde no Brasil Apesar de ser um marco no direito ao acesso à saúde, o SUS enfrenta problemas de má gestão e financiamento, somada a falta da orientação e prevenção da população Imagem: Divulgação

Por Raphaella Caçapava

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á apenas 31 anos o acesso à saúde é um direito fundamental do cidadão e um dever do Estado. Desde então a Constituição Federal determina que o sistema de saúde pública deve ser gratuito, de qualidade e universal, ou seja, acessível a todos os brasileiros e/ou residentes no Brasil. Nascia assim em 1990, o Sistema Único de Saúde (SUS): um marco no direito à saúde no país. Hoje 200 milhões de brasileiros dependem da saúde pública, ou seja, do SUS, o que representa 75% da população. Os outros 25% dos cidadãos têm acesso a saúde suplementar, representada pelos planos de saúde.

Principais

problemas de saúde no Brasil

Hipertensão e diabetes são dois dos principais problemas de saúde que afetam os brasileiros. Somada a elas, a obesidade cresce em números preocupantes, essa doença é também uma das principais causas da diabetes e hipertensão. Ou seja, um ciclo vicioso que precisa ser quebrado. Obesidade: a OMS destaca que 1,6 bilhões de pessoas no mundo estavam acima do peso, ou seja, cerca de 20% da população mundial. No Brasil, cerca de 48% da população está acima do peso. A obesidade ocorre quando há acúmulo de gordura no organismo, podendo provocar outras doenças. Hábitos de vida e alimentares (sedentarismo, comidas industrializadas, estresse, etc.) tem contribuído para o aumento da obesidade. Hipertensão: cerca de 25% da população brasileira é hipertensa. Co-

nhecida como pressão alta, a doença ocorre quando a pressão sanguínea se iguala ou ultrapassa o nível de 14 por 9, em decorrência de uma contração dos vasos sanguíneos. Como os vasos ficam mais contraídos, o sangue tem dificuldade de circular e pode acabar entupindo ou rompendo essas vias. Isto acontece no coração, nos rins e no cérebro. Quando acontece no coração é infarto; se ocorre no cérebro há derrame cerebral, conhecido também por AVC; e nos rins pode causar paralisação dos órgãos. O sódio é o principal responsável pela hipertensão, por isso diminuir o consumo é uma das principais metas do Governo. Diabetes: com cerca de 12 milhões de adultos portadores da doença, o Brasil ocupa o 4º lugar no ranking mundial em números de diabéticos. A diabetes é uma doença crônica na qual o corpo não produz ou não consegue empregar adequadamente a insulina, que é o hormônio que controla a quantidade de glicose no sangue. Dentre as principais causas da diabetes estão a obesidade, o sedentarismo e a alimentação inadequada. Outras doenças que estão no radar de alerta dos brasileiros são o câncer, a depressão e a ansiedade.

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O Dr. Drauzio Varella em uma de suas palestras mostra que o SUS investe cerca de R$ 103 bilhões por ano e atende 75% da população brasileira, enquanto a saúde privada investe R$ 90,5 bilhões para atender os outros 25%. O que mostra que os gastos por paciente são, em média, três vezes mais altos na saúde privada do que na saúde pública.

Estudos demonstram que há escassez ou ausência de médicos em diversas regiões do país, especialmente nas mais afastadas das grandes cidades, tornando a distribuição desses profissionais bastante desigual. desafios da saúde pública

número de médicos é suficiente no país?

Segundo dados do Conselho Federal de Medicina, o Brasil conta com 453.726 médicos. A Organização Mundial da Saúde, agência da ONU especializada em saúde, aponta que o recomendado é contar com um médico para cada mil habitantes. Parâmetro que o Brasil supera com folga, afinal o país conta com 2,11 médicos para cada mil habitantes. O problema está na concentração.

