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EBI de SÃO BRUNO – TESTE DE PORTUGUÊS - 6.º ano Nome: ____________________________________________________________________________ Turma: ______ Nº: ____ Informação: _________________________________________ O Enc. Ed. __________________________ DATA: 27.05.2013

Lê o texto com muita ATENÇÃO! A CASA ABANDONADA

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– Por vezes, em certas noites, vêem-se luzes estranhas… Ninguém entra, ninguém sai, ninguém lá mora. Mas há luzes brancas tremeluzentes que se passeiam pela casa. A mulher olhava-os por detrás dos óculos de aros dourados, com um estranho brilho nos olhos, rodeada pelas diversas conchas e búzios expostos na loja. – Se querem saber que casa é, a juventude gosta é destas coisas, é aquela de tons rosa-velho, com um grande pinheiro à entrada. – Nunca viu ninguém entrar na casa? – estranhou a Diana. – Só uma vez, durante o dia, vi um carro lá entrar. Mas deviam ser potenciais compradores que desistiram ao ver o estado da casa. – E o que é que as pessoas pensam dessas luzes que lá se vêem? – Quase ninguém sabe. Isto à noite não tem o que se chama muito movimento. Eu própria só o descobri certa vez que tive de fechar mais tarde. Nessa noite, quando por lá passei, no caminho de casa, ia cheia de medo… Mas, no dia seguinte, ninguém levou muito a sério a minha descoberta – concluiu, encolhendo os ombros, com um ar ligeiramente enfastiado. – E vocês, porque estão interessados nisto tudo? – perguntou, de súbito, curiosa. – É para um trabalho para a escola… – improvisou a Rita. – … Sobre histórias estranhas associadas a diferentes locais – concluiu a Diana. – Hum… – resmungou a mulher, ajeitando no nariz os óculos de aros dourados, pouco convencida mas na realidade pouco interessada. Começou a olhar para o relógio insistentemente, e eles, percebendo a deixa, despediram-se agradecendo-lhe a história e a disponibilidade. Cá fora surgiam já as primeiras estrelas e o ar tornara-se fresco. O vento levantara-se e as vagas batiam contra as rochas, elevando-se no ar, em espuma branca. – Está frio! – observou a Diana, estremecendo um pouco. – E agora, que fazemos? – perguntou a Rita. – Eu proponho irmos já para a casa abandonada – disse o Pedro. – Ainda falta um bocado para as onze – contrapôs o Paulo. – É da maneira que temos tempo para a explorar bem. – Também acho, vamos já! – disse a Rita. Procurando não dar nas vistas, atravessaram a estrada e esgueiraram-se para dentro dos muros da velha casa. Cada um sentia que os seus passos soavam demasiado alto na gravilha do caminho que conduzia à entrada da casa. As árvores desenhavam sombras estranhas, por vezes disformes, por vezes belas e delicadas, no céu anoitecido. Chegaram à porta principal que, surpreendentemente, se abriu sem esforço. Mas, mal pisaram o chão de madeira, este rangeu ruidosamente, perturbando o silêncio. A casa estava imersa na penumbra. Apenas o luar, entrando pelas janelas de vidros sujos, iluminava as salas. Os corações dos quatro batiam com força. O Paulo sentia a garganta presa. O Pedro a boca seca. A Diana receava produzir o mais pequeno ruído e tentava conter a tosse que de repente se apoderara dela. A Rita procurava afastar o receio inexplicável que de súbito a assaltara, arrefecendo-lhe o entusiasmo. Percorreram cada divisão do andar de baixo em silêncio, dominados pelo ambiente da casa. As salas estavam vazias. Provavelmente tudo teria sido já vendido ou roubado. No entanto, a lareira e o tecto trabalhado do grande salão, as portas de vidro, com vestígios de pintura dourada, o candeeiro de lustres que ainda restara, eram vozes silenciosas contando histórias de um passado votado ao abandono. Sofia Vilarigues, Segredos do Fundo do Mar


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