
2 minute read
Desabrigados em tragédia em Santos há três anos voltam para o local de risco
from O Regional PG
Quase três anos após um temporal ter atingido a Baixada Santista e resultado na morte de 45 pessoas, moradores que vivenciaram a tragédia e as perdas de conhecidos, que foram soterrados após os deslizamentos de terra em 2020, agora contam como estão os locais afetados. A reportagem é do G1.
O motorista e morador do Morro do Pacheco, Joselito Ferreira Cardoso, de 39 anos, disse que a prefeitura só realiza algumas melhorias nas escadarias, mas desde a tragédia, em 2020, nenhuma obra de contenção foi executada no local.
Advertisement
“Nesse local específico onde faleceu [uma pessoa] não teve obra. O que eles fizeram foi colocar encanação [de rede de esgoto, que vazam com frequência]. [Profissionais da prefeitura] que era provisória, por três meses, e que depois arrumariam, mas até hoje nada’, disse o motorista.
Segundo Joselito, os moradores vivem apreensivos e não conseguem dormir por causa das chuvas. “Teve uma queda de barreira nesse final de semana, mas foi pouca coisa. Aí o pessoal já fica todo assustado, nem dorme. Está todo mundo desesperado aqui”.
De acordo com o motorista, nem os escombros da última tragédia foram retirados do local. “Nem a limpeza [fizeram]. A gente vive com medo aqui. Tento ficar orientando todos a olharem e a qualquer suspeita avisarem, mas aqui ninguém dorme. A prioridade é essa obra de contenção, pelo menos para nós já aliviaria bastante”.
“Nunca resolveram, prometeram uma obra de contenção e toda vez é um prazo diferente”, disse.
Morro São Bento - A auxiliar de administração e fotógrafa Beatriz Neves, de 24 anos, é moradora do Morro São Bento e afirmou que muitas reformas foram realizadas desde a tragédia, principalmente na descida do Fontana, na Avenida Nossa Senhora do Monte Serrat, e na subida da Avenida São Cristovão.
“Foram quase dois anos com minha rua interditada pelas obras, uma equipe grande trabalhou na contenção de ter- ra que descia do morro”, disse.
Durante a forte chuva do último final de semana, Beatriz disse que não estava na cidade, mas não se preocupou porque a casa dela tem fundações firmes. “Há três anos foi um susto. Estava voltando da faculdade e vi o morro desabando a oito metros de casa”.
Ela ressaltou, ainda, que os familiares também se sentiram mais tranquilos dessa vez e não ficaram preocupados como antes, mas que a prefeitura deveria realizar o corte dos bambus da região.
“A população não pode fazer isso, mas eles poderiam contribuir. Quando venta muito, assusta [moradores têm medo de que a vegetação caia sobre as casas]”.
Medidas preventivas - Em Santos, desde 1° de dezembro de 2022 até 30 de abril deste ano, está em vigor o Plano Preventivo da Defesa Civil (PPDC), que visa instruir moradores das áreas de risco sobre deslizamentos de terra, além de avaliar as condições dos morros da cidade.
O objetivo do plano é verificar a segurança dos 17 morros santistas no período com maior frequência e volume de chuvas, sendo que o município conta com 11 mil moradias em estado de observação, sendo 6 mil de baixo e médio risco para deslizamento, 4 mil avaliadas de alto risco, além de outras 1.100 consideradas de altíssimo risco.
CRÍTICA | Denis Le Senechal Klimiuc