Notícias de pacientes que esperam horas e horas por um atendimento, hospitais sem leitos e estrutura precária, são recorrentes no Brasil. Mesmo sendo mundialmente reconhecido como um sistema universal que garante o acesso à saúde para toda população, o SUS encontra muitos desafios a serem superados. Especialistas e pesquisadores apontam que os principais gargalos do SUS são o mau gerenciado e o financiamento insuficiente. Para se ter

uma ideia o Brasil investe cerca de 3,1% do PIB em saúde pública. São, em média, 525 dólares por habitante gastos anualmente no país. Em outros países onde há sistema de saúde pública como o do Brasil, investe-se, em média, 3 mil dólares anuais. Para Gonzalo Vecina, médico e superintendente do Hospital Sírio Libanês, o modelo do SUS é bom e não precisa ser reformulado, é necessário melhorar a gestão administrativa, aumentando a produtividade do sistema. Drauzio Varella destaca que há mudanças importantes a serem feitas em relação à concepção do sistema. Segundo ele, a saúde está focada na doença, mas é preciso focar na prevenção, é preciso agir antes. Uma medicina preventiva reduz as chances de doenças e por consequência, reduz os gastos necessários com tratamento.


CAPA

Rotary e Ministério da Saúde reúnem esforços para impedir a volta da paralisia infantil Por Laís Adriana*

25 anos após a erradicação da pólio, baixo número de vacinação acende alerta da organização que abraçou a causa de eliminar a doença do planeta

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rradicada em 1994, a doença que pode levar a paralisia infantil ameaça retornar devido às taxas de vacinação abaixo da meta. Para combater o possível retorno da poliomielite no Brasil, o Rotary e o Ministério da Saúde estão voltando seus esforços para o aumento da conscientização e da vacinação preventiva. No Distrito 4730, a corrida “End Polio Run” foi uma das ações elaboradas objetivando chamar atenção para a campanha de vacinação 2019-20. Não existe cura para a pólio, apenas tratamento e a prevenção é através da vacinação.

Momento

crítico

O Brasil passa por um momento crítico em relação às estatísticas de vacinação. Além da ameaça da poliomielite, o sarampo — outra doença que havia sido erradicada pelo país — retornou devido aos baixos números. Em entrevista à revista Rotary Brasil, Luiz Henrique Mandetta, Ministro da Saúde, afirmou que a queda nos percentuais de imunização tem sido observada desde 2011, principalmente

a partir de 2016, apesar das vacinas estarem disponíveis durante o ano no Sistema Único de Saúde (SUS). Segundo Mandetta, uma das causas para essa redução é o próprio sucesso do programa de vacinação em anos anteriores. “Como não há mais circulação de algumas doenças no país, as pessoas acabam esquecendo da gravidade e dos riscos apresentados por elas. Outra causa é a difusão de informações equivocadas e sem embasamento científico, às fake news”, explica. No caso do sarampo, dados recentes divulgados em setembro pelo Ministério da Saúde somam 3.339 casos confirmados em 16 estados. São Paulo é o estado mais afetado pela epidemia, onde foram registrados 97,5% dos casos e três mortes em decorrência da doença: um homem de 42 anos e dois bebês. Segundo o Ministério, a imunização contra a doença não foi comprovada em nenhum dos casos.

“Vírus

importado”

Vírus trazidos por fluxos migratórios de uma população que não o erradicou para um local que o havia erradicado são chamados de “vírus importados”. É o caso tanto do sarampo como da poliomielite. Para o Ministro da Saúde, a ampliação da co-

bertura vacinal deve ser prioridade para o mundo, de modo a não permitir que esses vírus se espalhem. “Com o atual cenário de intenso fluxo de pessoas, é necessária a promoção de ações de integração entre vigilância e atenção em saúde”, afirma.

“Efeito

rebanho”

Outro fator que ajuda explicar a volta de doenças que o Brasil já havia conseguido erradicar é o “efeito rebanho”, outra forma de imunização além da vacinação individual. O “efeito rebanho” acontece quando a taxa de imunização de uma população é tão alta que, mesmo que um indivíduo não se vacine, ele estará protegido vivendo naquele meio em que a maioria é vacinada. É o efeito rebanho que prevenirá a ocorrência de surtos, epidemias e pandemias, pois é a maioria de uma população vacinada que impedirá a circulação dos agentes infecciosos naquele local, e não a vacina isolada em si. Quanto mais pessoas deixarem de se imunizar em uma mesma região, menos força terá o efeito rebanho - e doenças antes já controladas ali poderão voltar a ocorrer. O principal risco de uma falha nesse efeito rebanho é o contágio de pessoas que não puderam


CAPA

Foto: Alyce Henson | Rotary International

Prevenção São duas as vacinas que previnem a poliomielite: a VOP, Vacina Oral Poliomielite, aplicada via oral aos 2, 4 e 6 meses de vida, com reforços entre 15 e 18 meses e entre 4 e 5 anos de idade; e a VIP, Vacina Inativada Poliomielite, que tem injetada uma dose aos 15 meses e outra aos 4 anos de idade. Ambas são oferecidas nas UBS e tem qualidade e segurança garantidas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

País

livre da pólio

O Brasil está livre da poliomielite desde 1990. Em 1994, o país recebeu, da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS), a Certificação de Área Livre de Circulação do Poliovírus Selvagem. De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), apenas três países ainda são considerados endêmicos (Paquistão, Nigéria e Afeganistão). No início do século XX, as doenças imunopreveníveis como poliomielite e varíola eram endêmicas no Brasil, causando elevado número de casos e mortes em todo o país. As ações de imunização foram responsáveis por mudar o perfil epidemiológico destas doenças no Brasil. Além disso, reduziu a circulação de agentes patógenos, causadores de doenças como a difteria, o tétano e a coqueluche. Desde 1985 o Rotary trabalha para erradicar a pólio do mundo. Em 2018 apenas 30 casos da doença foram notificados em dois países – Afeganistão e Paquistão. Há 30 anos atrás o vírus da poliomielite paralisava cerca de 350 mil crianças em mais de 125 países todos os anos.

tomar a vacina por contraindicação — como grávidas, bebês, em tratamento contra o câncer, alergia a algum componente, etc.

Novos

esforços

Para aumentar a conscientização sobre a vacinação, o Governo Federal estabeleceu a cobertura vacinal como meta prioritária para a gestão de saúde no país. O Ministério da Saúde irá implantar o “Movimento Vacina Brasil”, com o objetivo de reverter o quadro atual das imunizações no país. O Rotary Brasil decidiu se unir aos esforços do Ministério para aumentar as taxas de imunização e conscientizar a população, especialmente sobre a poliomielite. Clubes de todos os Distritos do Brasil foram convidados a desenvolver ações informando a população de sua região sobre a campanha de vacinação estabelecida entre os dias 07 e 25 de novembro. No Distrito 4730, a corrida “End Polio Run” foi a principal ação distrital desenvolvida,

com o objetivo de simultaneamente conscientizar a população e arrecadar fundos para outras iniciativas de combate à poliomielite.

Poliomielite A poliomielite ou “paralisia infantil” é uma doença infecto-contagiosa viral aguda, caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito. O déficit motor instala-se subitamente e sua evolução não costuma ultrapassar três dias. Atinge em geral os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular. O vírus é transmitido pelo: contato direto pessoa a pessoa; pela via fecal-oral; por objetos, alimentos e água contaminados com fezes de doentes ou portadores; ou pela via oral-oral - falar, tossir ou espirrar. A falta de saneamento, as más condições habitacionais e a higiene pessoal precária são fatores que favorecem a transmissão do poliovírus.

Rotary

na luta contra a pólio

Em setembro de 1979, rotarianos e representantes do Ministério da Saúde das Filipinas acompanharam voluntários durante a vacinação de crianças contra a paralisia infantil, em Manila. James Bomar Jr., então presidente do Rotary, lançou oficialmente um projeto para imunizar as crianças das Filipinas contra a poliomielite. Ele e o ministro da saúde, Enrique Garci, assinaram um acordo no qual o Rotary International e o governo filipino se comprometiam a imunizar cerca de seis milhões de crianças contra a pólio durante vários anos, a um custo de US$ 760.000. A partir desse projeto, o Rotary International passou a se dedicar a erradicação global da pólio. Como resultado do empenho e dedicação ao longo dos anos, mais de 2,5 bilhões de crianças foram vacinadas. Desde o lançamento da campanha Pólio Plus, em 1985, houve uma queda de 99% no número de casos da doença em todo o mundo e foram destinados mais de US$ 1,7 bilhão à erradicação da doença. sendo que o vírus só continua endêmico em três países: Afeganistão, Nigéria e Paquistão. Atualmente, todas as ações contra a poliomielite desenvolvidas pelo Rotary no mundo são contabilizadas no site www.endpolio.org. *Estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Paraná (UFPR)


PROJETOS

Saúde é (ou deveria ser) um direito de todos

Mas na prática metade de todas as pessoas do mundo não tem acesso a serviços essenciais e 100 milhões ainda estão na extrema pobreza devido aos gastos com saúde

Foto: Rotary International

Por Raphaella Caçapava

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Rotary entende a importância em fornecer acesso à saúde adequado às pessoas como primeiro passo, inclusive para combate da miséria. Sem cuidados com a saúde as pessoas não podem atingir seu potencial, por isso a “prevenção e tratamentos de doenças” é uma das seis áreas de enfoque da organização. Conscientes desse problema rotarianos atuam em todo mundo para ampliar o acesso das pessoas a saúde em todo o mundo. Em Curitiba, Região Metropolitana, Litoral e Campos Gerais do Estado do Paraná não é diferente. Conheça algumas ações que os Rotary Clubs da região realizam que ajudam a promover o acesso à saúde.

Boa

visão para melhorar o rendimento escolar

Muitas vezes confundido com preguiça e falta de interesse em estudar durante as aulas, os problemas com a visão acabam impactando negativamente a vida dos pequenos alunos justamente por impor a eles um ritmo mais lento de aprendizagem. Prova desse impacto é que mais de 20% dos casos de abandono escolar no Brasil vêm da dificuldade em enxergar, os dados são do Ministério da Educação. Outro dado preocupante é do Conselho Brasileiro de Oftalmolo-

gia que afirma que 12% das crianças em idade escolar precisam usar óculos, entretanto 80% nunca fizeram exame. Foi, principalmente, para buscar melhorar o rendimento escolar das crianças que o Rotary começou a investigar os problemas de visão e buscasse soluções para a vida dos pequenos. Assim nasceu o projeto “Boa Visão”, idealizado pelo rotariano oftalmologista Roberto Hirian Ribas, em 1990, que apenas nos últimos anos atendeu mais de 20 mil crianças nas escolas municipais. Destas, mais de duas mil precisaram passar por uma consulta no Hospital Barigui de Oftalmologia, parceiro do projeto. Ao todo, são distribuídos 500 óculos por ano em parceria com as Óticas Winnikes.

Como

funciona?

O Boa Visão começa com a capacitação dos professores para que estes possam aplicar um exame preventivo em todos os alunos regularmente matriculados na escola pública em que atuam. O exame segue todas as orientações do Ministério da Saúde. Ao detectar a necessidade de encaminhamento ao médico, os alunos recebem um agendamento. O Rotary atende turmas uma vez por mês, no Hospital Barigui de Oftalmologia. Em média, são encaminhados para consultas 80 a 120 crianças por mês de diversos municípios.

Com 29 anos de existência o projeto Boa Visão atendeu milhares de crianças das escolas municipais e garantiu não só mais qualidade de vida como melhoria no aprendizado.

Após avaliação do profissional, as crianças que precisam de cirurgia ou iniciar o uso de óculos são assistidas pelo Rotary que coordenou as avaliações. Essa é a forma que os Rotary Clubs de Curitiba Gralha Azul (criador do projeto), Prudentópolis Cachoeiras e tantos outros clubes de Rotary encontraram para promover o acesso à

saúde das crianças. “A constatação da dificuldade de aprendizagem de vários alunos carentes que sem o projeto não teriam condições de serem avaliados por um médicos, tampouco adquirir os óculos, nos alertou para a necessidade de implantar o projeto”, conta Alysson Wolski, presidente do Rotary Club de Prudentópolis Cachoeira.


PROJETOS

Mais

bem-estar e qualidade para os pacientes da

Estruturada para atender pacientes em estado grave ou potencialmente grave, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) precisa contar com recursos, tanto materiais quanto humanos, para minimizar o sofrimento das pessoas, proporcionar conforto e, sobretudo, promover a cura. A verdade é que o aumento de números de leitos de UTI é uma necessidade crescente e está abaixo das necessidades da população em todos os sentidos. Uma pequena mostra desse problema é apresentada num estudo recente do Conselho Federal de Medicina que aponta menos de 10% dos municípios brasileiros oferecem esse tipo de leito pelo Sistema Único de Saúde (SUS): apenas 532 de 5.570 municípios. Por isso um dos primeiros projetos beneficiados pelo Rotary Club de Ponta

UTI

Grossa Alagados com os recursos gerados pela 9ª Expo&Flor – o evento é uma grande exposição de flores, frutíferas, plantas ornamentais e orquídeas – foi o da Associação Pró Pronto Socorro (APROS). O Rotary fez a compra de oito colchões de pressão alternada para a Unidade de Tratamento Intensivo do Pronto Socorro de Ponta Grossa. A enfermeira responsável pelo projeto, Graziela Argenti, explicou a importância do equipamento para a melhora e bem estar dos pacientes da UTI. “A utilização deste tipo de colchão, além de minimizar dores corporais pela falta de movimento, também diminui em 99% a formação de feridas LPP - lesão por pressão, entre outras complicações hospitalares”, destaca.

Foto: Alyce Henson | Rotary International

Atendimento

e acesso à saúde para a população desassistida de Paranaguá

Promover mais qualidade de vida por meio da saúde foi o que deu novos ares para o rotariano Ivan Beira Fontoura após a sua aposentadoria. Médico pediatra, Dr. Ivan, ao ingressar no Rotary Club de Paranaguá Rocio, manifestou o desejo de participar de um projeto que melhorasse as condições de vida de uma área pobre da cidade. Foi então que os rotarianos do clube se mobilizaram e conseguiram junto à Mitra Diocesana de Paranaguá uma antiga construção que estava abandonada, na Vila Santa Maria. Era o “lixão” da cidade, onde, por tempos, funcionou uma unidade da Pastoral da Criança. Com o lugar definido o Rotary encontrou muito trabalho pela frente. Foi preciso reformar o prédio e comprar todos os equipamentos do consultório para oferecer condições de trabalho ao médico. “Estabelecemos uma pequena farmácia e os medicamentos necessários e inexistentes no convênio com a Prefeitura e requisitados pelos médicos eram adquiridos em farmácia comercial próxima, sendo pago pelo Rotary mensalmente”, conta Fernando Caldas, Governador Distrital 1994-95, do Rotary Club de Paranaguá Rocio. O ano era 2007 quando Dr. Ivan, auxiliado pela enfermeira Dona Eva, sua esposa, iniciou seu trabalho junto

às crianças da Vila, atendendo duas vezes por semana cerca de 15 consultas por dia. No ano seguinte o Rotary, em parceria com a SOAMAR/PR, adquiriu um consultório odontológico portátil e montou um gabinete para dentista na sede do projeto. “Um novo convênio foi assinado com a Prefeitura Municipal que cedeu um cirurgião dentista e um auxiliar para atender as crianças da Escola e do Projeto Santa Maria”, explica o rotariano. Por dificuldades logísticas, o convênio foi suspenso pela Prefeitura. Já em 2011 o atendimento às crianças ganhou reforço. “A Dra. Lucia Arakaki Neves, médica pediátrica de Paranaguá, encantada com o projeto, passou a oferecer atendimento voluntariamente, uma vez por semana auxiliada por seu esposo Oromar Neves”, lembra Caldas. Também em 2011 o projeto ganhou outro apoio importante: a participação voluntária do clínico geral Dr. Lázaro Abud Neto que iniciou o atendimento da comunidade adulta do bairro. Em 2018 esse atendimento passou a ser feito pela Dra. Marcia Suzuki Já Dr. Ivan, aos 90 anos, se mudou para Pontal do Paraná onde se associou ao clube da cidade e continua atendendo voluntariamente naquela região. Em Paranaguá as mais de 600 crianças ficaram sob responsabilidade da Dra. Lúcia que atende até hoje os pequenos pacientes juntamente com Dra. Syntia Digiovanni.

Em Paranaguá, o Rotary criou um consultório para atender crianças, e mais recentemente, adultos carentes, garantido o direito básico ao acesso à saúde.

Todos os custos de energia elétrica, água, limpeza e, eventualmente, a compra de medicamentos não existentes entre os fornecidos pela Prefeitura são patrocinados pelo Rotary Club de Paranaguá Rocio. O Projeto Santa Maria conta, desde seu início, com o apoio fundamental da voluntária Tereza, que administra a agenda de atendimento

dos médicos, mantém a limpeza do prédio e a distribuição do leite fornecido pelo Governo do Estado. “O trabalho dos profissionais de saúde não se restringe a área médica; tem acentuada influência na qualidade e no modo de vida da comunidade, em especial nos hábitos de higiene e no planejamento familiar”, finaliza.


HISTÓRIAS QUE INSPIRAM

“Falta só um pouco, e não podemos deixar voltar!” Foto: Arquivo pessoal

Conheça a história das marcas que a pólio pode deixar na vida de uma pessoa Por Laís Adriana

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raldo Silvestrin, 64 anos, é rotariano e uma das vítimas da pólio. Contador aposentado e dono de uma empresa de consultoria financeira, Eraldo foi vítima da poliomielite durante a década de 50 e ainda hoje lida com as sequelas da doença. Para Silvestrin, um dos maiores problemas na época era relacionado à falta de higiene e saneamento urbano, que possibilitava o aumento da transmissão da pólio através das vias oro-fecal. Hoje, o maior desafio no combate a doença segundo o rotariano são os movimentos antivacina com base nos princípios da homeopatia. Com que idade você desenvolveu a doença? Eraldo: Com 18 meses de idade, em 1956, passando a não caminhar por longos meses. Na época morava em Serafina Corrêa, no Rio Grande do Sul, e lá tiveram muitos casos de poliomielite. O que diferencia o meu caso dos demais: minha mãe ficou envolvida desde o início e me levou a fazer sessões de fisioterapia na cidade de Passo Fundo. Nessas sessões de fisioterapia, a minha mãe — muito religiosa e devota de Nossa Senhora — ficou sabendo de uma romaria na cidade de Farroupinha e não mediu esforços para me levar até lá. Quando eu cheguei no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, quis descer do colo dela e fui me arrastando até o altar onde estava a imagem de Nossa Senhora. Então, quando nós voltamos para casa, eu estava engatinhando como se eu tivesse um ano ou menos de idade. Alguns meses após começar a engatinhar, consegui ficar em pé e andar com a ponta do pé esquerdo. E a comunidade toda em volta de Serafina começou a nos visitar para ver o milagre do menino que não andava e voltou a andar. Como foi lidar com a doença? Eraldo: Aos quinze anos, o doutor Nelson Barros comentou sobre uma cirurgia experimental e eu e minha mãe concordamos. Isso foi em 1970, essa

Eraldo Silvestrin, rotariano, foi uma das vítimas da pólio e convive com as sequelas da doença. Hoje faz questão de trabalhar na conscientização das pessoas, especialmente no incentivo a vacinação.

cirurgia tinha como objetivo reparar os tendões (o tendão de aquiles e da sola do pé) e funcionou perfeitamente. A perna e pé esquerdos permaneceram com gesso durante 6 meses. Após a cirurgia necessitei utilizar uma bota ortopédica por longos anos. Isso nunca me atrapalhou no meu trabalho. Na época, tinha um pouco de brincadeiras — que hoje em dia a gente sabe que é bullying —, alguns colegas imitavam meu jeito de andar, mas nunca liguei para isso, nunca deixei isso me afetar. Eu ainda fazia atividades variadas, dançava, jogava bola com os amigos — sempre tomando cuidado para não machucar o membro inferior esquerdo. O que mudou na sua vida após a poliomielite? Eraldo: A poliomielite não afeta as pessoas de forma igual. Seis anos depois da cirurgia, comecei a calçar sapatos normais, colocando enchimento com algodão. Hoje, o pé esquerdo é 37 e o direito é 39. A perna direita teve que trabalhar muito para compensar a perna esquerda, o que prejudicou o menisco da perna direita. Consultei vários médicos,

fizemos infiltração de óleo no pé direito e com um remédio para desenvolver a cartilagem dos joelhos e isso vai ficar comigo pelo resto da vida. O pilates — que recentemente substituiu a fisioterapia — vai me acompanhar pelo resto da vida também. E os médicos projetam que, lá pelos 70 anos, eu talvez tenha que colocar um joelho no pé esquerdo para poder me locomover. Nesse momento, estou aproveitando para conhecer o mundo enquanto estiver com um pouco de saúde. Você está presente em movimentos contra a pólio? Eraldo: Participo de vários grupos do Rotary. Um deles é o Polio Survivors Associates, do Rotary Internacional. É um grupo de ação do Rotary para ver as novidades em relação a poliomielite, como esses países que estão em guerra e podem ter o reaparecimento de casos de pólio. Na Sérvia, por exemplo, a doença já tinha sido extinta e está voltando por causa da guerra. Só tá faltando isso aqui, né? Um pouquinho! Mas não podemos deixar voltar.


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